Olá, estudante! Pronto para iniciarmos mais uma lição desta disciplina?
Você ainda deve se recordar que, em nossa última lição, trabalhamos sobre as principais legislações trabalhistas que regiam o agronegócio no Brasil e os trabalhadores desse setor. Além disso, vimos algumas mudanças que surgiram a partir de reformas recentes, que impactaram as relações entre trabalhadores e seus contratantes diretos ou indiretos.
Nesta lição, exploraremos como a legislação ambiental impacta o agronegócio e a importância da sustentabilidade no setor. O Brasil possui uma das legislações ambientais mais complexas do mundo, regulando o uso da terra, a conservação de recursos hídricos e a preservação da biodiversidade. No contexto agrícola, cumprir essas normas é essencial para garantir a continuidade das operações, evitar penalidades e responder às demandas de consumidores e investidores que cada vez mais exigem práticas agrícolas sustentáveis.
Sendo assim, o objetivo desta lição é proporcionar uma compreensão mais ampla das principais regulamentações ambientais que influenciam o agronegócio e como elas podem ser integradas a práticas de sustentabilidade. Exploraremos as leis que regem o uso sustentável da terra e dos recursos naturais e discutiremos a implementação de técnicas e certificações que fortalecem o compromisso ambiental das empresas. Ao final desta lição, você estará preparado para identificar as principais regulamentações ambientais e adotar práticas que promovam uma gestão agrícola responsável e eficiente.
Então, sem demoras, vamos à nossa lição?
Imagine que você é o responsável por uma grande propriedade de soja no Mato Grosso, uma das regiões mais produtivas do país, mas também uma das mais sensíveis em termos de conservação ambiental. Recentemente, a propriedade foi alvo de uma investigação do Ibama, que identificou o desmatamento em áreas protegidas e o uso excessivo de insumos químicos, resultando em uma multa significativa e na suspensão temporária das operações. Além das penalidades financeiras, a empresa perdeu certificações de sustentabilidade, o que impactou diretamente sua relação com compradores internacionais que priorizam fornecedores com práticas sustentáveis.
Essa situação levanta uma questão crítica: como assegurar que as atividades agrícolas estejam em conformidade com as leis ambientais e, ao mesmo tempo, promover práticas de sustentabilidade? Em um setor que está sob constante vigilância e onde os riscos ambientais podem comprometer a continuidade das operações, a gestão ambiental não é apenas uma exigência legal, mas uma estratégia para garantir a resiliência e a competitividade da empresa.
Para lidar com essa questão, é fundamental compreender as principais legislações ambientais aplicáveis e identificar as práticas que podem tornar as operações mais sustentáveis. Isso envolve a criação de um plano de ação que equilibre produtividade com responsabilidade ambiental, garantindo a proteção dos recursos naturais e a longevidade das operações no agronegócio.
Vamos entender mais sobre esse assunto na lição de hoje!
Para compreender a importância da conformidade ambiental e das práticas sustentáveis no agronegócio, analisaremos o caso da VerdeSol, uma empresa fictícia de médio porte especializada na produção de frutas cítricas para exportação, localizada no estado de São Paulo. No início, a VerdeSol enfrentava sérios problemas relacionados ao cumprimento das normas ambientais, o que incluía o uso excessivo de agrotóxicos, que contaminam os recursos hídricos locais, e a falta de respeito às Áreas de Preservação Permanente (APPs), como exigido pelo Código Florestal. Essas irregularidades resultaram em multas elevadas e na perda de certificações ambientais, afetando diretamente a competitividade e a imagem da empresa no mercado internacional.
