Neutralidade Carbónica

Não vale a pena continuar a fingir que as alterações climáticas não são um problema, porque elas são uma realidade! É imperativo unir esforços para controlar a subida da temperatura média até ao final do século XXI!

O Acordo de Paris alcançado em 2015 estabeleceu objetivos de longo prazo de contenção do aumento da temperatura média global, representando, assim, uma mudança de paradigma na execução da Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas. O principal objetivo passa por atingir a Neutralidade Carbónica na segunda metade do século.

São necessários todos os esforços para que o aumento da temperatura não ultrapasse 1,5º, valor que a ciência define como máximo para se garantir a continuação da vida no planeta Terra, sem alterações demasiado graves. O Acordo de Paris reconhece, portanto, que será necessária uma forte liderança dos países desenvolvidos, solicitando a apresentação, até 2020, de estratégias de desenvolvimento a longo prazo com baixas emissões de gases com efeito de estufa (GEE).

A proposta da Comissão Europeia, com vista a “Um Planeta Limpo para Todos”, estabelece uma visão estratégica a longo prazo para uma economia próspera, moderna, competitiva e neutra em termos de clima, prevendo um corte na emissão dos GEE de 45% até 2030 e de cerca de 60% até 2050.


Contudo, para atingir as metas do Acordo de Paris, a União Europeia deverá alcançar a neutralidade carbónica até 2050, o que corresponde a uma redução entre 80% a 95% nas emissões de GEE.


Em Portugal, foi criado um Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050 (RNC2050), visando a descarbonização da economia, este é um objetivo ambicioso e que exige a colaboração de toda a sociedade, nos mais diversos setores. Alcançar a neutralidade carbónica tem um impacto positivo na economia, mas também traduz ganhos ao nível da saúde, através da melhoria da qualidade do ar.

Relativamente ao setor da construção, sabemos que este é responsável por cerca de 40% das emissões globais anuais de GEE. Desta forma, é notório o papel fundamental que este setor desempenha na persecução das metas de redução do carbono. Como?

Cada molécula de CO2 emitida para a atmosfera, durará, em média, mais de 100 anos, ou seja, ficará a causar o efeito estufa durante todo este tempo. Percebe-se, assim, que pôr fim ao consumo dos combustíveis fósseis não é suficiente para resolver o problema das alterações climáticas. É fundamental retirar CO2 da atmosfera, sequestrando-o. A forma mais realista, simples e impactante de o fazer, baseia-se na fotossíntese e na produção de madeira e outros materiais naturais para utilizações de longa duração. Assim surge a construção em madeira.

O carbono é armazenado nas árvores e nos produtos transformados de madeira. Para ter uma ideia, 1 m³ de madeira armazena cerca de 1 tonelada de CO2. O nosso edifício de escritórios tem um volume de, sensivelmente, 30 m³ de madeira. Isto significa que, enquanto os nossos escritórios forem preservados, ficarão neles sequestradas 30 toneladas de CO2. O mesmo acontece com as milhares de moradias que já construímos.

Casa de Madeira construída pela Casema