Olá, estudante! Após aprendermos a criação de dashboards e ferramentas de visualização de dados, agora, trabalharemos com a análise de dados com Python. O objetivo desta lição é proporcionar a você, futuro(a) Técnico(a) em Desenvolvimento de Sistemas, uma compreensão clara e prática dos fundamentos da análise de dados, por meio da linguagem Python.
Ao longo do conteúdo, serão apresentados conceitos essenciais que envolvem a coleta, organização, exploração e interpretação de conjuntos de dados. Além disso, a lição visa desenvolver a capacidade de aplicar ferramentas e bibliotecas específicas de Python, como Pandas e NumPy, em contextos reais de análise, promovendo o raciocínio crítico e o uso consciente dos dados para embasar decisões.
Com uma abordagem gradual e acessível, você será conduzido(a) a compreender como transformar dados brutos em informações significativas, para aprimorar sua autonomia na construção de soluções orientadas por dados em projetos diversos.
Preparado(a) para essa jornada?
Em um cenário onde as organizações produzem e acumulam grandes volumes de dados diariamente, o desafio deixou de ser apenas a coleta dessas informações e passou a ser a sua análise eficaz, com o objetivo de gerar valor real para o negócio. Muitas empresas enfrentam esse problema: possuem bases de dados extensas e desorganizadas, sem saber por onde começar a extração de insights relevantes.
Nesse contexto, a análise de dados com Python surge como uma solução excelente e acessível. Sem o domínio das ferramentas adequadas e sem uma abordagem estruturada, no entanto, mesmo profissionais capacitados podem encontrar dificuldades para filtrar, transformar e interpretar dados assertivamente. A ausência de padrões bem como a dificuldade de integração entre diferentes fontes de informação tornam a tarefa ainda mais complexa, exigindo recursos técnicos que nem sempre estão claramente disponíveis para iniciantes.
Essa realidade evidencia a importância de capacitar tanto estudantes quanto profissionais para compreender e aplicar os fundamentos da análise de dados com Python, utilizando bibliotecas como Pandas, NumPy, entre outras, capazes de organizar, explorar e transformar dados de maneira prática, confiável e escalável.
Vamos entender melhor como isso funciona, na prática?
Para ilustrar como isso funciona na prática, utilizaremos um exemplo hipotético. No caso de hoje, conheceremos a empresa fictícia DataFarm, uma cooperativa agrícola especializada na produção e distribuição de grãos em larga escala. Com unidades espalhadas por diferentes estados brasileiros, a organização enfrentava desafios significativos na gestão de suas operações: variáveis climáticas e no custo de insumos, logística de distribuição e previsão de demanda exigiam uma análise eficiente de grandes volumes de dados coletados diariamente. Até então, os dados estavam dispersos em planilhas não integradas, dificultando a tomada de decisões assertivas pelos gestores. Foi nesse contexto que a equipe de TI decidiu adotar Python como ferramenta central para estruturação de seus processos de ciência de dados.
Utilizando bibliotecas como Pandas, NumPy e Scikit-learn, a equipe criou rotinas automatizadas para limpeza, tratamento e análise dos dados de produção, clima e mercado. Com a ajuda de técnicas de análise exploratória e modelagem preditiva, foi possível antecipar variações na produtividade com base nas condições climáticas, prever oscilações de preços e melhorar a alocação de recursos logísticos.
Para garantir uma análise eficaz, a visualização dos resultados foi feita por meio de gráficos interativos com Plotly e dashboards desenvolvidos em Streamlit, o que permitiu aos gestores tomarem decisões mais rápidas e baseadas em evidências.
O impacto foi notável: redução de perdas, aumento da eficiência operacional e maior previsibilidade no planejamento de safras.
Esse exemplo mostra, claramente, como o uso do Python na análise de dados pode ser essencial. No caso da DataFarm, a empresa conseguiu transformar a complexidade de suas operações em inteligência estratégica. O mais importante para você, entretanto, é saber que outras organizações também podem alcançar resultados semelhantes, ao adotarem uma abordagem estruturada e orientada por dados. Vamos entender melhor como isso é possível?
