31 de dezembro Noite “Passou a sega, findou o verão, e nós não estamos salvos” (Jr 8:20) Não está salvo! Caro leitor, é essa a sua triste situação? Avisado do juízo vindouro, ordenado a escapar para salvar sua vida e, ainda assim, neste momento, não salvo! Você conhece o caminho da salvação, você leu sobre ele na Bíblia, você ouviu sobre ele na mensagem do púlpito, ele foi explicado a você por amigos e, mesmo assim, você o negligencia, e, desse modo, você não está salvo. Você não terá desculpa quando o Senhor julgar os vivos e os mortos (2Tm 4:1; 1Pe 4:5). O Espírito Santo tem abençoado a palavra que tem sido pregada aos seus ouvidos, e períodos de refrigério vieram da presença divina, mas você ainda está sem Cristo. Todas essas esperançosas estações vieram e se foram. O seu verão e sua colheita passaram; ainda assim, você não está salvo. Os anos se sucedem rumo à eternidade, e seu último ano chegará em breve. A juventude se foi, a virilidade está indo, e você ainda não está salvo. Deixe-me lhe perguntar: você nunca será salvo? Existe alguma probabilidade disso? As estações mais propícias já passaram, e você ainda não está salvo. Outras ocasiões irão alterar sua condição? Os meios de graça falharam com você, os melhores meios, usados com perseverança e com a maior afeição. O que mais pode ser feito por você? Aflição e prosperidade igualmente não conseguiram impressioná-lo. Lágrimas, orações e sermões foram desperdiçados em seu coração estéril. Acaso as probabilidades não estão contra você, dizendo que nunca serás salvo? Não é mais do que provável que você permaneça como está, até que a morte cerre para sempre o caminho da esperança? Você recua dessa suposição? No entanto, isso é o mais razoável; aquele que não é lavado em muitas águas, com toda a probabilidade continuará imundo até o fim. O momento conveniente nunca chegou; por que haveria de chegar? É lógico temer que nunca chegue, e assim como Felix (At 24:25), você não encontrará qualquer estação conveniente até que esteja no inferno. Ó, reconsidera o que é o inferno e a terrível probabilidade que você, em breve, será lançado nele! Leitor, suponha que você morra sem salvação; nenhuma palavra pode descrever sua desgraça. Escreva o seu terrível estado em lágrimas e sangue; fale sobre ele com gemidos e ranger de dentes. Você será punido, com a destruição eterna, pela glória do Senhor e pela glória do Seu poder. A voz de um irmão poderia, de bom grado, levá-lo à seriedade. Ó, seja sábio; seja sábio enquanto há tempo, e antes que mais um ano se inicie, creia em Jesus, Aquele que é capaz de salvar perfeitamente (Hb 7:25). Consagre estas últimas horas a um pensamento solitário, e se um profundo arrependimento surgir em você, isso será bom; e se ele te levar a uma fé humilde em Jesus, será o melhor de tudo. Ó, faça com que este ano não passe e você seja um espírito não perdoado. Não permita que os estrondos da meia-noite pelo ano novo ressoem sobre um espírito sem alegria! AGORA, AGORA, AGORA, creia e viva.“ESCAPA-TE POR TUA VIDA; NÃO OLHES PARA TRÁS DE TI, E NÃO PARES EM TODA ESTA CAMPINA; ESCAPA LÁ PARA O MONTE, PARA QUE NÃO PEREÇAS” (Gn 19:17). (Spurgeon)
31 de dezembro Manhã “E no último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé, e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim, e beba” (Jo 7:37)
A paciência teve sua obra perfeita no Senhor Jesus; até ao último dia da festa, Ele clamou aos judeus, assim como neste último dia do ano Ele clama a nós, e aguarda para ser gracioso conosco. É realmente admirável a longanimidade do Salvador em suportar alguns de nós ano após ano, apesar de nossas provocações, rebeliões e resistência ao Seu Espírito Santo. Maravilha das maravilhas que ainda estamos na terra da misericórdia!
A piedade se expressou claramente, pois Jesus “clamou”, o que implica não apenas a intensidade de Sua voz, mas a ternura de Seu tom. Ele nos pede para que nos reconciliemos. “Rogamo-vos”, diz o apóstolo, “que vos reconcilieis com Deus” (2Co 5:20). Que termos fervorosos e emocionantes são esses! Quão profundo deve ser o amor que fez com que o Senhor chorasse pelos pecadores, como uma mãe corteja seus filhos para o seu seio! Certamente, diante de semelhante clamor, nossos corações dispostos virão.
A provisão é feita de forma abundante. Tudo aquilo que o homem precisa para saciar a sede de sua alma é fornecido. Para sua consciência, a expiação traz paz; ao seu entendimento, o evangelho traz a mais rica instrução; ao seu coração, a pessoa de Jesus é o mais nobre objeto de afeição; para o homem como um todo, a verdade, tal como está em Jesus, fornece o mais puro alimento. A sede é terrível, mas Jesus pode removê-la. Embora a alma esteja totalmente faminta, Jesus pode restaurá-la.
O convite é feito livremente, onde cada sedento é bem-vindo. Nenhuma outra distinção é feita senão a da sede. Quer seja a sede da avareza, a sede da ambição, a sede do prazer, a sede do conhecimento, ou a sede do descanso, aquele que sofre com sede é convidado. A sede pode ser má em si mesma, e não haver nela qualquer sinal de graça, mas antes a marca do desenfreado pecado ansiando ser gratificado com goles mais profundos de lascívia; contudo, não é por qualquer bondade que haja na criatura que o convite lhe é apresentado; o Senhor Jesus o envia livremente e sem acepção de pessoas.
A pessoalidade é declarada de maneira ampla. O pecador deve vir a Jesus, não às obras, ordenanças ou doutrinas, mas a um Redentor pessoal, que carregou os nossos pecados em Seu próprio corpo no madeiro. O sangrento, agonizante e ascendido Salvador é a única estrela de esperança para o pecador. Ó, pela graça, venha agora e beba, antes que o sol se ponha sobre o último dia do ano!
