Introdução sobre o Projeto

Análises produzidas por organismos internacionais como a Organização Mundial do Turismo (UNWTO, na sigla em inglês)[1] prevêem um impacto de cerca de 60 a 80% de perdas econômicas no setor turismo neste ano de 2020 em função da pandemia do coronavírus. Ademais, estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV)[2] aponta para perdas no Brasil em torno de 21,5% do PIB do setor, comparativamente ao ano de 2019.

A despeito da relevância das análises para as escalas mundial e nacional, é nos lugares que o turismo acontece e, portanto, as localidades com maior dependência econômica do turismo são aquelas que, efetivamente, serão mais impactadas.

Este é o pano de fundo sobre o qual se estrutura esta pesquisa, que tem por objetivo geral identificar e analisar impactos da pandemia sob uma perspectiva multi e trans-escalar.

Assim, na escala nacional, objetiva-se levantar informações/dados sobre países como Brasil, Portugal, França e Moçambique.

Nas escalas regional e local, os estudos de caso viriam da Amazônia, do Nordeste e do litoral paulista (região da Baixada Santista), abarcando localidades com maior dependência econômica do turismo.

A taxa de dependência do turismo é calculada com base na massa salarial, na porcentagem de estabelecimentos comerciais e na porcentagem de empregos no setor, conforme metodologia de pesquisa desenvolvida pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), no âmbito do Sistema de Informações sobre o Mercado de Trabalho no Setor Turismo (SIMT)[3].


[1] News Release. Madrid, 07 May 2020. Disponível em: <https://www.unwto.org/news/covid-19-international-tourist-numbers-could-fall-60-80-in-2020>. Acesso em 18 maio 2020.[2] FGV PROJETOS. Impacto econômico do Covid-19. Propostas para o turismo brasileiro. Rio de Janeiro: FGV, abril de 2020. Disponível em: <https://fgvprojetos.fgv.br/artigos/impacto-economico-do-covid-19-propostas-para-o-turismo-brasileiro-abril-2020>. Acesso em 18 maio 2020.[3] Cf. Extrator de Dados do IPEA. Disponível em: <https://www.ipea.gov.br/extrator/simt.html>.

Procedimentos Metodológicos

Passo 1: Definição/escolha das sub-regiões e municípios que serão estudados – a escolha das sub-regiões e dos municípios poderá ser feita com base na conhecida relevância desses lugares enquanto receptores de turistas nos respectivos estados, devendo-se, também, levar em conta aspectos como a taxa de dependência da região ou localidade em relação ao turismo (participação no PIB; Base de dados do IPEA; Pólos de Turismo definidos pelo MTur).

Passo 2: Levantamento de dados sobre as regiões/localidades escolhidas – para além dos dados quantitativos (dimensionamento do fluxo de turistas/ano, por exemplo), espera-se a produção de informações qualitativas como origem dos turistas (nacionais/estrangeiros), segmentos mais importantes (lazer, religião, eventos, negócios, visitação a áreas protegidas etc), presença de Domicílios Particulares de Uso Ocasional, ocorrência de festas/eventos catalisadores de fluxos concentrados no tempo, visitação de um dia, existência de parque hoteleiro (regional/nacional/internacional) etc.

Passo 3: Identificação dos principais impactos da pandemia sobre o turismo nacional/regional/local – juntamente com a diminuição brusca dos fluxos de turistas, diversos desdobramentos decorreram da crise sanitária provocada pela Covid-19, como fechamento de estabelecimentos comerciais fortemente dependentes da atividade turística (bares, restaurantes, meios de hospedagem em geral, agências de turismo, empresas de eventos, prestadores de serviços de guia e de lazer, locadoras de automóveis etc.), demissão de trabalhadores, redução brusca na arrecadação de impostos pelas municipalidades, entre outros.

Passo 4: Identificação de ações tomadas por governos locais e nacionais no sentido de minimizar os efeitos da crise sobre o setor (programas, planos, projetos, decretos etc.).

Possíveis Fontes de Informação

* Ministérios do Turismo (Brasil, França, Irlanda, Portugal, Moçambique) e outros Organismos Públicos com relação direta com a atividade, como é o caso da EMBRATUR no Brasil

* Secretarias Estaduais e Locais de Turismo (a depender do país)

* Convention & Visitors Bureau

* Associação Brasileira das Agências de Viagens (ABAV), Associação Brasileira da Indústrias de Hotéis (ABIH), Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR), dentre outras associações presentes no Brasil e demais países sob análise

* Conselhos Gestores de Unidades de Conservação

* Assembleias Legislativas

* Mídias com alta reputação (jornais e revistas impressos ou em versão digital)

Instrumentos de Pesquisa

Dada a impossibilidade de deslocamentos espaciais e, consequentemente, de realização de trabalhos de campo para observação e maior aproximação com os objetos empíricos da análise, sugere-se, entre os instrumentos de pesquisa a utilização apenas de entrevistas. Neste caso, de modo a padronizar os resultados, sugere-se, no caso de utilização desse instrumento, a realização de entrevistas semi-estruturadas com, por exemplo, agentes públicos, empresários ou outros sujeitos diretamente implicados.

Sites úteis