Para reverter essa situação e reconquistar a confiança do mercado, a VerdeSol decidiu implementar um programa abrangente de sustentabilidade, e o técnico em agronegócio da empresa teve um papel fundamental nesse processo. Com conhecimento das melhores práticas agrícolas e das normas legais, o técnico auxiliou na formulação de um plano de ação voltado para o cumprimento das leis ambientais e a adoção de práticas agrícolas mais responsáveis. A primeira ação foi a restauração das Áreas de Preservação Permanente (APPs) com o plantio de espécies nativas, contribuindo para a conservação da biodiversidade e a proteção dos corpos d’água, essenciais para a irrigação e o controle da erosão no solo. A VerdeSol também revisou suas práticas de manejo de pragas, substituindo pesticidas convencionais por alternativas biológicas, de modo a reduzir o impacto ambiental e minimizar a contaminação dos recursos hídricos.
Além disso, a VerdeSol investiu em tecnologias de agricultura de precisão, como sensores de umidade e sistemas de irrigação controlada, para otimizar o uso da água e reduzir o desperdício. A empresa também passou a monitorar suas emissões de carbono, estabelecendo metas para a redução das emissões e a neutralização de seu impacto ambiental. Com essas medidas, a VerdeSol conseguiu cumprir as exigências da Lei de Crimes Ambientais e da Política Nacional de Recursos Hídricos, mantendo um uso sustentável dos recursos.
Como resultado dessas iniciativas, a VerdeSol obteve novamente certificações internacionais de sustentabilidade, como a GlobalGAP e a Rainforest Alliance, o que melhorou sua competitividade e ampliou seu acesso a mercados exigentes. Esse caso demonstra que a conformidade ambiental, além de ser uma obrigação legal, pode se tornar um diferencial competitivo, fortalecendo a imagem da empresa e promovendo a eficiência das operações. No agronegócio, práticas ambientais eficazes são essenciais para a sustentabilidade de longo prazo e a construção de uma reputação positiva no mercado global.
Agora que você conheceu como o assunto de hoje é essencial para sua atuação enquanto técnico em agronegócio, vamos nos aprofundar!
A legislação ambiental brasileira é uma das mais completas do mundo e desempenha papel essencial na proteção dos recursos naturais e na promoção da sustentabilidade. O agronegócio, que é um setor vital para a economia brasileira, está sujeito a um conjunto de normas rigorosas que visam equilibrar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental. Segundo Barsano, Barbosa e Ibrahim (2014), as leis ambientais no Brasil abrangem desde a proteção de florestas até o controle de poluição e a preservação de Áreas de Preservação Permanente (APPs), garantindo a integridade ecológica e a qualidade de vida das comunidades rurais e urbanas.
Um dos pilares da legislação ambiental brasileira é a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), instituída pela Lei nº 6.938, de 1981. Essa política define o meio ambiente como “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas” (Brasil, 1981, on-line). Com essa definição ampla, a PNMA enfatiza a necessidade de um desenvolvimento que respeite e preserve o meio ambiente, considerando não apenas os elementos naturais, mas também os aspectos culturais e econômicos (Brasil, 1981). A Política Nacional do Meio Ambiente orienta que todas as atividades econômicas, inclusive as agrícolas, devem adotar práticas de preservação e uso racional dos recursos naturais, promovendo um equilíbrio entre progresso e sustentabilidade.
A aplicação dessa legislação se torna especialmente relevante para o agronegócio, que lida diretamente com a exploração de recursos naturais, como solo, água e biodiversidade. No entanto cumprir essas normas vai além de uma exigência legal, trata-se de um compromisso ético e estratégico para assegurar a sustentabilidade e a competitividade do setor a longo prazo. A crescente demanda por produtos agrícolas sustentáveis, tanto no mercado interno quanto no externo, reforça a importância de que as empresas do setor agrícola se adequem às leis ambientais e adotem práticas que minimizem seu impacto no meio ambiente.
A Constituição Federal de 1988 também destaca a proteção ambiental como um direito fundamental, assegurando que todos têm o direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado, essencial para uma vida saudável e digna. Esse princípio constitucional serve de base para diversas leis e normas que regulamentam o uso sustentável dos recursos naturais, como o Código Florestal e a Lei de Crimes Ambientais. Segundo Antunes (2023), o direito ambiental no Brasil visa limitar a liberdade econômica em prol da proteção ambiental, impedindo que agentes econômicos transfiram seus custos ambientais para a sociedade. Esse equilíbrio entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental é um princípio essencial na gestão de atividades agroindustriais.
