Olá, estudante do Ensino Médio! Seja bem vindo(a) a mais uma lição da disciplina de Liderança Organizacional e Gestão de Pessoas do curso Técnico em Agronegócio. Na última lição, conhecemos os princípios que regem a governança dentro do agronegócio e como podemos auxiliar nesse processo em nossa atuação profissional. Entendemos, inclusive, que, ao estudarmos essa temática, estaremos mais bem preparados para enfrentar as questões rotineiras de nossa prática laboral e tomar as melhores decisões possíveis em cada situação encontrada.
Na lição de hoje, vamos dar continuidade a esse estudo, mas com um foco diferente: vamos explicar como diferentes estruturas de governança podem ser aplicadas no agronegócio. O setor agrícola exige um gerenciamento eficiente e adaptável devido à complexidade das operações e à diversidade de partes interessadas e envolvidas nesse processo. Para isso, é essencial que a governança esteja bem estruturada, garantindo transparência, eficiência e sustentabilidade nas operações agrícolas, para que os interesses dos produtores, investidores e comunidades locais sejam alinhados.
Sendo assim, o objetivo desta lição é proporcionar uma compreensão aprofundada das diferentes estruturas de governança, incluindo a respectiva aplicabilidade, e de como escolher o modelo mais adequado para cada tipo de organização no agronegócio. Ao final, você será capaz de identificar e implementar a estrutura de governança mais eficaz para promover uma gestão mais eficiente, transparente e sustentável no setor.
Preparado(a) para mais essa jornada?
Para que você compreenda um pouco melhor como as estruturas de governança funcionam no agronegócio, proponho que você se imagine gestor(a) de uma associação de produtores de leite. Agora, considere que, nos últimos anos, a organização tem crescido rapidamente, atraindo novos membros e ampliando a capacidade de produção para atender a uma demanda cada vez maior. Com esse crescimento, no entanto, surgiram novos desafios de gestão, incluindo a falta de transparência nas decisões financeiras, uma estrutura de tomada de decisão pouco clara e uma comunicação ineficiente entre os membros. Você concorda que esse cenário gera insegurança e desconfiança entre os produtores?
Além disso, esse aumento no número de membros trouxe à tona a diversidade de interesses e perfis entre os produtores, desde pequenos agricultores que priorizam a produção familiar até empresários do setor que visam a expansão comercial. Você concorda que esses diferentes objetivos criam uma pressão adicional sobre a gestão da associação, que precisa equilibrar as expectativas e garantir que todas as vozes sejam ouvidas e respeitadas? Lembre-se de que, paralelamente a tudo isso, há pressões externas do mercado, como a crescente demanda por práticas sustentáveis e certificações, que aumentam ainda mais a complexidade das operações e exige que a associação adote práticas de governança que promovam responsabilidade ambiental e social.
Outro ponto crítico é o impacto direto desse crescimento no engajamento dos membros. Muitos produtores, antes, ativos nas decisões, sentem-se, agora, distantes e desmotivados, pois percebem que a participação na associação tem pouco impacto. A falta de um sistema de governança eficaz tem dificultado a coordenação das atividades e a transparência na comunicação, minando a confiança e o sentimento de pertencimento dos membros. Sem um modelo de governança estruturado, a associação corre o risco de perder a coesão interna, o que compromete a sustentabilidade a longo prazo.
Diante desse contexto, surge a necessidade urgente de implementar uma nova estrutura de governança que não apenas melhore a eficiência operacional e a transparência, mas que também fortaleça a coesão entre os membros e permita uma adaptação às mudanças de mercado. Nesse cenário, a pergunta central é: qual modelo de governança pode atender às necessidades de uma associação agrícola em crescimento, equilibrando interesses diversos e garantindo uma gestão justa, eficiente e sustentável?
Para responder a essa questão, é fundamental explorar as diferentes estruturas de governança no agronegócio e entender como cada modelo pode ser aplicado para enfrentar os desafios de uma associação em expansão, promovendo a sustentabilidade das operações e fortalecendo o compromisso dos membros com a visão e os objetivos comuns. Sendo assim, vamos nos aprofundar no assunto!
