Conferência de abertura - 28 - 14h - YouTube Canal do Palco/UFC: https://www.youtube.com/watch?v=8-_9tg3essQ

Conceptualizations of Space: examples from Amazonian languages


Profa. Dra. Rosa Vallejos-Yopán

University of New Mexico


This talk offers an overview of the expression of location in two languages: Kukama (Tupian) and Secoya (Tukanoan), both spoken in the Amazon of Peru. It lays out the synchronic patterning of four grammatical constructions that express static location in each language. The talk explores the construals encoded by these constructions and highlights the ways speakers use them creatively to elaborate on different aspects of locative scenes. Analyses of typical/atypical scenes, negative polarity statements, and frequency patterns show that speakers can choose conceptualizations that favor Ground geometry, Figure posture, more complex Figure dispositions, or marked perspectivizations. These results raises questions about the relationship between conceptual alternativity and the notion of “basicness” with respect to construal types. Finally, I will reflect on the methodological challenges as well as the potential benefits of using standardized stimuli in fieldwork contexts.

 

Keywords: space, Secoya, Kukama, Amazonian languages


Conferência de encerramento - 29 de novembro - 16h - YouTube Canal do Palco UFC

https://www.youtube.com/live/aA7YYJuELJw?feature=shared

Intersubjetividade na gramática: a codificação linguística das relações interpessoais


Prof. Dr. Diogo Pinheiro

Universidade de São Paulo


A origem da Gramática de Construções está associada à percepção de que as línguas humanas incluem vastos “bolsões” de idiossincrasia e regularidade parcial. Em outras chave, a Linguística Cognitiva tem enfatizado, desde o seu surgimento, os aspectos não referenciais do significado – uma preocupação que acabou por conduzir a um interesse na noção de intersubjetividade, entendida como o gerenciamento mútuo de ações conjuntas. Combinando esses dois interesses, esta conferência apresentará duas pesquisas sobre construções idiomáticas de intersubjetividade do português brasileiro: um estudo experimental sobre a Construção de Contraexpectativa com “Bem” (“Ele bem saiu”) e um estudo baseado em corpus, de natureza diacrônica, sobre a construção VÊ SE (“Vê se aparece!”). Em particular, discutiremos o que a investigação desses padrões pode ensinar em relação (i) à estrutura informacional (em particular, ao fenômeno da pressuposição), (ii) ao desenvolvimento diacrônico das construções intersubjetivas.

 

Palavras-chave: intersubjetividade; idiomaticidade; pressuposição


Mesa-redonda: Linguística Cognitiva e neurociência: interfaces - 28 de novembro - 15h30

Deficiência visual e metáfora audiodescrita: uma investigação preliminar  para o uso da fMRI com cegos congênitos


Saulo César Paulino e Silva

Universidade de São Paulo


As respostas sobre os estudos neuronais de cegos congênitos ainda são desconhecidas no processo de reconhecimento de metáforas equativas.Nosso objeto, definido como um mecanismo criativo, produz novos sentidos, mais complexos a partir de sentidos concretos. Assim, a metáfora é conceituada como mecanismo universal de mudança linguística, implicada ou não a decategorização (Heine, Claudi e Hünnemeyer (1991). O objetivo geral circunscreve-se à verificação das respostas de cegos congênitos e o específico envolve comparar o tempo de resposta às metáforas e, assim, saber se há diferença no processo de identificação de metáfora equativa entre cegos congênitos. Alguns estudos como, por exemplo, Sadato et. al. (1996) utilizaram a PET  (Positron  Emission  Tomography)  para  investigar  a  atividade  dos neurônios  do  córtex  occipital  de  videntes  e  cegos  congênitos,  capazes  de  ler  em braile, atuando como sujeitos em uma tarefa que exigia a discriminação tátil.  Concluíram que, na ausência da visão, a língua falada coloniza o sistema visual durante o desenvolvimento do cérebro. Os estímulos utilizados, nesta pesquisa, para a aplicação da tarefa teste, com cegos tardios, foram organizados em 05 categorias, apresentando um conjunto de 10 estímulos em cada uma delas, totalizando 50 frases audiodescritas. 

 

Palavras-chave: Deficiência visual, metáfora, Ressonância Magnética (fMRI), cego congênito, estudo piloto


 

Neurociência e Linguística Cognitiva: apontamentos introdutórios sobre o processamento cerebral na realização da categorização, da metáfora e de redes construcionais

 

Lennie Bertoque (UFMT)

 

A proposta dessa palestra é apresentar elementos introdutórios que relacionam alguns estudos em Neurociência e em Linguística Cognitiva, com o objetivo de indicar como ocorre o processamento cerebral para apreender o “mundo” ao nosso redor e organizar os processos linguísticos que envolvem a categorização, a metáfora e as redes construcionais.

 

Palavras-chave: neurociência; cognição; linguagem.


Desinformação e vacina: Contribuições da Linguística Cognitiva para desatar um nó da pós-verdade.

 

A. Ariadne Domingues Almeida (UFBA)

 

Para a mesa-redonda intitulada Linguística Cognitiva e Neurociência: Interfaces com a linguagem do evento Cenas do Palco, ato II, enfocarei um caso de desinformação com a finalidade de refletir sobre como emoção, mecanismos cognitivos, metáforas situadas-deliberadas podem afetar pensamentos-ações (e não ações) acerca da experiência de vacinação individual-coletiva. As reflexões produzidas, sustentadas teoricamente pela Linguística Cognitiva (Almeida, 2023; Lakoff, 2016; Vereza, 2016), deixam patente que metáforas on-line são utilizadas com intenção de descredibilizar a vacina e que a linguagem da desinformação, ancorada em padrões semânticos, com suas implicações morais e emocionais, tem força de definir realidades e ações, quando inserida e reiterada nos meios de comunicação.

 

Palavras-chave: desinformação. vacina. Linguística Cognitiva.