O Código Florestal Brasileiro, instituído pela Lei nº 12.651/2012, é um dos marcos mais importantes da legislação ambiental para o setor agrícola, pois estabelece diretrizes específicas sobre o uso e a proteção de áreas naturais dentro de propriedades rurais. Essa lei introduz conceitos fundamentais, como o de Reserva Legal (RL) e Áreas de Preservação Permanente (APPs). De acordo com o Código, os proprietários rurais são obrigados a manter uma porcentagem de vegetação nativa em suas propriedades, a qual varia conforme a região e o bioma: 80% na Amazônia Legal, 35% no Cerrado e 20% nas demais regiões do país. As APPs, por sua vez, abrangem áreas sensíveis, como margens de rios e encostas, que devem ser preservadas para prevenir desastres ambientais, como erosão e assoreamento dos corpos hídricos (Brasil, 2012).
A aplicação das normas do Código Florestal é essencial para proteger a biodiversidade e assegurar a qualidade dos recursos naturais. Segundo Barsano et al. (2014), o Código Florestal estabelece restrições e fornece diretrizes para o uso racional dos recursos naturais, incentivando práticas agrícolas que respeitem a capacidade de renovação do solo e a conservação da vegetação nativa. A manutenção de Reservas Legais e APPs é essencial para garantir a estabilidade dos ecossistemas locais, o que, por sua vez, favorece a produtividade agrícola ao preservar a qualidade do solo e a disponibilidade de água.
Além disso, a obrigatoriedade de registrar as propriedades no Cadastro Ambiental Rural (CAR) facilita o monitoramento das práticas de uso da terra, ajudando a identificar áreas de proteção e uso sustentável. O CAR é uma ferramenta que visa integrar informações ambientais das propriedades rurais, como APPs e RLs, criando uma base de dados que contribui para a fiscalização e a implementação de políticas de recuperação ambiental. Para o agronegócio, manter esses registros atualizados é uma forma de garantir a conformidade com as normas ambientais e de demonstrar compromisso com a sustentabilidade, um valor cada vez mais exigido pelos consumidores e investidores.
A Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998) é outra regulamentação fundamental que estabelece penalidades para condutas lesivas ao meio ambiente, como desmatamento ilegal, poluição e descarte inadequado de resíduos. Para o setor agrícola, essa legislação reforça a importância de adotar práticas que minimizem o impacto ambiental e que estejam em conformidade com os requisitos legais. Além de multas, as penalidades previstas pela Lei de Crimes Ambientais podem incluir a suspensão das atividades e a responsabilização criminal dos responsáveis. Dessa forma, a lei promove a adoção de medidas preventivas, como auditorias ambientais e planos de contingência, que visam reduzir riscos e prevenir danos ambientais irreversíveis (Brasil, 1998).
A conformidade com a Lei de Crimes Ambientais é estratégica para o agronegócio, pois infrações não apenas afetam financeiramente as empresas, visto que também prejudicam sua reputação, dificultando o acesso a mercados mais exigentes em termos de sustentabilidade. Como apontado por Antunes (2023), o direito ambiental deve limitar a atuação dos agentes econômicos, prevenindo que suas atividades causem prejuízos ambientais que recaiam sobre a sociedade como um todo. A proteção ambiental, portanto, não é apenas uma responsabilidade individual, mas um compromisso coletivo com o futuro.
No contexto das práticas agrícolas sustentáveis, a Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei nº 9.433/1997) é especialmente relevante, pois o uso de água é um recurso fundamental para a produtividade no agronegócio. Essa política estabelece diretrizes para a gestão racional dos recursos hídricos, promovendo o uso sustentável da água e priorizando o abastecimento humano e a preservação dos ecossistemas aquáticos. O agronegócio depende intensamente da água para atividades, como irrigação, manejo de animais e processamento de produtos agrícolas. Por isso, é fundamental que as empresas desse setor implementem práticas de manejo sustentável da água para reduzir o desperdício e assegurar a disponibilidade do recurso a longo prazo (Brasil, 1997).