Vamos explorar um exemplo prático de como a escolha da estrutura de governança pode impactar uma organização agrícola? O caso de hoje envolve a AgroRural, uma cooperativa de produtores de grãos que atua no sul do Brasil. A AgroRural enfrentava problemas de comunicação e participação dos cooperados, o que resultava em decisões estratégicas que nem sempre atendiam às necessidades de todos os membros. As reuniões eram pouco frequentes e, muitas vezes, apenas comunicavam decisões já tomadas, gerando desconfiança e desmotivação entre os cooperados.
Para solucionar esse problema, a liderança da AgroRural decidiu reformular a estrutura de governança, adotando um modelo mais descentralizado e participativo. Foram criados comitês temáticos, como o de sustentabilidade, o de finanças e o de inovação tecnológica, nos quais os cooperados interessados poderiam participar ativamente. Além disso, as reuniões do conselho foram ampliadas, permitindo uma participação mais inclusiva dos membros. Um sistema de comunicação interna foi implementado para garantir que todos os cooperados tivessem acesso às informações em tempo real, aumentando a transparência e o engajamento.
O resultado foi uma melhora significativa no clima organizacional e na produtividade dos cooperados. Os membros passaram a sentir que as próprias vozes eram ouvidas e que tinham influência nas decisões estratégicas da cooperativa. A AgroRural também obteve certificações de sustentabilidade, já que a nova estrutura de governança facilitou a implementação de práticas agrícolas mais responsáveis. Agora, observe que, nesse exemplo, mesmo apresentando uma situação hipotética, observamos claramente como a escolha de uma estrutura de governança adequada pode transformar a gestão de uma organização no agronegócio, promovendo uma maior transparência, eficiência e sustentabilidade.
Agora, sabendo como a escolha da estrutura de governança é uma decisão essencial, vamos aprender mais isso!
A governança no agronegócio é fundamental para assegurar a transparência, a eficiência e a sustentabilidade das operações. Segundo Chiavenato (2020), práticas de governança corporativa estruturam responsabilidades e alinham os interesses dos diversos stakeholders (partes interessadas), promovendo a confiança nas operações. No contexto agrícola, essas práticas são essenciais para atrair investimentos e garantir a conformidade regulatória, aspectos vitais para a expansão e a sustentabilidade das empresas do setor.
No agronegócio, as estruturas de governança têm um papel importante na definição de como as organizações são geridas, como as decisões são tomadas e como os interesses dos stakeholders são representados. Vamos explorar de forma mais detalhada os diferentes tipos de estruturas de governança aplicados no setor, incluindo características, vantagens e desvantagens, além de exemplos práticos de como elas funcionam na prática.
A governança familiar é uma estrutura comum em pequenas e médias propriedades agrícolas, em que a gestão é centralizada em membros da família que detêm o controle das operações. Esse modelo é eficaz em termos de agilidade na tomada de decisões, já que as decisões são rápidas e baseadas em relações de confiança entre os familiares. No entanto, a falta de formalização dos processos pode dificultar a atração de investimentos externos e a profissionalização da gestão.
Para superar esses desafios, muitas propriedades familiares estão começando a adotar práticas de governança mais estruturadas, como a criação de conselhos consultivos com especialistas externos. Isso ajuda a trazer uma perspectiva mais ampla para a gestão, aumentando a competitividade e a sustentabilidade a longo prazo.
A governança cooperativa é uma característica das cooperativas agrícolas, nas quais a gestão é baseada na participação ativa dos cooperados na tomada de decisões. A estrutura cooperativa promove uma gestão descentralizada, em que todos os membros têm direito a voto, independentemente do capital investido ou volume de produção. Isso garante uma representatividade mais equitativa e uma maior transparência nas operações.
No entanto, a governança cooperativa pode enfrentar desafios, como a necessidade de conciliar interesses divergentes entre os cooperados e a lentidão no processo de tomada de decisões. Para mitigar esses desafios, muitas cooperativas estão criando comitês temáticos, que atuam como mediadores, facilitando a tomada de decisões de forma mais ágil e eficiente.
A definição de diretrizes de governança cooperativa apresenta condições para o compartilhamento de práticas usadas em outras organizações, fortalecendo a utilização e levando a aprimorar aspectos estratégicos. Segundo o Banco Central do Brasil (BCB, 2009), a melhoria das práticas de governança de uma cooperativa pode apresentar benefícios não apenas individuais, mas também para toda comunidade que a cerca.
