Programa de Pós-Graduação em Educação Profissional e Tecnológica
Iniciei minhas atividades como técnico administrativo em educação em janeiro de 2009 junto a Unidade Descentralizada do Centro Federal de Educação Bento Gonçalves - CEFET BG, na cidade de Santo Augusto/RS - na qual sou nascido e era cidadão de tal município -, em um período marcado pela transição desta instituição para Campus Santo Augusto do IFFar, criado em meados de dezembro de 2008, através da Lei Federal n.11892.
Hoje desenvolvo atividades como técnico adimistrativo no IFFar Campus Frederico Westphalen e, nesse período, estive em constante busca de significar minhas atividades dentro desta instituição. Seja pelas atividades desenvolvidas - atividades administrativas consideradas atividades meio em uma instituição de ensino -, seja pelas características históricas da categoria - técnicos administrativos em educação que buscam historicamente romper a dualidade professor x aluno em evidência nas comunidades acadêmicas -, me provoquei a (re)significar meu espaço enquanto sujeito em um processo de construção de conhecimento e de ensino, fazendo com que ingressasse como aluno do programa de mestrado em Educação Profissional e Tecnológica (EPT), ofertado via IFFar Campus Jaguari.
No primeiro momento, meus anseios por tais respostas me fizeram percorrer temas para a pesquisa que ligavam-se diretamente ou ao meio em que estou inserido (temas de rotinas administrativas em um ambiente de ensino), ou a origem da categoria a qual estou diretamente ligado (o papel dos técnicos administrativos em educação no cenário institucional).
No entanto, percorrendo temas que tivessem sentido para meu próprio fazer, em meio a discussões com meus orientadores e na apresentação do pré-projeto de pesquisa na disciplina de Seminário de Pesquisa, com professores do programa de mestrado, surgiu como proposta de desenvolvimento de projeto um tema que tem aderência ao meu pensar/fazer diário e pela curiosidade em saber mais para contribuir com a educação no IFFar: “CONTRIBUIÇÕES DA CURRICULARIZAÇÃO DA EXTENSÃO À FORMAÇÃO INTEGRAL NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA”, pelo fato de não só me provocar enquanto técnico administrativo que executa atividades meio em uma instituição de ensino, mas sim de provocar a (re)significação desta instituição em um ambiente no qual sou nativo e me reconheço como sujeito.
Refletir a praxis da própria instituição requer a reflexão da minha própria práxis enquanto membro constituinte desta instituição e sujeito protagonista neste processo de construção de novos conhecimentos, problematizados a partir desta vivência, na busca de rupturas com o sistema hegemônico constituído e, por consequência, com surgimentos de novas possibilidades de transformação desta realidade.
No Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha nota-se a premissa de uma formação integral alicerçada na relação ensino, pesquisa e extensão em suas diretrizes institucionais, tais como nos apresenta, em muitos pontos do seu Plano de Desenvolvimento Institucional (2019, p.23) e fica evidenciada já na sua própria missão enquanto instituição que é a de “Promover a educação profissional, científica e tecnológica, pública e gratuita, por meio do ensino, pesquisa e extensão, com foco na formação integral do cidadão e no desenvolvimento sustentável”.
No entanto, não é raro observar, que mesmo passado mais de três décadas após a consignação em lei de tal equivalência, tais dimensões não se beneficiam - ou ao menos não aparentam se beneficiarem - das mesmas oportunidades, investimentos e, consequentemente, não ocupam os mesmos patamares de relevância na estrutura organizacional e nas práticas diárias destas instituições.
A pesquisa tem um papel de produzir novos conhecimentos, tornando assim o ensino algo em constante transformação. O conhecimento produzido em uma instituição de ensino precisa chegar a sociedade para ser validado e retornar à sua origem para sofrer novas modificações e tem na extensão não só uma ponte entre instituição e sociedade, e sim, tal qual a pesquisa, como meio de produção de conhecimento, criando assim um ciclo dialético produtor de conhecimentos por meio da tríade.
Desta forma, pode-se sintetizar tais preceitos organizando-os no sentido de que a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão precisa compor um conjunto capaz de produzir conhecimento científico e através de interação dialógica com a sociedade este conhecimento produzido seja capaz de impactar e transformar esta sociedade.
Nessa lógica, a formação técnica, científica e profissional não é o fim da instituição e sim o meio, tendo como objetivo final a formação crítica, transformadora, cidadã, emancipatória, ou seja, integral do aluno.
Se o objetivo da instituição é a produção do conhecimento e através deste a formação emancipatória do sujeito, a extensão precisa ser vista também como atividade ou ação capaz de proporcionar subsídios para que, tanto a produção do conhecimento, quanto a formação deste sujeito, se concretizem.
Embora a extensão tenha sido uma das molas propulsoras da luta de grupos sociais, que visavam colocá-la no mesmo patamar do ensino e da pesquisa na (re)organização das estruturas de instituições de ensino superior no Brasil, e através dela aproximar tais instituições da comunidade como instituição social e não apenas como entidade administrativa, na prática ainda se discute se a consignação na Constituição Brasileira realmente garantiu a realização plena de tais anseios.
A curricularização da extensão vem como mais uma das etapas tão significantes nesse processo de reconhecimento da extensão como parte indissociável do ensino e da pesquisa na produção de conhecimento, formação integral do aluno e consequentemente, transformação dessa realidade circundante.
O problema de pesquisa busca refletir sobre como a curricularização da extensão pode contribuir para a concretização da formação integral na EPT?, ampliando as discussões tão atuais da curricularização do ensino superior para o tempo e espaço da educação profissional e tecnológica.
O objetivo geral concentra-se em compreender as contribuições da curricularização da extensão na concretização da formação integral na Educação Profissional e Tecnológica para formação de sujeitos dialógicos e críticos.
Os objetivos específicos alinham-se ao objetivo geral e buscam desenvolver um panorama histórico sobre extensão contextualizada ao cenário atual no IFFar; analisar documentos de base e diretrizes do IFFar quanto às políticas institucionais de extensão; investigar e analisar as concepções de extensão, formação integral e curricularização da extensão em projetos propostos no IFFar Campus FW; e por último, elaborar um site como produto educacional para sistematizar e compartilhar a pesquisa com a comunidade acadêmica e comunidade local/regional.