 



Mesa-redonda:  Linguística Cognitiva e interfaces - 29 de novembro - 10h - YouTube - Canal do Palco

Das contribuições da Gramática Cognitiva para o estudo do discurso

 

Lee Jefferson Pontes de Oliveira (PPGLin/UFC)

 

Um pressuposto básico da Gramática Cognitiva é a relação inerente e íntima entre as estruturas linguísticas e o discurso. As unidades linguísticas são abstrações de eventos de uso, situações de fala e do discurso em construção, sendo que o seu valor significativo remete a faceta interativa e dinâmica das relações comunicativo-discursivas. Diante disso, o pareamento entre forma e significado se dá em uma expressão no momento que é produzida e compreendida mediante contexto e quadro de conhecimento compartilhado entre Conceptualizador e Co-Conceptualizador que moldam e sustentam a interpretação. O discurso emerge progressivamente da natureza dinâmica do processo de conceptualização (construção de conceitos e modificação) que se apoia nos polos semânticos dos itens empregados. O objetivo dessa exposição é discutir o ponto de vista de Langacker (2001; 2008) sobre a natureza do discurso na Gramática Cognitiva e apresentar as categorias linguísticas que descrevem a construção de texto e/ou discurso.

 

Palavras-chave: Gramática Cognitiva; estruturas linguísticas; conceptualização; discurso.

 

 

Linguística cognitiva e interfaces: contribuições para audiodescrição didática

 

Maria Luísa Mendes (PPGLL/UFG)

 

A exposição, na mesa redonda, propõe analisar as contribuições da Linguística Cognitiva para a audiodescrição como ferramenta de acessibilidade para o ensino de textos multimodais. Pretende-se, inicialmente, tratar do conceito de audiodescrição para diferentes autores e, depois, tratar de noções da linguística cognitiva, tais como: a de que a linguagem é integrada às demais funções cognitivas; a de que a categorização dos conceitos em frames se dão a partir das nossas experiências corpóreas e sociais; a de que experienciamos e compreendemos conceitos abstratos em termos de conceitos concretos, via metáfora conceitual. Pretende-se, ainda, dar exemplos de audiodescrição didática e, a partir desses exemplos, apontar caminhos, em termos metodológicos e instrumentais para o trabalho com a audiodescrição em sala de aula. Trabalhos dessa natureza contribuem para a construção de interfaces entre a linguística cognitiva, o ensino de línguas e demandas sociais.

 

Palavras-chave: Linguística Cognitiva; acessibilidade; audiodescrição; ensino.

 

Vidas transpassadas e conceptualização de gênero e violência por meio de metáforas multimodais na fala de pessoas transgêneras

 

Vinícius Araújo Bezerra (PPGLin/UFC)

 

Esta pesquisa investiga como pessoas transgêneras conceptualizam sua transição de gênero e a violência que enfrentam ao usarem metáforas multimodais em seu discurso. Baseada na Teoria da Metáfora Conceptual de Lakoff e Johnson, bem como em estudos gestuais de Cienki, Kendon e McNeill, nossa abordagem visa preencher uma lacuna na literatura atual. Além de contribuir para o campo da Linguística Cognitiva, este estudo pode somar-se às investigações em prol da compreensão social das questões de gênero, dada a complexidade da transgeneridade. A análise das metáforas multimodais pode lançar nova luz sobre como a transgeneridade é conceptualizada, beneficiando seu entendimento na sociedade. Coletaremos dados por meio de conversas gravadas com pessoas transgêneras usando a técnica do grupo focal, complementadas por entrevistas estruturadas. A relação entre os domínios, considerando a multimodalidade envolvida nas projeções, será detalhada por meio da descrição e da análise dos gestos codiscursivos, bem como da linguagem verbal metafórica identificada. Este estudo tem implicações socioculturais e humanitárias, promovendo respeito à diversidade e a compreensão de grupos marginalizados, dando voz às experiências trans e ampliando o entendimento de linguagem e identidade de gênero na sociedade.

 

Palavras-chave: metáfora; multimodalidade; transgênero.

 

 

COULDA: um estudo sobre a construção de auxiliaridade no inglês americano contemporâneo

 

Ana Flávia Matos Freire (UFRN/UNM)

 

O coulda apresenta-se como um auxiliar em ascensão descrito como forma contraída de could have restrito à expressão de aspecto. Com base nisso, esta pesquisa objetiva analisar os usos do coulda no inglês americano contemporâneo. Para tanto, baseia-se em Goldberg (1995), Croft (2001), Traugott e Trousdale (2013) e Furtado da Cunha, Bispo e Silva (2013) quanto às propriedades formais e funcionais da construção e às de esquematicidade, produtividade e composicionalidade; Heine (1993) e Bybee (2010) quanto à noção de auxiliaridade e o desenvolvimento dos auxiliares modernos e de modais; Lyons (1977) e Palmer (1986) modalidade e Scheibman (2001) quanto aos

tipos de verbos principais. Para descrever as propriedades morfossintáticas, semânticas e textual- discursivas dessas construções, analisaram-se dados de textos do Corpus of Contemporary American English (COCA), que foram processados pelo programa WordSmith Tools 7.0, do qual foi aferida a frequência, os contextos de ocorrências e as funções desempenhadas pelo coulda. Os resultados indicam serem os usos como auxiliar licenciados pelo padrão esquemático [[V1 (ADJ) (PREP)] V2]AUX.

 

Palavras-chave: Abordagem funcional-construcionista. Construção de auxiliaridade.



SESSÕES COORDENADAS - 28 de novembro - 9h 

Sessão 1: Gramática e cognição

Coordenadora:

Profa. Dra. Maria Claudete Lima (UFC)

 Local: Google Meet

PRODUTIVIDADE EM CONSTRUÇÕES RELACIONAIS

 

Kátia Roberta RODRIGUES-PINTO (UFMS/CPTL)

 

Este trabalho consiste em descrever a produtividade das construções relacionais no português brasileiro partindo do exemplar mais abstrato da rede, ou seja, o esquema Suj+V rel +Predt. Objetiva-se, de modo geral, descrever as relações hierárquicas da rede das construções relacionais

em termos de (i) capacidade de extensibilidade para promoção de novas instâncias menos esquemáticas e (ii) restrições esquemáticas apresentadas na análise de construções que se tornam menos produtivas em decorrência do surgimentos de novas instâncias em competição de uso. Para tanto, o aporte teórico-metodológico adotado, para este estudo, consiste nos pressupostos dos Modelos Baseados no Uso (KEMMER; BARLOW, 2000) em consonância com a abordagem construcional de Traugott e Trousdale (2021) e dos princípios cognitivistas de Bybee (2016). Neste modelo, os dados são coletados de um corpus de uso, aqui, recorreu-se ao Corpus do Português (DAVIES; FERREIRA, 2006) e seu tratamento se dá pelo método misto (LACERDA, 2006) que aborda uma visão quantitativa e qualitativa, o que permite mensurar a frequência type e a frequência. Acredita-se que um dos fatores que permite a produtividade da rede das construções relacionais, em termos de extensibilidade, seja a expansão da classe hospedeira (HIMMELMANN, 2004) do slot verbal e que possíveis padrões construcionais entrem em competição em decorrência de restrições de preenchimento do slot predicativo/atributivo e da baixa frequência token.