Para cumprir a Política Nacional de Recursos Hídricos, muitas propriedades agrícolas adotam tecnologias, como a irrigação por gotejamento e o uso de sensores de umidade do solo, que ajudam a controlar o uso da água e evitar desperdícios. Além disso, práticas, como a proteção das nascentes e a preservação de vegetação nativa nas margens dos rios, contribuem para a manutenção da qualidade e da quantidade de água disponível. Segundo Barsano et al. (2014), a gestão sustentável da água vai além de uma necessidade ambiental, pois aumenta a eficiência das operações e reduz os custos associados ao consumo de água.
As certificações ambientais, como a Rainforest Alliance e a ISO 14001, são mecanismos que reforçam o compromisso das empresas com a sustentabilidade, indo além da conformidade com as leis. Essas certificações reconhecem empresas que implementam práticas de gestão ambiental e promovem a conservação de recursos naturais em suas operações. No agronegócio, obter certificações é vantajoso, pois demonstra ao mercado que a empresa adota práticas sustentáveis, o que pode melhorar sua imagem e abrir portas para mercados internacionais. De acordo com Collares (2022), as certificações ambientais são um diferencial competitivo, pois atendem à crescente demanda de consumidores que buscam produtos provenientes de fontes sustentáveis e respeitosas com o meio ambiente.
Para alcançar essas certificações, as empresas precisam adotar práticas rigorosas, que incluem o controle de resíduos, o monitoramento de emissões de carbono e a preservação da biodiversidade. Por exemplo, a certificação Rainforest Alliance exige que as propriedades implementem práticas, como o manejo integrado de pragas e a proteção de áreas de alta biodiversidade, contribuindo para a sustentabilidade e o respeito ao meio ambiente. A certificação ISO 14001, por sua vez, requer que as empresas adotem um sistema de gestão ambiental estruturado, o que facilita a identificação e o controle dos impactos ambientais, promovendo uma cultura de melhoria contínua.
Assim, a adoção dessas certificações ajuda as empresas agrícolas a demonstrar seu compromisso com práticas éticas e sustentáveis, agregando valor aos produtos e fortalecendo a confiança dos consumidores. No entanto as certificações também representam um compromisso contínuo, pois exigem que as empresas mantenham e aprimorem suas práticas ao longo do tempo para garantir o respeito aos critérios ambientais estabelecidos.
Além disso, a agroecologia apresenta-se como uma abordagem que integra práticas agrícolas com a conservação ambiental e a justiça social, promovendo a sustentabilidade no agronegócio de maneira holística. Segundo Sauer (2009), a agroecologia vai além das técnicas de cultivo, envolvendo um modelo de produção que valoriza a biodiversidade, o manejo integrado dos recursos e o respeito aos conhecimentos tradicionais das comunidades locais. No agronegócio brasileiro, a agroecologia se apresenta como uma alternativa sustentável, especialmente para pequenos produtores e comunidades que buscam reduzir a dependência de insumos químicos e adotar práticas que preservem o solo e a água.
Entre as práticas agroecológicas que têm ganhado destaque estão o uso de policulturas, que envolve o cultivo simultâneo de diferentes culturas na mesma área para maximizar a biodiversidade e reduzir a vulnerabilidade a pragas e doenças. Outra prática relevante é o Manejo Integrado de Pragas (MIP), que utiliza métodos naturais e biológicos para controlar pragas, reduzindo a necessidade de pesticidas e, consequentemente, o impacto ambiental. A compostagem de resíduos orgânicos também é comum na agroecologia, pois permite a produção de fertilizantes naturais que melhoram a qualidade do solo sem depender de produtos químicos prejudiciais.
