Olá, estudante! Depois de aprendermos sobre a análise de dados com Python, vamos agora trabalhar com os Fundamentos de Aprendizado de Máquina. O objetivo desta lição é apresentar a você, futuro técnico em Desenvolvimento de Sistemas, os fundamentos do aprendizado de máquina, introduzindo conceitos essenciais que o capacitem a compreender como os sistemas podem aprender com dados e melhorar seu desempenho com o tempo.
A lição propõe uma abordagem acessível e aplicada, explicando, de forma gradual, os princípios que sustentam esse campo da inteligência artificial, como o uso de algoritmos, modelos e conjuntos de dados para realizar previsões e classificações. Ao longo do conteúdo, serão exploradas noções de treinamento, teste, supervisão e avaliação de modelos, com exemplos que ilustram como essas tecnologias já fazem parte do cotidiano em áreas, como recomendação de produtos, reconhecimento de padrões e automação de processos.
Ao concluir a lição, você estará apto a reconhecer oportunidades para aplicar o aprendizado de máquina em cenários reais, compreendendo seus benefícios e limitações com responsabilidade e senso crítico.
Preparado para essa jornada?
No cotidiano do desenvolvimento de software, um dos grandes desafios enfrentados pelos profissionais da área é a crescente demanda por sistemas mais inteligentes, capazes de lidar autonomamente com grandes volumes de dados. Aplicações modernas vão além da simples execução de regras fixas; elas precisam aprender com o comportamento dos usuários, adaptar-se a diferentes contextos e prever padrões a partir de dados históricos.
Nesse cenário, os fundamentos do aprendizado de máquina se apresentam como uma solução eficaz, permitindo que os sistemas identifiquem tendências, façam recomendações personalizadas, detectem fraudes ou anomalias e otimizem processos de forma contínua. Entender esses fundamentos capacita você, futuro técnico em Desenvolvimento de Sistemas, a projetar soluções mais inovadoras e eficientes, que atendam às demandas de um mundo cada vez mais orientado por dados e automação.
Vamos entender melhor como isso funciona na prática?
Agora que entendemos a importância de conhecer o conteúdo desta lição, vamos ver como os fundamentos do aprendizado de máquina funcionam na prática? Para ilustrar essa realidade, apresentamos a empresa fictícia LogiTrans, especializada em soluções de logística e transporte de cargas em todo o país. Ela enfrentava um desafio crescente relacionado à previsão dos prazos de entrega e à otimização das rotas de seus veículos. O sistema tradicional utilizado pela LogiTrans baseava-se em regras fixas e dados históricos genéricos, o que frequentemente resultava em atrasos e custos operacionais elevados. Com o aumento da demanda por entregas rápidas e personalizadas, a diretoria percebeu a necessidade de modernizar a plataforma, incorporando recursos mais inteligentes e adaptativos.
Assim, a empresa implementou um projeto de aprendizado de máquina em seu software de gestão de rotas e entregas. A equipe técnica coletou e organizou diversos dados logísticos para treinar algoritmos supervisionados, capazes de prever prazos com maior precisão e sugerir rotas otimizadas em tempo real.
O impacto foi imediato: a taxa de entregas dentro do prazo aumentou 27%, o consumo de combustível reduziu significativamente e a satisfação dos clientes melhorou consideravelmente. Além disso, os gestores passaram a contar com dashboards inteligentes que indicavam, em tempo real, possíveis gargalos e oportunidades de melhoria. O projeto marcou uma virada estratégica para a LogiTrans, que passou a ser reconhecida no setor como uma empresa inovadora e orientada por dados, consolidando o aprendizado de máquina como parte essencial de suas soluções de software.
Viu como entender os fundamentos pode transformar a realidade de uma empresa? Vamos aprender mais sobre isso!
