A história e formação da Disciplina de Medicina Laboratorial do Departamento de Medicina da Escola Paulista de Medicina – UNIFESP se confunde com a história do próprio Laboratório Central do Hospital São Paulo.
O Laboratório Central do Hospital São Paulo, Hospital Universitário da Escola Paulista de Medicina (EPM) da Universidade Federal de São Paulo surgiu em meados da década de 30, após a fundação da Escola Paulista, sendo, inicialmente, utilizadas as instalações do Hospital Umberto Primo. Em 1937, instalou-se no andar térreo do Pavilhão Maria Tereza de Azevedo, sob a direção do Dr. Mário Mesquita e do Dr. Antonio de Barros de Ulhôa Cintra. Logo a seguir, juntou-se ao recém-inaugurado laboratório, o Dr. João Baptista dos Reis, laboratorista com grande interesse no estudo do líquido cefalorraquidiano. Pouco tempo depois o Dr. Mário Mesquita mudou-se para o Rio de Janeiro e o Prof. Ulhôa Cintra, devido aos seus afazeres na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), teve que abandonar a nossa escola.
Com a inauguração do Hospital São Paulo, em 1940, o Laboratório Central, instalou-se no 2º andar, sob a direção do Prof. João Marques de Castro, 1º assistente da cadeira de Patologia Geral da EPM.
João Marques de Castro nasceu em Santos e formou-se na Faculdade de Medicina da USP em 1935, vindo a se tornar docente da cátedra do Prof. Marcos Lindenberg. Desempenhou um papel muito importante na formação de professores da EPM e de muitas outras faculdades brasileiras, além de oferecer treinamento e aperfeiçoamento a profissionais na área de patologia clínica, mantendo cursos de atualização em análises clínicas. Pessoa muito bondosa e capaz, era extremamente rigoroso em relação ao trabalho, exigindo de seus companheiros e estagiários dedicação plena na execução de suas tarefas. Durante muito tempo, pelo conceito de disciplina e amor ao trabalho que incutiu aos seus discípulos, o estágio no laboratório, se constituiu em pré-requisito para o concurso ao internato da então cadeira de Propedêutica Médica do Prof. Jairo de Almeida Ramos.
De início, teve como alunos e colaboradores os Drs. Luiz Carlos Fonseca, docente da Faculdade de Ciências Médicas de Santos; Sylvio dos Santos Carvalhai, inicialmente docente da EPM e posteriormente da UNICAMP e PUCCAMP; Marcello Pio da Silva, docente da EPM, a este grupo inicial vieram se juntar Rubens Xavier Guimarães, prof. adjunto-doutor da EPM; Yaro Ribeiro Gandra, professor titular da Faculdade de Higiene e Saúde da USP; professores Moacyr Pádua Vilela, Magid Iunes e Oswaldo Luiz Ramos, professores titulares da EPM; Astolfo Ferraz de Siqueira, professor titular da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da USP, entre outros.
As qualidades pessoais e as competências profissionais do Prof. Castro possibilitaram a formação de um grande número de professores, tanto da Escola Paulista de Medicina como de outras escolas médicas, na área de Patologia Clínica. O Dr. Castro permaneceu na chefia do Laboratório Central até sua morte, em março de 1960, sendo sucedido pelo Prof. Dr. Humberto Delboni Filho.
O Dr. Delboni continuou imprimindo a vocação acadêmica ao Laboratório Central, sem deixar escapar os progressos metodológicos por qual passava a atividade. Assim é que o Laboratório, além de manter-se como um centro formador de profissionais da área de Patologia Clínica, prestava suporte diagnóstico para uma comunidade médica altamente atualizada e exigente. O Dr. Delboni se aposentou em 1986 e o Laboratório Central passou a ser chefiado pelo Dr. Caio Roberto Chimenti Auriemo até 1987.
Em 1987, sob a chefia do Dr. José Francisco da Silva, o Laboratório Central realizava cerca de 630.000 exames por ano, contando com o quadro de 179 funcionários, incluindo-se 3 médicos Patologistas Clínicos Dr. Francisco Cotrim, Dra. Tania Leme da Rocha Martinêz e Dra. Sara Blecher Silberstein. Em 1989 começou o processo de informatização do Laboratório sob responsabilidade do então Centro de Processamento de Dados. No final de sua direção, o Dr. José Francisco da Silva concluiu a instalação da casa para atendimento e coleta de materiais de pacientes ambulatoriais na Rua Varpa, nº 36.
Em 1990, assumiu a direção do Laboratório Central a Dra. Tânia Leme da Rocha Martinez, permanecendo até 1991, quando foi sucedida pelo Dr. Newton Auricchio Raphael que, em 1992, transferiu a direção para a Dra. Sara Blecher Silberstein.
