SOBRE O SITE
Esse site pretende sistematizar e compartilhar informações sobre a história, a geografia e o cotidiano desse município que representa para nós umburanenses “nosso lugar no mundo”, sendo relevante diante das poucas fontes escritas e ausência de publicação dessas informações que somaremos esforços para construir com base em fontes documentais e orais, a fim de que elas não sejam esquecidas.
SOBRE A AUTORA
Uma biografia, duas histórias:
Memórias da autora sobre Umburanas desde 1996
Não nasci em Umburanas, mas, tornei-me umburanense há pelo menos um quarto de século, desde 1996. Quando viemos morar na terra natal de minha mãe, eu tinha apenas 9 anos de idade. Umburanas também ainda era uma menina com apenas sete anos de emancipação política, mas, de histórias e gente centenária, humilde e acolhedora.
O acesso a cidade era por uma estrada de terra vermelha que adentrava às ruas de quase toda a cidade (não consigo lembrar com exatidão se a praça principal já era pavimentada). Quando chovia fazia um lamaçal terrível, digo, terrível para mainha que lavava minhas roupas enlameadas após o banho de chuva, ou, seria de lama?!
As casas eram simples, de telhado baixinho e portas e janelas divididas ao meio. Os quintais eram vastos, delimitados por cercas de flecha e arrame, onde estendíamos roupas para secar. Os quintais eram também roças e criatórios de animais como porcos e galinhas. E tinham cisternas imensas para armazenar o máximo de água da chuva que sempre foi escassa.
O quintal era o espaço onde a criançada brincava e soltava a imaginação. Lembro-me o dia que eu e meus primos, pegamos ovos de galinha, escondidos de minha tia, quebramos e misturamos com terra e cocô de galinha e de tudo quanto é cocô que se encontrava no quintal, enformamos numa embalagem de sardinha, raspamos giz branco para decorar e assamos no fogão à lenha, e, depois demos para um menino vizinho provar. Eram as presepadas de criança!
Contudo, o lugar preferido delas eram as ruas, onde brincávamos de esconde-esconde, “macaco”[1], “anô um”[2], pega-pega. Já no tempo chuvoso, logo depois das primeiras chuvas, a diversão predileta era pegar “tanajura”[3], batendo no fundo de uma panela e cantando: “Cai, cai tanajura na panela de gordura!”, caiam aos montes, depois torrávamos as bundinhas e comíamos com farinha.
Mas, não era só de brincadeiras que viviam as crianças no sertão umburanense. Lembro-me que íamos buscar água nos chafarizes, pegávamos fila, enchíamos o balde e equilibrávamos na cabeça até encher o tonel. A água era salgada, devido à presença de calcário no subsolo, só utilizávamos mesmo para limpeza da casa e higiene pessoal. Para consumo, usávamos água da chuva ou água doce dos “Meninos”, transportada em carro pipa.
Um belo dia, a minha turma de 8ª série do Colégio Jeovando Lopes foi intimada a participar de uma audiência pública no “Depósito Comunitário” sobre a chegada do sistema de abastecimento de água dessalinizada. Logo depois, o então prefeito Joel Muniz inaugurou o sistema com um banho de canos em praça pública.
Para nos comunicarmos eram comuns as cartas postadas nos Correios. E para fazer ou receber ligações tínhamos que ir para o Posto Telefônico da cidade que tinha apenas uma cabine, ali falávamos pouco e rápido, antes que o dinheiro pago acabasse. Quando alguém ligava, o mensageiro tinha que encontrar o destinatário para atender a ligação no horário agendado. Numa cidade pequena e de todos conhecidos era tarefa fácil!
Mais tarde, chegaram os orelhões azuizinhos, depois os poucos telefones fixos e, de forma mais crescente os celulares. A internet chegou depois, primeiro nas lan houses, do Netinho, e, hoje, observa-se que alcançou grande parte da população, com algumas dificuldades pelos povoados mais longínquos.