O aprendizado de máquina, ou machine learning, é um campo da inteligência artificial que se concentra no desenvolvimento de algoritmos e sistemas capazes de aprender com dados e melhorar seu desempenho ao longo do tempo sem serem explicitamente programados para cada tarefa. Ele atua como um elo entre a inteligência artificial, que visa simular a capacidade humana de raciocinar e tomar decisões, e a ciência de dados, que busca extrair valor e conhecimento a partir de grandes volumes de informações.
Huyen (2024) descreve machine learning como uma abordagem para aprender padrões complexos a partir de dados existentes e usar esses padrões para fazer predições sobre dados desconhecidos. Nesse contexto, o técnico em desenvolvimento de sistemas desempenha papel essencial ao preparar os dados, implementar modelos, ajustar parâmetros e integrar soluções inteligentes em aplicações reais, tornando os sistemas mais autônomos, responsivos e capazes de gerar valor estratégico para as organizações.
A introdução aos principais paradigmas de aprendizado de máquina é fundamental para compreender as diferentes formas pelas quais os algoritmos podem aprender com os dados. O aprendizado supervisionado é o ponto de partida mais acessível e amplamente utilizado, pois envolve o uso de conjuntos de dados rotulados — ou seja, dados em que as respostas corretas já são conhecidas — para treinar um modelo que será capaz de fazer previsões ou classificações sobre novos dados.
Já o aprendizado não supervisionado trabalha com dados não rotulados, buscando identificar padrões ou agrupamentos naturais. Por fim, o aprendizado por reforço é baseado em agentes que aprendem por meio de tentativa e erro, recebendo recompensas ou penalidades a partir de suas ações em um ambiente.
Nesta lição, o foco inicial será no aprendizado supervisionado, por ser o mais aplicável e prático para problemas comuns de classificação e regressão no dia a dia do técnico em desenvolvimento de sistemas.
Para compreender melhor como o aprendizado de máquina funciona na prática, é fundamental conhecer os seus principais componentes. Cada etapa desse processo é essencial para que um sistema consiga aprender com os dados e oferecer resultados precisos e confiáveis. A seguir, vamos detalhar os elementos básicos que compõem um modelo de machine learning e como eles atuam para transformar dados brutos em decisões inteligentes.
Os dados de entrada são as informações brutas utilizadas para treinar um sistema de aprendizado de máquina. Ferreira (2024) os define como informações cruciais que alimentam algoritmos e modelos. Esses dados podem incluir, por exemplo, registros de vendas, imagens, textos ou qualquer outro tipo de informação relevante para o problema a ser resolvido.
Os algoritmos são conjuntos de regras matemáticas e lógicas que orientam como o sistema deve aprender a partir dos dados. Segundo Ferreira (2024), eles representam conjuntos de regras e procedimentos matemáticos que guiam a tomada de decisões dos modelos de aprendizado de máquina. Cada tipo de algoritmo possui uma estratégia específica para identificar padrões e gerar previsões ou classificações.
O modelo é o resultado final do processo de aprendizado: uma representação matemática criada pelo algoritmo com base nos dados de entrada. Ferreira (2024) o define como o resultado do treinamento do algoritmo em um conjunto de dados, sendo uma representação matemática ou computacional das relações e padrões identificados. Esse modelo é capaz de receber novos dados e produzir uma saída, como prever um valor ou classificar uma categoria.
A função de perda é uma medida que calcula o erro entre a saída prevista pelo modelo e o valor real esperado. Ela serve como um guia para o algoritmo, indicando se o aprendizado está correto e o quanto precisa ser aprimorado.
O treinamento é a fase em que o modelo é alimentado com os dados de entrada e ajusta seus parâmetros internos para minimizar os erros indicados pela função de perda. Ferreira (2024) complementa que esse processo ajusta o algoritmo para aprender padrões e relações presentes nos dados.
