Sílvio de Almeida
"O mundo apresentado na escola era o dos brancos, no qual as culturas europeias eram vistas como superiores, o ideal a ser seguido. [...] Crianças negras não podem ignorar as violências cotidianas, enquanto as brancas, ao enxergarem o mundo a partir de seus lugares sociais – que é um lugar de privilégio – acabam acreditando que esse é o único mundo possível."
Djamila Ribeiro
É na escola onde crianças e adolescentes constroem os primeiros aprendizados, fazem descobertas sobre a vida. Também lá, dentro dos portões escolares, é onde experenciam situações de preconceitos e violências, principalmente os estudantes negros. Se a escola não estabelece um ambiente seguro, que integre e valorize as diferenças, ela afasta os alunos.
Numa parceria entre o "Projeto Negras Palavras" da Escola Estadual Vereador Pedro Tófano e o "II Festival Ocupação Preta" da FCT-UNESP, foi possível levar tanto os alunos quanto o Projeto para o ambiente universitário.
A universidade, através do II Festival Ocupação Preta, pôde proporcionar aos alunos da rede estadual uma experiência singular, rompendo as barreiras, muitas vezes intransponíveis, entre o Ensino Superior e o Ensino Básico. Vivenciar as discussões de temas tão pertinentes e presentes nas vidas desses alunos com essa profundidade teórica aproxima a população (muitas vezes tema, mas não ocupante desses espaços), ao ambiente universitário e acaba por desmistificar a falácia de que não há espaço na universidade pública para as pessoas marginalizadas da periferia.
"Eu gostei muito do dia que a escritora Fabiana veio na escola Pedro Tófano falar um pouco do seu trabalho. Foi o melhor dia da minha vida porque eu sofro com o racismo e ela também, e isso me emocionou muito, principalmento por causa das histórias que ela contou sobre a vida dela."
Michel - 16 anos.
"A experiência foi incrível! Esse trabalho sobre o assunto prendeu a atenção de todos na sala - a leitura compartilhada fez com que todos prestassem atenção no que estava sendo lido e tratado. Tivemos também um debate com a professora Fabiana que foi apelidado carinhosamente de 'Puxadinho do Café de Preto', um projeto da UNESP. A baianinha veio com todo carinho do mundo contar um pouco da sua história e dos perrengues que passou na sua vida, me mostrando uma visão diferente da realidade. Pude ver que, mesmo não cometendo atos racistas, tiro proveito de privilégios brancos e que só não tinha percebido, pois não tinha conhecimento. O projeto ajudou a abrir meus olhos para a causa e ver que posso contribuir para levá-la a mais pessoas. Agradeço aos professores envolvidos no projeto, foi maravilhoso fazer parte disso."
Nicolly - 16 anos.
"O projeto do antirracismo foi algo que resultou em muitos aprendizados, porque além de termos um material em mãos, no caso o livro (Pequeno Manual Antirracista), tivemos a oportunidade de uma formação com uma mulher negra (Fabi maravilhosa) que, com suas diversas experiências, nos trouxe aprendizados que vamos levar para toda a vida. Conhecer a história de vida, todo sofrimento e vê-la aqui sorrindo foi algo incrível."
Lilian - 16 anos
"O projeto 'Educação Antirracista' é um bom projeto para conscientizar o povo sobre a situação social relacionada a distinção de raças, no entanto eu sou totalmente neutro quanto aos movimentos sociais."
Matheus - 15 anos.
"É importante aprender sobre o racismo para respeitar e também ensinar as outras pessoas a respeitar igual; aprender que todos somos iguais independente da nossa cor de pele."
Ana Luiza - 16 anos.
"Eu gostei muito dos momentos de conversa que tivemos na escola. Também gostei da professora Fabiana, ela contou um pouco da vida dela, ela é uma batalhadora."
Maria Eduarda - 16 anos.
"Bom, eu gostei muito da experiencia com a formação 'Educação Antirracista'. Obtive conhecimentos e informações que eu não tinha antes e adorei saber mais sobre as histórias de vida, sobre o passado. A Fabiana representou muito bem as pessoas negras. Uma trajetória de vida impressionante!"
Yasmin - 16 anos.