Em 1994, assumiu a chefia do Laboratório Central o Dr. Adagmar Andriolo. Em 1995 inicia-se o Programa de Residência Médica em Patologia Clínica e, no ano seguinte, eram inauguradas as novas instalações do Laboratório Central, que acrescentaram mais 400 m2, também no 2º andar, do prédio anexo ao Hospital São Paulo, localizado na Rua Napoleão de Barros, nº 737. Nesta ocasião, eram já realizados, em média, 1.500.000 exames por ano, cobrindo praticamente todas as grandes áreas da Medicina Laboratorial.
Com o Programa de Residência em Patologia Clínica evoluindo bem, outros Residentes foram convidados a rodiziar pelo Laboratório e outras atividades didáticas foram acrescentadas sendo que, em 2000, o Laboratório Central possuía os seguintes cursos e atividades regulares:
Curso de Especialização;
Curso de Aperfeiçoamento profissional, com duração de 6 meses;
Estágios para médicos, com duração variável;
Estágios curriculares supervisionados para outros profissionais, com duração variável;
Estágio para residentes de várias Disciplinas;
Disciplina Eletiva de Medicina Laboratorial, oferecida aos alunos do 4º ano do curso médico da EPM.
Em janeiro de 2001, foi fundado pelos médicos Patologistas Clínicos do Laboratório Central o Centro de Estudos em Medicina Laboratorial “Prof. João Marques de Castro”, visando possibilitar a realização de atividades técnico-científicas adicionais e dar melhores condições operacionais ao Laboratório.
Em março de 2002, assumiu a Diretoria Técnica do Laboratório Central a Dra. Antonia Maria de Oliveira Machado, implementando o organograma do laboratório com a Unidade de Garantia da Qualidade e o gerenciamento do suporte aos projetos de pesquisas, além do compromisso assistencial e de ensino.
Com o compromisso de manter os cursos e as atividades regulares já existentes, foram ampliados estágios para outras disciplinas, como para residentes da Disciplina de Hematologia, residentes da Disciplina de Terapia Intensiva e Infectologia.
Em cumprimento ao seu compromisso assistencial, o Laboratório Central, qualificou seu quadro profissional, atualizou seus equipamentos, modernizou o sistema de informática e expandiu o menu de exames. Em 2005, realizava cerca de 2.600.000 exames/ano.
Em 2006, iniciou a implantação de um novo sistema de informatização, buscando a melhoria na assistência e na rastreabilidade dos exames.
Ao longo dos últimos anos, o Laboratório Central reestruturou seu quadro de colaboradores, implementou o parque tecnológico, o menu de exames e o programa de garantia da qualidade.
Na preocupação constante com a qualidade, obteve certificações do Programa de Proficiência Clínica em Ensaios Laboratoriais ControlLab da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica, do programa Unity the Interlaboratory Comparison Program da Bio-Rad Laboratories e o PEM – Programa de Excelência em Microbiologia do LEMC – Laboratório Especial de Microbiologia Clínica da Universidade Federal de São Paulo.
Em 2012, realizou cerca de 3.900.000 exames graças à automatização de várias rotinas, ao uso de código de barras e ao interfaceamento de equipamentos.
Em julho de 2013, por ter demonstrado conformidade com os requisitos da Qualidade do Programa de Acreditação de Laboratórios Clínicos PALC da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica, recebeu seu certificado de Acreditação, atuando como gestor da qualidade o farmacêutico-bioquímico Armando Morales Junior.
Em reunião solene da congregação da Universidade Federal de São Paulo, realizada em 1º de abril de 2014, foi aprovada a criação da Disciplina de Medicina Laboratorial do Departamento de Medicina da EPM. A criação desta Disciplina atendeu à necessidade de se integrar o ensino e o aprendizado dos conceitos básicos relacionados com o bom uso dos recursos diagnósticos laboratoriais disponíveis à grade curricular dos alunos dos cursos de Medicina, Biomedicina e Enfermagem da Instituição. O Prof. Dr. Adagmar Andriolo foi eleito como o chefe da Disciplina.
Esta atividade vinha sendo desenvolvida, há anos, pelo Setor de Medicina Laboratorial deste mesmo Departamento e a estruturação da Disciplina, produziu efeitos altamente positivos. Além das funções didáticas, o quadro de docentes e demais componentes da Disciplina são responsáveis pela assessoria técnico-científica do Laboratório Central do Hospital São Paulo.
A partir de 2015 foram instituídas reuniões quinzenais com os componentes da disciplina e mensais com todos os residentes da Clínica Médica do primeiro ano.
No Laboratório Central, trabalham atualmente 171 colaboradores, formando uma equipe multiprofissional composta por biólogos, biomédicos, bioquímicos, enfermeiros, farmacêuticos, patologistas clínicos, entre outros. Desses, 15 possuem título de doutorado e 18 título de mestrado.
O Laboratório Central preza pelo bem estar dos seus colaboradores e estes por sua vez apresentam comprometimento com a missão do serviço:
“Realizar serviços em Medicina Laboratorial com excelência técnica, qualidade e ética, proporcionando recursos para assistência à saúde da população, o ensino e a pesquisa.”
Chefe da Disciplina de Medicina Laboratorial e Clínica Médica
Coordendora Técnica do Laboratório Central