TRANSFLUÊNCIAS: ARTE, PRESENÇA E RELACIONALIDADE
7° ENCONTRO DE PESQUISADORAS/ES DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARTES VISUAIS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – 2022


TEMÁTICA GERAL

O título escolhido para a 7a edição do evento Transfluências: arte, presença e relacionalidade, traz ao ambiente do Encontro o conceito do poeta e professor Antônio Bispo dos Santos, quilombola piauiense, integrante da rede de mestres e docentes da Universidade de Brasília. Sua temática reflete sobre palavras germinantes como confluência e retomada, no sentido de formulações para um estado de presença em que o único é multiplicidade. Seu gesto se coloca em direção ao debate que se articula entre as Artes Visuais e um complexo de questões da atualidade, em interlocução com os estudos da decolonialidade a respeito de epistemologias outras, de formas de pensamento e de representatividade, produção e circulação de ideias, ações colaborativas e participação social, vida em comunidade, seja na esfera mais ampla da sociedade em geral, seja no âmbito mais específico da pesquisa acadêmica. Entende-se, aqui, a produção de arte e sobre arte como meio de articulação entre essas duas esferas (sociedade em geral e Universidade), como parâmetro para reflexões que envolvam alteridade, deslocamentos, ações e atravessamentos, consensos e dissensos. O evento pretende fomentar, por meio da pesquisa em Artes Visuais, o debate acerca da produção de conhecimento científico e técnico, das experimentações e dos processos artísticos, a partir de diferentes eixos temáticos e provocativos desenvolvidos pela equipe curatorial composta por discentes pesquisadores, a saber:

I. Retomar

Uma vez que o processo de colonização envolveu a expropriação conjugada de diversas formas de sobrevivência, que atingiu a mata, os animais, os rios, os ventos, e os demais elementos, espraiando-se até aos territórios, patrimônios e saberes, pensamos alocar sobre essa rubrica pesquisas, atividades e ações que ao subverterem as políticas hegemônicas de silenciamento e/ou exclusão convidem a anular o epistemicídio em marcha.

II. Confluenciar - não virar um

Nos perguntamos sobre os modos de conviver que transpõem o um. Olhamos e sentimos os rios que se misturam, que transbordam suas margens e não deixam de ser-rio. De posse dessas observações críticas feitas por Nêgo Bispo ao caráter “mono do colonialista”, onde só cabem um Deus, uma certeza, uma verdade e um jeito de ser, pensamos nas operatórias de tradução e comunicabilidade, trabalhos que tragam a memória, a história, a noção de alimentação - daquilo que nos alimenta - o canto, as aberturas, a capacidade de permeabilidade das fronteiras, a comunicação por meio dos ventos, das plantas, dos viventes, a reivindicação das múltiplas identidades.

III. Viver-fazer

Na busca de quebrar a dicotomia corpo-mente, procuramos através deste eixo, convidar as pesquisas engajadas com o cotidiano, que compreendem a prática investigativa enquanto fazer. Manufaturas, práticas e pesquisas que busquem desintegrar a separação corpo-intelecto e expandir as pesquisas para o viver-fazer além da academia. Pesquisas que, através das sabedorias do corpo e do cotidiano, contribuam para a criação de categorias que possam reinventar esta dicotomia. Os saberes são múltiplos, diversos, e vão além do saber tradicional (que é um saber colonial), sendo assim, esse eixo reconhece que as pesquisas no campo das artes são também ação. O viver-fazer das pesquisas é o expandir da pesquisa para o cotidiano e a ação, é o conhecimento que ultrapassa as universidades.


COMISSÃO ORGANIZADORA