 

Palavras-chave: Construção relacional; Rede construcional; Produtividade.

 

TRAÇOS SEMÂNTICOS DAS MICROCONSTRUÇÕES

 NO SUBESQUEMA DE AÇÃO-PROCESSO


Juciele Amanda de Lima (UFRN)

Nedja Lima de Lucena (UFRN)

A descrição de uma língua é tarefa essencial para as áreas que se interessam pela linguagem, em especial no campo da Linguística. Nesse trabalho, apresentamos uma parcela de um fenômeno do português brasileiro, a transitividade. Desse modo, investigamos, a construção transitiva CT, concentramo-nos, em especial, em um dos subesquemas da (CT), o de ação-processo. Metodologicamente, examinamos dados empíricos, coletados de corpora composto de amostras de fala e de escrita. Assim, foram averiguados 743 dados para investigação da estrutura sintático-semântica e a observação dos padrões de frequência (type e token) de uso, dos quais apresentamos a classificação de 701 ocorrências distribuídas numa escala de 18 microconstruções (MCC). Os resultados obtidos demonstram a natureza do comportamento linguístico e o modo como as microconstruções assinalam diferentes traços semânticos entre os participantes do evento, agente e paciente, a saber: alteração física, criação, alteração psicológica, deslocamento espacial, deslocamento de posse, deslocamento temporal, deterioração, aniquilação, enunciação, mudança quantitativa, transferência de um ente em outro, manipulação, compainha, dano parcial, facilitação, mudança de direção, rotulação e identificação. Com isso, observou-se que a semântica das microconstruções analisadas coopera para que o esquema construcional transitivo seja forjado, fornecendo informações semânticas que são armazenadas pelos falantes.

Palavras-chave: microconstrução; construção transitiva; português brasileiro.

 

O ESQUEMA [S + ER] E A NOMEAÇÃO DE FANDOMNS 

NA PERSPECTIVA DA GRAMÁTICA COGNITIVA

 

André Luiz Aguiar de Oliveira (UFC)

Paulo Handerson Rodrigues Mota (UFC)

 

Na língua inglesa, o esquema [X + er] mostra-se altamente produtivo na nominalização de itens verbais, caso de work →worker. Contudo, no português esse esquema ganhou novos matizes de sentido, sendo produtivo com sentido associado à identidade e comunidade, caso de anitter. Nesse contexto, este trabalho visa a compreender os processos construcionais e semânticos em torno dessa construção. Partimos de uma pesquisa exploratória quali-quantitativa, cuja amostra é proveniente do Twitter, de onde se coletou 73 usos com o esquema, seguidos de sua categorização. A partir desses procedimentos, foi possível depreender dos aspectos construcionais: 1) as construções com os esquemas são altamente analisáveis e compositivas; 2) a construção é altamente produtiva e um molde no português; 3) prevalece em usos de função predicativa (67,1%); enquanto dos aspectos semânticos, o esquema tende a se compor em um substantivo de traços [+animados] [+humano] associado ao prefixo -er, que veicula as noções agentivas de apreciador, que na estrutura composicional assemelha-se a aquele que gosta de [S] ou que é fã de [S]. Com isso, percebe-se que o esquema passa a ser adotado com larga produtividade na língua, demandando estudos posteriores no curso de sua história, bem como de outros sentidos por ele veiculados.

Palavras-chave: morfologia; gramática cognitiva; fandom.


ANÁLISE DA ORGANIZAÇÃO RADIAL DO ADVÉRBIO AQUI: 

a exploração da centralidade espacial

 

 Emanuelle Cristina de Souza Silva (UFC)

 Michael Lucas Linhares (UFC)

 

Este trabalho tem como objetivo realizar uma pesquisa exploratória acerca da organização radial do advérbio “aqui”. Para isso, a pesquisa tem como aporte teórico os estudos  sobre Gramática das Construções propostos por Lakoff(1987), assim como também possui fundamentação teórica em Lilian Ferrari (2011). O corpus é composto pela análise de 100 (cem) ocorrências semânticas do dêitico “aqui” coletadas no Web/Dialects do Corpus do Português em português brasileiro que, consecutivamente, associamos com os significados expostos no dicionário Michaelis.  Por meio da coleta e análise desses dados, tivemos como resultado preliminar que as instâncias de “aqui” apresentam uma conexão com um núcleo central prototípico de posição espacial e, acerca das categorias radiais, identificamos a presença de 6 (seis) subcategorias que estão ligadas ao advérbio que, semanticamente, apresentam os sentidos de “lugar onde está o falante”, “neste ponto”, “neste momento”, “neste mundo/nesta vida”, “quanto a isso” e “o momento atual”.

 

Palavras-chave: aqui; organização radial; conexão semântica.

 

CONSTRUÇÕES DE MUDANÇA DE ESTADO: 

estudo contrastivo entre italiano e português

 

Andressa Spinosa (UFC)

Maria Claudete Lima (UFC/)

 

 

Tanto em italiano como em português, a mudança de estado pode ser codificada por verbos simples, verbos pronominais e perífrases formadas por verbos de valor incoativo e termo de valor atributivo (adjetivo, particípio ou locução adjetiva). Este estudo contrastivo visa analisar construções de mudança de estado em italiano correspondentes a construções com ficar em português que também codificam mudança, a fim de verificar que motivações semântico-pragmáticas subjazem aos usos das variadas formas de codificação e qual a forma predominante de codificar mudança em italiano. Para isso, analisa-se, sob uma abordagem cognitivo-funcional (LANGACKER, 1991; CROFT, 1994; GIVÓN, 1993, 1995; GEERAERTS, 2007), 108 ocorrências retiradas de contos da autora Clarice Lispector nas suas versões original e traduzida para o italiano (FRANCAVILLA, 2021). Os resultados preliminares da pesquisa em andamento mostram que o italiano codifica mudança predominantemente por perífrase formada com os verbos rimanere, restare, diventare e farsi + adjetivo. Observou-se ainda uma tendência a estados permanentes serem codificados por rimanere, farsi ou restare e estados transitórios por diventare.