Nenhuma espera ou preparação é necessária. Beber representa uma recepção para a qual nenhuma aptidão é requerida. Um tolo, um ladrão, uma prostituta, podem beber; assim, a muita pecaminosidade de caráter não impede o convite a crer em Jesus. Não precisamos de qualquer taça de ouro, nem cálice adornado com joias, para conduzir a água ao sedento; a boca do pobre é bem-vinda a se abaixar e beber das fontes que transbordam. Os degradados, os leprosos, os de lábios imundos podem tocar o ribeiro do amor divino; eles não podem poluí-lo, antes, eles é que serão purificados. Jesus é a fonte de esperança. Caro leitor, ouça a voz amorosa do querido Redentor enquanto Ele clama a cada um de nós:
“SE ALGUÉM TEM SEDE, VENHA A MIM, E BEBA”. (Spurgeon)
30 de dezembro Noite “(…) Não sabes tu que por fim haverá amargura? (…)” (2Sm 2:26)
Se, ó meu leitor, tu és apenas um adepto, e não um possuidor da fé que está em Cristo Jesus, as seguintes linhas são verdadeiras ao teu fim.
Você é um respeitável participante no local de culto; você vai porque os outros vão, e não porque seu coração é reto diante de Deus. Esse é o seu começo. Eu imagino que, nos próximos vinte ou trinta anos, você será dispensado de continuar a fazê-lo como faz agora, professando a religião por uma presença exterior nos meios de graça, mas não tendo o coração neles. Tenha cuidado, pois devo lhe mostrar o leito de morte de alguém como você. Vamos olhar gentilmente para ele. Um suor frio e úmido está em sua testa; ele acorda clamando: “Ó Deus, é difícil morrer. Você chamou meu pastor?”. “Sim, ele está vindo”. O pastor chega. “Senhor, eu temo que estou morrendo!”. “Você tem alguma esperança?”. “Eu não posso dizer que tenho; eu temo ficar diante do meu Deus; ó, ore por mim!”. A oração é oferecida por ele com verdadeira seriedade, e o caminho da salvação é colocado diante dele pela milésima vez, mas antes que ele tenha agarrado a corda, eu o vejo afundar. Posso colocar meu dedo sobre aquelas pálpebras frias, pois elas nunca mais verão qualquer coisa aqui novamente. Mas onde está o homem, e onde estão os verdadeiros olhos do homem? Está escrito: “E no inferno, ergueu os olhos, estando em tormentos” (Lc 16:23). Ah, por que ele não levantou os olhos antes? Porque estava tão acostumado a ouvir o evangelho que sua alma dormiu debaixo dele. Ah, se você levantar seus olhos lá, quão amargos serão os seus lamentos. Que as próprias palavras do Salvador revelem a aflição: “Pai Abraão, tem misericórdia de mim, e manda a Lázaro, que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama” (Lc 16:24). Há um significado terrível nessas palavras. Que você nunca tenha que dizê-las através da luz vermelha da ira de Jeová! (Spurgeon)
30 de dezembro Manhã “Melhor é o fim das coisas do que o princípio delas (…)” (Ec 7:8) Olhe para o Senhor e Mestre de Davi, e veja Seu princípio. Ele foi desprezado, e o mais rejeitado entre os homens, homem de dores, experimentado nos trabalhos (Is 53:3). Deseja ver o Seu fim? Ele está assentado à destra de Seu Pai, esperando até que os Seus inimigos sejam postos por escabelo de Seus pés (Sl 110:1; Hb 10:12-13). “Porque, qual ele é, somos nós também neste mundo” (1Jo 4:17). Você deve carregar a cruz, ou nunca usará a coroa; você deve avançar através da lama, ou nunca andará nas ruas de ouro. Anime-se, então, pobre cristão; “melhor é o fim das coisas do que o princípio delas”. Veja aquele verme rastejante, quão desprezível é sua aparência! É o início de uma coisa. Repare, agora, o mesmo inseto com asas deslumbrantes, divertindo-se aos raios de sol, sorvendo os cálices das flores, cheio de felicidade e vida; esse é o seu fim. Aquela lagarta é você mesmo, até que estejas envolvido na crisálida da morte; mas quando Cristo aparecer, você será como Ele, porque você O verá como Ele é (1Jo 3:2). Contente-se em ser como Ele, um verme e não um homem, para que, como Ele, você possa se satisfazer quando acordar à Sua semelhança. O diamante bruto é colocado sobre a roda do lapidário; ele o corta por todos os lados; o diamante perde muito, muito que parecia mesmo dispendioso. O rei é coroado, o diadema é colocado sobre a cabeça do monarca ao alegre som da trombeta. Um raio cintilante brilha daquela coroa, e brilha daquele mesmo diamante que estava, agora há pouco, tão profundamente irritado com o lapidar. Você pode se comparar a esse diamante, pois você é um do povo de Deus, e esse é o momento do processo de corte. Que a fé e a paciência tenham sua obra perfeita (Tg 1:4), pois no dia em que a coroa for colocada sobre a cabeça do Rei, Eterno, Imortal e Invisível, um raio de glória fluirá de você – “e eles serão meus, diz o Senhor dos Exércitos; naquele dia serão para mim joias” (Ml 3:17). “Melhor é o fim das coisas do que o princípio delas”. (Spurgeon)
29 de dezembro Noite “(…) Que pensais vós do Cristo? (…)” (Mt 22:42)
O grande teste da saúde de sua alma é: o que você pensa de Cristo? Ele é, para você, “mais formoso do que os filhos dos homens” (Sl 45:2), “o primeiro entre dez mil” (Ct 5:10), o “totalmente desejável” (Ct 5:16)? Onde quer que Cristo seja assim estimado, todas as faculdades do homem espiritual se exercitam com força. Conhecerei a tua devoção por este barômetro: Cristo está alto ou baixo com você? Se você tem pensado pouco em Cristo, se você tem se contentado em viver sem a Sua presença, se você se importa pouco com Sua honra, se você tem negligenciado Suas leis, então eu sei que sua alma está doente; Deus conceda que ela não esteja à beira da morte! No entanto, se o primeiro pensamento do seu espírito tem sido: “Como posso honrar a Jesus?”; se o desejo diário de sua alma tem sido: “Ó, se eu soubesse onde o poderia achar!” (Jó 23:3), eu lhe digo que você pode ter milhares de enfermidades, e nem mesmo saber se é afinal um filho de Deus, mas, ainda assim, estou convencido, para além de qualquer dúvida, que você é salvo, uma vez que Jesus é grandioso em sua estima. Eu não considero os teus trapos; o que pensas de Seu traje real? Eu não considero as tuas feridas, embora elas sangrem em torrentes; o que te parece as feridas dEle? São elas como rubis cintilantes em tua estima? Apesar de estares como Lázaro no monturo, e os cães te lamberem (Lc 16:20-21), não te considero por tua pobreza; o que pensas do Rei em Sua formosura (Is 33:17)? Tem Ele um alto e glorioso trono em teu coração? Desejas colocá-Lo mais alto se puderes? Estás disposto a morrer se puderes apenas adicionar outra trombeta a tocar proclamando Seu louvor? Ah, então está tudo bem contigo! O que quer que possas pensar de ti mesmo, se Cristo é grande para ti, estarás com Ele em breve.