Em lições anteriores, aprendemos que a análise de dados é o processo de examinar, organizar e interpretar informações com o objetivo de extrair insights relevantes que orientem a tomada de decisões. Em um cenário cada vez mais orientado por dados, essa prática tornou-se essencial para empresas e organizações que desejam agir de forma estratégica e baseada em evidências. Por meio da análise de dados, identificamos padrões, prevemos tendências, compreendemos o comportamento de usuários e otimizamos processos.
Nesse processo, você, futuro(a) Técnico(a) em Desenvolvimento de Sistemas, desempenhará um papel fundamental, porque será sua a responsabilidade de construir e implementar soluções capazes de coletar, organizar e processar grandes volumes de dados. Além disso, caberá a você transformar dados brutos em informações claras e relevantes, contribuindo para decisões mais assertivas e alinhadas aos objetivos da organização. De fato, trata-se de muita responsabilidade, mas, com o conhecimento adequado, será plenamente capaz de enfrentá-la. Vamos, então, entender melhor as etapas da análise de dados?
A análise de dados compreende um ciclo estruturado em fases fundamentais que garantem a qualidade e a utilidade das informações extraídas. O processo inicia-se com a coleta de dados, etapa em que se obtêm informações a partir de diferentes fontes, como sistemas, sensores, planilhas ou bancos de dados. Em seguida, realiza-se a limpeza dos dados, removendo inconsistências, duplicidades ou valores ausentes que comprometam a análise.
Após esse tratamento, passa-se à organização, estruturando os dados de maneira lógica e acessível para facilitar o trabalho analítico. Com os dados prontos, entra-se na análise exploratória, que visa identificar padrões, tendências e anomalias, por meio de estatísticas descritivas e observações iniciais.
A fase de visualização transforma os dados em representações gráficas, por exemplo, gráficos de barras, linhas ou dispersão, para facilitar a comunicação das descobertas. Por fim, ocorre a interpretação dos dados, momento em que os resultados são analisados à luz dos objetivos do projeto, permitindo extrair conclusões e embasar decisões.
Cada uma dessas fases é essencial e, quando bem executadas, tornam a análise de dados um instrumento de apoio estratégico.
As principais estruturas de dados nativas da linguagem Python (listas, dicionários e tuplas) são fundamentais para a manipulação inicial de dados em projetos de ciência de dados. As listas permitem armazenar coleções ordenadas e mutáveis de elementos, sendo amplamente utilizadas para agrupar valores, iterar sobre conjuntos de dados e aplicar transformações.
Os dicionários oferecem uma estrutura baseada em pares de chave e valor, o que é extremamente útil para representar dados tabulares, armazenar atributos de objetos ou organizar dados de forma semântica. Já as tuplas são similares às listas, porém imutáveis, o que garante integridade quando é necessário proteger o conteúdo de alterações.
Compreender essas estruturas é essencial, pois elas formam a base para operações de filtragem, agregação, transformação e preparação de dados. Além disso, elas servem de suporte às bibliotecas mais avançadas de análise de dados em Python, dentre elas, Pandas e NumPy, que, frequentemente, se integram a essas estruturas para realizar operações mais complexas. O domínio dessas ferramentas nativas permite ao técnico em desenvolvimento de sistemas construir soluções eficientes bem como organizar os dados de maneira lógica e acessível desde as etapas iniciais da análise.
A biblioteca Pandas é uma ferramenta essencial para quem trabalha com análise de dados em Python, ao oferecer estruturas e funções que facilitam a manipulação e o estudo de dados de forma eficiente. McKinney (2023) complementa que o Pandas fornece estruturas de dados e funções de alto nível projetadas para tornar intuitivo e flexível o trabalho com dados estruturados e tabulares.
As duas principais estruturas dessa biblioteca são a Series, que representa uma sequência unidimensional rotulada (semelhante a uma coluna de uma planilha), e o DataFrame, uma estrutura bidimensional composta por linhas e colunas, ideal para representar tabelas completas.
Os arrays multidimensionais são estruturas fundamentais na biblioteca NumPy, amplamente utilizada em Python para realizar operações numéricas e estatísticas eficientemente. Um array pode ser entendido como uma grade de valores, todos do mesmo tipo, organizados em uma ou mais dimensões, desde vetores simples (unidimensionais) até matrizes complexas (bidimensionais ou mais). McKinney (2023) descreve a NumPy como uma fornecedora de código aglutinador das estruturas de dados, dos algoritmos e da biblioteca necessária para a maioria das aplicações científicas que envolvem dados numéricos em Python.