Palavras-chave: mudança; perífrase; italiano.


Sessão 2: Interfaces

Coordenador: Lee Pontes (PPGLin/UFC)

 Local: Google Meet

A ALFABETIZAÇÃO IMAGÉTICA: um recurso pedagógico para o letramento

 

Caroline Filipi da Silva (Universidad de la Empresa - UDE)

Samara Farias da Cunha (Universidad de la Empresa - UDE)

Valdiana da Silva Costa (Universidad de la Empresa - UDE)

 

 

A alfabetização imagética desempenha um papel fundamental na comunicação humana, por meio da interpretação de elementos visuais. Antes mesmo de aprender a ler, as crianças são capazes de reconhecer símbolos e imagens. Este artigo tem como objetivo analisar e contextualizar a alfabetização imagética, com especial ênfase na fase inicial do processo de alfabetização, esse tema requer uma compreensão abrangente. A metodologia, quando aplicada de maneira lúdica e permeada pela educação visual, contribui significativamente para a compreensão de elementos visíveis e invisíveis nas imagens, conferindo-lhe importância crucial na fase de descoberta do letramento. Além de ser um complemento valioso para a alfabetização textual, a alfabetização artística (envolvendo a interpretação e contextualização de símbolos) e a alfabetização geográfica (que abrange a localização espacial e o reconhecimento do território). A pesquisa documental mediante a análise de livros, dissertações e artigos possibilita compreender a linguagem visual, utilizada como uma ferramenta de alfabetização. Este estudo revela que estratégias pedagógicas, tais como a análise de livros ilustrados e atividades práticas, desempenham um papel importante no desenvolvimento das habilidades de leitura. Adicionalmente, abrange a interpretação de gráficos, signos e símbolos utilizados como meios de comunicação no cotidiano impulsiona a alfabetização integral dos estudantes.

 

Palavras-chave: Alfabetização Imagética; letramento; Educação Visual.

 

CONSCIÊNCIA METALINGUÍSTICA E ESCRITA NOS TRÊS PRIMEIROS ANOS DO ENSINO FUNDAMENTAL: RESULTADOS DE UM ESTUDO EXPERIMENTAL

 

Amanda Cristina de Freitas (Unicamp)

 

A finalidade deste trabalho é compartilhar os resultados de uma pesquisa, que teve como objetivo geral investigar se há relação entre a consciência metalinguística e o índice de apagamento do /R/ na escrita de crianças em fase de alfabetização. Os testes foram aplicados em grupos de 58 participantes (sendo 29 meninas) do 1º, do 2º e do 3º ano do Fundamental I, entre 6 e 8 anos de idade, de uma escola pública e uma escola privada de Feira de Santana, Bahia. Os resultados indicam que: (1) O apagamento do /R/ ocorre mesmo quando há um contexto que favorece a ressilabificação. (2) Em contraste, a ressilabificação que ocorre na oralidade devido à presença de uma vogal na palavra subsequente não tem efeito na escrita. (3) Crianças em séries mais avançadas apresentam um desempenho melhor e, como resultado, têm uma compreensão mais profunda de como escrever palavras, o que reduz a possibilidade de apagar o /R/ final. Além disso, assumimos que a qualidade do ensino ao longo do período da pandemia parece ter grande relevância no desenvolvimento da escrita das crianças que tiveram melhor desempenho nas tarefas do estudo,

portanto, é importante considerar o ambiente no desenvolvimento da escrita dos participantes.

 

Palavras-chave: consciência metalinguística; aquisição da escrita; apagamento do /R/.

 

PERFIL DE COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM DE ALUNOS SURDOS DE ESCOLAS DE ENSINO FUNDAMENTAL DO MUNICÍPIO DE OURO PRETO-MG 

 

Kênia Toledo Fagundes (UFOP-ICHS))

 

Esta pesquisa interdisciplinar, originada no campo da fonoaudiologia, estudou a linguagem e a comunicação na surdez, conforme trabalhos desenvolvidos por Lichtig (2004), Barbosa e Litchtig (2013), e buscou reflexão e solução conjunta com os estudos da linguística funcional, que, segundo Halliday e Hasan (1985), aborda a linguagem e a comunicação como evento social em seu uso e contexto. O objetivo deste trabalho foi descrever o perfil de comunicação e linguagem de crianças surdas, filhas de pais ouvintes e estudantes de escolas regulares inclusivas, moradoras de um distrito de Ouro Preto, Minas Gerais, apoiando-se nas orientações do Protocolo Bilíngue de Avaliação das Habilidades Comunicativas e de Linguagem de Crianças Surdas Reduzido, de Barbosa e Lichtig (2013). Fez-se uma pesquisa de cunho qualitativo, por meio de revisão bibliográfica, levantamento de campo e pesquisa aplicada. Os resultados obtidos revelaram que duas crianças surdas com 9 anos de idade, usaram gestos, oralidade e a Libras em aquisição durante suas interações, com predomínio de uso da modalidade visuoespacial e que elas apresentaram desenvolvimento linguístico próximo a crianças com dois anos de idade. Com isso, confirmou-se o pouco acesso dessas crianças à língua de sinais, revelando a importância do contato precoce com essa língua. 

 

Palavras-chave: perfil comunicativo; surdez; língua de sinais.

 

PRAGMÁTICA E COGNIÇÃO: O PROCESSAMENTO DE ENUNCIADOS PRESSUPOSICIONAIS POR PESSOAS COM AUTISMO

Brendha Portela Camargo (UFRJ)

Este trabalho investiga como autistas adultos em Nível 1 de suporte lidam com estruturas pressuposicionais. Hipotetizamos, em primeiro lugar, que pessoas com autismo enfrentam mais dificuldades na compreensão desses enunciados do que pessoas neurotípicas. Em segundo lugar, a partir da análise semântico-pragmática da Construção de Contraexpectativa com Bem (CCB) (Pinheiro et al., a sair), argumentamos em favor da existência de um novo tipo de pressuposição: a de expectativa. Segundo a hipótese, haveria diferenças de processamento entre a pressuposição de expectativa e a pressuposição de conhecimento (Lambrecht, 1994), de modo que a primeira seria mais desafiadora, em termos de interpretação. Para testar essas hipóteses, realizou-se um experimento de escolha forçada com 32 participantes autistas e 32 participantes neurotípicos. O teste envolveu dois gatilhos de pressuposição: a CCB (exemplo de disparador de pressuposição de expectativa) e verbos de mudança de estado (VME; exemplo de disparador de pressuposição de conhecimento). Os resultados confirmaram nossa primeira hipótese, indicando que pessoas com autismo apresentam mais dificuldades na compreensão de sentenças pressuposicionais, em comparação com indivíduos neurotípicos. A segunda hipótese, no entanto, não se confirmou, já que os dados revelaram maior dificuldade de processamento em enunciados com VME do que com a CCB.