“Apesar do mundo minha escolha ridicularizar, contudo Jesus minha porção será; pois satisfeito estou com ninguém a caminhar, o mais Justo dos justos comigo está” (Spurgeon)
29 de dezembro Manhã “(…) Até aqui nos ajudou o Senhor” (1Sm 7:12) As palavras “até aqui” parecem ser a mão que aponta em direção ao passado. Vinte anos ou setenta, e, contudo, “até aqui nos ajudou o Senhor”. Em meio à pobreza, em meio à riqueza; pela doença, pela saúde; em casa, no exterior; sobre a terra, sobre o mar; em honra, em desonra; na perplexidade, na alegria; na provação, no triunfo; em oração, em tentação, “até aqui nos ajudou o Senhor”. Nos alegramos ao contemplar uma longa avenida de árvores. É encantador olhar, de ponta a ponta, a extensa vista, uma espécie de templo verdejante, com seus pilares ramificados e seus arcos de folhas; assim também é olhar, ao longo dos corredores de nossos anos, para os ramos verdes de misericórdia sobre nossas cabeças, e os fortes pilares de benignidade e fidelidade que sustentam nossas alegrias. Porventura não existem pássaros a cantar ao longo desses ramos? Certamente devem haver muitos, e todos eles cantam a misericórdia recebida “até aqui”. No entanto, essas palavras também apontam para o futuro, pois quando um homem levanta uma determinada marca e escreve “até aqui”, ele não está no fim; ainda há uma distância a ser percorrida. Mais provações, mais alegrias; mais tentações, mais triunfos; mais orações, mais respostas; mais fadigas, mais força; mais lutas, mais vitórias; e então vem a doença, a velhice, e a morte. Acabou agora? Não! Ainda há mais; o despertar à semelhança de Jesus, tronos, harpas, cânticos, salmos, vestes brancas, o rosto de Jesus, a comunhão com os santos, a glória de Deus, a plenitude da eternidade, a infinitude da bem-aventurança. Ó, tende bom ânimo, crente, e com grata confiança levanta teu “Ebenezer”, porque… …“Aquele que te ajudou até aqui, te ajudará em toda a tua jornada”. Quando lido à luz dos céus, quão gloriosa e quão maravilhosa a perspectiva do teu “até aqui” se desdobrará aos teus olhos agradecidos! (Spurgeon)
28 de dezembro
Noite “(…) não vim trazer paz, mas espada” (Mt 10:34) O cristão certamente fará inimigos. Um dos seus objetivos será não os fazer; contudo, se para fazer o certo, e acreditar na verdade, causar ao cristão a perda de todos os seus amigos mundanos, ele deverá considerar isso como uma pequena perda, uma vez que seu grande Amigo celestial lhe será ainda mais amigável, e Se revelará a ele mais graciosamente do que nunca. Ó, vós que tomastes a vossa cruz, não sabeis o que o vosso Mestre disse? “Porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra; e assim os inimigos do homem serão os seus familiares” (Mt 10:35). Cristo é o grande Pacificador, mas antes da paz, Ele traz guerra. Onde a luz vem, a escuridão deve se retirar. Onde a verdade está, a mentira deve fugir; ou, se permanecer, haverá um severo conflito, pois a verdade não pode, e não irá, abaixar seu estandarte, e a mentira será pisada. Se você seguir a Cristo, você terá todos os cães do mundo latindo atrás de você. Se você quiser viver de modo a resistir ao teste do último tribunal, esteja certo que o mundo não falará bem de você. Aquele que é amigo do mundo é inimigo de Deus (Tg 4:4), mas se você for verdadeiro e fiel ao Altíssimo, os homens se ressentirão de sua inabalável fidelidade, pois isso é um testemunho contra a iniquidade deles. Não tenha medo de todas essas consequências; você deve fazer aquilo que é certo. Você precisará da coragem de um leão para seguir, sem hesitação, um curso que transformará seu melhor amigo em seu mais feroz inimigo; contudo, por amor a Jesus, você deve ser corajoso. Arriscar reputação e amizades por amor à verdade é um ato que, para fazê-lo constantemente, necessitará de um grau de princípio moral que apenas o Espírito de Deus pode operar em você; no entanto, não vire as costas como um covarde, antes esforça-te. Siga corajosamente os passos do seu Mestre, pois Ele percorreu esse áspero caminho antes de você. Melhor uma breve guerra e descanso eterno do que uma falsa paz e tormento eterno. (Spurgeon)
28 de dezembro Manhã “(…) e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de Deus (…)” (Gl 2:20)
Quando o Senhor, em misericórdia, passou e nos viu em nosso sangue, antes de tudo, Ele disse: “Vive” (Ez 16:6). Ele primeiro fez isso porque a vida é uma das coisas absolutamente essenciais em assuntos espirituais, e até que seja concedida, somos incapazes de participar nas coisas do reino. A vida que a graça confere aos santos no momento da vivificação não é outra senão a vida de Cristo, que, semelhante à seiva do caule, corre para nós, os ramos, e estabelece uma viva conexão entre nossa alma e Jesus. A fé é a graça que percebe essa união, dela procedendo como suas primícias; é o pescoço que une o corpo da Igreja a sua toda gloriosa Cabeça.
