Simpósios temáticos

As sessões dos Simpósios Temáticos serão simultâneas: todas ocorrerão no dia 19 de setembro, das 14h às 16h. A sala será divulgada em breve.

Simpósio temático 1: As evidências do Português Brasileiro: Aspectos Diacrônicos

Coordenação: Antônio Marques (SME-DC) e Juliana Marins (UFRJ)


As origens do português brasileiro (PB) e os processos que atuaram na sua formação vêm despertando o interesse de inúmeras pesquisas diacrônicas. Os estudos buscam responder questões relativas aos fatores sociais e linguísticos que condicionam o PB contemporâneo a ter suas características diferenciadoras: preferência por sujeitos pronominais plenos, perda de clíticos acusativos e dativos de terceira pessoa, proeminência de tópicos discursivos, emergência dos pronomes "você" e "a gente", "ter" existencial, entre outros fatos linguísticos. Com isso, o simpósio abrangerá estudos diacrônicos que analisam fenômenos de variação e mudança, observando de que maneira tais variantes se desenvolveram ao longo do tempo e em que medida eles evidenciam marcas que apontam para uma gramática própria do PB. Dessa maneira, serão aceitos trabalhos de diferentes perspectivas teóricas que contemplem o processo de mudança por que vem passando o PB, focalizando as condições linguísticas e extralinguísticas para a ocorrência de tais fenômenos, os impactos linguísticos gerados ao longo do tempo e a forma como contribuíram para a construção do PB.

Simpósio temático 2: Percepção, Uso e Variação Linguística

Coordenação: Marcelo Melo (UFRJ) e Eliete Silveira (UFRJ)


O simpósio abrangerá pesquisas que contemplem o estudo da percepção e/ou da avaliação linguística em consonância com fenômenos de variação, principalmente, nas variedades do português. Sabe-se que a questão de como os falantes percebem os fenômenos variáveis não é nova; ela já se coloca, desde, pelo menos, o estudo seminal de Weinreich, Labov & Herzog (2006 [1968]). Ao tratá-la como o Problema da Avaliação, os autores afirmam que “não é difícil ver como os traços de personalidade inconscientemente atribuídos a falantes de um dado subsistema determinariam a significação social da alternância para esse subsistema e assim seu desenvolvimento ou obsolescência como um todo”. Embora conste na agenda dos estudos sociolinguísticos há tempos, verifica-se que só nas últimas décadas essa questão passou a ser efetivamente explorada em pesquisas que confrontam dados de percepção/avaliação sociolinguística com dados de produção, ou ainda que exploram os mecanismos pelos quais certas variantes indexicalizam significados sociais (ECKERT, 2008, 2012; CAMPBELL-KIBLER, 2009). Assim, este simpósio espera receber propostas de trabalhos que lidem diretamente com esses aspectos, ao descrever e analisar os condicionadores e os efeitos da percepção/avaliação dos falantes sobre fenômenos variáveis diversos.

Simpósio temático 3: O Contato Linguístico e a Formação das Variedades do Português

Coordenação: Danielle Gomes (UFRJ) e Wellington da Silva (USP)


Reflexões sobre a gênese do contato entre línguas remontam a uma tradição que tem suas bases nos estudos histórico-comparativos. Schuchardt (1884) afirma que todas as línguas passaram por algum tipo de mescla linguística (Sprachmischung), que pode ser perceptível em diferentes situações. O conceito de “mescla linguística”, retomado por Weinreich (1953), está na base de uma perspectiva dos estudos linguísticos que se dedica a verificar o papel - no âmbito estrutural e social - da relação de contato entre línguas. Ao longo dos séculos XX e XXI, o debate em torno da noção de contato linguístico foi crescendo e se dividindo em diferentes perspectivas teóricas relevantes para a compreensão de problemas como a mudança, a aquisição e a criação de novas línguas. Embora, tradicionalmente, o contato entre línguas seja diretamente associado à formação de línguas pidgins e crioulas, há uma produção científica bastante consistente sobre o papel que esse fenômeno exerce na variação e na mudança de outras línguas que emergiram em contextos coloniais, como é o caso das diferentes variedades de Português espalhadas pelo mundo. Assim, simpósio “O contato linguístico e a formação das variedades do português” se insere nessa perspectiva e se propõe a receber propostas de comunicação que se dediquem a questões relacionadas ao papel do contato entre línguas na formação de variedades do Português, seja na perspectiva sincrônica, seja com enfoque diacrônico.  Desse modo, serão bem-vindos estudos que observem fenômenos fonético-fonológicos, morfossintáticos e lexicais em contextos de contato entre o Português e línguas autóctones e/ou adventícias na América, na Ásia e na África. Também serão aceitas discussões historiográficas e/ou epistemológicas que reflitam sobre o papel que as teorias de contato linguístico exercem nos estudos de variação e mudança linguística do Português, formulados em contextos sociais, históricos e políticos determinados. De igual modo, serão aceitas investigações relacionadas a políticas linguísticas em comunidades multilíngues que tenham o Português como uma das línguas de interação, comparações/relações entre o Português e línguas crioulas de base lexical portuguesa, além de propostas relacionadas ao ensino de Língua Portuguesa que levem em consideração a problemática do contato linguístico. Também constituem foco de interesse de simpósio temático a abordagem de questões sociolinguísticas e identitárias que caracterizam/afetam as relações no interior de comunidades multilíngues que tenham o Português como uma das línguas de comunicação. Sendo assim, o propósito do simpósio é construir um painel com reflexões sobre a variação/constituição de normas do Português em contexto plurilíngues e contribuir para o conhecimento das variedades do Português, especialmente daquelas faladas fora do eixo luso-brasileiro.

Simpósio temático 4: Variação Linguística e Ensino de Língua Materna

Érica Silva (IFF-Quissamã) e Caio Silva (CEFET-RJ - Maracanã)


Este simpósio pretende abranger trabalhos que relacionem fenômenos variáveis da língua portuguesa, nos seus mais variados aspectos, ao ensino de língua materna. Nas últimas décadas, o debate de como as pesquisas em sociolinguística podem se desdobrar para o ensino básico tem se intensificado (BORTONI-RICARDO, 2004, 2005, 2014; BAGNO, 2011; ZILLES & FARACO, 2015), focalizando especialmente a importância de superar os inúmeros desafios da educação brasileira (BORTONI-RICARDO, 2014). Nesse sentido, é importante discutir a produção acadêmica que tem sido produzida sobre o ensino de gramática no século XXI, o embate entre as variedades urbanas de prestígio e as variedades urbanas e rurais estigmatizadas na sala de aula, e a contribuição da sociolinguística no enfrentamento dos problemas educacionais brasileiros. Serão aceitos, portanto, trabalhos que abordem a análise de variáveis linguísticas, de maneira qualitativa e quantitativa, a partir de fatores linguísticos e extralinguísticos (WEINREICH, LABOV & HERZOG, 2006 [1968]), correlacionando com o ensino de português como língua materna.