Princípios Programáticos

Na última década, o Instituto Superior Técnico reforçou a sua reputação e liderança como uma das instituições de referência no ensino superior e no sistema científico e de inovação em Portugal.

Atraímos os melhores alunos nas áreas de engenharia, ciência, tecnologia e arquitetura no 1º ciclo, e a formação do Instituto Superior Técnico em todos os níveis é reconhecida nacional e internacionalmente em todos os setores da sua atividade. Os alumni do IST contribuem para o avanço da ciência e da engenharia, para o desenvolvimento económico e social em todo o Mundo, da Comissão Europeia às Nações Unidas, das maiores empresas do Mundo às empresas portuguesas mais empreendedoras, das melhores universidades do Mundo às organizações não governamentais mais empenhadas e relevantes.

As unidades de investigação do Técnico são sistematicamente reconhecidas e avaliadas nos patamares mais elevados, os nossos departamentos são referências no país, acolhendo líderes científicos e académicos com projeção e impacto na sociedade, em Portugal, na Europa e no Mundo, promovendo um ensino de maior qualidade e mais inovador.

Simultaneamente, deparamo-nos atualmente com um conjunto de desafios particularmente complexos e, ao mesmo tempo, mobilizadores. Os padrões cada vez mais elevados, e a internacionalização, tornaram-nos também mais exigentes. As expectativas elevadas que todos partilhamos relativamente ao desenvolvimento do Técnico são acompanhadas por uma ambição reforçada. O enorme potencial da comunidade também aumenta a responsabilidade coletiva do Técnico, não só perante as naturais expectativas e ambições de todos os membros da comunidade, estudantes ou profissionais, mas também perante a sociedade e a construção do nosso país e da Europa. É nos momentos de crise, como aquele que agora sentimos, que as instituições devem assumir lideranças fortes e responder aos desafios urgentes desencadeados pela mudança acelerada.

É neste contexto de forte transformação que é fundamental renovar e aumentar a ambição do Instituto Superior Técnico, reforçar a nossa comunidade e projetar e redesenhar o futuro, liderando a recuperação e a transformação do país. Contribuiremos para estes objetivos através dos nossos alunos e alumni, e da ciência, tecnologia e engenharia produzida pelos nossos professores e investigadores, apoiados por toda a comunidade, congregados para contribuir para a melhoria e para o progresso da sociedade.

As lições aprendidas com os desafios recentes devem preparar-nos para o mundo pós-pandémico. Com forte probabilidade, trabalharemos de forma diferente e mais deslocalizada, com maior recurso às tecnologias digitais. Ensinaremos com mais recursos digitais e a concorrer com instituições de todo o mundo que competirão globalmente por alunos, em particular, os melhores. As nossas agendas e fundos de investigação serão cada vez mais determinados pelas preocupações dos nossos concidadãos com a Saúde e o Bem-Estar, a Transição Digital e as Alterações Climáticas. A sociedade e os nossos concidadãos terão expectativas acrescidas relativamente ao papel das universidades, por exemplo na resposta aos desafios em muitas áreas da nossa sociedade, às suas necessidades de formação, à resolução dos seus problemas mais prementes e ao desenvolvimento económico e social.

Os desafios que se colocam ao Instituto Superior Técnico requerem uma abordagem concertada e uma visão partilhada por toda a nossa comunidade: estudantes, alumni, profissionais técnicos e administrativos, investigadores e docentes.

Identificamos cinco importantes pilares para a ação dos órgãos da Escola (Conselho de Escola, Conselho Científico, Conselho Pedagógico, Assembleia de Escola) a cujas eleições nos apresentamos. O nosso compromisso para com a Escola é, portanto, desenvolver as nossas atividades de acordo com os princípios programáticos enquadrados em cinco pilares:

O Técnico e o Talento;

O Técnico e a Sociedade;

O Técnico e a sua Comunidade;

O Técnico, as Alterações Climáticas e as Transições Energética e Digital;

O Desenvolvimento Institucional do Técnico.