“Ó, fé! Tu, vínculo de união com o Senhor, não é esse o teu ofício? Teu apropriado nome, na economia dos símbolos do evangelho, e símbolos adequados – o pescoço da Igreja; identificando-a em desejo e obras, Àquele que ascendeu?”.
A fé se apega ao Senhor Jesus com firmeza e determinação; ela conhece Sua excelência e valor, e nenhuma tentação pode induzi-la a colocar sua confiança em outro lugar; e Cristo Jesus é tão deleitado com essa graça celestial que nunca deixa de fortalecê-la e sustentá-la pelo Seu amoroso abraço e pelo todo-suficiente apoio de Seus braços eternos. Aqui, então, é estabelecida uma viva, sensível e encantadora união que faz jorrar ribeiros de amor, confiança, afinidade, complacência e alegria, onde a noiva e o Noivo Se deleitam em beber. Quando a alma pode perceber essa unidade entre ela mesma e Cristo, a pulsação pode ser sentida como que batendo por ambos, e um único sangue circulando através das veias de cada um. Então, o coração fica tão próximo do céu quanto pode estar aqui da Terra, e está preparado para desfrutar da mais sublime e espiritual forma de comunhão. (Spurgeon)
Spurgeon, Charles H.. Devocional Manhã & Noite: Versão Almeida Corrigida Fiel com referências e notas . Edição do Kindle.
05 de agosto Tarde
*DISGNÓSTICO MÉDICO ESPIRITUAL*
Mateus 9.12
_Mas Jesus, ouvindo, disse: Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes._
*INTRODUÇÃO*
Todos adoecemos. Ontem, um amado irmão, Presbítero Lázaro, da Igreja Presbiteriana de Itaporanga, no Estado de Sergipe, passou mal, foi atendido pelos médicos, mas não resistiu. Agora, está na glória, com o Senhor. Somos assim, sujeitos a qualquer enfermidade. Principalmente, em nossos dias, de alimentos prejudiciais à saúde humana, industrializados, transgênicos etc. Como também, por ser um tempo de corrupção sistêmica e generalizada, que leva as sociedades a aceitarem um estilo de vida prejudicial a saúde, de alguma forma. Talvez você esteja doente e não sabe. Por tudo isso, precisamos de médicos e medicina de verdade, e de um correto diagnóstico e tratamento, caso estejamos doentes. Espiritualmente, não é diferente. Adoecemos e precisamos do Único Médico capaz de curar todas as nossas enfermidades: O Verdadeiro Jesus. Todos precisamos de cura. Inclusive, verdadeiros crentes. Pois, todos adoecemos. Há salmistas e tantos servos de Deus que adoeceram e confessaram isso. O rei Davi adoeceu, o profeta Jeremias adoeceu, até igrejas inteiras adoeceram ao longo da história. E talvez, essa seja a nossa realidade, hoje: estamos doentes e precisamos da cura que só Cristo dá.
Foi o próprio Senhor Jesus quem disse que “os sãos não precisam de médico, e sim os doentes”. Ele repreendeu a crítica dos fariseus, por reprovarem que Jesus estivesse comendo com pecadores, com pessoas que não cumpriam a vontade de Deus.
Sobre quais enfermidades Jesus se referiu? Quem estava doente? De qual cura eles precisavam? Qual médico seria capaz de curá-los? Afinal, o texto apenas diz que Jesus comia com cobradores de impostos e pecadores. E, antes disso, Jesus tinha expulsado uns demônios de dois homens que viviam nos sepulcros, e curado um paralítico. E esses não estavam doentes, naquele momento, com Jesus.
A doença é o pecado, segundo Jesus. Pois ele completa a fala dizendo que “não veio chamar justos, e sim pecadores ao arrependimento”. E, como diz a Palavra de Deus em Romanos 3.10-18: “10 como está escrito: Não há justo, nem um sequer, 11 não há quem entenda, não há quem busque a Deus; 12 todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer. 13 A garganta deles é sepulcro aberto; com a língua, urdem engano, veneno de víbora está nos seus lábios, 14 a boca, eles a têm cheia de maldição e de amargura; 15 são os seus pés velozes para derramar sangue, 16 nos seus caminhos, há destruição e miséria; 17 desconheceram o caminho da paz. 18 Não há temor de Deus diante de seus olhos.”. E no verso 23, diz: “pois todos pecaram e carecem da glória de Deus.” Portanto, a enfermidade é o pecado. Mas, o que é o pecado? “É tudo aquilo que mostra que, para nós, Deus não é o belo tesouro que Ele realmente é.” Logo, o pecado é a mais terrível enfermidade, ao ponto de Deus dizer que sem a cura de Cristo a pessoa é espiritualmente morta. E o único médico de Deus capaz de nos curar das nossas enfermidades espirituais é o próprio Jesus. Essa foi a resposta de Jesus aos fariseus, ao dizer que aquelas pessoas que o procuraram, precisavam de arrependimento para a vida, o qual, só Ele podia dar. Essa verdade é afirmada em Mateus 8-16-17: “16 Chegada a tarde, trouxeram-lhe muitos endemoninhados; e ele meramente com a palavra expeliu os espíritos e curou todos os que estavam doentes; 17 para que se cumprisse o que fora dito por intermédio do profeta Isaías: Ele mesmo tomou as nossas enfermidades e carregou com as nossas doenças.”, repetindo Isaías 53.4.