Palavras-chave: pressuposição; autismo; pragmática.

 

 

AJUSTE FOCAL PERSPECTIVA NA CONCEPTUALIZAÇÃO 

DA EXPERIÊNCIA DE “TER COVID-19”

 

Lee Jefferson Pontes de Oliveira (PPGLing/UFC)

Júlio Araújo (DLV/PPGLin/UFC)

 

Um fundamento da Linguística Cognitiva é que a linguagem tem natureza cognitiva e que o significado é construído por meio de ajustes focais (mecanismos cognitivos similares à percepção visual), propriedades do objeto da conceptualização e interação entre os sujeitos envolvidos. A perspectiva, um dos ajustes focais, permite ao usuário da língua diferentes interpretações, que resultam dos quadros de conhecimento em relação à situação concebida, em que atuam ainda a Atenção e a Dinâmica de Forças. Assim, objetiva-se, neste trabalho, discutir a relação do ajuste focal perspectiva na construção do ponto de vista e do self na conceptualização da experiência de “ter covid-19” entre falantes de língua portuguesa do Brasil. A análise indicou que falantes brasileiros recorrem à perspectiva centrada no sujeito da conceptualização (conceptualizador) posicionado como trajector do marco Covid-19 (Objeto da conceptualização), de modo a construir uma interação de forças na base do conteúdo relatado.

 

Palavras-chave: ensino de língua portuguesa; linguística cognitiva-funcional; enunciados de atividades.


Sessão 3: Interfaces

Coordenadora:

Giselly Kílvia Aguiar

Local: Google Meet


O PRECONCEITO LINGUÍSTICO SOBRE O PORTUGUÊS MOÇAMBICANO

 

Amony da Flora Bonifácio Saulosse (UniRovuma)

 

O artigo investiga os discursos dos Tik Tok em Moçambique. O problema é a intolerância às variedades do Português Moçambicano praticada por moçambicanos “cultores” da “norma culta”, o Português Europeu. A pesquisa partiu da questão: será que os discursos intolerantes às variedades do Português Moçambicano decorrem do Preconceito Linguístico? O objetivo geral foi de investigar os discursos do Tik Tok, em rigor analisá-los e discuti-los na perspectiva da Mitologia do Preconceito Linguístico (BAGNO, 2007). O estudo é embasado nos princípios da Linguística Cognitiva e Linguística Funcional Centrada no Uso (CAVALCANTE; SILVA; OLIVEIRA, 2020). A pesquisa foi social, aplicada, exploratória e qualitativa, com o método de abordagem dialéctico e procedimento de estudo de caso. As técnicas de geração de dados foram a revisão bibliográfica, a observação simples e a análise de conteúdos. Os resultados mostraram que os discursos decorrem do preconceito social, da intolerância à fala característica da Região Norte de Moçambique e da influência do ensino da língua que obriga o indivíduo a pronunciar como se escreve.

 

Palavras-chave: preconceito linguístico; português moçambicano; tik tok.

 

 

LINGUÍSTICA COGNITIVA: FANZINES E A EXPRESSÃO DO CONHECIMENTO LINGUÍSTICO MANIFESTADO DE FORMA CONTEXTUALIZADA

 

Brenda Lima dos Santos Lopes (Faculdade Metropolitana)

 

A Linguística Cognitiva, interligada à Psicologia, enfatiza que o conhecimento linguístico se origina do uso. As estruturas linguísticas, compostas de sons e significados, são intrinsecamente contextuais. Ao considerar a linguagem como manifestação humana, destacamos a importância dos gêneros textuais, como o fanzine, na abordagem da 'Educação Anti-racista'. Nesse contexto, conduzimos um projeto em uma escola municipal de Fortaleza, com alunos do nono ano do Ensino Fundamental II. Usando uma metodologia de pesquisa orientada, os estudantes exploraram termos do cotidiano e seus significados. Durante pesquisas e discussões, redefiniram palavras pessoalmente utilizadas e identificaram termos relacionados à injúria racial e ao racismo. Os alunos, ao criar novas palavras, aplicaram conhecimentos de composição de palavras e ortografia, reforçando a internalização do conhecimento teórico por meio da prática. Isso valida os princípios da Linguística Cognitiva, onde o conhecimento linguístico se desenvolve não apenas por regras teóricas, mas pela experiência prática. O fanzine, como um suporte para a escrita de verbetes, facilitou a compreensão dos sentidos linguísticos, como afirma Tuxi (2015). Este projeto demonstra como a Linguística Cognitiva encontra aplicação concreta e eficaz na educação, destacando a importância de gêneros textuais na construção do conhecimento linguístico e na promoção da educação anti-racista.

Palavras-chave: Linguística Cognitiva; Fanzine; Gramática contextualizada.

 

RELATO DE EXPERIÊNCIA COM FORMAÇÃO DE PROFESSORES MOÇAMBICANOS: AS BASES COGNITIVAS DOS MECANISMOS DE LEITURA

 

Amony da Flora Bonifácio Saulosse (UniRovuma/Moçambique)

Warlete Cristina de Oliveira (UEG)

Leosmar Aparecido da Silva (UFG)

 

Esta comunicação tem o objectivo de relatar a experiência do minicurso “mecanismos de leitura” desenvolvido com professores do ensino básico de Moçambique. O projecto foi idealizado no âmbito do doutoramento em Linguística no PPGLL-UFG, com a colaboração de professores de Português em Moçambique, visando proporcionar troca de experiência em matéria de consolidação de mecanismos de leitura. O problema visível prende-se ao facto de os alunos apresentarem dificuldades de leitura. Durante o minicurso, a questão será que os métodos de ensino consolidam os mecanismos de leitura nos diferentes níveis? constituiu um dos centros da discussão. O minicurso embasou-se em teorias sobre a leitura e compreensão leitora, em estudos da Linguística Cognitiva e em estudos da Linguística Aplicada que definem a língua como “um fenômeno cultural, histórico, social e cognitivo que varia ao longo do tempo e de acordo com os falantes: ela se manifesta no seu funcionamento e é sensível ao contexto” (Marcuschi, 1998, p. 91). As palestras e as oficinas foram os métodos usados para ministrar os conteúdos. Espera-se como resultados que novas práticas pedagógicas sejam desenvolvidas pelos professores que colaboraram com os seus saberes. Trabalhos dessa natureza podem contribuir para haver um salto qualitativo no ensino de língua portuguesa.

