Chegou a hora de conversarmos sobre profissionais que atuam, diretamente, com os Bancos de Dados. Nesta aula, você conhecerá quais são as principais profissões na área da computação que estão, diretamente, vinculadas ao projeto, à manutenção e à segurança de Bancos de Dados.
Na primeira lição, estudamos sobre os conceitos dos Bancos de Dados e, agora, relacionaremos os conceitos, diretamente, com funções e pessoas. Como já falamos na lição anterior, os computadores são apenas ferramentas utilizadas por nós, seres humanos, para melhorar a qualidade do nosso trabalho, ou para melhorar a nossa vida em geral.
Com certeza, você já deve ter ouvido a frase que “informação é poder”, e, prova disso é que você, assim como todas as demais pessoas, busca sempre estar bem informada sobre assuntos e fatos relacionados à sua realidade, ou seja, neste momento, você está buscando aumentar o seu conhecimento, por meio da informação de quais são as profissões ligadas à área de Banco de Dados com algum objetivo específico, que pode ser: escolher uma profissão para o futuro, atender a um requisito escolar para avançar nos estudos, curiosidade, ou qualquer outro objetivo que você tenha.
Entender esta necessidade é muito importante, pois quando estamos em um mundo cada vez mais dependente de tecnologias, as informações podem ser consideradas “moedas” muito valorizadas. Por exemplo: Quando você compra um livro, o que você compra? Papel ou informações? Ao assistir a um telejornal, qual é o objetivo? Matar a saudade do apresentador, ou obter novas informações? Quando você manda uma mensagem de WhatsApp para alguém, qual é o seu objetivo? Escrever apenas palavras, ou motivar a pessoa que está do outro lado a lhe passar alguma informação?
Viu, nossa vida está cercada de informações o tempo todo. Agora, em uma visão profissional, dentro de uma empresa, imagine a bagunça que seria se não houvesse alguém que pensasse e organizasse o fluxo das informações: Quais são os dados que devem ser armazenados? Onde devem ser armazenados? Quais informações devem ser geradas a partir dos dados? Quem pode ter acesso a cada tipo de dados e informações? Caso as informações sejam perdidas por problemas técnicos ou roubo de informações, quais os procedimentos para recuperá-las?
Todas estas perguntas servem para refletirmos sobre a importância de existirem profissionais preparados e focados na ciência dos dados. Hoje, fala-se muito em “Big Data”, ou melhor, todo tempo estamos gerando dados, e há vários sistemas coletando-os, desde o seu celular, as câmeras de segurança, até o seu computador. A coleta de dados ocorre o tempo todo, mas o que fazer com estes dados e quais são os cuidados e perigos que devem ser analisados? Este é o desafio que teremos em nossa sociedade, cada vez mais intenso, pois a falta de dados ou dados agrupados de forma incorreta geram informações falsas e, consequentemente, decisões ou ações erradas.
Antes de explorarmos as profissões ligadas à área de Banco de Dados, é importante entender, em linhas gerais, qual é a demanda que existe de atividades para este mercado de trabalho e quais os principais desafios que existem, hoje, para serem resolvidos.
Quando falamos de em um profissional de Banco de Dados, estamos fazendo referência a uma pessoa que trabalhará ligada à camada de servidores para as aplicações, ou seja, dificilmente um profissional da área de Banco de Dados atuará diretamente com o usuário final ou com a interface dos sistemas (ou “telas” dos sistemas). Ele vai ficar diretamente vinculado à estruturação dos dados e segurança, em uma camada de trabalho mais vinculada aos computadores.
Vamos pensar em um sistema ou um app que será desenvolvido. Geralmente, o Analista de Sistemas fará um trabalho com o cliente-usuário, que é quem tem o problema a ser solucionado e buscará projetar o que seria o sistema, suas funcionalidades, seus relatórios e tudo o que o sistema tem que fazer.
Ao terminar esta etapa, em geral, o projeto será compartilhado com profissionais de UI (User Interface), que são os profissionais que “desenharão” as Interfaces, ou melhor, as telas, os relatórios, os menus etc. Estes profissionais definirão, desde as cores e as fontes a serem utilizadas, até a forma como as informações aparecerão para os usuários.
Outro profissional que será envolvido, certamente, serão os desenvolvedores, ou Devs (developers), que terão a atribuição de transformar todas as rotinas ou as atividades projetadas pelo Analista de Sistemas em código de programação. Descendo mais uma camada nesta linha de desenvolvimento, chegaremos aos profissionais de Banco de Dados. A estes cabe fazer todo o projeto e a preparação do sistema que receberá os dados, além de projetar como estes dados estarão organizados internamente, como serão relacionados entre si, até a melhor forma de disponibilização destes dados para as demais camadas do sistema.