Talvez seja essa a sua realidade: enfermidade espiritual, pecado, desânimo, incredulidade, falta de amor, falta de alegria, falta de prazer pelas coisas de Deus, medo, impaciência, mentiras, quebra de votos, descompromissos justificados “biblicamente”, vingança, raiva, revolta, ingratidão, indignação, irritação, crítica, maledicência, orgulho, tristeza, angústia, cansaço, desamparo, fraqueza, solidão, o desejo de agradar pessoas no lugar do desejo de agradar a Deus, complexo de mártir, hesitação, obstáculos, penúria, limitações, estagnação, a própria glória no lugar da glória de Deus, o impossível, as lamúrias e a falta do verdadeiro louvor por meio de músicas, entre outros.
Querido irmão, acredite nas seguintes palavras: “3 Ele é quem perdoa todas as tuas iniqüidades; quem sara todas as tuas enfermidades; 4 quem da cova redime a tua vida e te coroa de graça e misericórdia; 5 quem farta de bens a tua velhice, de sorte que a tua mocidade se renova como a da águia. 6“ Salmos 103:3-6, e vá a Jesus. Ele é aquele que salva seu povo dos pecados dele. Ele é quem “adestra as mãos para a batalha e os dedos, para a guerra;” Salmos 144:1.
Procure a Jesus, para confessar e abandonar os seus pecados. Como diz a Palavra de Deus: “9 Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. 10 Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós” 1 João 1:9-10.
Só Jesus pode nos curar, e curar a nossa igreja das nossas enfermidades espirituais.
Que Deus nos abençoe!
LAS
06 de julho Manhã “Mas o que me der ouvidos habitará em segurança, e estará livre do temor do mal” (Pv 1:33) O amor divino é evidentemente manifestado quando brilha em meio às provações. Reluzente é aquela estrela solitária que sorri através das fendas das nuvens trovejantes; brilhante é o oásis que floresce no deserto de areia; tão reluzente e tão brilhante é o amor em meio à ira. Quando os israelitas provocaram o Altíssimo por sua contínua idolatria, Ele os castigou retendo o orvalho e a chuva, de modo que a terra foi visitada por uma dolorosa fome; mas enquanto fazia isso, o Senhor cuidou para que Seus escolhidos estivessem seguros. Se todos os outros ribeiros estavam secos, ainda haveria um reservado para Elias; e quando esse ribeiro falhou, Deus guardou para ele um lugar de sustento; sim, e não apenas para uma pessoa, pois o Senhor não tinha apenas um Elias, antes um remanescente segundo a eleição da graça, que foi escondido em grupos de cinquenta em uma caverna; embora toda a terra estivesse sujeita à fome, estes cinquenta na caverna foram alimentados, alimentados pela mesa de Acabe por Seu fiel e temente mordomo Obadias (1Rs 18:4). Vamos extrair dessa inferência que, venha o que vier, o povo de Deus está seguro. Que as convulsões abalem a terra, que os céus sejam rasgados em dois, pois em meio aos destroços do mundo, o crente estará tão seguro como na hora mais tranquila de descanso. Se Deus não salvar Seu povo debaixo do céu, Ele irá salvá-los no céu; se o mundo ficar quente demais para sustentá-los, então o céu será o lugar da recepção e segurança deles. Sede vós, portanto, confiantes quando vos falarem de guerras e rumores de guerra (Mt 24:6). Que nenhuma agitação o angustie, antes esteja tranquilo quanto ao temor do mal. Tudo aquilo que vier sobre a terra, você, debaixo das extensas asas de Jeová, estará seguro. Permaneça sob a Sua promessa, descanse em Sua fidelidade, e desafie o mais sombrio futuro, pois não há coisa alguma terrível nele para você. Sua única preocupação deve ser a de manifestar ao mundo a bem-aventurança de se dar ouvidos à voz da sabedoria. (Spurgeon) Bom dia!
Noite “Quantas culpas e pecados tenho eu? (…)” (Jó 13:23) Alguma vez você já pesou e considerou quão grande é o pecado do povo de Deus? Pense quão hedionda é sua própria transgressão, e você descobrirá que não é apenas um pecado aqui e ali, elevando-se como o pico das montanhas, mas que as nossas iniquidades estão amontoadas umas sobre as outras, como na antiga fábula dos gigantes que empilharam o Pelion sobre o Ossa, montanha sobre montanha. Que amontoado de pecados há inclusive na vida do mais santificado filho de Deus! Tente multiplicar isso, quer dizer, o pecado de um só, pela multidão dos remidos “a qual ninguém podia contar” (Ap 7:11), e você terá alguma noção da enorme massa de culpa das pessoas pelas quais Jesus derramou Seu sangue. Contudo, chegamos a uma ideia mais adequada da magnitude do pecado por meio da grandeza do remédio fornecido. É o sangue de Jesus Cristo, o unigênito e bem-amado Filho de Deus. O Filho de Deus! Anjos lançam suas coroas diante dEle! Todas as sinfonias celestiais cercam Seu glorioso trono, “Deus bendito eternamente. Amém” (Rm 9:5), e, no entanto, Ele toma sobre Si a forma de servo, e é flagelado, perfurado, machucado e rasgado, e finalmente morto, uma vez que nada senão o sangue do Filho de Deus encarnado poderia fazer a expiação pelas nossas ofensas. Nenhuma mente humana pode estimar de forma adequada o valor infinito do sacrifício divino, pois grande como é o pecado do povo de Deus, a expiação que o remove é incomensuravelmente maior. Portanto, mesmo quando o pecado se revolve como um sombrio dilúvio, e a lembrança do passado é amarga, o crente ainda pode ficar diante do resplandecente trono do grande e santo Deus, e clamar: “Quem é que condena? Pois é Cristo quem morreu, ou antes quem ressuscitou dentre os mortos” (Rm 8:34). Enquanto a lembrança de seu pecado o enche de vergonha e tristeza, o crente, ao mesmo tempo, faz com que isso seja uma folha de prata para refletir o brilho da misericórdia; a culpa é a noite escura em que a reluzente estrela do amor divino brilha com sereno esplendor. De acordo com o Dicionário da Mitologia Grega e Romana, de Pierre Grimal, “Oto e Efialtes, que eram gigantes (...) decidiram fazer guerra aos deuses. Para isso puseram o Ossa sobre o Olimpo e, por cima destas duas montanhas, o Pélion, ameaçando assaltar o céu”. (N.T.)