Palavras-chave: leitura; compreensão leitora; inferências.


PROCEDIMENTOS DE ANOTAÇÃO MULTIMODAL NA FRAMENET BRASIL

Iasmin Valéria Miranda Rabelo (UFMG)

Igor Matheus de Oliveira (UFMG)

Maucha Andrade Gamonal (UFMG)

 

Este trabalho apresenta a metodologia utilizada para a constituição de um dataset multimodal de anotação semântica no projeto ReINVenTA (Research and Innovation Network on Visual and Textual Analysis), iniciativa da FrameNet Brasil em colaboração com outras instituições como UFMG, PUC-MG, UFU. A teoria linguístico-cognitiva da Semântica de Frames (FILLMORE, 1982) aponta que uma unidade lexical (UL) é a associação de um lema a um sentido específico. Assim uma UL evoca um frame, ou seja, uma representação de um situação envolvendo participantes, adereços e outros papéis conceituais, cada um dos quais é um elemento do frame. A proposta do projeto assume que, além de atribuirmos frames ao domínio lexical, podemos também fazê-lo ao domínio das imagens, e assim é feito através das ferramentas Charon e Webtool. Neste trabalho, selecionamos a anotação realizada na transcrição do áudio e audiodescrição para o curta-metragem animado A Árvore do Dinheiro, que compõe o corpus Audition. Na anotação, os frames são associados às ULs e também aos elementos visuais do vídeo. A anotação baseada em frames abre possibilidades de contribuição na criação de diferentes ferramentas, como tradutores e corretores automáticos, dicionários online, IAs e análise de qualidade de tradução e audiodescrição.

Palavras-chave: corpus; Semântica de frames; multimodalidade.

 

O USO DAS METÁFORAS E CONSTRUÇÕES METAFÓRICAS EM UMA COMUNIDADE DE PRÁTICA 

 

Luciana Oliveira Atanásio (IFMA/UFPB-Proling)

 

Esse trabalho apresenta o recorte de uma pesquisa que tem por objetivo descrever e analisar as metáforas conceituais, sua construção e sua interpretação nas práticas de letramento de uma comunidade de prática das quebradeiras de coco babaçu. Essa tese se ancora na etnografia como o enfoque de pesquisa mais adequado, pois favorece uma abordagem profunda e contextualizada do tema proposto, possibilitando a intercompreensão entre letramento social e metáfora na comunidade de quebradeiras de coco babaçu, utiliza-se a observação participante, entrevista semiestruturada, anotações e gravações de voz e vídeo para coleta de dados. Entre os resultados até o momento tem-se que a linguística cognitiva se relaciona às impressões, e o entendimento de mundo através da

concepção de que a metáfora está vinculada à capacidade cognitiva e linguística de compreensão ligadas às experiências corporais e sensoriais do ser. As metáforas se incluem nas funções sociais e culturais das expressões na comunicação das quebradeiras de coco babaçu, fazendo parte da categorização de saberes, crenças, sentimentos, valores e identidades culturais.

 

Palavras-chave: comunidade de prática; interação; metáfora


Sessão 4: Metáfora e frames 1

Coordenadora:

André Luiz Aguiar

 Local: Google Meet

METÁFORA E CONSPIRACIONISMO NA CONCEPTUALIZAÇÃO DE VACINA CONTRA A COVID-19 EM FAKE NEWS

 

Mércia Silva Abreu (UFBA)

 

Este trabalho objetiva investigar a conceptualização de vacina contra a covid-19 em Fake News com base em resultados parciais de uma pesquisa de doutorado desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Língua e Cultura da Universidade Federal da Bahia (PPGLinC-UFBA). Para isso, focaliza-se o uso deliberado de nichos metafóricos de teor conspiracionista em Fake News publicadas ao longo da pandemia de covid-19 em mídias digitais, considerando-se a interface cognição-discurso. Toma-se como base teórico-metodológica a Teoria da Metáfora e da Metonímia Conceptuais (Lakoff; Johnson, 1980; Barcelona, 2000), a Teoria da Complexidade (Morin, 2015), as noções de Metáfora Situada (Vereza, 2013, 2020) e Cenário Metafórico (Musolff, 2023) e a perspectiva metodológica qualitativa, com abordagem exploratória, descritiva e interpretativa do corpus, elaborado com base na técnica da saturação teórica (Almeida; Santana, 2019). Resultados mostram que nichos metafóricos estruturados a partir de teorias conspiratórias são padrões narrativo-argumentativos recorrentes em Fake News sobre vacina covid-19, nos quais a evocação do frame GUERRA explora a emoção e dá margem à emergência de metáforas situadas, como VACINA COVID-19 É ARMA BIOLÓGICA e VACINA COVID-19 É EXPERIMENTAÇÃO NAZISTA, sob a condição da pós-verdade, compreendida como uma crise de confiança.

 

Palavras-chave: metáfora; Fake News antivacina covid-19; conspiracionismo.