O Técnico e o Talento

Desde a sua fundação que a questão do talento é central no Técnico como bem evidenciado nas reflexões visionárias de Alfredo Bensaúde. O talento é uma das marcas mais importantes do Técnico no País, na Europa e no Mundo. Na atualidade esta questão é ainda mais premente e prioritária para qualquer organização moderna e, em particular, para as instituições de ensino superior, ciência e inovação, pois estas afirmam-se como elementos fundamentais quer na formação de talento altamente qualificado, quer na sustentação de um ecossistema de inovação que potencia o talento, colocando-o ao serviço da sociedade. O fortalecimento destas duas dimensões, com o objetivo de aumentar a nossa capacidade para atrair, formar e reter os melhores, será prosseguido, em particular, através das seguintes ações globais:

Modernizar e requalificar o ensino e formação do 1º e 2º ciclos, de forma a reforçar a nossa competitividade internacional;

Captar e fixar os melhores alunos nacionais e estrangeiros, mantendo os padrões já alcançados para o 1º ciclo e reproduzindo-os na captação para o 2º e 3º ciclos;

Promover a inovação no ensino, como instrumento para melhorar a formação dos alunos e aumentar a qualidade e a eficiência da oferta formativa;

Rever e promover ativamente a oferta doutoral do Instituto Superior Técnico, reforçando as sinergias com as unidades de investigação com vista a estruturar uma Escola Doutoral em Ciência e Engenharia, e à criação da marca “doutorado do Técnico”, associando-a à marca “engenheiro do Técnico”;

Fomentar a ligação dos doutorados à sociedade e o desenvolvimento de carreiras não académicas, designadamente ligadas a empresas inovadoras, aumentando o seu impacto e dando visibilidade a temas emergentes;

• Reforçar as ofertas curtas de “2º e 3º ciclo profissionalizantes não conferentes de grau” via Técnico+ e de “2º ciclo” via cursos conferentes de grau com tipologias mais curtas para requalificação (“reskilling” e “up-skilling”), alinhando-as com as necessidades da sociedade, das empresas e de reindustrialização da economia;

Consolidar o processo de evolução dos recursos docentes e investigadores, promovendo medidas que aumentem a capacidade de competir pelo melhor talento, aumentando a previsibilidade da calendarização dos processos associados aos recursos docentes e investigadores , incluindo medidas que reforcem a igualdade de género, a diversidade e a inclusão, e integrando-o de forma mais estreita (na componente não permanente) com o 3º ciclo;

Consolidar os mecanismos da avaliação de desempenho, das avaliações com vista ao provimento definitivo e da abertura de vagas para possível promoção, permitindo aos docentes e investigadores a progressão na carreira sempre que o mérito o justifique, com base em critérios exigentes de reconhecimento pelos pares internacionais, e padrões uniformes a toda a Escola;

Alargar os instrumentos de gestão e promoção de carreiras científicas a todo o ecossistema do IST, nomeadamente às unidades de investigação;

Promover a formação em liderança, gestão de equipas, funcionamento interno e procedimentos específicos, para todos os dirigentes (unidades académicas, científicas, administrativas), bem como a formação e o desenvolvimento de carreira de todos os profissionais (investigadores, docentes e pessoal técnico e administrativo);

Promover novas formas de trabalho que aumentem a colaboração, a eficiência, a motivação e o bem-estar da comunidade;

Reforçar os instrumentos de apoio à gestão e ao desenvolvimento das carreiras de todos os profissionais.

O Técnico e a Sociedade

O impacto do Técnico na sociedade portuguesa é evidenciado pela relevância das competências dos seus alumni, cujo papel é reconhecido e central em muitos dos domínios da nossa sociedade. Na última década, este movimento de abertura e ligação à sociedade foi acelerado. É fundamental manter e reforçar os instrumentos que aumentem o impacto e o alcance do Técnico e valorizar externamente o impacto social e económico das atividades da nossa comunidade. O aprofundamento da ligação do Técnico à sociedade seguirá as seguintes linhas de ação:

Reforçar o papel dos alunos, por exemplo através dos núcleos, clubes, AEIST, e conselhos em que participam, na promoção do alargamento da missão do IST na Sociedade;

Reforçar o papel dos alumni na ligação do IST à sociedade;

Reforçar a imagem e a presença na web do IST e dos seus departamentos e unidades de ID, fomentando a comunicação da ciência, engenharia, e arquitetura desenvolvida no IST por toda a comunidade;