07 de julho Manhã “Irmãos, orai por nós” (1Ts 5:25) Na manhã deste ano, nos reservamos a refrescar a memória do leitor sobre o assunto da oração em favor dos ministros, e nós ardentemente imploramos a cada cristão que confirme o fervoroso pedido desse texto, primeiramente exclamado por um apóstolo, e agora repetido por nós. Irmãos, nosso trabalho é solenemente importante, envolvendo alegria ou angústia para milhares; lidamos com as almas para Deus em assuntos eternos, e nossa palavra é um perfume de vida para vida, ou um perfume de morte para morte (2Co 2:15-16). Uma responsabilidade muito pesada repousa sobre nós, e não será pouca a misericórdia se, ao final, formos encontrados limpos do sangue de todos os homens. Como oficiais do exército de Cristo, somos um alvo especial para a inimizade dos homens e dos demônios; eles aguardam a nossa hesitação, e trabalham para nos derrubar. Nossa sagrada vocação nos envolve em tentações as quais vocês estão isentos e, acima de tudo, muitas vezes nos afasta de nosso deleite pessoal sobre a verdade para uma ministerial e oficial consideração sobre ela. Nós nos encontramos com muitos casos complicados, e nossa inteligência não é um adicional. Observamos rebeldias muito tristes, e nossos corações são feridos. Vemos milhões perecendo, e nossos espíritos desfalecem. Desejamos ser-lhes proveitosos pela nossa pregação; desejamos ser abençoadores para seus filhos; desejamos ser úteis tanto para santos como para pecadores. Por isso, queridos amigos, intercedam por nós ao nosso Deus. Homens miseráveis seremos se perdermos a ajuda de suas orações, porém felizes estaremos se vivermos em suas súplicas. Vocês não olham para nós, senão para nosso Mestre, por bênçãos espirituais; contudo, quantas vezes Ele concedeu essas bênçãos por meio de Seus ministros. Interceda, portanto, repetidamente, para que possamos ser os vasos de barro em que o Senhor possa colocar o tesouro do evangelho. Nós, toda a companhia de missionários, ministros e estudantes, em nome de Jesus, suplicamos: “IRMÃOS, ORAI POR NÓS”.
Noite “E, passando eu junto de ti, vi-te a revolver-te no teu sangue, e disse-te: Ainda que estejas no teu sangue, vive (…)” (Ez 16:6) Tu que és salvo, considere com gratidão essa ordem de misericórdia. Note quão majestoso é esse decreto de Deus. Em nosso texto, percebemos um pecador sem coisa alguma nele senão pecado, esperando nada senão ira; contudo, o Senhor eterno passa em Sua glória; Ele olha, faz uma pausa e pronuncia a única, porém majestosa palavra: “Vive”. Assim fala Deus. Quem, senão Ele, poderia assim lidar com a vida, e dispensá-la, com uma única palavra? Esse decreto também é múltiplo. Quando Ele diz “vive”, isso inclui muitas coisas. Aqui está a vida com discernimento. O pecador está pronto para ser condenado, mas o Poderoso diz “vive”, e ele se levanta perdoado e absolvido. É vida espiritual. Não conhecíamos a Jesus; nossos olhos não podiam ver a Cristo, nossos ouvidos não podiam ouvir Sua voz; Jeová disse “vive”, e fomos vivificados, nós que estávamos mortos em delitos e pecados (Ef 2:1). Além disso, inclui vida gloriosa, que é a perfeição da vida espiritual. “Disse-te: vive”, e essa palavra continua por todos os anos até que venha a morte, e em meio às sombras da morte a voz do Senhor ainda é ouvida: “Vive”. Na manhã da ressurreição, é essa a mesma voz que é ecoada pelo arcanjo, “vive”, e os espíritos santificados sobem ao céu para serem eternamente abençoados na glória de seu Deus no mesmo poder desta palavra: “Vive”. Observe, também, que é um decreto irresistível. Saulo de Tarso está no caminho de Damasco para prender os santos do Deus vivo. Uma voz é ouvida do céu, e uma luz mais intensa que o brilho do sol é vista, e Saulo exclama: “Senhor, que queres que eu faça?” (At 9:6). Esse decreto é um decreto de livre graça. Quando os pecadores são salvos, isso é apenas e tão somente porque Deus o fará para magnificar Sua gratuita, incomerciável e não procurada graça. Cristãos, vejam sua posição, devedores à graça; demonstrem sua gratidão por uma ardente vida semelhante a de Cristo, e assim como Deus decretou que vocês vivessem, vivam zelosamente.