A agroecologia contribui para a sustentabilidade no agronegócio ao promover sistemas produtivos resilientes e menos dependentes de recursos externos, como fertilizantes e agrotóxicos industriais. Collares (2022) destaca que, ao promover a conservação da biodiversidade e a regeneração dos ecossistemas agrícolas, a agroecologia facilita a preservação da saúde do solo e da qualidade da água, recursos essenciais para a sustentabilidade a longo prazo. A adoção dessas práticas também melhora a resiliência das operações agrícolas frente às mudanças climáticas, pois sistemas agroecológicos são mais adaptáveis e menos vulneráveis a eventos extremos, como secas e enchentes.
Outra vertente importante é a agricultura regenerativa, que foca na restauração da saúde do solo e na captura de carbono atmosférico. A agricultura regenerativa inclui práticas, como o plantio direto, que evita o revolvimento do solo e mantém a cobertura vegetal, reduzindo a erosão e melhorando a retenção de água. Assim como na agroecologia, essa abordagem busca criar sistemas produtivos que regeneram o ambiente, ao invés de apenas explorar seus recursos. Essas práticas são especialmente eficazes em áreas de pastagens e cultivos extensivos, onde a conservação do solo e da água é fundamental para a viabilidade econômica e ecológica das atividades agrícolas.
Tanto a agroecologia quanto a agricultura regenerativa são alternativas que ajudam o agronegócio a se alinhar aos objetivos de desenvolvimento sustentável, promovendo a preservação ambiental e a segurança alimentar. Essas abordagens são cada vez mais valorizadas no mercado global, onde consumidores e investidores buscam produtos de origem sustentável e socialmente responsável.
Além de sua importância econômica, o agronegócio brasileiro enfrenta uma pressão crescente para adotar práticas que respeitem os limites ecológicos e sociais. A legislação ambiental e as práticas sustentáveis desempenham um papel estratégico ao orientar as empresas para um modelo de produção que concilia crescimento econômico com a preservação dos recursos naturais. Segundo Antunes (2023), o princípio do equilíbrio é fundamental na política ambiental, pois permite que os gestores ponderem os impactos de suas ações, buscando um desenvolvimento que traga benefícios tanto para a sociedade quanto para o meio ambiente.
Esse equilíbrio também envolve uma gestão ambiental integrada, onde o monitoramento contínuo das práticas agrícolas e o uso de tecnologias para otimizar o uso dos recursos são prioridades. Tecnologias de precisão, como sensores de solo, drones para monitoramento de cultivos e sistemas de irrigação controlados, são ferramentas que auxiliam o agronegócio a aumentar a eficiência e reduzir os desperdícios. O uso inteligente dessas tecnologias permite que as empresas maximizem a produtividade, minimizando o impacto ambiental e cumprindo as regulamentações vigentes. Dessa forma, os avanços tecnológicos tornam-se aliados do cumprimento das normas ambientais, integrando práticas sustentáveis que vão ao encontro das exigências do mercado e das regulamentações.
A implementação de um sistema de gestão ambiental baseado na conformidade legal e nas certificações, como a ISO 14001, fortalece a responsabilidade ambiental dentro do agronegócio. Essa certificação exige que as empresas tenham um sistema de gestão que identifique e controle os impactos ambientais de suas atividades, promovendo uma cultura de melhoria contínua e de responsabilidade. Assim, as práticas de gestão ambiental, aliadas às certificações e à conformidade com o Código Florestal, tornam-se um diferencial competitivo, assegurando que o agronegócio brasileiro se destaque em um cenário global cada vez mais focado na sustentabilidade.
Ao adotar e implementar políticas de gestão ambiental, o agronegócio se compromete a preservar os ecossistemas e promover o desenvolvimento sustentável, atendendo não apenas às exigências legais, mas também aos padrões de qualidade e sustentabilidade que o mercado atual impõe. Esse compromisso beneficia a sociedade e garante que os recursos naturais estejam disponíveis para as futuras gerações, tornando o agronegócio brasileiro um exemplo de liderança em sustentabilidade ambiental e responsabilidade social.