Prosseguir o alargamento e aprofundamento da rede de parceiros IST e promover uma maior ligação ao meio industrial e empresarial, reforçando o entrosamento com as unidades de ID;

Implementar agendas de investigação e de formação específicas para responder às oportunidades criadas pela transição energética e digital nas empresas e na sociedade em geral, reforçando as parcerias e redes internacionais em que o IST está envolvido;

Identificar e implementar agendas de investigação e de formação alargadas para responder aos desafios criados pelas alterações climáticas, pela promoção de qualidade de saúde e bem estar e pela transição energética e digital nas empresas e na sociedade em geral ;

Implementar agendas de investigação e de formação específicas para responder às áreas prioritárias que definidas no âmbito da recuperação pós-pandemia, criando as condições internas operacionais necessárias para tal, e promovendo parcerias dentro da ULisboa para responder aos desafios multidisciplinares da nossa sociedade;

Promover discussões regulares, alargadas a toda a comunidade, dos temas mais relevantes para o IST, para a universidade e para a sociedade;

Reforçar a tradição de intervenção social da comunidade do IST, em particular junto das pessoas e das comunidades mais desfavorecidas e marginalizadas da nossa sociedade;

Reforçar a rede de alumni do IST e a Rede de Parceiros para que, de forma sinergística, se constituam como instrumentos para o desenvolvimento institucional do Técnico;

Reforçar a internacionalização de todas as dimensões da atividade do IST e de toda a sua comunidade.

O Técnico e a sua Comunidade

Os desafios que se colocam ao Técnico e a visão que ambicionamos podem ser concretizados com a intervenção de todos: estudantes e profissionais técnicos e administrativos, investigadores e docentes. É fundamental reforçar as ligações e as interações entre os membros da nossa comunidade, fomentar a comunicação interna e incentivar a participação de toda a comunidade na vivência universitária. Este pilar será desenvolvido, nomeadamente, através das seguintes ações:

Reforçar os mecanismos de participação e comunicação dentro da comunidade do IST;

Promover o mérito em todas as atividades no IST;

Consolidar os instrumentos de disseminação das decisões de todos os órgãos, promovendo a comunicação interna e a partilha de informação;

Fortalecer os instrumentos de disseminação de oportunidades para investigação e participação na sociedade da comunidade IST;

Alargar a figura do provedor a todos os membros da nossa comunidade, estudantes, profissionais técnicos e administrativos, investigadores e docentes;

Promover a equidade, inclusão e diversidade, com implementação de políticas proativas nas diferentes dimensões da atividade do IST, nomeadamente nos recursos humanos;

Promover mecanismos que reforcem a colegialidade, participação e representação de todos os membros da comunidade;

Reforçar os códigos de conduta para todos os membros da comunidade;

Criar e dignificar os espaços emblemáticos para cerimónias e atos académicos, e capacitar os espaços para novas metodologias de ensino, espaços colaborativos para atividades de ensino de índole experimental, desenvolvimento de infraestruturas de investigação partilhadas, animação de espaços de convívio, e de interação entre os membros da comunidade.

O Técnico, as Alterações Climáticas e as Transições Energética e Digital

A década em que nos encontramos é a década das alterações climáticas e do reconhecimento dos limites planetários, com todas as suas consequências para os territórios e para a economia. A estes desafios, somam-se os desafios da transição energética e da transição digital e a consequente promoção de melhor educação, melhor emprego e padrões mais elevados de qualidade de vida. Como motor do conhecimento e da inovação, o Técnico deve assumir o seu papel nestes desafios através das seguintes linhas de ação:

Tornar o IST uma referência em termos de campi sustentáveis, neutralidade carbónica e na prossecução dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas;

Promover a transição digital na modernização administrativa do Técnico e nas restantes áreas de atividade, melhorando a eficiência para revigorar as áreas mais diferenciadoras do Técnico;

Implementar agendas de investigação e de formação específicas, para responder às oportunidades criadas pelas alterações climáticas e pela transição energética e digital nas empresas e na sociedade em geral.