O lazer de final de semana era acompanhar meu pai, goleiro, nos campeonatos de futebol que aconteciam no Campo da cidade. E aos domingos, era ir à feira livre, onde se misturava trabalho e lazer. E quando chovia, não mediamos distância para aproveitar as águas escuras do rio Murim. Mas, banho mesmo, “só depois que lavar as roupas sujas”, dizia mainha. A gente então molhava os panos e dizia: já lavei! só para ficar livre.
Na época, por não sermos religiosos, quase não participávamos de manifestações culturais, mas, me lembro de algumas que aconteciam na cidade como os reisados, São Gonçalo, penitentes, carurus, as festas juninas, fogueiras de ramos, o almoço da Semana Santa na casa de minha avó materna. Mas, a principal das festividades era a Festa da Padroeira que mais tarde passou a ser chamada de Festa Tradicional de Agosto, a fim de corrigir um erro na data de homenagem a santa e manter a tradição da festa que contava com cantores locais a nacionais, reunia milhares de pessoas de toda a microrregião e movimentava a economia local, especialmente, por meio dos barracões. A cidade era enfeitada com palhas, cenários, luzes e cores, e, parques de diversões.
As igrejas evangélicas eram poucas. A maior parte da população era católica ou frequentava os “pejis”[4]. Com o tempo, observa-se que o número de igrejas protestantes foi aumentando concomitantemente ao número de fiéis. Lembro-me que fiquei encantada com a construção da nova igreja, de cor cinza e grades medianas. Certo dia debrucei nas grades para apanhar plantinhas floridas para o trabalho de ciências, fiquei apaixonada! Como aquela igreja era especial para mim! Não havia imaginado que no ano de 2009 eu adentraria a Congregação Cristã no Brasil e a adotaria como lugar sagrado para servir a Deus.
Logo que cheguei a Umburanas, estudei na antiga Escola Maria de Souza (ali no prédio da Praça[5]). Depois fui para o colégio, o tão sonhado Jeovando Lopes, onde concluir o Ensino Fundamental. No início do Ensino Médio, minha mãe me mandou estudar “fora”[6], a fim de que me preparasse para o vestibular já que faltavam professores em várias disciplinas. Mas, dois anos depois, por falta de condições financeiras, retornei a Umburanas onde concluir o Ensino Médio (antigo magistério) no Colégio Estadual Maria Madalena da Silva, no ano de 2005. Nesse mesmo ano, tive o meu primeiro emprego como professora estagiária na Escola Municipal Rômulo Galvão, contratada pelo então prefeito Edinho Muniz.
A essa altura já tinha conhecido o “homem de minha vida”, galego de olhos azuis da Barriguda do Luís, com o qual me casei após sete anos de namoro. Tempo necessário para me efetivar como professora do município de Umburanas por concurso público e estar concluindo a faculdade de geografia pela Universidade Estadual da Bahia (UNEB), campus de Jacobina, onde ingressei por vestibular por ampla concorrência. Lembro-me que as autoridades da cidade, professores e colegas paravam para parabenizar-me, eu era uma UMBURANENSE, que ingressava na universidade pública. Foi nesse mesmo ano, de 2006, que assumi como professora do Centro Educacional Jeovando Lopes de Almeida, escola da qual fui aluna e me fiz professora junto aos meus professores.
Com a conclusão da graduação e início, concomitante, da especialização em Geografia Cultural e Diversidade, vieram os frutos: aprovação em mais um concurso municipal (2010) e aprovação em concurso estadual da Bahia (2011) onde assumi como professora efetiva do Colégio Estadual Professora Maria Madalena da Silva, no ano de 2012[7].
Nesse período, também fui promovida ao cargo de coordenadora pedagógica (2010), e, um ano depois, ao cargo de diretora do Colégio Jeovando Lopes, por duas vezes, nas gestões dos então prefeitos Raimundo Nonato e Miriam Bruno.
Já no ano de 2015, renunciei ao cargo para cursar o Mestrado em Educação e Diversidade pela UNEB onde fui aprovada em primeiro lugar, levando o nome de Umburanas as manchetes de jornais regionais. Bem como, a congressos em outros territórios baianos, estados e países, como a Argentina, mundo a fora.
