Ensino Remoto Emergencial

O que é?

Ensino Remoto Emergencial (ERE) é uma modalidade que pode substituir o Ensino Presencial em caráter temporário devido ao surgimento de condições excepcionais que impedem o acesso de alunos ou de professores a ambientes de convivência presenciais. Enquadram-se aqui, por exemplo, os casos em que um aluno necessita de assistência domiciliar e os casos de surtos ou epidemias que levem a suspensão de aulas presenciais por um período prolongado como a pandemia de Covid-19. ERE pode também ser aplicado para tornar possível o retorno às atividades presenciais de forma gradual, por apenas uma parte dos alunos, favorecendo um retorno mais rápido para os alunos com maior necessidade de interação presencial e minimizando o contágio.

Holges et al. (2020) definem ERE como uma forma temporária e alternativa de entrega de instruções, em circunstâncias de crise, que envolve soluções de ensino totalmente remotas em substituição àquelas que seriam ministradas presencialmente. A ideia do ERE é fornecer acesso temporário a estratégias de ensino-aprendizagem de uma forma rápida, simples e confiável durante uma emergência ou crise (Tomazinho, 2020).


ERE não é EaD

ERE não deve ser confundido com Educação a Distância (EaD) (Holges et al., 2020). Em EaD, as atividades tanto de aulas quanto de avaliações são realizadas pelos alunos de forma assíncrona e independente, usando fundamentalmente recursos computacionais. Professores e alunos estão em tempo e espaço diversos. Materiais didáticos são planejados para atingir um número expressivo de alunos. Por outro lado, ERE consiste em atividades, predominantemente síncronas, que podem ser realizadas em cursos presenciais de graduação ou pós-graduação com recursos de TIC, tais como: videoconferência no horário de aula presencial, uso de ambiente virtual de aprendizagem e laboratórios virtuais. ERE torna possível a continuidade do processo de aprendizagem, o engajamento e o vínculo de alunos com a instituição, minimizando danos à formação dos mesmos e minimizando índices de evasão.

É notório que o afastamento prolongado de processos de aprendizagem pode trazer prejuízos à formação dos alunos visto que os processos até então conduzidos são desconstruídos pelo esquecimento e falta de prática. Além disso, o reengajamento no retorno de atividades presenciais é sempre difícil, pois requer toda uma nova adaptação a estes processos a qual nem sempre ocorre a contento, gerando riscos inerentes de reprovação e evasão estudantil. ERE pode proporcionar ensino de qualidade considerando situações atípicas que impeçam o ensino presencial.


Efetivação do ERE não implica em adotar TICs específicas

No entanto, ERE precisa ser executado de forma cautelosa e consistente a fim de atender a todos os alunos, mesmo que em momentos diferentes ou de formas diferentes. Além disso, os gestores precisam ter cautela para não cometerem o erro de querer padronizar TICs, como enfatiza Tomazinho (2020). Temos que reconhecer que não estávamos preparados para essa situação de crise e que tal situação oferece uma nova experiência para todos os envolvidos no processo (gestores, professores e alunos). É preciso considerar que cada contexto de curso/disciplina é singular e, neste sentido, faz-se fundamental o prevalecimento do feeling dos professores, que estarão planejando e executando em tempo real, sob demanda, também aprendendo e melhorando em cada nova interação. Cada docente encontrará sua melhor forma de utilização das TICs, no contexto de suas disciplinas, para efetivação do ERE. Por essa razão, o engessamento do processo pode ir na contramão do objetivo de oferecer uma melhor experiência.

Assim, a fim de contribuir com iniciativas neste sentido, abaixo listamos algumas práticas de ERE que estão sendo pensadas por docentes da UASC/UFCG, bem como apontamos algumas sugestões para o planejamento de ERE em nível institucional.

Ambiente Virtual de Aprendizagem com Telepresença

Aliado ao uso de Ambientes Virtuais de Aprendizagem, ferramentas para videoconferência podem ser utilizadas para momentos síncronos regulares com os alunos na execução do ERE com Telepresença. Em nossa página sobre "Ferramentas de Apoio", listamos algumas opções que permitem um número grande de participantes.

Momentos síncronos podem ser realizados, por exemplo, no horário definido para aulas presenciais das seguintes formas:

  • Para ministrar a aula programada integralmente;

  • Considerando o uso de videoaulas que introduzem o conteúdo de forma total ou parcial:

    • para trocar ideias, discutir e tirar dúvidas sobre a videoaula;

    • para realização de exercícios.