A governança cooperativa se destaca por promover a participação ativa dos membros na tomada de decisões. Medina e Cruz (2021) enfatizam que a estrutura descentralizada das cooperativas permite que os cooperados exerçam poder decisório, promovendo uma gestão democrática e participativa. No entanto, conciliar interesses divergentes pode ser desafiador; a formação de comitês temáticos é uma estratégia eficaz para facilitar decisões ágeis e representativas, alinhando as ações da cooperativa com os valores de sustentabilidade e equidade.
A governança corporativa é mais comum em grandes empresas agrícolas e corporações do setor. Esse modelo é caracterizado por uma clara separação entre a propriedade e a gestão, com acionistas exercendo controle sobre a empresa e gestores profissionais tomando decisões operacionais. A governança corporativa enfatiza a responsabilidade financeira, a conformidade regulatória e a eficiência operacional, sendo ideal para atrair investidores e expandir as operações.
O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), no próprio código sobre as melhores práticas de governança corporativa, define-a como um sistema pelo qual as sociedades são dirigidas e monitoradas. Envolve relacionamentos entre acionistas ou cotistas, conselho de administração, diretoria, auditoria independente e conselho fiscal. As melhores práticas de governança corporativa objetivam aumentar o valor da sociedade, facilitar o acesso ao capital e contribuir para a permanente atuação (IBGC, 2023).
No entanto, esse modelo requer um maior investimento em práticas de conformidade e em estratégias de sustentabilidade, especialmente em setores agrícolas sensíveis a questões ambientais e sociais. Grandes empresas agrícolas, como processadoras de grãos ou multinacionais de insumos agrícolas, geralmente, adotam a governança corporativa para garantir transparência e responsabilidade.
Para empresas que operam em múltiplos níveis da cadeia de valor, a governança híbrida é uma abordagem recomendada. Essa estrutura combina elementos de diferentes modelos de governança, permitindo uma coordenação eficiente entre os elos da cadeia. Medina e Cruz (2021) discutem como essa integração facilita a implementação de práticas sustentáveis e aumenta a competitividade no mercado global, especialmente em cadeias produtivas complexas, como a do cacau.
A governança híbrida combina elementos de diferentes modelos de governança, sendo ideal para empresas que atuam em múltiplos níveis da cadeia de valor, como produção, processamento e comercialização de produtos agrícolas. Esse modelo é adaptado para integrar operações de maneira eficiente, com conselhos ou comitês especializados supervisionando áreas-chave, como logística, inovação e sustentabilidade.
Empresas que adotam a governança híbrida podem se beneficiar de uma maior coordenação entre os elos da cadeia de valor, otimizando recursos e alinhando estratégias para atender às demandas do mercado de forma mais eficiente. A governança híbrida é eficaz para empresas que buscam certificações de sustentabilidade, pois permite uma abordagem integrada das práticas sustentáveis em toda a cadeia de produção.
A governança de associações de produtores é predominante em cadeias produtivas específicas, como as de café, leite e frutas tropicais. Nesse modelo, os produtores se organizam de forma colaborativa para compartilhar recursos, conhecimentos e estratégias de mercado. A estrutura é baseada em uma diretoria eleita, que toma decisões coletivas sobre políticas de venda, padrões de qualidade e estratégias de exportação.
Esse tipo de governança fortalece o poder de barganha dos produtores, além de facilitar o acesso a tecnologias e mercados mais amplos. As associações de produtores desempenham um papel fundamental na promoção de práticas agrícolas sustentáveis, já que são mais propensas a adotar certificações de comércio justo e agricultura orgânica, valorizando a responsabilidade social e ambiental. Segundo Medina e Cruz (2021), as associações de produtores que adotam uma governança comunitária conseguem melhores resultados ao implementar práticas de comércio justo e agricultura orgânica, valorizando a responsabilidade social e ambiental.
A governança comunitária é um modelo que integra as comunidades locais na tomada de decisões, garantindo que os respectivos interesses sejam representados e respeitados. Esse modelo é comum em projetos de desenvolvimento rural, em que a agricultura familiar e a agroecologia são prioridades. A governança comunitária cria um ambiente de negócios mais inclusivo e cooperativo, promovendo o desenvolvimento sustentável das áreas rurais.
A formação de conselhos comunitários é uma prática comum nesse modelo, permitindo que os líderes locais tenham voz nas decisões sobre o uso de recursos naturais, a implementação de práticas sustentáveis e a gestão de conflitos. A governança comunitária desempenha um papel importante em regiões agrícolas em que a agricultura familiar é predominante. Medina e Cruz (2021) destacam que esse modelo integra as comunidades locais nas decisões estratégicas, fortalecendo o desenvolvimento rural sustentável.