Promover a educação e formação digital inclusiva e de alta qualidade;

Reforçar os investimentos em infraestruturas e equipamentos digitais;

Reforçar as competências pedagógicas em novas metodologias de ensino, na utilização de plataformas e ferramentas digitais e novas formas de trabalho fundamentais para sustentar a modernização do ensino;

Reforçar e desenvolver as competências digitais para todos os membros da comunidade do IST, a fim de responder a um mundo cada vez mais mediado por tecnologias digitais;

Promover fóruns de partilha de boas práticas e experiências inovadoras em todas as atividades do IST.

O Desenvolvimento Institucional do Técnico

O Técnico tem procurado, ao longo de toda a sua história, encontrar o enquadramento institucional, a organização e os espaços físicos que melhor lhe permitam desenvolver a sua missão. Esta permanente procura, alicerçada numa cultura institucional forte e diferenciada e na expressão das suas autonomias, é um dos principais fatores para o sucesso do Técnico. Os desafios que se colocam ao Técnico exigem que estes processos de melhoria e aperfeiçoamento sejam continuados. Identificam-se aqui algumas das linhas gerais no desenvolvimento institucional do Técnico:

Criar e apoiar os instrumentos institucionais que permitam acelerar a angariação de fundos para as atividades do IST, com especial relevo para a Fundação Mais Técnico;

Reflexão contínua sobre o enquadramento institucional e a governança que melhor assegurem a prossecução da missão do IST;

Tornar o IST uma referência na administração pública para a gestão dos recursos humanos, da vivência e qualidade de vida no local de trabalho e dos estudantes nos campi;

Desenvolver os instrumentos que fomentem e capacitem o IST para a participação em grandes redes e consórcios internacionais de ensino e de investigação;

Promover o reforço das infraestruturas experimentais do IST e o aumento da sua eficiência de utilização e partilha pela comunidade;

Assegurar a sustentabilidade financeira do IST, promovendo uma visão partilhada das principais opções e prioridades;

Promover a desburocratização de serviços e a modernização administrativa dos processos, garantindo o apoio a toda a comunidade do IST no desenvolvimento de atividades de investigação, ensino e transferência de tecnologia;

Definir uma estratégia de médio prazo para a requalificação e gestão dos espaços, permitindo a sua utilização mais eficiente, e o investimento na infraestrutura do IST em todos os campi, visando ainda a qualidade da experiência de trabalho e colaboração nesses espaços;

Reforçar e diversificar as atividades do IST nas áreas da Saúde, alicerçadas na iniciativa para o campus do CTN e nas iniciativas de ensino e investigação já em curso no interface da Engenharia e das Ciências Fundamentais com as áreas da Saúde;

Reforçar o papel das comissões de visita e alargar este conceito de avaliação a outros aspectos das atividades do IST;

Reforçar os instrumentos de gestão estratégica de todas as unidades académicas, científicas e administrativas, garantindo o alinhamento com a linhas estratégicas do Instituto Superior Técnico.

Os cenários que se colocam a curto e a médio prazo apresentam um elevado grau de incerteza. É por isso que, para além da visão para o futuro que partilhamos, entendemos que é fundamental estabelecer os princípios, normas e valores que nos guiarão, independentemente dos diferentes cenários e contextos em que desenvolveremos a nossa ação. Assim, porque a contribuição de toda a comunidade IST é determinante para a melhoria contínua da nossa Escola, comprometemo-nos a:

1. Promover sempre uma cultura de lealdade e urbanidade entre toda a comunidade do Instituto Superior Técnico;

2. Assumir a boa vontade e a boa fé de todos os membros da comunidade e reforçar a confiança e o espírito coletivo do IST;

3. Promover uma cultura de mérito, reconhecimento, responsabilização e exigência a todos os níveis, celebrando os sucessos e aprendendo com os erros;

4. Fomentar a inclusão e reforçar a diversidade, incluindo a diversidade intelectual;

5. Promover a liberdade académica, abraçar e promover a discussão e o debate, as visões e os pontos de vista distintos;

6. Promover a transparência nas decisões e a consulta e a participação alargada da comunidade;

7. Promover o risco e a ambição, sendo responsável com os riscos que se correm – estar disponível para experimentar, errar e aprender;

8. Aspirar a fazer sempre melhor e o que é correto, em particular, em decisões difíceis, em alinhamento com os princípios e valores mais elevados da nossa instituição e com a missão do Instituto Superior Técnico.