Para entendermos melhor, pense que o Analista de Sistemas definiu com o cliente como deveria ser feito um Bolo de Casamento. Foi definido qual seria a cobertura, quais sabores deveriam ter no bolo, o recheio, a forma de apresentação etc. Quando o Analista de Sistemas divide as tarefas, o profissional de UI (User Interface) ficará responsável pela apresentação do bolo, ou seja, a sua cobertura, as cores, o formato, o tipo de prato que será utilizado e as decorações. Já o desenvolvedor ficará responsável por misturar os ingredientes na forma correta, bater a massa e colocar a massa no forno, na temperatura correta e cuidará até que tudo esteja cozido, armado e finalizado.
E o profissional de Banco de Dados? Ele será responsável pela parte mais técnica, selecionará a melhor receita, organizará os ingredientes do bolo e liberará para os devs, cuidando para que as quantidades estejam corretas e colocadas na ordem certa. Caso haja alguma preparação inicial dos ingredientes, este profissional também será responsável por deixar os ingredientes prontos para uso pela programação. O profissional de Banco de Dados será responsável, também, por organizar quem poderá comer o bolo, ou não, ou melhor, qual parte do bolo cada tipo de usuário poderá comer, ou seja, se tiver algum tipo de ingrediente alcoólico, por exemplo, deverá buscar uma solução para que esta parte do bolo não seja acessada por pessoas com menos de 18 anos. Ele ainda será responsável por manter uma cópia de toda esta infraestrutura em local seguro, pois, caso haja algum problema futuro, ele tem que ser capaz de fornecer tudo novamente aos devs para que o bolo seja disponibilizado ao cliente o mais rapidamente possível.
Agora que você já tem uma visão do que um profissional da área de Banco de Dados deve fazer, efetivamente, conhecerá quais são as profissões atuais ligadas, diretamente, à gestão e à manipulação de dados e quais as características de cada profissional deve desenvolver dentro do mundo da computação.
Para iniciar, temos a função mais clássica e conhecida na área, que é a de DBA – Data base Administrator, ou Administrador de Banco de Dados. O DBA é uma das funções vinculadas ao Banco de Dados, mas não é muito popular, pois, como é vinculada, diretamente, à estrutura de dados, não atrai muito a atenção de profissionais da área, apesar de ser uma das funções com melhor remuneração na área. As estruturas também não contam com muitos DBAs, ou melhor, em geral, cada sistema tem apenas um ou dois DBAs, dependendo do tamanho do projeto ou sistema.
Cabe ao DBA, primeiramente, conhecer a fundo o SGBD (Sistema Gerenciador de Banco de Dados) que será utilizado, assim como todas as características dos Bancos de Dados. Vale lembrar que tanto o Banco de Dados como o SGBD são softwares, ou seja, podemos considerar que são “programas de computadores” e que cada um desses Softwares pode ser desenvolvido por empresas diferentes. Dividiremos o sistema para entender melhor onde o DBA atuará.
No diagrama apresentado, temos uma representação de camadas dentro do desenvolvimento de um Sistema. Nas duas camadas superiores da pirâmide, observamos as áreas de Interface e de Programação, que não estão no foco do nosso estudo, neste momento. Nas duas camadas inferiores, temos o SGBD, que é o Sistema Gerenciador de Banco de Dados, ou melhor, é o sistema que faz todo o controle do Banco de Dados, desde a segurança de acesso, a distribuição de rotinas de acesso, a gravação de dados, a recuperação de dados, entre diversas outras atividades. Na camada mais inferior, temos, efetivamente, o Banco de Dados, que é o local físico onde os dados serão armazenados para recuperação futura.
O DBA atuará, diretamente, nas duas últimas camadas: SGBD e Banco de Dados, desenvolvendo as seguintes funções:
Administrando os servidores de banco de dados em produção (Camada: Banco de Dados).
Em conjunto com o Analista de Sistemas, definindo a melhor estrutura de dados que será criada no Banco de Dados. (Camada: Banco de Dados)
Orientando analistas e desenvolvedores na otimização de performance das aplicações referente a área de banco de dados. (Camadas: SGBD e Banco de Dados)
Identificando eventuais problemas e riscos dos dados (Camada: Banco de Dados)
Garantindo a integridade dos dados dentro do Sistema. (Camadas: SGBD e Banco de Dados)
Garantindo a execução do plano de contingência (cópias de segurança ou backups) dos dados para conseguir resgatá-los em caso de incidentes com os servidores, como incêndio, inundação, roubo físico (computadores) ou lógico (roubo de dados – hackers). (Camada: Banco de Dados)
Planejando e executando manutenções em bancos de dados em produção. (Camada: Banco de Dados)
Pesquisando inovações tecnológicas para banco de dados. (Camadas: SGBD e Banco de Dados)
Definindo e criando camadas de segurança de acesso aos dados. (Camada: Banco de Dados)
Definindo e criando visões de dados. (Camadas: SGBD e Banco de Dados)
Outra profissão que é vinculada, diretamente, a Banco de Dados é a de Analista de Segurança de Dados, que é um profissional focado no processo de monitoramento constante dos dados, desenvolvimento de rotinas que identificam problemas, preventivamente, ou seja, antes que eles ocorram, ou, ainda, que bloqueia o acesso aos dados ao detectar qualquer tentativa de violação ao banco de dados. Pensando neste profissional, podemos dizer que seria como um guardião de dados, que atua sempre focado na garantia da integridade e da disponibilidade dos dados aos usuários. Esse profissional, em geral, existe apenas em ambientes de grande porte, onde há um grande volume de dados e uma preocupação extrema com a segurança, como instituições bancárias, governos etc.