08 de julho Manhã “(…) Declara-me, peço-te, em que consiste a tua grande força (…)” (Jz 16:6) Onde reside a secreta força da fé? Encontra-se na comida em que ela se alimenta, pois a fé estuda o que a promessa é: uma emanação da graça divina, um transbordamento do grande coração de Deus. A fé diz: “Meu Deus não teria dado essa promessa exceto por amor e graça; logo, é absolutamente certo que Sua Palavra será cumprida”. Então, a fé pensa: “Quem deu essa promessa?”; sem muito considerar sua grandeza, a fé diz: “Quem é o seu autor?”; ela se lembra que é Deus, Aquele que não pode mentir; Deus onipotente, Deus imutável; então, ela conclui que a promessa será cumprida, e para frente ela avança nessa firme convicção. Ela se lembra o motivo pelo qual a promessa foi dada, ou seja, para a glória de Deus, e sente-se absolutamente certa que a glória de Deus está segura, pois Ele nunca manchará Seu próprio brasão, nem estragará o brilho de Sua própria coroa. Portanto, a promessa deve e permanecerá firme. Então, a fé considera também a incrível obra de Cristo como sendo uma clara evidência da intenção do Pai em cumprir Sua palavra. “Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas as coisas?” (Rm 8:32). Além disso, a fé relembra o passado, pois suas batalhas a fortaleceram, e suas vitórias lhe deram coragem. Ela se lembra que Deus nunca lhe falhou; mais ainda, que Ele nunca falhou sequer uma vez com qualquer um de Seus filhos. Ela recorda os tempos de grande perigo quando veio a libertação; horas de terríveis necessidades, quando sua força foi encontrada, e clama: “Não, eu nunca serei levada a pensar que Ele pode mudar e agora deixar o Seu servo. Até aqui o Senhor me ajudou, e Ele continuará a me ajudar”. Assim, a fé vê cada promessa em sua conexão com o doador da promessa, e, ao fazer isso, pode dizer com segurança: “Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida” (Sl 23:6).
Noite “Guia-me na tua verdade, e ensina-me, pois tu és o Deus da minha salvação; por ti estou esperando todo o dia” (Sl 25:5) Quando o crente, com pés trêmulos, começa a andar no caminho do Senhor, ele pede para ser conduzido calmamente, como uma criança sustentada pela mão ajudadora de seu pai, e deseja ser mais instruído no alfabeto da verdade. Ensinamento prático é o conteúdo da oração do versículo. Davi sabia muito, porém ele sentia sua ignorância; assim, desejava permanecer na escola do Senhor; por quatro vezes, em dois versículos, ele solicita uma bolsa de estudos na universidade da graça. Seria bom para muitos professores se, em vez de seguir seus próprios artifícios, e abrir novos caminhos de pensamento para si mesmos, eles investigassem os bons e antigos caminhos da verdade de Deus, e rogassem ao Espírito Santo para lhes dar entendimentos santificados e espíritos ensináveis. “Pois tu és o Deus da minha salvação”. O Trino Jeová é o Autor e Aperfeiçoador da salvação para o Seu povo. Leitor, é Ele o Deus da sua salvação? Encontra você, na eleição do Pai, na expiação do Filho, e na vivificação do Espírito, todos os fundamentos de suas eternas esperanças? Se assim o for, você pode usar isso como argumento para obter novas bênçãos; se o Senhor determinou salvá-lo, com certeza Ele não recusará instruí-lo em Seus caminhos. É algo abençoado quando podemos nos dirigir ao Senhor com a confiança que Davi manifesta aqui; isso nos dá um grande poder na oração, e conforto nas provações. “Por ti estou esperando todo o dia”. A paciência é a formosa serva e filha da fé. Esperamos alegremente quando estamos certos que não esperaremos em vão. É nosso dever e privilégio esperar confiadamente no Senhor em serviço, em adoração e em expectativa todos os dias de nossa vida. Nossa fé será uma fé provada, e se for verdadeira, suportará a contínua provação sem ceder. Não nos cansaremos de esperar em Deus se nos lembrarmos quanto tempo, e quão graciosamente, Ele já esperou por nós.
09 de julho Manhã “(…) não te esqueças de nenhum de seus benefícios” (Sl 103:2) É uma agradável e produtiva tarefa perceber a mão de Deus na vida dos antigos santos e observar Sua bondade em livrá-los, Sua misericórdia em lhes perdoar, e Sua fidelidade em guardar Sua aliança com eles. No entanto, não seria ainda mais interessante e proveitoso para nós perceber a mão de Deus em nossas próprias vidas? Acaso não deveríamos considerar nossa própria história como sendo tão repleta de Deus, tão cheia de Sua bondade e verdade, uma prova de Sua fidelidade e veracidade, tanto quanto na vida de qualquer um dos santos que nos precedeu? Fazemos injustiça ao nosso Senhor quando supomos que Ele operou todos os Seus atos poderosos, e mostrou-Se forte para aqueles dos tempos antigos, mas que, agora, não faz maravilhas ou revela Seu braço aos santos que estão sobre a terra. Vamos rever nossas próprias vidas. Certamente descobriremos vários acontecimentos felizes, revigorando a nós mesmos e glorificando ao nosso Deus. Você nunca recebeu livramentos? Nunca atravessou algum rio sendo sustentado pela presença divina? Não caminhou ileso pelo fogo? Não teve manifestações? Nenhum especial favor? Porventura o Deus que concedeu o desejo do coração de Salomão nunca ouviu e respondeu teus pedidos? Aquele Deus de prodigiosa generosidade, sobre quem Davi cantou “que farta a tua boca de bens” (Sl 103:5), nunca lhe saciou com gordura? Você nunca foi deitado em verdes pastos? Nunca foi guiado por águas tranquilas (Sl 23:2)? Certamente a bondade de Deus tem sido a mesma conosco como foi para os santos de antigamente. Vamos, então, narrar Suas misericórdias em um cântico. Tomemos o ouro puro da gratidão, e as joias do louvor, e façamos outra coroa para a cabeça de Jesus. Que as nossas almas propaguem um louvor tão doce e revigorante como aquele que veio da harpa de Davi enquanto louvamos ao Senhor, cuja misericórdia dura para sempre.
