Sobre a Fe, a Lei e as Obras

Existem denominações cristãs que ainda ensinam que o direito a salvação e a vida eterna nos céus é obtida atraves de dois requisitos:

1. Crer em Jesus Cristo – seu sacrificio e resurreição – e aceita-lo como perdoador, redentor e salvador pessoal; e

2. Praticar boas obras durante a vida nesta terra.

O apóstolo Paulo explica esta doutrina bem objetivamente em sua carta aos gálatas. Os cristãos do sul da Galácia (Antioquia da Psídia, Icônio, Listra, e Derbe, parte da atual Turquia) eram instáveis, como demonstrado em Listra, quando o mesmo grupo que ao ouvir a pregação de Paulo quis adorá-lo pela manhã, e depois de algumas horas tentou apedrejá-lo, na mesma noite (Atos 14:6-21). Após a partida de Paulo da Galácia em sua primeira viagem missionária, judeus de Jerusalem vieram a região e começaram a pregar que para cristãos receberem e manterem a salvação deveriam praticar obras de acordo com a Lei. Para confirmar sua reputação, esses pregadores judeus enfatizavam que eram provenientes de Jerusalem, uma das primeiras igrejas cristãs e base de vários apóstolos. Em resposta a essa falsa doutrina, Paulo explicou vários pontos que estabeleceram a fundação doutrinária para os gálatas, e para todos os cristãos:

1. O que concede salvação e vida eterna ao homem é a fé em Jesus Cristo, e somente a fé (Gal 3:1-5);

2. Fé sempre foi o elemento essencial para salvação, mesmo no Velho Testamento: “Assim como Abraão creu a Deus, e isso lhe foi imputado como justiça” (Gal 3:6 JFAA, veja também Heb 11:8-10); devemos lembrar também que Abrão viveu aproximadamente 450 anos antes da lei ser dada a Moisés;

3. O objetivo da Lei nunca foi de salvar, de justificar: “pois a lei nenhuma coisa aperfeiçoou…” (Heb 7:19 JFAA, veja também Gal 3:11, Hab 2:4, Rom 1:17, Heb 10:38);

4. A Lei foi dada para trazer o povo a Jesus Cristo. “Mas, antes que viesse a fé, estávamos guardados debaixo da lei, encerrados para aquela fé que se havia de revelar” (Gal 3:23 JFAA). A Lei funcionou como um tutor, enquanto esperávamos pela maioridade espiritual do ser humano e pela fé, que seriam dadas aos judeus e gentios através da semente de Abrão, Jesus Cristo (Gal 3:15-29);

5. Nenhum ser humano pode agradar a Deus (e consequentemente obter e manter a salvação) por obras da Lei; a carne tem uma natureza pecadora que só pode ser controlada pelo Espírito Santo naqueles que realmente creram; e, o ponto mais importante:

6. Se salvação e vida eterna pudessem ser alcançadas pelas obras da Lei, o sacrifício de Jesus Cristo na cruz teria sido em vão.

Por estas razões aqueles que pregam que salvação pelas obras da Lei pode, ainda que parcialmente, ganhar ou manter o direito a vida eterna nos céus – legalistas – estão pregando um evangelho diferente, pervertem o evangelho, e são anátemas (Gal 1:7-9). Além disso, se os pregadores na Galácia baseavam a sua credibilidade e reputação na suas origens em Jerusalem, Paulo recebeu o testemunho e a Graça pessoalmenete de Jesus Cristo, no caminho de Damasco (Gal 1:12, Atos 9).

Alguns cristãos podem propor que a aceitação deste ponto de doutrina extenderia aos crentes a liberdade de viver no pecado, e ter uma existência sem necessariamente produzir bons frutos. Esta conclusão simplesmente nega a obra efetiva do Espírito Santo.

Os que realmente creem e aceitam o Senhor como Salvador produzem frutos de honra e glória a Êle. O mesmo Santo Espírito que traz a fé e a graça na vida de uma pessoa também transforma essa vida, e provê as condições para que se produza frutos de honra e glória a Deus. Êsses frutos não são mais produzidos pela força da Lei, mas sim pelo amor que habita nos corações dos que creem.

Aos que ainda não concordam com o apóstolo Paulo, e ainda creem que quanto mais “boas obras” produzirmos, maior a probabilidade de alcançar a vida eterna, o Senhor Jesus nos deixou uma parábola que – uma vez mais – nega essa falsa doutrina: em Mateus 20:1-16 encontramos a parábola dos trabalhadores da vinha, onde o pagamento não foi proporcional a quantidade de trabalho. Aos trabalhadores que murmuravam por terem todos recebido o mesmo salário, o proprietário respondeu: “Não me é lícito fazer o que quero do que é meu? Ou é mau o teu olho porque eu sou bom?” (Mat 20:15 JFAA).

A próxima vez que um pregador exortar que “…devemos nos esforçar para alcançarmos a vida eterna…” seja um bom irmão na fé, e explique ao pregador o êrro serissimo dessa mensagem. Se você não se sentir em condições de discutir êste ponto, faça uma cópia deste tópico e, no amor do Senhor, entregue a ele…

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