Agora coloco-me como organizadora e autora desse site intitulado: “Umburanas, meu lugar no mundo”, certa de que não ocupamos todo o espaço geográfico, mas, parte dele onde por meio de nossas vivências e experiências construímos sentimentos de pertencimento e afetividade. Minhas raízes e memórias estão nesse solo, nas paisagens, nos lugares e nas pessoas que amei. É aqui também onde desejo realizar meus projetos futuros, inclusive, de um dia descansar em sua terra vermelha.
Por Jesiâne Lopes da Silva, umburanense.
[1] Conhecido como amarelinha
[2] Conhecido como elástico
[3] Saúvas
[4] Rituais de candomblé
[5] Florisvaldo Carneiro Cunha
[6] Campo Formoso e Jacobina, respectivamente.
[7] sendo que anteriormente no ano de 2009 já havia iniciado a carreira como professora do Ensino Médio através do processo seletivo REDA.
Fonte: CPRM-BA, 2005.
O município de Umburanas está situado no centro-norte do estado da Bahia, Brasil (Figura 1.), especificamente, na microrregião de Jacobina no Território do Piemonte da Diamantina (Figura 2.). O município possui uma área territorial de 1.775,633 km²[1] tendo como limites os municípios de Sento Sé, Campo Formoso, Mirangaba, Ourolândia e Morro do Chapéu. (Figura 3.).
Sua população informada no censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no ano de 2010 foi de 17 mil pessoas com densidade demográfica de 10,18 habitantes/km²[2], mas, apesar da estimativa do IBGE para o ano de 2021 superior a 19 mil habitantes, caiu para 13.642 habitantes e 7,68 habitantes/km² (densidade demográfica), segundo dados oficiais do IBGE do ano de 2022. Seus habitantes se chamam umburanenses.
A sede do município tem uma altitude de 708 metros e coordenadas geográficas de 10° 73’ de latitude Sul e 41° 32' de longitude Oeste[3], situada a noroeste de Salvador, capital do estado da Bahia, distante 440 km[4]. O Código de Endereçamento Postal Geral da Cidade (CEP) é 44.798-000.
O município de Umburanas - Bahia é composto pela sede de Umburanas, o distrito de Delfino e inúmeros povoados e localidades que totalizam 62 (conforme Mapa Municipal do IBGE de 2021), apesar de historicamente serem conhecidos como 42 povoados (incluindo a sede de Umburanas e o distrito de Delfino). O Quadro 1. Organiza nominalmente essas localidades que constituem o município, por ordem alfabética, conforme Mapa Municipal do IBGE, atualizado no ano de 2021.
[1] IBGE, 2022.
[2] IBGE, 2010.
[3] IBGE, 2021.
[4] BAHIA, 2005.
Por Jesiâne Lopes da Silva
Professora Mestra em Educação e Graduada em Geografia
REFERÊNCIAS E FONTES CONSULTADAS PELA AUTORA:
BAHIA. Projeto Cadastro de Fontes de Abastecimento de Água Subterrânea: Diagnóstico do Município de Umburanas-Bahia. Salvador: CPRM/PRODEEM, 2005.
https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ba/umburanas/panorama
https://umburanas.ba.gov.br/cidade/
https://www.cidadesdomeubrasil.com.br/ba/umburanas
https://mapasapp.com/brasil/bahia/umburanas-ba
https://meumunicipio.org.br/perfil-municipio/2932457-umburanas-ba
Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:
SILVA, Jesiâne Lopes da. Localização de Umburanas no mundo. In: Umburanas: meu lugar no mundo. Disponível em: https://sites.google.com/d/18ZIGbRz0z2AIwKNdpYQH6Fz5QDgCuoV/p/1E7NDLcydjzstjHyNxIOlKpkoTILouCa4/edit. Acesso em: 27 de abril de 2023.
Segundo registros históricos[1], a formação do território de Umburanas teve início no ano de 1846, quando Dona Benedita Maria da Cruz e seus quatro filhos compraram essas terras[2], por um valor equivalente a duzentas cabeças de gado, ao então presidente da província da Bahia, Antônio Inácio de Azevedo, denominando-as de Fazenda Gruna ou Granja de São Lourenço que mais tarde passou a pertencer ao senhor José Bruno da Cruz, genro de Dona Benedita, que intensificou o uso da terra na extensão limítrofe com o município de Sento Sé, atual povoado de Gruna, hoje pertencente ao município de Umburanas.