Neste caso, é fundamental que o professor faça uso de diferentes recursos de TIC, tais como os listados em nossa página sobre "Ferramentas de Apoio" e exemplificados em "Ensino Presencial com TICs". Em particular, o professor deve programar a execução de exercícios regulares para acompanhar a evolução dos alunos, a exemplo de quizzes (questionários), roteiros de exercícios com questões subjetivas ou laboratório virtual (quando aplicável). Em cada encontro síncrono, é importante que o professor realize a chamada nominal para registrar a frequência tal como em uma aula presencial e faça perguntas a diferentes participantes em diferentes momentos a fim de garantir o engajamento de todos nestes momentos. O Moodle, por exemplo, oferece opções para registro de presença dos alunos, além de registrar toda interação dos alunos com os recursos oferecidos pelo professor na plataforma (notas de aula, exercícios, etc.), de modo que o professor pode mensurar a dedicação de cada aluno e considerá-la no processo avaliativo.

Por fim, é importante que todos os momentos síncronos sejam gravados para que alunos que não puderam participar, total ou em parte, possam ter acesso ao conteúdo tão logo possível.

Ambiente Virtual de Aprendizagem sem Telepresença

É possível ainda conduzir momentos síncronos com os alunos sem o uso de video conferência, no contexto de ERE. Em nossa página sobre "Ensino Presencial com TICs", mencionamos as ferramentas para discussão em grupo e trabalho colaborativo, enquanto que todas são listadas e referenciadas na página "Ferramentas de Apoio". Muitas destas ferramentas podem ser instaladas ou simplesmente acessadas em smartphones e requerem baixo poder computacional, permitindo a comunicação do professor com os alunos de forma organizada através de mensagens de texto. Neste caso, o professor pode adotar estas ferramentas para tirar dúvidas e fazer uso de videoaulas ou leitura coordenada de texto e notas de aula para apresentação de conteúdo. Há ainda a opção do professor compartilhar arquivos com áudio ou podcasts.

Independente da opção de ferramenta para comunicação com os alunos, o uso de um Ambiente Virtual de Aprendizagem é indispensável. No entanto, reiteramos que cada docente deve ter autonomia para utilizar o Ambiente Virtual de Aprendizagem que julgar mais adequado ao contexto de suas disciplinas.

Sugestões para o Planejamento e a Implantação de ERE

Listamos algumas questões que consideramos importantes no planejamento e na implantação do ERE em âmbito institucional:

  • Inclusão no ERE apenas de disciplinas onde não haja prejuízo de atividades presenciais relevantes;

  • Participação de discentes por adesão, havendo a garantia, aos que não possam aderir, da execução do período regular íntegro e completo quando do retorno às atividades presenciais;

  • Flexibilização quanto ao planejamento individual de cada disciplina, visto que cada disciplina apresenta desafios particulares;

  • Não impor o uso de TICs específicas ou padronizadas, deixando a cargo do(s) professor(es) a escolha das que melhor atendam as necessidades de cada turma/disciplina;

  • Atividades durante o período de ERE não podem substituir aulas presenciais a fim de preservar os alunos que não possam aderir, garantindo-lhes seus direitos. No entanto, ficará a cargo do professor dispensar destas aulas os alunos com comprovado engajamento durante o período do ERE;

  • Disciplinas não devem incluir, durante o ERE, atividades avaliativas em substituição às avaliações presenciais previamente programadas, ficando as mesmas para a realização quando do retorno às atividades presenciais;

  • Atividades nas disciplinas devem seguir um ritmo mais lento do que o presencial em virtude das dificuldades "naturais" vividas em um momento de crise;

  • Planejamento para retorno gradual às aulas presenciais, incluindo a minimização de formas de contágio e aulas de revisão de conteúdo antes das avaliações;

  • Permitir aos alunos que aderirem ao ERE a matrícula em outras disciplinas, caso aplicável, quando houver o retorno às aulas presenciais.

Relato de Experiências de Docentes com ERE

Experiências Docentes com ERE durante a Pandemia COVID

Referências

  1. Charles Holges et al. (2020). The Difference Between Emergency Remote Teaching and Online Learning. https://er.educause.edu/articles/2020/3/the-difference-between-emergency-remote-teaching-and-online-learning#fn1

  2. Denise Casatti (2020). ICMC/USP – Guia para sobreviver à pandemia do ensino remoto. http://blogs.correiobraziliense.com.br/servidor/icmc-usp-guia-para-sobreviver-a-pandemia-do-ensino-remoto/

  3. Desafios da Educação (2020). Lições do coronavírus: ensino remoto emergencial não é EAD. https://desafiosdaeducacao.grupoa.com.br/coronavirus-ensino-remoto/

  4. MIT. Teach Remote - Best Practices. http://teachremote.mit.edu/best-practices

  5. Paulo Tomazinho (2020). Ensino Remoto Emergencial: A Oportunidade da Escola Criar, Experimentar, Inovar e se Reinventar. https://medium.com/@paulotomazinho/ensino-remoto-emergencial-a-oportunidade-da-escola-criar-experimentar-inovar-e-se-reinventar-6667ba55dacc