Para implementar a conformidade ambiental no agronegócio de forma eficaz, sugiro que você crie agora um Plano de Gestão Ambiental (PGA). Esse plano auxiliará a empresa ou o produtor rural que você estiver auxiliando a organizar e monitorar práticas sustentáveis, assegurando a preservação de recursos e o cumprimento das regulamentações ambientais.
É claro que eu gostaria de poder exigir de você que esse trabalho fosse realizado utilizando uma propriedade rural real, que você a pudesse acompanhar ao longo de algumas semanas e que, sobretudo, pudesse aplicar e testar as etapas que vou sugerir. No entanto isso só seria possível se estivéssemos em uma espécie de estágio supervisionado. Porém essa será sua atividade diária muito em breve e, para que saiba realizá-la com maestria, imagine por agora uma propriedade fictícia, reunindo as informações sobre ela que forem sendo necessárias ao longo de nossa atividade. Para isso, deixo aqui alguns passos para desenvolver e implementar um PGA de maneira eficaz. Realize-os junto a seus colegas e com ajuda de seu professor!
Passo 1 - Análise inicial e definição de objetivos: Comece com um levantamento detalhado das práticas e dos recursos naturais da propriedade, incluindo uso da terra, fontes de água e áreas de preservação. Identifique os principais impactos ambientais das operações agrícolas, como uso de pesticidas e emissões de carbono. Além disso, defina metas específicas para a preservação das Áreas de Preservação Permanente (APPs) e das Reservas Legais (RLs), uso racional de água e redução de resíduos e de emissões de carbono.
Passo 2 - Planejamento de ações e identificação de recursos necessários: liste práticas sustentáveis que atendam às regulamentações e melhorem a eficiência, como o plantio de espécies nativas em APPs, técnicas de irrigação por gotejamento e a compostagem de resíduos orgânicos. Determine os insumos, os equipamentos e a tecnologia necessários para cada ação, como sensores de umidade para controle de irrigação e biofertilizantes.
Passo 3 - Definição de indicadores de sustentabilidade: defina métricas para avaliar o progresso das práticas ambientais, como a quantidade de água utilizada por hectare, a área recuperada com vegetação nativa e a redução de resíduos químicos. Atribua responsabilidades para o monitoramento de cada indicador, assegurando que colaboradores estejam capacitados para realizar o acompanhamento.
Passo 4 - Engajamento e capacitação da equipe: instrua os trabalhadores e gestores sobre as práticas do PGA, abordando desde o uso adequado de EPIs até o manejo sustentável de recursos. Além disso, incentive também a equipe a adotar práticas conscientes e participe das metas do PGA, reforçando a importância da sustentabilidade para o futuro da empresa.
Passo 5 - Implementação e monitoramento contínuo: coloque em prática as ações planejadas e comece a coletar dados dos indicadores definidos, ajustando as práticas conforme necessário para melhor alinhamento com os objetivos ambientais. Avalie também, de forma periódica, os resultados alcançados e ajuste as práticas ou metas, conforme necessário, para atender às mudanças nas regulamentações ambientais ou nas demandas operacionais.
Ao final de cada ciclo, analise o cumprimento das metas e a efetividade das ações de sustentabilidade. Crie um documento detalhado com os resultados e as melhorias alcançadas. Na prática, esse relatório poderia ser compartilhado com stakeholders e utilizado como base para a certificação ambiental da empresa. Além disso, o plano ajuda a empresa a evitar penalidades, otimizar recursos e construir uma imagem de responsabilidade ambiental perante o mercado.
Boa sorte em seu exercício e encontro você logo mais na próxima lição! Até breve!
ANTUNES, P. de B. Direito ambiental. 23. ed. Barueri: Atlas, 2023.
BARSANO, P. R.; BARBOSA, R. P.; IBRAHIN, F. I. Legislação ambiental. São Paulo: Érica, 2014.
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2022].
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