Contudo, foi na extensão dessas terras ainda inexploradas pelos seus compradores que nasceu a cidade de Umburanas, no ano de 1926, com a chegada dos primeiros moradores. João Cardoso dos Passos, conhecido como João Tropeiro, nascido no estado de Pernambuco, no dia 24 de junho de 1890[3], ainda jovem, teria saído de casa após um conflito com sua madrasta, vindo para o povoado de Alagoinhas também conhecido como Upamirim[4], onde conheceu João da Silva. Juntos resolveram fazer uma caçada de animais silvestres e mel de abelha, adentrando a caatinga abundante em árvores de umburana de cheiro e umburana de cambão, chegaram a essas terras avermelhadas e férteis que muito lhes agradou. Dormiram ali mesmo e no dia seguinte iniciaram a construção de uma casinha com toras de umburanas para moradia. João da Silva então retornou para Alagoinhas, distante cerca de 37 km, para dar notícias aos familiares que ao chegarem nas novas terras iniciaram o povoamento e o plantio agrícola de diversos alimentos como mamona, feijão, mandioca, batata doce, aipim, gergelim, abóbora e melancia. Com a repercussão das terras férteis, logo chegaram os senhores Euzébio Vieira da Silva, Raimundo da Paixão, Tiago Pereira da Silva e outros moradores que juntos denominaram-na de Descobertas das Imburanas, que tempos depois passou a se chamar Umburanas, tal como conhecemos hoje.
No povoado de Umburanas, a época pertencente ao município de Campo Formoso, João Tropeiro casou-se com Alexandrina Maria de Jesus com a qual teve doze filhos, criados pela força do trabalho agrícola e da convivência com a seca, e, por vezes tiveram que beber água da batata do Umbuzeiro para sobreviver. Quando viúvo, João Tropeiro, se casou novamente com uma mulher também por nome Alexandrina (conhecida popularmente como Dodora) com o qual criou mais dois filhos. O patriarca, faleceu aos 107 anos, no dia 21 de abril de 1997, quando Umburanas já era uma cidade, emancipada há oito anos.
Inicialmente, Umburanas pertencia ao distrito de Delfino município de Campo Formoso, quando no ano de 1955 foi realizada a primeira feira livre em Umburanas, o que atraiu pessoas da região e contribuiu para o crescimento do povoado que foi elevada à categoria de vila, passando a ser distrito de Campo Formoso no final de 1982, dando início as sucessivas tentativas para emancipação política e administrativa de Umburanas, com destaque para a atuação dos munícipes Amandio Bruno da Cruz e Francisco Freire, popularmente conhecido como Chico Freire. Para aprovação do projeto era necessário um quantitativo de população e eleitores que gerava conflitos com os interesses da administração pública de Campo Formoso, que só foi possível resolver graças a articulação política com o deputado Florisvaldo Carneiro Cunha junto ao IBGE, tendo sido aprovado o projeto em sua quarta versão, sob o número de Lei 4.844. Em 08 de janeiro de 1989 foi realizado um plebiscito e no dia 24 de fevereiro do mesmo ano, o município de Umburanas foi efetivamente emancipado. Já em 15 de novembro, ocorreu a primeira eleição para prefeito, tendo como candidatos pelo Partido da Frente Liberal (PFL), o senhor Amandio Bruno da Cruz[5] (filho de José Bruno da Cruz, um dos primeiros proprietários dessas terras denominadas de Fazenda Gruna ou Granja de São Lourenço e um dos autores do projeto de emancipação política de Umburanas) e pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), o jovem Jeovando Lopes de Almeida[6] (filho do comerciante e político Liborino Lopes de Almeida[7] que antes de sua morte desejou que o filho médico fosse prefeito de Umburanas). Tendo sido eleito o Dr. Jeovando Lopes de Almeida que tomou posse como primeiro prefeito de Umburanas em 01 de janeiro de 1990. Vindo a óbito precocemente em 03 de fevereiro de 1991 por complicações cardiovasculares, mas, deixou seu legado para a recém cidade como a construção da Delegacia, da Creche e do Colégio que leva o seu nome, homenageado pelo vice-prefeito Matias Fernandes Cruz que deu continuidade ao seu mandato eletivo.
