A parábola do semeador não faz referência à pergunta como o clima influi no crescimento da semente. Seguindo com essa imagem do Evangelho, podemos detectar dois ambientes ou climas nos quais têm lugar a sementeira e o crescimento. Tratam-se de dois tipos diferentes de sociedades que se encontram nos extremos de uma continuidade na qual todas as sociedades poderiam situar-se. Independentemente de onde se encontre atualmente cada sociedade, reconhecemos que há uma “mudança climática” à medida que as sociedades se deslocam, mais ou menos rapidamente, de uma sociedade do 1º Tipo a uma sociedade do 2º Tipo.
1º TIPO DE "AMBIENTE" OU SOCIEDADE
1. Uma sociedade tradicional que valoriza a ordem estabelecida e prefere poucas mudanças nas estruturas sociais.
2. Uma sociedade hierárquica e patriarcal que confere um papel subordinado às mulheres e que se organiza em torno de valores de poder e dominação.
3. Uma sociedade ligada à tradição religiosa e clerical.
4. Uma sociedade mais presente no mundo rural que no mundo urbano.
5. Uma sociedade sujeita a formas clássicas de família, sexualidade, autoridade, religião, produção, etc.
6. Uma sociedade que oferece a segurança daquilo que é conhecido.
2º TIPO DE "AMBIENTE" OU SOCIEDADE
1. Uma sociedade secularizada na qual a expressão religiosa pública desaparece ou se desloca à esfera privada.
2. Uma sociedade que fomenta o ceticismo e percebe a religião institucional como ultrapassada.
3. Uma sociedade científica, técnica e pragmática.
4. Uma sociedade materialista, centrada no consumo de bens e na qualidade de vida.
5. Uma sociedade democrática pluralista, diversa e liberal, que promove a liberdade pessoal com visões alternativas da família e da sexualidade.
6. Uma sociedade que valoriza a religiosidade cultural e oriental, mas que desconfia das religiões institucionalizadas, tradicionalmente ocidentais.
7. Uma sociedade que deseja o absoluto e, ao mesmo tempo, busca algo mais.
A sociedade tradicional do 1º Tipo facilita a continuidade do “primeiro terreno”, no qual a ênfase da Pastoral Vocacional se situa unicamente na vocação de Irmão. Por outro lado, a sociedade secularizada do 2º Tipo facilita o desenvolvimento do “segundo terreno”, no qual o acento se coloca nas vocações lassalistas. O acesso ao “terceiro” ou “quarto terreno” dependerá das decisões pessoais e dos contextos nos quais a missão lassalista se desenvolve no âmbito local.
A “mudança climática” para a secularização parece inevitável e irreversível. No entanto, não podemos nos deixar levar pelo ambiente cultural predominante. Sentimos que temos a responsabilidade, dentro do 1º ou 2º ambiente, de ser proativos e gerar “microclimas” que favoreçam a resposta de cada pessoa ao plano de Deus com liberdade, autenticidade e determinação.
Temos o grande desafio de sermos criativos e trabalhar no “quarto terreno” (grande ênfase nas vocações lassalistas e na vocação de Irmão). Além disso, nosso compromisso vocacional nesse terreno nos ajudará a garantir o futuro do carisma lassalista e a continuar revelando Deus a uma sociedade cada vez mais secularizada. A criatividade vai requerer tomarmos decisões, estabelecer prioridades e renovar nossas atitudes e ações.
Por último, devemos considerar a realidade e as características dos jovens que afetam a Pastoral Vocacional.