O teste é o momento de avaliar a capacidade do modelo de generalizar, ou seja, aplicar o que aprendeu a dados novos que não foram usados durante o treinamento. Essa etapa garante que o modelo não esteja apenas decorando exemplos, mas que consiga atuar, de forma eficiente, em situações inéditas (Ferreira, 2024).
Por fim, a validação é uma etapa intermediária entre o treinamento e o teste. Ela serve para ajustar os parâmetros do modelo e evitar o super ajuste aos dados de treino, buscando um equilíbrio entre bom desempenho e capacidade de generalização.
A coleta e preparação dos dados é a etapa inicial do processo de aprendizado de máquina, onde se reúnem as informações relevantes para o problema que se deseja resolver. De acordo com Ferreira (2024), essa fase forma a base para todo o desenvolvimento. Ela envolve a obtenção dos dados brutos a partir de fontes confiáveis, seguida da limpeza e organização desses dados. Isso inclui tratar valores faltantes, corrigir inconsistências, remover duplicidades e transformar variáveis quando necessário, garantindo que os dados estejam prontos para serem usados de forma eficiente pelo modelo.
Em seguida, ocorre a divisão em conjuntos de treino e teste, que consiste em separar os dados disponíveis em duas partes: uma para ensinar o modelo (conjunto de treino) e outra para avaliar seu desempenho (conjunto de teste). Essa separação é fundamental para verificar se o modelo será capaz de generalizar o aprendizado para novos dados, evitando erros causados pelo excesso de adaptação aos exemplos do treinamento.
Após essa divisão, vem a escolha do algoritmo, etapa em que se seleciona, entre os diversos tipos existentes, aquele mais apropriado ao problema e ao formato dos dados. Ferreira (2024) explica que, nessa fase, é escolhida uma estrutura matemática adequada à tarefa e às características dos dados. Por exemplo, para classificação, pode-se optar por algoritmos, como KNN ou árvore de decisão; para regressão, por regressão linear ou redes neurais, dependendo da complexidade e do objetivo da análise.
Com o algoritmo escolhido, inicia-se o treinamento, momento em que o sistema analisa os dados do conjunto de treino, identifica padrões e ajusta seus parâmetros internos para aprender a realizar a tarefa específica, como prever valores ou classificar categorias. Segundo Ferreira (2024), é nessa fase que ocorre a maior parte do aprendizado.
Após o treinamento, vem a avaliação, etapa em que se testa o desempenho do modelo utilizando o conjunto de teste, comparando as previsões feitas com os valores reais esperados. Segundo Ferreira (2024), essa é uma fase crítica, em que são aplicadas métricas específicas, como acurácia, precisão, recall e erro médio, para quantificar a qualidade do modelo.
Por fim, ocorre o ajuste do modelo, que acontece quando, com base nos resultados da avaliação, são feitas melhorias para aumentar a performance do sistema. Isso pode envolver ajustes nos parâmetros do algoritmo, troca de modelo, inclusão de novos dados ou alterações na preparação dos dados, visando resultados mais precisos e confiáveis. Ferreira (2024) ressalta que a monitoração contínua e os ajustes frequentes são essenciais para manter a relevância e a eficácia do modelo.
As aplicações práticas do aprendizado de máquina estão cada vez mais presentes no cotidiano, muitas vezes de forma imperceptível para o usuário comum. Um exemplo claro são os sistemas de recomendação, utilizados por plataformas de streaming e lojas virtuais para sugerir filmes, músicas ou produtos com base no histórico de navegação ou preferências anteriores do usuário. Outro uso comum são os filtros de spam, que analisam padrões de mensagens para identificar e bloquear automaticamente e-mails indesejados. A classificação de imagens é aplicada em sistemas de reconhecimento facial, segurança digital e até em diagnósticos médicos assistidos por computador.
Além disso, modelos de aprendizado de máquina também são amplamente utilizados para realizar previsões de vendas, ajudando empresas a entenderem tendências de consumo, planejar estoques e tomar decisões mais estratégicas. Esses exemplos demonstram como os fundamentos de machine learning já estão integrados à rotina de pessoas e organizações, oferecendo soluções inteligentes que facilitam e otimizam processos.
