A terceira análise que oferecemos, antes de passar ao enfoque vocacional proposto, é uma descrição das características da juventude atual. Uma vez mais, reconhecemos que não é razoável tratar de abordar esse problema em poucas linhas. No entanto, nossa intenção não é sermos exaustivos, e sim fornecer alguns eixos centrais que sejam úteis para uma reflexão comum baseada no que vimos. Oferecemos as seguintes características que parecem comuns a muitos contextos e que afetam diretamente a Pastoral Vocacional.
CARACTERÍSTICAS COMUNS DOS JOVENS
1. Têm melhor capacitação e habilidade profissional. Sabem criar sentido e significado.
2. Estão em processo de amadurecimento e são imprevisíveis.
3. Estão dispostos a envolver-se e apaixonar-se pelo que fazem, apesar de suas motivações nem sempre serem claras. Podem e sabem como obter o que querem. Gostam de sentir-se corresponsáveis.
4. Necessitam constantemente de reconhecimento e apoio emocional. Valorizam o corpo, os sentimentos e a sexualidade.
5. As relações pessoais são fundamentais para eles. Desejam um sentido de pertença a um grupo e participar nas experiências da comunidade.
6. Têm dificuldades para integrar seu ideal de vida comunitária com o que estão dispostos a oferecer à comunidade. São muito críticos com as experiências da comunidade.
7. Veem-se muito afetados pela pressão dos companheiros e da família quando se trata de tomar decisões. Podem ser facilmente persuadidos ou confundidos.
8. Estão dispostos a trabalhar juntos para conseguirem uma determinada missão, mas às vezes se veem demasiado presos em suas necessidades pessoais.
9. Estão abertos a um processo de discernimento que seja coerente com seu itinerário pessoal e, portanto, estão dispostos a aceitar formação e acompanhamento.
10. São movidos pela necessidade de ação, mas ao mesmo tempo têm medo de agir. Estão dispostos a comprometer-se com várias coisas ao mesmo tempo.
11. Sentem-se atraídos pela opção preferencial pelos pobres e pela oportunidade de servir aos demais. Identificam-se com a dimensão social do Evangelho.
12. Valorizam mais o impacto significativo do compromisso do que sua duração. Os compromissos a curto prazo são mais importantes que um compromisso por toda a vida.
2º TIPO DE "AMBIENTE" OU SOCIEDADE
1. Uma sociedade secularizada na qual a expressão religiosa pública desaparece ou se desloca à esfera privada.
2. Uma sociedade que fomenta o ceticismo e percebe a religião institucional como ultrapassada.
3. Uma sociedade científica, técnica e pragmática.
4. Uma sociedade materialista, centrada no consumo de bens e na qualidade de vida.
5. Uma sociedade democrática pluralista, diversa e liberal, que promove a liberdade pessoal com visões alternativas da família e da sexualidade.
6. Uma sociedade que valoriza a religiosidade cultural e oriental, mas que desconfia das religiões institucionalizadas, tradicionalmente ocidentais.
7. Uma sociedade que deseja o absoluto e, ao mesmo tempo, busca algo mais.
A sociedade tradicional do 1º Tipo facilita a continuidade do “primeiro terreno”, no qual a ênfase da Pastoral Vocacional se situa unicamente na vocação de Irmão. Por outro lado, a sociedade secularizada do 2º Tipo facilita o desenvolvimento do “segundo terreno”, no qual o acento se coloca nas vocações lassalistas. O acesso ao “terceiro” ou “quarto terreno” dependerá das decisões pessoais e dos contextos nos quais a missão lassalista se desenvolve no âmbito local.
A “mudança climática” para a secularização parece inevitável e irreversível. No entanto, não podemos nos deixar levar pelo ambiente cultural predominante. Sentimos que temos a responsabilidade, dentro do 1º ou 2º ambiente, de ser proativos e gerar “microclimas” que favoreçam a resposta de cada pessoa ao plano de Deus com liberdade, autenticidade e determinação.
Temos o grande desafio de sermos criativos e trabalhar no “quarto terreno” (grande ênfase nas vocações lassalistas e na vocação de Irmão). Além disso, nosso compromisso vocacional nesse terreno nos ajudará a garantir o futuro do carisma lassalista e a continuar revelando Deus a uma sociedade cada vez mais secularizada. A criatividade vai requerer tomarmos decisões, estabelecer prioridades e renovar nossas atitudes e ações.
Por último, devemos considerar a realidade e as características dos jovens que afetam a Pastoral Vocacional.