A governança colaborativa envolve múltiplos stakeholders na tomada de decisões, sendo eficaz em iniciativas de agricultura regenerativa e de conservação. Chiavenato (2020) explica que essa governança incorpora o envolvimento de ONGs, pesquisadores e comunidades locais, permitindo uma abordagem holística para a sustentabilidade. Esse modelo facilita o acesso à financiamento de impacto e garante práticas agrícolas responsáveis e regenerativas. Além disso, a governança colaborativa promove uma abordagem ampla e abrangente para o desenvolvimento agrícola, priorizando a regeneração de ecossistemas e a saúde do solo, ao mesmo tempo em que assegura o bem-estar das comunidades agrícolas.
Por fim, a governança adaptativa é um modelo flexível que permite ajustes constantes na estrutura de tomada de decisões, respondendo rapidamente às mudanças nas condições de mercado, climáticas e regulatórias. Esse modelo é particularmente eficaz em empresas agrícolas que precisam lidar com eventos climáticos extremos e flutuações de mercado.
A governança adaptativa requer um compromisso contínuo com a inovação e a aprendizagem organizacional, garantindo que a empresa esteja preparada para enfrentar novos desafios e aproveitar oportunidades emergentes. O modelo é essencial para organizações agrícolas que enfrentam desafios, como mudanças climáticas e flutuações de mercado, visto que permite que as empresas ajustem as estratégias conforme as condições externas, promovendo a resiliência organizacional. Medina (2021) destaca que a capacidade de adaptação é fundamental para a sobrevivência das empresas agrícolas, pois eventos climáticos extremos exigem respostas rápidas e soluções inovadoras.
As tecnologias sociais também desempenham um papel fundamental no agronegócio, proporcionando uma abordagem inclusiva e sustentável na organização e gestão das comunidades rurais. Segundo Telles et al. (2023), tecnologias, como hortas comunitárias e quintais produtivos, promovem o desenvolvimento de habilidades locais e fortalecem a coesão social, impactando diretamente a governança comunitária. A inclusão de práticas sustentáveis e de fácil replicabilidade se torna uma ferramenta de governança eficaz, especialmente em pequenas associações de produtores agrícolas, ao permitir que todos os stakeholders participem e contribuam para o desenvolvimento coletivo.
O protagonismo das mulheres rurais na adoção de tecnologias sociais é outro ponto que contribui para uma governança mais inclusiva e participativa. Freitas, Soares e Junqueira (2023) destacam que a participação feminina em práticas agroecológicas, como quintais produtivos, tem um impacto significativo na sustentabilidade e na qualidade de vida das comunidades agrícolas. Esse protagonismo pode ser aproveitado para fomentar uma governança comunitária que valorize a diversidade de vozes e conhecimentos, tornando as decisões mais alinhadas às necessidades de todos os membros da comunidade.
Além disso, sistemas agroflorestais, assim como indicam Almeida e Brisola (2023), representam uma prática que alia a sustentabilidade ao modelo de governança no uso de recursos naturais. Esses sistemas não apenas promovem a conservação ambiental, mas também incentivam uma governança adaptativa, que se ajusta às mudanças climáticas e aos desafios ecológicos. Integrar essas práticas nas estruturas de governança híbrida permite que as empresas agrícolas estabeleçam um modelo de gestão resiliente e ambientalmente consciente.
As tecnologias sociais também atuam como facilitadoras da segurança alimentar e da inclusão social nas comunidades agrícolas. Telles et al. (2023) discutem como o consórcio de hortaliças aplicado à agricultura familiar oferece um modelo de produção eficiente e sustentável que beneficia pequenas propriedades rurais. Esse tipo de iniciativa fortalece a governança colaborativa e permite que os agricultores compartilhem recursos e conhecimentos, contribuindo para a estabilidade econômica e social da comunidade. A disseminação de tecnologias sociais, nesse contexto, é uma ferramenta poderosa para consolidar uma estrutura de governança que priorize tanto o desenvolvimento econômico quanto a sustentabilidade.
Assim, a escolha e a implementação de uma estrutura de governança adequada são essenciais para enfrentar os desafios únicos do agronegócio, promovendo uma gestão eficiente e sustentável. Cada modelo, seja familiar, cooperativo, corporativo, híbrido, de associações, comunitário, colaborativo ou adaptativo, apresenta características que podem responder de maneira específica às demandas e particularidades das organizações agrícolas.