AS CONTRIBUIÇÕES DA LINGUÍSTICA COGNTIVA NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA NA EDUCAÇÃO BÁSICA: considerações a partir de um estudo de caso

 

Ana Julia Guimarães Carmo (UFMT)

 

Este trabalho tem como objetivo apresentar a importância da Linguística Cognitiva (LC), especificamente, da Teoria da Metáfora Conceptual (TMC) no ensino de língua portuguesa na Educação Básica (EB), a partir de um estudo de caso. A metáfora tende a ser ensinada na escola como uma figura de linguagem (recurso estilístico), especialmente, em textos literários, considerando-se pressupostos da Gramática Normativa, o que reduz a sua compreensão. Na LC, a metáfora é estudada como um fenômeno complexo, que implica relações de analogia (similaridade), promove generalizações e possibilita economia linguística, constituindo a base da língua portuguesa como um domínio cognitivo. Foram ministradas 5 aulas sobre metáforas a estudantes de três turmas do Ensino Fundamental (EF), de uma escola pública, militarizada, localizada do município de Barra do Garças, Estado de Mato Grosso, Brasil. Fundamentou-se autores da LC (LAKOFF; JOHNSON, 2002[1980]; FERRARI, 2011; NEVES, 2018; CASSEB-GALVÃO et al., 2022), correlacionando-se com discussões da Linguística Funcional (NEVES, 1997, 2018; CASTILHO, 2010; MARTELOTTA, 2011; BERTOQUE, 2010, 2014) e de estudos que inter-relacionam Linguagem, Educação e Neurociência (CONSENZA; GUERRA, 2011; BERTOQUE, 2014; 2018; FLORES; BERTOQUE, 2021). Após ministrar as aulas, percebeu-se que o ensino de metáforas por meio da LC é mais produtivo porque extrapola a noção de figura de linguagem; possibilita o uso de diversos textos e gêneros discursivos; e possibilita que os estudantes: (i) compreendam os usos cotidianos que organizam a língua portuguesa, estendendo conceitos mais definidos (domínio fonte) para conceitos mais abstratos (domínio alvo); e (ii) compreendam, de modo geral e adaptado para a EB, os princípios de economia linguística, de generalização e de analogia que dinamizam esse usos linguísticos e otimizam o processamento das associações cognitivas, realizada pelo cérebro, nas diversas atividades comunicativas. Estudos dessa natureza possibilitam a inter-relação da pesquisa linguística e do ensino, permitindo que os estudos acadêmicos alcancem o ambiente escolar de modo efetivo.

 

Palavras-chave: Teoria da Metáfora Conceitual. Ensino de Língua Portuguesa. Educação Básica.

 

METÁFORAS CONCEPTUAIS NO ENSINO-APRENDIZAGEM DE PORTUGUÊS: 

A AULA COMO ACONTECIMENTO

 

Raissa Lorraine Gomes Montalvão (UFG)

Amanda Leles Feitosa (UFG)

Leosmar Aparecido da Silva (UFG)

 

Na educação básica, o ensino de metáfora geralmente está pautado em uma concepção da metáfora como um tipo de linguagem conotativa e estritamente literária. No entanto, a Teoria da Metáfora Conceptual (TMC), destaca que a metaforização compõe o sistema conceptual básico humano, ou seja, o modo como as pessoas experienciam, interpretam, categorizam a realidade e agem diante dela (Lakoff; Johnson, 2002). Assim, esta pesquisa objetiva apresentar metáforas conceptuais produzidas por estudantes em redações do tipo dissertativo-argumentativo, modelo ENEM, com tema “Como lidar com o medo atômico?”, disponibilizadas na plataforma de correção online Imaginie. Além disso, propõe sugestões de ensino de metáforas, baseada na “aula como acontecimento” postulada por Geraldi (2010). O estudo foi dividido em uma fase investigativa e outra propositiva. As metáforas foram identificadas e classificadas de acordo com Lakoff e Johnson (2002) e Kövecses (1990). Os resultados mostraram que as projeções metafóricas encontradas nas redações são, sobretudo, ontológicas. 


Palavras-chave: metáfora Conceptual; medo; ensino.

 

SIMBORA, CALYPSO!: O PAPEL DAS METÁFORAS

MULTIMODAIS NOS SHOWS DA CANTORA JOELMA

 

Bruno de Jesus Espirito Santo (UFBA)

 

Desde 1999 a cantora Joelma tem contribuído de maneira singular para a formação da identidade cultural e musical do Brasil. Num tempo em que não havia plataformas digitais, tais quais o Deezer ou Spotify, a paraense vendeu mais de 20 milhões de discos físicos, foi indicada ao Grammy Latino por 3 vezes, ganhou o Troféu Imprensa de Melhor Cantora (SBT, 2016) e a estatueta de Melhor Show pelo Prêmio Multishow (2017). Apesar disso, escassos os trabalhos acadêmicos sobre sua arte, principalmente no campo da Ciência Linguística. Dada essa carência, este trabalho propõe-se a observar uma famosa canção dela interpretada ao vivo: “Príncipe Encantado” e “Me Telefona” (DVD Banda Calypso na Angola, 2012), utilizando-se dos pressupostos teórico-metodológicos da Linguística Cognitiva e a sua Teoria da Metáfora Conceptual em seus desdobramentos cognitivo-discursivos, socioculturais e multimodais (LAKOFF & JOHNSON, 1980; KÖVECSES, 2005; VEREZA, 2007; SOARES DA SILVA & LEITE, 2015; CIENKI, 2017) para averiguar se as metáforas verbo-gestuais exercem algum papel agentivo essencial na construção da tessitura linguística e textual delas. Após uma minuciosa análise, percebemos que metáforas tais quais O AMOR É UMA VIAGEM, A SAUDADE É UM VENENO, A AUSÊNCIA É INSANIDADE, O SER HUMANO É UM ESCONDERIJO, O ESQUECIMENTO É A CURA realizaram tal processamento.

 

Palavras-chave: Linguística Cognitiva; Metáforas multimodais; Joelma.


FICAR FUNCIONAL: DE LUGAR A EMOÇÃO

 

Maria Claudete Lima (UFC)

André Luiz Aguiar de Oliveira (UFC)

Renato Souza Lopes (UFC)

 

O verbo FICAR, como outros verbos relacionais, assume diferentes valores na língua, que vai de verbo intransitivo, com sentido de permanência, a verbo auxiliar, com valor aspectual junto de infinitivo ou gerúndio, passando pelo valor funcional junto de formas adjetivais. Martins (2020) que estuda os usos de FICAR/QUEDARSE, em português e espanhol, conclui que, diferentemente do espanhol em que quedarse teria valor durativo, oposto a ponerse, cujo valor seria pontual, o português codificaria tal oposição no uso da construção com ficar + particípio ou adjetivo em contraste com o uso de verbos pronominais, assim ficar zangado teria valor durativo e zangar-se, valor pontual. Nosso objetivo, neste trabalho, é discutir os usos de ficar + particípio/adjetivo, como resultado de um percurso de abstratização que vai da noção de espaço à emoção, tida como um lugar virtual, uma espécie de container, em que o estado de tristeza é conceitualizado como um espaço. Para isso, coletamos ocorrências de construções com ficar no Corpus do Português, do século XIII ao XXI, analisando sentido, padrão construcional, período e esquema de imagem (Lakoff; Johnson, 2002), a fim de avaliar a extensão semântica de lugar para emoção. Os resultados preliminares apontam para uma crescente predominância de codificação de emoção, em detrimento da codificação de espaço físico, via abstratização metafórica.

