O Kerb

No tempo que os imigrantes alemães chegaram no Rio Grande do Sul - depois de transporem montes e planícies européias, cruzarem o Atlântico à vela, estadiarem no Rio de Janeiro e Porto Alegre, rumarem a São Leopoldo em barcaças a remo, e ali, na Feitoria, aguardarem esperançosos a medição de suas terras - chegava também o grande momento esperado por todos que haviam estado juntos nessa viagem-aventura de quase um ano: instalar-se na nova vida, em sua própria e sonhada terra na América. Mas, ao mesmo tempo, a despedida e separação dos amigos e parentes, viageiros solidários que compartiam o mesmo sonho.

Então, na despedida, firmaram um pacto: se reencontrariam todos no burgo ou colônia que por primeiro concluísse sua pequena tosca Igreja, pois ali, além de local pata louvar a Deus, escola de seus filhos, abrigo para as horas difíceis, era também seu salão de festas. O grupo que ergueu-a por primeiro logo o anunciou e, na data marcada, todos vieram dos recantos mais longínquos para reviver a alegria de estarem juntos novamente. Eram no mínimo 3 dias de festim e convivência, muita prosa, bebida, comida e música. A seguir outro grupo, doutra colônia, repetiu. E mais outro ainda, multiplicando-se e agora tendo um nome; o Kerb. Sempre para reencontrar, festejar e agradecer a Deus.

Estas festas - os Kerbs - não existem nem na Alemanha e tampouco entre imigrantes que se estabeleceram em Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Argentina, Estados Unidos ou outra parte do novo mundo.

É, senão a primeira, uma das primitivas festas populares, nascida no Rio Grande do Sul.

(Texto de Bertram Antônio Stürmer)