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Ao longo desses anos do Programa Pesco, produzimos muito conteúdo para o curso, principalmente na forma de vídeos e textos. Disponibilizamos aqui, alguns desses materiais produzidos pela Equipe Pesco. Além disso, disponibilizamos também, um dos resultados da parceria Prefeitura-Embrapa, os dois volumes do Atlas Escolar da Região Metropolitana de Campinas.

Atlas Escolar da Região Metropolitana de Campinas


Atlas.volume1.atualizado.pdf
Atlas.volume2.pdf

A Pesquisa como princípio educativo


Pq pesquisar 2019.pdf
A PRÁTICA DA PESQUISA COMO PRINCÍPIO EDUCATIVO.pdf
Professor Pesquisador.Viviane.pdf

Reflexões Teórico-práticas de Registro


Leitores tornando-se escritores_ produzindo audiovisual na escola.pdf
Curadoria como processo educativo.pdf
Penso logo registro.pdf
SOMOS OUTRO PROFESSORES.pdf

Metodologias Ativas

METODOLOGIAS ATIVAS: UM CAMINHO PARA A RENOVAÇÃO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA

Patrícia Baialuna

Ao conversar com professores diariamente a respeito das satisfações e dificuldades inerentes à prática docente, parece ser unânime a constatação de que a educação precisa de mudanças. Provavelmente todos já ouvimos algo como “o sistema educacional” não funciona como deveria. Mas o que isso quer dizer? Que falhas há em nossa prática docente, e quais fogem ao nosso alcance – mas comprometem igualmente o sucesso de nosso trabalho?

Muitos são os desafios e revezes com os quais lidamos em nosso cotidiano como professores: alguns deles estão além de nossa capacidade de solução, como a falta de recursos em determinadas escolas, ou o número de alunos por sala maior que o ideal; outros podem ser impactados por certas mudanças em nossa atuação, como a questão do uso de tecnologias e o desinteresse de boa parte dos alunos. Quanto a esse último problema, é comumente considerado como consequência de uma abordagem pouco estimulante por parte dos docentes; sabemos, contudo, que não se trata de algo tão simples, como a falta de empenho do professor.

Percebemos que a metodologia de ensino em grande parte das aulas na educação básica e também na superior é aquilo que se denomina “tradicional”, e que Moran chama de dedutiva: “o professor transmite primeiro a teoria e depois o aluno deve aplicá-la a situações mais específicas” (MORAN, 2018, p.2). Mas se tal abordagem de conteúdos funcionou relativamente bem para tantas gerações, inclusive a nossa – que vem desempenhando diferentes papéis sociais a contento, poderíamos dizer -, por que, então, devemos mudar?

Em princípio, observemos que a sociedade atual é profundamente diferente daquela de poucas décadas atrás, entre outros fatores, pela facilidade de acesso que se tem em nossos dias à informação. Diante das telas do computador, dos sites de busca e do infinito conteúdo a que se tem acesso na rede, a figura de um professor cuja função é transmitir conhecimento passa a ser questionável. Aquilo que foi bom no passado não necessariamente será adequado no futuro; e o melhor para a educação nos anos vindouros é uma descoberta que ainda estamos por fazer, e em busca da qual estamos todos nós, professores que em cursos, livros ou outros meios procuramos inovar em nossas práticas pedagógicas, com o intuito de elevar a aprendizagem de nossos alunos.

Nessa busca, parecem promissores os estudos e experimentos que foram e vêm sendo feitos com as chamadas metodologias ativas (tendência também conhecida internacionalmente como active learning). Podemos resumir em poucas palavras – e procurar explicar melhor nas próximas páginas – uma metodologia ativa como aquela que tira o aluno de uma posição de receptor passivo de conteúdo, e o imbui de protagonismo em sua própria aprendizagem: sua participação ativa é exigida de várias formas, e seu envolvimento muda sua relação com o conhecimento disponível, pois este não se encontra acabado. É a “aprendizagem por questionamento e experimentação, [a qual é] mais relevante para uma compreensão mais ampla e mais profunda” (MORAN, 2018, p.2). “As metodologias ativas dão ênfase ao papel protagonista do aluno, ao seu envolvimento direto, participativo e reflexivo em todas as etapas do processo, experimentando, desenhando, criando, com orientação do professor” (idem, p.4).

A ideia que embasa as metodologias ativas, entretanto, não é propriamente nova: ainda nos anos 1930, John Dewey “já enfocava a necessidade de estreitar a relação entre teoria e prática, [pois a] função da educação é a de propiciar uma reconstrução permanente das experiências dos estudantes articulada com a vida” (DAROS, 2018, p.8). De acordo com Dewey, a educação devia criar condições para o aluno raciocinar e elaborar conceitos, confrontando-os para a resolução de problemas.