Ao utilizar o NumPy, você consegue manipular grandes volumes de dados numéricos com alta performance, o que é essencial em contextos de ciência de dados. As operações matemáticas e estatísticas que a biblioteca oferece incluem soma, média, mediana, desvio padrão, multiplicações de matrizes, operações vetoriais, entre outras, todas realizadas de forma vetorizada, sem a necessidade de estruturas de repetição manuais. Esse comportamento torna o código mais limpo, rápido e eficiente.
Assim, compreender o funcionamento dos arrays do NumPy e saber aplicar suas funções estatísticas são um passo essencial às análises quantitativas robustas, além de serem um apoio ao desenvolvimento, com precisão e desempenho, de soluções orientadas a dados.
Identificar e tratar dados faltantes, duplicados ou inconsistentes é uma etapa crítica no processo de análise de dados, pois garante que as informações utilizadas sejam confiáveis e representem adequadamente a realidade.
Em Python, com o uso da biblioteca Pandas, é possível realizar essas tarefas de maneira prática e eficiente. Os dados faltantes podem ser identificados com funções como isnull() ou isna(), que retornam valores booleanos indicando a ausência de dados. Uma vez detectados, eles são, muitas vezes, tratados por meio da remoção (dropna()), ou preenchimento com valores estatísticos, como média ou mediana (fillna()), dependendo do contexto da análise.
Além disso, os registros duplicados, que podem distorcer resultados, são detectados com o método duplicated() e removidos com drop_duplicates(). Já os dados inconsistentes, por exemplo, erros de digitação ou formatação, são verificados por inspeção manual ou regras de negócio e tratados com correções usando funções como replace() ou operações de limpeza com str.lower(), strip(), entre outras.
Normalizar e transformar os dados é fundamental para análises mais precisas, especialmente em modelos estatísticos e de aprendizado de máquina. A normalização ajusta os valores a uma mesma escala, por exemplo, entre 0 e 1, evitando que variáveis com unidades diferentes influenciem desigualmente os resultados.
Transformações, por exemplo, logaritmos, padronizações e conversões de tipos de dados, tais como datas, ajudam a revelar padrões, além de facilitar a comparação entre variáveis. Em conjunto, essas práticas asseguram que os dados estejam prontos para serem analisados de forma confiável, resultando em decisões mais embasadas e precisas.
Examinar e descrever os dados com medidas estatísticas básicas é uma etapa essencial na análise exploratória, ao permitir uma visão inicial do comportamento dos dados, para facilitar a identificação de padrões, tendências e possíveis anomalias. Em Python, isso é feito de forma eficiente, utilizando bibliotecas como Pandas e NumPy, que oferecem funções específicas para esse fim.
A média representa o valor central dos dados e pode ser obtida com o método .mean(), enquanto a mediana, acessada com .median(), indica o valor que separa a metade superior da inferior, sendo especialmente útil quando há dados extremos. A moda, por sua vez, é o valor mais frequente em um conjunto de dados e pode ser identificada com .mode().
Para entender a dispersão dos dados, a variância (.var()) e o desvio padrão (.std()) são ferramentas fundamentais, porque indicam o quanto os valores se afastam da média. Quanto maior o desvio padrão, maior a variabilidade dos dados.
Essas estatísticas descritivas ajudam o técnico em desenvolvimento de sistemas a avaliar a qualidade dos dados, detectar comportamentos atípicos e compreender melhor a natureza das variáveis analisadas. Com isso, possibilita-se embasar decisões e definir estratégias de forma mais clara, fundamentada e assertiva.
O uso de bibliotecas como Matplotlib e Seaborn é fundamental para que o(a) futuro(a) Técnico em Desenvolvimento de Sistemas aprenda a transformar dados numéricos e estatísticos em representações visuais não só claras, mas interpretáveis. Essas bibliotecas do Python permitem a criação de gráficos variados, como barras, linhas, histogramas, dispersões e mapas de calor, que facilitam a compreensão e a comunicação de insights extraídos dos dados.