Ao integrarem práticas de governança que valorizem a transparência, a participação dos stakeholders e a adaptação às mudanças, as empresas do setor garantem a sustentabilidade econômica e social, e reforçam o compromisso com o desenvolvimento responsável. Por fim, podemos concluir que esses modelos permitem alinhar os interesses internos e externos, fortalecendo a resiliência organizacional e a confiança dos produtores, investidores e comunidades envolvidas.
Enquanto futuro(a) Técnico(a) em Agronegócio, você precisa entender as estruturas de governança no setor para garantir uma gestão eficiente, transparente e sustentável das operações agrícolas. Compreender como as diferentes estruturas de governança funcionam permite que, enquanto profissional, você auxilie na implementação de processos de tomada de decisão claros, no alinhamento de interesses diversos entre produtores e investidores, e na conformidade com regulamentações ambientais e sociais. Além disso, o conhecimento em governança ajuda a promover a confiança entre os stakeholders, melhorar a competitividade das empresas do agronegócio e contribuir para o crescimento responsável e a longo prazo do setor.
Para aplicar de maneira eficaz os conceitos de estruturas de governança no agronegócio, o primeiro passo é realizar uma análise criteriosa da estrutura atual de governança da organização. Esse processo envolve identificar tanto os pontos fortes quanto os pontos de melhoria da governança vigente, bem como mapear oportunidades que possam aumentar a eficiência, a transparência e a sustentabilidade das operações. A análise da estrutura existente permite uma visão clara sobre como as práticas de governança podem ser ajustadas para atender melhor aos objetivos estratégicos da organização e responder às demandas dos stakeholders.
Uma atividade essencial para esse processo é a realização de um diagnóstico interno de governança utilizando entrevistas e questionários com os principais stakeholders, como membros da diretoria, funcionários e representantes dos produtores ou cooperados. Esse diagnóstico permite compreender a percepção dos envolvidos sobre a governança atual, além de identificar questões, como a clareza no processo de tomada de decisões, a sensação de representatividade e transparência, bem como os principais desafios observados por cada grupo. Essa atividade se torna uma ferramenta importante para levantar dados concretos e profundos que possam guiar as decisões futuras sobre o aprimoramento da governança.
O diagnóstico interno é particularmente importante, porque ele ajuda a organização a definir um plano de ação realista, específico e focado nas necessidades identificadas pelos próprios stakeholders. Ao coletar informações diretamente de quem vivencia o dia a dia da organização, o diagnóstico não apenas fornece uma base sólida para a criação de uma estrutura de governança mais eficaz, mas também fortalece o compromisso dos membros com as mudanças. Além disso, essa atividade promove uma cultura de participação e inclusão, demonstrando aos stakeholders que suas vozes são ouvidas e que suas contribuições são fundamentais para o processo de governança. Esse sentimento de envolvimento pode ser um diferencial para aumentar o engajamento e garantir que a governança seja sustentável no longo prazo.
Por fim, o diagnóstico interno oferece uma base que permite ajustes contínuos na estrutura de governança à medida que a organização e o ambiente externo evoluem. Em setores, como o agronegócio, que estão sujeitos a mudanças rápidas devido a fatores ambientais, tecnológicos e de mercado, essa capacidade de adaptação é essencial. Portanto, implementar o diagnóstico de governança não só atende aos princípios de eficiência e transparência estudados, mas também cria um ambiente de gestão que valoriza a resiliência e a capacidade de responder a novos desafios.
Esse enfoque ajuda a consolidar uma estrutura de governança que promove a sustentabilidade econômica e social, alinhada com os interesses dos diversos stakeholders envolvidos. Agora, para praticar, dentro de suas possibilidades, realize uma espécie de diagnóstico interno, procurando determinar a estrutura de governança existente e os principais desafios de uma empresa. Para escolher essa empresa, você pode realizar uma busca on-line ou considerar uma empresa real, mas, neste caso, lembre-se de que você precisará ter acesso a alguns dados sobre ela. Ao realizar o diagnóstico interno, você poderá observar na prática como diferentes estruturas de governança podem afetar as análises e os planejamentos.
Espero que tenha gostado da nossa lição de hoje, pois já finalizamos por aqui. Eu te encontro em breve, na próxima lição. Até lá.
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