Ainda considerando a resolução de problemas reais do cotidiano dos alunos como ponto de partida para o ensino, Kilpatrick propôs que as atividades curriculares fossem apresentadas através de projetos; tal método foi difundido e conhecido no Brasil ainda na década de 1930, pelo movimento Escola Nova (idem, p.9). Decroly contribuiu para o fortalecimento de tais ideias ao postular uma educação que partisse de centros de interesse, que davam liberdade aos alunos de escolher a temática a ser trabalhada e favoreciam a transdisciplinaridade. Ausubel, por sua vez, enfatizou a importância de se valorizar o conhecimento prévio dos alunos. Mas os nomes que citamos são apenas alguns dos mais relevantes para os estudos da pedagogia;

Autores como Paulo Freire, Blonsky, Pinkevich, Krupskais, Freinet, Claparède e Montessori abordaram suas teorias como alternativa necessária para a superação do modelo pedagógico tradicional vigente, o que continua sendo um dos grandes desafios que se colocam na contemporaneidade (idem, p.9).

Nas últimas décadas, várias metodologias foram descritas como potencialmente suscitadoras de engajamento por parte dos estudantes; trataremos de várias delas nas próximas semanas do PESCO, dentro deste módulo. Vários estudos também foram feitos a respeito do estímulo experimentado por estudantes em aulas de diferentes metodologias. Camargo (2018, p.14) apresenta os resultados obtidos por Blight (2000) para mostrar, através da variação dos batimentos cardíacos dos alunos ao longo de uma aula tradicional e de uma aula com intervenções e discussão, que o estímulo é muito maior quando a participação é requerida. O mesmo autor mostra, através dos resultados obtidos por Hake (1998), que a aprendizagem é mensuravelmente maior em abordagens interativas do que em abordagens tradicionais/expositivas.

Outro elemento já citado capaz de aumentar o engajamento dos alunos é a possibilidade de escolha de temas do seu interesse. Sabemos que há certos conteúdos que podemos considerar como “clássicos”, na melhor acepção do termo, isto é, do qual o currículo não se pode furtar. As formas de abordá-lo, contudo, podem ser as mais diversas, como procuraremos sugerir ao longo do módulo. Nossa melhor sugestão, ainda, é que haja variedade nas metodologias empregadas por cada professor. Respeitados os conteúdos básicos ou canônicos de cada área do conhecimento, podem ser incluídos de forma a tangenciá-los muitos outros temas que partam do interesse dos estudantes, e cuja exploração pode ser potencialmente transdisciplinar.

Além da motivação, o desenvolvimento de certas competências e habilidades é uma grande vantagem ligada ao estudo através de problemas ou projetos. Esta que é uma das principais metodologias ativas mobiliza os alunos de várias maneiras, em cada uma das etapas de seu desenvolvimento: na fase de escolha do projeto e brainstorming, são ativadas a criatividade e a capacidade de argumentar, ouvir e convencer os outros. Na fase de motivação e contextualização, é preciso que o estudante se envolva emocionalmente, sinta o desejo de fazer o projeto, e considere-se capaz de fazê-lo. Na etapa de organização, desenvolve-se a habilidade de planejamento, escolha de recursos e divisão de responsabilidades. A reflexão e o registro também constituem outra importante etapa, que inclui a autoavaliação e a possível mudança de rumo da pesquisa. Além desses estágios, ainda se passa pela análise e pesquisa de dados, pela aplicação na prática dos conceitos aprendidos, pela apresentação (e, por vezes, publicação) dos resultados obtidos e por uma avaliação final (cf. MORAN, 2018, p.18-19).

Observamos, portanto, que ao longo do desenvolvimento de um projeto diversas competências cognitivas e socioemocionais são requeridas e ativadas, o que contribui para uma formação mais plena do aluno enquanto indivíduo preparado para os desafios da vida, que vão além do preparo profissional. Além disso, a possibilidade de se desenvolver projetos integradores entre as disciplinas permite a percepção da globalidade do conhecimento, criando conexões entre vários campos do saber.

De modo semelhante à aprendizagem baseada em projetos, o ensino através de problemas também pode ativar competências semelhantes às descritas acima em suas etapas de trabalho. Mills (apud SOUSA, 2019) descreve as fases da aprendizagem baseada em problemas da seguinte maneira: definição do problema, análise, estabelecimento dos objetivos da pesquisa, investigação e síntese. Para cada etapa, poderíamos apontar várias competências e habilidades aplicadas. Bacich (2018, p.22) ressalta ainda as principais vantagens de se empregar tais metodologias ativas. De acordo com a autora, os principais benefícios em relação ao ensino tradicional são o aumento do protagonismo e da participação do aluno, currículos mais flexíveis, maior integração entre as áreas do conhecimento - como mencionamos pouco acima - e a contínua formação dos professores, entre outras formas, pelo compartilhamento de experiências.