Noite “(…) e fez Deus separação entre a luz e as trevas” (Gn 1:4) Um crente tem dois princípios que trabalham dentro dele. Em seu estado natural, ele estava sujeito a um único princípio, que era o das trevas, mas agora entrou a luz, e os dois princípios discordam entre si. Veja as palavras do apóstolo Paulo no sétimo capítulo da carta aos Romanos: “Acho então esta lei em mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo. Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo nos meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento, e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros” (Rm 7:21-23). Como isso aconteceu? “Fez Deus separação entre a luz e as trevas”. A escuridão, por si só, é calma e imperturbável, mas quando o Senhor envia a luz, acontece um conflito, pois um está em oposição ao outro; um conflito que nunca irá cessar até que o crente seja completamente luz no Senhor (Ef 5:8). Se há uma divisão dentro de cada cristão, é certo também que há uma divisão fora. Tão logo o Senhor concede luz a um homem, ele começa a se separar da escuridão ao seu redor; ele se afasta de uma religião meramente mundana de cerimoniais exteriores, pois nada menos que o evangelho de Cristo irá satisfazê-lo agora, e retira-se da sociedade mundana e dos frívolos divertimentos para buscar a companhia dos santos, pois “nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos” (1Jo 3:14). A luz se atrai para si mesma, e as trevas se atraem para si mesma. O que Deus dividiu, nunca tentemos unir, e assim como Cristo foi para fora do arraial levando Seu opróbrio (Hb 13:12), vamos também sair do impuro e ser um povo particular. Ele foi santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores; tal como Ele foi, nós também devemos ser, não conformados com este mundo (Rm 12:2), dissidentes de todo pecado, e distintos do restante da humanidade pela nossa semelhança com nosso Mestre.
10 de julho Manhã “(…) concidadãos dos santos (…)” (Ef 2:19) O que significa sermos cidadãos do céu? Isso significa que estamos sob o governo celestial. Cristo, o rei do céu, reina em nossos corações; nossa oração diária é: “Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mt 7:10). As proclamações emitidas do trono de glória são livremente recebidas por nós; os decretos do Grande Rei nós obedecemos alegremente. Então, como cidadãos da Nova Jerusalém, compartilhamos honras celestiais. A glória que pertence aos beatificados santos nos pertence, pois já somos filhos de Deus, já somos príncipes de sangue imperial, já usamos as vestes imaculadas da justiça de Jesus, já temos os anjos como nossos servidores, santos como nossos companheiros, Cristo como nosso Irmão, Deus por nosso Pai, e uma coroa de imortalidade como nossa recompensa. Nós compartilhamos as honras da cidadania, pois viemos à universal assembleia e igreja dos primogênitos, cujos nomes estão escritos no céu (Hb 12:23). Como cidadãos, temos direitos comuns a todos os bens do céu. São nossos os seus portões de pérola e muros de jaspe; nossa é a luz azul-celeste da cidade que não precisa de vela nem da luz do sol; nosso é o rio da água da vida, e os doze tipos de frutos que crescem sobre as árvores plantadas em suas margens (Ap 22:2); não há coisa alguma no céu que não nos pertença. “Seja o presente, seja o futuro” (1Co 3:22), tudo é nosso. Além disso, como cidadãos do céu, desfrutamos das suas delícias. Porventura eles se alegram com os pecadores que se arrependem, pródigos que retornam? Nós também. Cantam eles as glórias da graça triunfante? Nós fazemos o mesmo. Lançam eles suas coroas aos pés de Jesus? Tais honras nós também temos, e igualmente lançamos. Estão eles encantados com Seu sorriso? Isso não é menos doce para nós que habitamos aqui abaixo. Olham eles para frente, esperando por Seu segundo advento? Também olhamos, e ansiamos por Sua vinda. Se, portanto, somos cidadãos do céu, que a nossa caminhada e atitudes sejam coerentes com a nossa alta dignidade.
Noite “(…) E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro” (Gn 1:5) A tarde foi escuridão e a manhã foi luz; entretanto, os dois juntos são chamados pelo mesmo nome que é dado apenas à luz! Isso é de certa forma notável, mas tem uma exata analogia na experiência espiritual. Em cada crente há trevas e luz; contudo, ele não deve ser chamado de pecador, não porque não haja pecado nele, mas deve ser chamado santo, porque possui algum grau de santidade. Esse será um pensamento muito reconfortante àqueles que estão lamentando suas enfermidades, e que se perguntam: “Posso eu ser um filho de Deus enquanto há tanta escuridão dentro de mim?”. Sim, pois você, assim como o dia, não toma o seu nome da noite, mas do dia; e você é aquele de quem a palavra de Deus fala como se fosse, mesmo agora, perfeitamente santo, tal como será em breve. Você é chamado filho da luz (Lc 16:8; Jo 12:36; Ef 5:8; 1Ts 5:5) embora ainda haja escuridão em você. Você é nomeado por aquilo que é a qualidade predominante aos olhos de Deus, e que um dia será o único fundamento que permanecerá. Observe que a noite vem primeiro. Somos natural e primeiramente escuridão em ordem de tempo, e a escuridão é, muitas vezes, nosso primeiro triste lamento que nos leva a clamar, em profunda humilhação, “ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!” (Lc 18:13). A manhã é subsequente; ela amanhece quando a graça supera a natureza. É um abençoado aforismo de John Bunyan que “o que é o último, dura para sempre”. Aquilo que é o primeiro, no devido tempo, produz o último, mas nada vem depois do último. Assim, embora você seja naturalmente escuridão, quando você se tornar luz no Senhor (Ef 5:8), nenhuma noite se seguirá, “nunca mais se porá o teu sol” (Is 60:20). O primeiro dia nesta vida é uma tarde e uma manhã, porém o segundo dia, quando estivermos para sempre com Deus, será um dia sem noite, apenas um sagrado, elevado e eterno dia. John Bunyan (1628–1688), escritor e pregador, nasceu em Elstow, Inglaterra. (N.T.)