Embora o aprendizado de máquina ofereça inúmeras vantagens, é fundamental compreender suas limitações e os cuidados éticos que devem ser considerados em sua aplicação. Um dos principais desafios está nos vieses presentes nos dados, que podem reproduzir ou até ampliar desigualdades existentes se não forem tratados com atenção. Isso ocorre porque os modelos aprendem a partir de padrões históricos e, se os dados estiverem distorcidos, as previsões também estarão.
Outra limitação técnica importante é o sobreajuste (overfitting), que, segundo Ferreira (2024), ocorre quando um modelo se adapta excessivamente aos dados de treinamento, perdendo a capacidade de generalizar para novos dados. Além disso, é essencial refletir sobre o impacto social das decisões automatizadas, como nos casos em que sistemas preditivos influenciam decisões sobre crédito, contratação ou liberação de benefícios, afetando diretamente a vida das pessoas. Assim, o desenvolvimento responsável de soluções baseadas em machine learning exige não apenas domínio técnico, mas também consciência ética e comprometimento com a justiça e a transparência.
Compreender os fundamentos do aprendizado de máquina é essencial para você, futuro técnico em Desenvolvimento de Sistemas, pois amplia sua capacidade de criar soluções inteligentes e adaptativas para problemas do mundo real. Esse conhecimento permitirá que você entenda como os dados são transformados em previsões úteis, além de saber aplicar algoritmos e modelos de forma consciente em projetos de software que envolvam análise preditiva, classificação ou automação.
Ao dominar esses princípios, você se posiciona estrategicamente no mercado, tornando-se capaz de integrar recursos de inteligência artificial a sistemas diversos. Dessa forma, contribuirá para a inovação, a eficiência e a tomada de decisões mais assertivas em ambientes organizacionais cada vez mais orientados por dados.
Agora chegou a sua vez! Neste passo a passo, você aprenderá como aplicar os fundamentos do aprendizado de máquina utilizando Python e a biblioteca scikit-learn. Essa prática consiste em treinar um modelo de classificação para prever se uma flor do tipo Íris é da espécie Setosa Versicolor ou Virginica, com base em suas medidas.
Passo 1: se estiver usando um ambiente, como Jupyter Notebook, Google Colab ou VSCode, instale as bibliotecas (se necessário) usando o comando: !pip install scikit-learn pandas matplotlib seaborn.
Passo 2: importar os módulos necessários para trabalhar com dados, criar modelos e visualizar os resultados conforme Figura 1:
Passo 3: carregar e explorar o conjunto de dados Íris para dados de entrada conforme Figura 2:
Passo 4: veja como as espécies se distribuem com base nas variáveis utilizando o comando sns.pairplot(df, hue=’species’).
Passo 5: separar o conjunto de dados de entrada (x) e saída (y), depois dividir em treino e teste conforme a Figura 3:
Passo 6: utilizar o algoritmo de árvore de decisão para classificar as flores conforme a Figura 4:
Passo 7: fazer as previsões e avaliar o modelo conforme a Figura 5:
Você acabou de treinar seu primeiro modelo de aprendizado de máquina supervisionado! Com poucas linhas de código, foi possível aplicar conceitos, como dados de entrada, algoritmo, treinamento, teste e avaliação. Isso mostra como você, futuro técnico em desenvolvimento de sistemas, pode utilizar o aprendizado de máquina para resolver problemas reais de forma eficiente. Agora desafie seus colegas/professores a fazer novos treinamentos e utilizar seu novo modelo.
FERREIRA, P. Aprendizado de Máquina. São Paulo: Senac, 2024.
HUYEN, C. Projetando Sistemas de Machine Learning. Rio de Janeiro: Alta Books, 2024.