 

Palavras-chave: ficar; esquema imagético; abstratização.


Sessão 5: Metáfora e frames 2

Coordenadora:

Profa. Dra. Maria Claudete Lima (UFC)

 Local: Google Meet

REENQUADRAMENTO LEXICAL NA LINGUAGEM E NO PENSAMENTO: 

O QUE PENSAM OS INTERNAUTAS?

 

Nayure Mirelle Marques Ribeiro (FL/UFG))

 

O objetivo desta comunicação é refletir sobre as discussões de internautas sobre a substituição lexical referente à raça. Em termos metodológicos, em um primeiro momento, foram realizados estudos sobre a semântica de frames com base no texto de Fillmore (2009). Em seguida, foi usada a rede social Twitter para coletar discussões e opiniões de internautas sobre palavras e expressões relativas à raça. Os dados no Twitter foram gerados por meio do mecanismo de busca do próprio aplicativo, o qual trouxe palavras mais específicas e que geraram maior número de discussões. As palavras foram: criado-mudo, índio/indígena, mulato, japa, vândalo. Os resultados mostraram que não linguistas fazem reflexão linguística sobre a adequação ou não de determinados termos sobre raça em determinadas situações. Alguns propõem reenquadramento lexical, ou seja, a substituição de uma palavra por outra, como forma de reparar historicamente pelo léxico o passado escravocrata do Brasil. A nova palavra não acionaria frames relativos à visão do colonizador, da raça branca ou da suposta superioridade de determinados grupos. Dos termos pesquisados, os que obtiveram maior discussão foram criado-mudo e mulato. Trabalhos dessa natureza têm relevância social, uma vez que contribuem cientificamente para a reflexão sobre crenças e preconceitos e, consequentemente, para a sua desconstrução.

 

Palavras-chave: frame. substituição lexical. raça.

 

A APLICAÇÃO DA SEMÂNTICA DOS FRAMES EM TEXTOS HUMORÍSTICOS

 

Ana Karolynne Pinto Fernandes (UFC)

Yasmim Bento da Costa (UFC)

 

O uso de frames para a construção de sentido e compreensão do humor em textos humorísticos parte do desenvolvimento de dois conceitos principais: a Teoria do Princípio da Semântica de Frames (FILLMORE, 1985; PETRUCK, 1996) e a Teoria de Script Semântico do Humor (RASKIN, 1979; 1985). Com o intuito de avaliar o efeito do humor nos textos escolhidos neste estudo, analisamos a construção do humor em quatro piadas, retiradas da plataforma Pinterest, segundo a incongruência entre os frames usados e quais partes dos frames são compatíveis com o texto e a oposição entre eles. Foram considerados a oposição entre os frames, os recursos linguísticos como a ambiguidade e a polissemia, e a quebra de expectativa causada pela mudança de frames, como causa de efeito do humor. A análise realizada sugeriu que o efeito do humor entre dois frames opostos não está condicionado apenas à sobreposição desses frames, abarcando outros recursos estabelecidos pelo receptor. Logo, o efeito do humor nos exemplos utilizados resulta da percepção do receptor dos recursos cognitivos e linguísticos apresentados neste trabalho.

 

Palavras-chave: frames; humor; piadas..

 

OS FRAMES NA LINGUAGEM PUBLICITÁRIA

Ana Beatriz Ramos Silveira (UFC)

Ana Beatriz Bezerra de Souza (UFC)

 

Os Frames estão presentes em diversos âmbitos, sendo um deles na linguagem publicitária, objeto de investigação deste trabalho, realizado a partir da Semântica de Frames (FILLMORE, 1985). O objetivo principal da linguagem publicitária é atingir o consumidor de fato e convencê-lo, empregando recursos linguísticos, como jogos de palavras, ambiguidade, polissemia, entre outros, o que ocasiona efeitos como a quebra de expectativa, recurso comum em textos publicitários. Neste trabalho, considerou-se diferentes frames, bem como os recursos linguísticos utilizados em 4 textos publicitários, retirados da Web. Na análise, observou-se como cada frame contribui com o objetivo da mensagem, quais os efeitos de sentido gerados e de que forma a ativação desses frames chama a atenção do público. Os dados indicam que, os efeitos de sentidos são resultantes da percepção cognitiva do leitor e da ativação desses frames nos textos analisados. Assim, o trabalho desenvolve a análise de Frames na linguagem publicitária como recurso para chamar a atenção do leitor.


Palavras-chave: frames; linguagem publicitária; persuasão .

 

A REPRESENTAÇÃO LINGUÍSTICO-COGNITIVA DA SOFRÊNCIA 

NAS MÚSICAS DO CANTOR WESLEY SAFADÃO

 

Vinícius Carvalho de Meneses (IFCE)

Antonio Soares da Silva Junior (IFCE)

 

Wesley Oliveira da Silva, mais conhecido como Wesley Safadão, é um cantor, produtor musical, empresário e apresentador brasileiro muito conhecido por suas músicas que retratam o amor e a sofrência. Desse modo, o objetivo dessa pesquisa em andamento é analisar como a sofrência é representada nas músicas do cantor à luz da Teoria das Metáforas Conceptuais (LAKOFF; JOHNSON, 1980). Esta pesquisa é de natureza básica com abordagem qualitativa-interpretativista (OLIVEIRA E PAIVA, 2014). Para coleta de dados foi utilizado o website de pesquisa Google, utilizando como critério de escolha das músicas algumas das mais famosas e que fazem menção explicitamente à imagem de sofrência. Desta forma, será tomado como corpus as letras de duas músicas: Ninguém é de ferro e Coração machucado. Os resultados iniciais indicam que as metáforas HUMANO É OBJETO (música 1) e O TEMPO É UMA ENTIDADE (música 2) modelam uma visão sofrência emitida pelo eu-lírico.

 

Palavras-chave: representação da sofrência; metáfora conceptual; Linguística Cognitiva; Wesley Safadão..