Homens marinhos = Tritões
«O nosso povo julga que ali [gruta debaixo de um rochedo sobranceiro ao mar, em Colares] foi visto outrora um tritão a cantar com a sua concha.» (p. 26)
«[…] encontram-se, em muitos lugares próximos àquela praia, uns homens que os habitantes deram em chamar, por causa da sua natureza e origem, homens marinhos, por apresentarem na superfície da pele umas asperezas ou escamas espalhadas por todo o corpo, como se fossem vestígios da antiga raça. E crêem os habitantes que os tais homens devem a sua origem e a sua natureza aos homens marinhos ou tritões.» (p. 27)
«Nos nossos dias, um homem andava à pesca, com linha e anzol, entre os rochedos do Promontório Bárbaro [Cabo Espichel], perto da capela de Nossa Senhora; inesperadamente saltou para um rochedo um tritão macho, com a barba comprida, longos cabelos, peito crespo, rosto não muito disforme e aspecto perfeitamente humano.» (p. 28)
Sereias
«Nos arquivos antigos do reino, a cuja cabeça me encontro, existe um manuscrito antiquíssimo, que é um contrato entre o rei D. Afonso III e o mestre dos Cavaleiros de São Tiago, Paio Peres; nesse documento se determina que o tributo das sereias e dos outros animais, pescados nas praias da mesma Ordem, se devia pagar, não ao mestre da Ordem, mas aos reis. Donde se colige facilmente que as sereias eram frequentes nas nossas águas, visto que acerca delas se promulgou uma lei.» (p. 30)