Na construção do espaço geográfico de Umburanas, muitos homens e mulheres registraram seus nomes na história política de nosso município, dando sua contribuição através do serviço público para o desenvolvimento local dessa terra e de nossa gente, hoje com destaque na produção de abacaxi e energia eólica, nas escalas estaduais e nacionais, respectivamente.
Analisando o Quadro 1. abaixo é possível considerar que o primeiro prefeito de Umburanas, Jeovando Lopes de Almeida, após sua morte precoce, foi sucedido pelo vice-prefeito Matias Fernandes Cruz. Seguido por Alfredo Ribeiro Jatobá conhecido popularmente como Dodô. Já Joel Muniz de Almeida, foi o primeiro prefeito de Umburanas a ser eleito para dois mandatos consecutivos. Sucedido por Edil Muniz Lopes, que em seu terceiro ano como prefeito teve seu mandato caçado judicialmente e foi substituído interinamente pelo então presidente da Câmara de Vereadores, José Muniz Barbosa, e, posteriormente, no ano de 2008 por Raimundo Nonato da Silva (ex-vereador) que se reelegeu para mais um mandato e após teve como sucessora Mirian Bruno da Silva (ex-vereadora e presidenta da Câmara). Em 2017, foi eleito para prefeito Roberto Bruno da Silva (ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais) que se reelegeu para mais um mandato e teve como sucessor, o atual prefeito, Fabrício Lopes Ribeiro de Almeida (filho do ex-prefeito Joel Muniz de Almeida, in memórian).
Destaco o nome dos primeiros vereadores eleitos para legislar o município de Umburanas, sendo nove: 1. Ademir Tomaz de Aguiar, 2. Cristino Sabino dos Santos, 3. Dalmir Bruno dos Santos, 4. Djalma Teixeira dos Santos, 5. Dionísia Celestino de Carvalho, 6. Jilson Braga Ribeiro, 7. Izídio Bispo da Gama, 8. José Clarindo Ferreira e 9. Rosalvo Evangelista de Carvalho. Aqui podemos considerar sobre a presença das mulheres umburanenses na política. Sendo a primeira mulher eleita vereadora do município de Umburanas, Dionísia Celestino de Carvalho (1990-1992), seguida por Eluzinete Lopes da Cruz (1997-2000 e 2001-2004), eleita para dois mandatos e tendo sido a primeira mulher vereadora a presidir a Câmara de Vereadores de Umburanas, por dois mandatos consecutivos. Na sequência cronológica destacam-se Tânia Ribeiro Torres (2005-2008), Dábia Muniz Barbosa e Mirian Bruno da Silva (2008-2012) que também presidiu a Câmara de Vereadores e se tornou a primeira mulher eleita prefeita de Umburanas. Outras mulheres umburanenses a ocuparem uma cadeira no Poder Legislativo Municipal de Umburanas foram Sarah Miranda Souza e Vanessa Gomes Freires (2013-2016), Marlene Ferreira da Silva Muniz (2017-2020), Joelma Alves Batista Costa, Rúbia Mabel Gonçalves Barbosa (2021-2024) e Viviane Cardoso (2025-2029). Contudo, apesar da presença das mulheres em todos os mandatos eletivos da política de Umburanas, observa-se que esse número não passou de duas cadeiras por mandato, sendo um espaço de poder que cabe as mulheres umburaneses conquistarem cada vez mais por sua representatividade e competência política, já comprovada pelas anteriores.