O Matplotlib é uma biblioteca versátil que oferece controle total sobre a construção dos gráficos, permitindo personalizações detalhadas, por exemplo, títulos, cores, legendas e marcações. McKinney (2023) descreve-a como a biblioteca Python mais popular para a produção de plotagens e outras visualizações de dados bidimensionais. Já o Seaborn, construído sobre o Matplotlib, fornece uma interface mais simples e poderosa à criação de visualizações estatísticas elegantes com menos linhas de código.
Dominar essas ferramentas ajuda a tornar a análise mais acessível a diferentes públicos, contribuindo para a tomada de decisão com base em evidências visuais, além de permitir a identificação intuitiva de padrões e comportamentos nos dados.
Compreender os fundamentos da análise de dados com Python é essencial para você, futuro(a) Técnico(a) em Desenvolvimento de Sistemas, pois amplia sua capacidade de atuar em projetos que exigem mais do que apenas o desenvolvimento de funcionalidades: exige entendimento profundo das informações que movem os sistemas. Ao aprender a coletar, organizar, explorar e interpretar dados, você estará apto(a) a transformar grandes volumes de dados em conhecimento útil para apoiar decisões estratégicas.
Assim, o domínio de ferramentas como Pandas e NumPy permite lidar com dados de maneira eficiente, por meio da automatização de análises que, antes, seriam manuais e propensas a erros. Na prática, esse conhecimento fará de você, um(a) agente de valor na equipe, capaz de aliar programação e inteligência analítica para entregar soluções mais completas e alinhadas às demandas do mercado.
Agora que entendemos a importância do conteúdo estudado, chegou a sua vez! Neste Saiba Aplicar, você colocará em ação os conceitos aprendidos em análise de dados com Python.
Utilizaremos dados reais de uma API pública, os trataremos com Pandas e NumPy, realizaremos uma análise exploratória e visualizaremos os resultados com Matplotlib e Seaborn. Siga o passo a passo e experimente cada comando no seu ambiente de desenvolvimento.
1. Coleta de dados: utilizaremos uma base pública com informações de filmes. A biblioteca requests será usada para acessar os dados via API. Conforme a Figura 1.
2. Seleção de colunas e amostragem: escolheremos algumas colunas relevantes para a análise e selecionaremos os dados do Brasil, conforme a Figura 2.
3. Tratamento de dados faltantes: verificaremos e trataremos valores ausentes, conforme a Figura 3.
4. Verificação e remoção de duplicatas: embora raro nesse tipo de base, é importante verificar com a linha dados_brasil = dados_brasil.drop_duplicates()
5. Detecção e correção de dados inconsistentes: analisaremos possíveis outliers ou dados fora do esperado, por exemplo, valores negativos em emissões de CO2 com a linha dados_brasil = dados_brasil[dados_brasil['co2'] >= 0]
6. Normalização de dados numéricos (ex.: PIB e população): para comparar variáveis em diferentes escalas, normalizaremos com Min-Max Scaling, conforme a Figura 4.
7. Análise exploratória com estatísticas descritivas: entenderemos o comportamento dos dados com as medidas média, mediana, moda e dispersão, conforme a Figura 5.
8. Visualização com Matplotlib e Seaborn: criaremos gráficos para compreender melhor a evolução e correlação dos dados com o gráfico de linha da emissão de CO2 ao longo dos anos, conforme a Figura 6.
Agora, veremos, na Figura 7, o gráfico de dispersão entre PIB normalizado e emissão de CO₂:
Muito bem! Ao realizar esse passo a passo, você praticou uma sequência completa de análise de dados: desde a coleta e tratamento até a geração de visualizações significativas. Essa habilidade é de extrema importância para você, futuro(a) Técnico em Desenvolvimento de Sistemas que deseja construir soluções baseadas em evidências e contribuir com análises mais inteligentes e eficientes no mundo real. Agora, desafie seus colegas e/ou professores a realizar outras análises em APIs públicas!
McKINNEY, W. Python para análise de dados: tratamento de dados com Pandas, NumPy & Jupyter. 3. ed. São Paulo: Novatec, 2023.