Bacich bem destaca a importância da formação continuada dos professores que se propõem a trabalhar com metodologias ativas. Compartilhar experiências com seus pares permite ricas análises e conclusões sobre como é mais provável obter sucesso nos projetos, mas não basta: precisamos de outras fontes, como estudos, supervisão preparada e colegas mais experientes que nos auxiliem nessa mudança de papel, que deixa de lado a função de detentor dos conteúdos a serem partilhados com os alunos, e nos coloca como mediadores ou tutores destes, orientando seus esforços em busca de um aprendizado mais autônomo. Cabe, ainda, ao professor esse fundamental papel de mostrar o caminho, problematizar os conceitos e problemas, indicar fontes, suscitar análises e avaliações, criar espaços para a apresentação dos resultados e estimular a autoavaliação e o registro com criticidade.

Quanto à avaliação, sabemos que não pode se limitar à autoavaliação feita pelos alunos: mais que um fim, é uma parte do processo que cabe ao professor, inclusive – ou especialmente – para ajudá-lo a identificar as principais deficiências conceituais dos estudantes, a estabelecer as metas de ensino e planejar suas ações. A avaliação também é parte importante da personalização que eleva a qualidade do ensino: conhecendo melhor seus alunos, seus sucessos e as limitações dos trabalhos já executados, o professor pode “ir ao encontro das necessidades e interesses dos estudantes e [...] ajudá-los a desenvolver todo o seu potencial, motivá-los engajá-los em projetos significativos” (MORAN, 2018, p.5), considerando seus interesses e conhecimentos prévios; ou seja, partindo, em primeiro lugar, do sujeito que se quer auxiliar a atingir todo o potencial.

É disso que se trata o desejo de mudanças que mencionamos no início do texto, e é esse o pressuposto de qualquer metodologia considerada ativa: que na posição central da educação esteja o aluno. Que ele mesmo tome esse lugar ao centro, assumindo o protagonismo de seu aprendizado. Sabemos da mudança de cultura que isso demanda; sabemos dos desafios, mas vemos nas metodologias ativas um caminho que pode nos aproximar desse objetivo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BACICH, Lilian. Formação continuada de professores para o uso de metodologias ativas. In: BACICH, Lilian; MORAN, José (org.). Metodologias ativas para uma educação inovadora. Porto Alegre: Penso, 2018.

CAMARGO, Fausto. Por que usar metodologias ativas de aprendizagem? In: CAMARGO, Fausto; DAROS, Thuinie. A sala de aula inovadora: estratégias pedagógicas para fomentar o aprendizado ativo. Porto Alegre: Penso, 2018.

DAROS, Thuinie. Por que inovar na educação? In: CAMARGO, Fausto; DAROS, Thuinie. A sala de aula inovadora: estratégias pedagógicas para fomentar o aprendizado ativo. Porto Alegre: Penso, 2018.

_____. Metodologias ativas: aspectos históricos e desafios atuais. In: CAMARGO, Fausto; DAROS, Thuinie. A sala de aula inovadora: estratégias pedagógicas para fomentar o aprendizado ativo. Porto Alegre: Penso, 2018.

MORAN, José. Metodologias ativas para uma aprendizagem mais profunda. In: BACICH, Lilian; MORAN, José (org.). Metodologias ativas para uma educação inovadora. Porto Alegre: Penso, 2018.

SOUSA, Sidnei Barbosa. Introdução à aprendizagem baseada em problemas. Módulo I do curso Unesp Aberta – “Práticas pedagógicas inovadoras no Ensino Superior com Tecnologias Educacionais: Estratégia de Desenvolvimento de Projetos, PBL (ABP) e outras Metodologias Ativas

Disponível em: https://edutec.unesp.br/images/stories/nead/MOOCs/1ed-EDP/materiais/ModuloI/Texto1/index.html# Acesso: 30/03/2019.

Texto sala de aula invertida.pdf
Apresentacao_Problemas matematica.pdf
DEBATE INTELIGENTE.pdf
JOGO VERDADEIRO FALSO DISCUSSÃO.pdf
TEAM-BASED LEARNING (TBL).pdf
METODOLOGIAS ATIVAS.pdf

Multiletramentos

Multiletramentos nas práticas de pesquisa.pdf
Letramento Cartográfico.pdf
LETRAMENTO CIENTIFICO.pdf
Síntese Letramentos Múltiplos.pdf

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