Cabe listar cronologicamente os vereadores e as vereadoras e seus respectivos números de mandatos com destaque para aqueles que tiveram ou estão em seu quarto mandato, sendo recorde na história política da vereança de Umburanas: Ademir Tomaz de Aguiar (2 mandatos), Cristino Sabino dos Santos (4 mandatos), Dalmir Bruno dos Santos (1 mandato), Djalma Teixeira dos Santos (2 mandatos como vereador e 2 como vice-prefeito), Dionísia Celestino de Carvalho (1 mandato), Jilson Braga Ribeiro (3 mandatos como vereador e 1 como vice-prefeito), Izídio Bispo da Gama (4 mandatos), José Clarindo Ferreira (1 mandato), Rosalvo Evangelista de Carvalho (3 mandatos); Amandio Bruno da Cruz (1 mandato), Jacinto da Silva Miranda (1 mandato), Januário Ribeiro da Silva (1 mandato), Pedro Caetano da Silva (1 mandato), Pedro Félix da Gama (3 mandatos), Reinaldo Ribeiro de Almeida (1 mandato); Eluzinete Lopes da Cruz (2 mandatos), Raimundo Nonato da Silva (1 mandato), Romilda Souza Miranda (1 mandato), Tertuliano L. Santos Junior (1 mandato), Bonifácio Braga Ribeiro (4 mandatos), Edivaldo Muniz Lopes (2 mandatos), Elizeu Benício Lopes (1 mandato), Ermivaldo Pires Miranda (2 mandatos), Genivaldo Muniz Santos (2 mandatos), Petronílio Joaquim da Silva (1 mandato), Valdir Soares de Sousa (3 mandatos), Fagner Soares da Silva (1 mandato), Francisco Wellington da Silva (1 mandato), Genivaldo Ribeiro dos Santos (1 mandato), José Muniz Barbosa (4 mandatos como vereador, sendo 1 como prefeito interino), Tânia Ribeiro Torres (1 mandato); Clébio Lopes da Gama (2 mandatos), Dábia Muniz Barbosa (1 mandato), Herval Lopes Muniz (4 mandatos), Luiz Henrique Bispo Oliveira (1 mandato), Marcos Reis Santana (1 mandato), Mirian Bruno da Silva (1 mandato), Romilson Camacam Ribeiro (3 mandatos), Paulo Alves de Oliveira (1 mandato). Agelandio dos Santos Carvalho (3 mandatos), Clóvis Bispo da Gama (1 mandato), Genivaldo Vieira dos Santos (1 mandato), Jaelson da Silva Bispo Gonçalves (1 mandato como vereador e 1 como vice-prefeito), Manoel Pires Neto (2 mandatos), Neomar Joaquim da Silva (1 mandato), Sarah Miranda Souza (1 mandato), Sinielton Oliveira (1 mandato), Vanessa Gomes Nunes Freires (1 mandato), Claudenir Ribeiro Soares (1 mandato), Edivan Jatobá da Silva (3 mandatos), Erivan Batista Freires (2 mandatos), Jair Ribeiro da Silva (2 mandatos), Marlene Ferreira da Silva Muniz (1 mandato), Wesley Oliveira Jatobá (1 mandato), Antonho da Silva (1 mandato), Joelma Alves Batista Costa (1 mandato), Manoel Ribeiro Soares Neto (2 mandatos), Rúbia Mabel Gonçalves Barbosa (1 mandato), Sostenis Almeida Barbosa (2 mandatos), Vicente Benicio de Souza Neto (1 mandato); Nadson Almeida, Uislan Bruno e Viviane Cardoso (primeiro mandato). Uma informação a ressaltar é o número de cadeiras no Poder Legislativo Municipal de Umburanas que inicialmente eram nove, saltou para onze e atualmente regrediu para nove, resultado da dinâmica da população local que no ano de 2022 caiu de 17 mil para 13, 6 mil habitantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Finalizo esse texto sobre a história de povoamento e emancipação política de Umburanas, com renovação dos votos proferidos pelo primeiro prefeito de Umburanas, Dr. Jeovando Lopes de Almeida, no ato de sua posse em 01 de janeiro de 1990:
Eu quero nesse momento agradecer a toda a comunidade de Umburanas (...). Quero agradecer de coração por todos estarem presentes e todos aqueles que contribuíram de forma bonita, cristalina e democrática para que eu o filho da terra chegasse a ser o primeiro prefeito da nossa terra! E quero finalizar, neste momento em que estamos comemorando o Dia Mundial da Paz, desejar a todos os umburanenses, enfim, a toda a humanidade, muita saúde e muita paz e que Deus brilhe os nossos caminhos para que nós possamos construir uma história bonita e feliz para todos nós!
[1] Escritura Pública de Compra e Venda registrada no livro número 5, nas folhas 27 a 29, no Cartório de Imóveis e Hipoteca da Vila de Santo Antônio, atual município de Jacobina, em 27 de julho de 1846. (CRUZ, 1996).
[2] pertencentes à Sesmaria do Médio São Francisco
[3] filho de Faustino Cardoso Passos e Maria dos Passos
[4] antes pertencente ao município de Campo Formoso e atualmente pertencente ao município de Umburanas
[5] Filho de José Bruno da Cruz e Alcina Lopes da Cruz, nasceu em Sento Sé – Bahia, em 03 de maio de 1945. Veio de Gruna para Barriguda do Doutor (Umburanas) em 1969, casando-se com Doralice Miranda Cruz em 12 de abril de 1969. Em 1982, foi candidato a vereador por Campo Formoso. Foi um dos líderes e autores do projeto da Emancipação Política de Umburanas. Em 1989, concorreu a primeira eleição de prefeito do município de Umburanas e no ano de 1992, finalmente, foi eleito vereador de Umburanas para o mandato de 1992 a 1996.
[6] nascido em 25 de novembro de 1955, na cidade de Umburanas, filho de Liborino Lopes de Almeida e de Zoorolina Muniz Lopes, formado em medicina aos 33 anos, pela Faculdade Federal da Bahia, deu continuidade ao sonho do seu pai de tornar Umburanas uma cidade. Em 1989 com a participação de vários companheiros conseguiu legalmente a emancipação da cidade e em 1990 ocupou o cargo de primeiro prefeito de Umburanas.
[7] Em 1966 foi eleito vereador pelo município de Sento Sé-BA e contribuiu nas campanhas políticas do município de Campo Formoso. Foi um dos líderes que mobilizou a população umburanense para votação do plebiscito que a elevou a categoria de cidade. Mas, veio a falecer em dezembro de 1988.
Quadro 1. Relação de prefeitos, vice-prefeitos, vereadores e presidentes da Câmara de Umburanas, de 1990 a 2025
Fonte: UMBURANAS, Poder Legislativo Municipal, 2024. Org. e atualizado pela autora: SILVA, Jesiâne Lopes da. 2025.
Figura 1. Monumento João Cardoso dos Passos (João Tropeiro), 2022
Fonte: Prefeitura Municipal de Umburanas, 2025
Figura 2. Jeovando Lopes de Almeida, primeiro prefeito de Umburanas, 1989
Fonte: Vídeo divulgado por Valéria Almeida, 2024.
Por Jesiâne Lopes da Silva
Professora Mestra em Educação e Graduada em Geografia
Referências e fontes consultadas pela autora:
CRUZ, Amandio Bruno. Entrevista concedida no Centro Educacional Dr. Jeovando Lopes de Almeida, 2024.
MIRANDA, Eliane Cardoso. Entrevista concedida na Escola Municipal Rômulo Galvão, 2023.
UMBURANAS. Plano Municipal de Educação: Aspectos Históricos. Diário Oficial do Município, 164 – Ano VII, nº 1037 de 5 de novembro de 2015. p. 18-19.
UMBURANAS. Relação dos prefeitos, vice-prefeitos, presidentes da Câmara e vereadores, dos anos de 1990 a 2024. Poder Legislativo do Município, 2024.
Gostaria de fazer a referência desse texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:
SILVA, Jesiâne Lopes da. Nossa história, nossa gente: Do povoamento a emancipação política de Umburanas-BA. In: Umburanas: meu lugar no mundo. Disponível em: https://sites.google.com/view/umburanasmeulugarnomundo/p%C3%A1gina-inicial. Acesso em: 04 de março de 2025.