Olhando um pouco mais para o futuro, estão surgindo, em várias empresas, profissionais vinculados ao Big Data, que têm como foco a extração das informações dos dados, a fim de transformá-las em um direcionamento para o negócio da empresa. Este profissional é como se fosse um “detetive” de dados. Ele trabalha com pessoas ou times completos, respondendo perguntas e gerando recomendações sobre como montar as informações, tudo baseado na análise dos dados, investigando os dados gerados e analisando tudo para chegar a um resultado que indique “o que os dados estão falando”.
Falando em Big Data, este é um termo relativamente novo na área de Tecnologia da Informação e surgiu em virtude do alto volume de dados que, hoje, são gerados pelas diversas tecnologias que utilizamos. Para entender melhor, estamos o tempo todo gerando dados, no Google, no Youtube, quando preenchemos um cadastro, ao mandar uma mensagem etc. Em virtude deste aumento de fontes de dados, é necessário que haja tratamento correto para uso e descarte dos dados, e a área do Big Data nasceu com o objetivo de estudar como tratar, receber, vincular e também descartar os dados gerados, evitando o acúmulo desnecessário de informações.
Em uma primeira visão, parece uma profissão ainda meio deslocada, mas, se considerarmos o volume de dados que são gerados, hoje, por diversas empresas, este profissional é cada vez mais necessário para que as equipes possam ficar focadas em seus sistemas de informação, deixando para que os Analistas de Big Data façam a seleção de dados para cada subsistema, ou negócio da empresa.
De acordo com a necessidade de cada empresa, sempre são geradas novas oportunidades e funções ligadas aos Bancos de Dados, mas, podemos considerar que os profissionais vinculados, em geral, têm formação nas áreas de Ciência ou Engenharia da Computação e Análise e Desenvolvimento de Sistemas, porém profissionais de outras áreas têm se aperfeiçoado para buscar entender cada vez mais da área de dados, o que deve criar demandas e profissões diferenciadas em um futuro breve.
Para entendermos melhor a importância dos profissionais de Banco de Dados, resgataremos um fato que ocorreu em dezembro de 2021, quando houve um ataque hacker à base de dados do Ministério da Saúde do Brasil, “roubando” todos os dados sobre a vacinação contra a COVID-19 no Brasil.
Você pode consultar, na Internet, matérias da época para ter mais detalhes, mas, em resumo, um grupo hacker (pessoas da área da computação, voltadas para ações ilegais ou constrangedoras dentro da Internet) acessou o Banco de Dados e retirou dele todos os dados sobre pessoas, vacinas, datas das doses aplicadas, entre outras informações. Isso deixou o sistema ConectSus, Sistema do Ministério da Saúde que gerencia os dados vinculados à saúde da população em todo o Brasil, desativado por, aproximadamente, catorze dias, em virtude deste ataque.
Você consegue pensar e discutir quais são os impactos negativos causados, dentro de um plano de trabalho de combate à pandemia, com uma ação desta no principal banco de dados que faz a gestão de dados da área da saúde no país?
O primeiro impacto foi que os cientistas ficaram um bom tempo sem poder acompanhar a evolução dos casos de infecção, o que dificultou o acompanhamento e a tomada de ação para melhorar a eficiência do processo de vacinação, ou melhorar a distribuição das vacinas e insumos (seringas, álcool, algodão etc.). Outro impacto sério foi a dificuldade para as pessoas comprovarem a situação de sua vacinação. Isso é fundamental para quem está viajando ou para quem precisa, por alguma razão, comprovar que está vacinado(a).
Muitos outros impactos ocorreram dentro deste processo, mas nosso principal ponto neste cenário é tentar identificar a importância de termos uma equipe profissional de Banco de Dados bem preparada não só no momento do desenvolvimento dos sistemas, mas que também esteja sempre acompanhando as necessidades do sistema e os riscos que existem tanto de segurança como de performance. É muito comum ouvirmos a frase “o sistema está lento”, e isso, em geral, é um problema de sobrecarga no acesso aos dados, que pode ter sofrido alguma falha em seu projeto, ou que pode estar sofrendo uma sobrecarga de requisições de dados, por algum motivo não previsto no momento do desenvolvimento.
Em resumo, podemos observar que o profissional de Banco de Dados tem função estratégica dentro da área da Tecnologia da Informação e que, muitas vezes, não observamos, por não ser uma profissão vinculada diretamente ao usuário final.
Guia de Profissões e Salários in Catho [em linha], 2021, https://www.catho.com.br/profissoes/dba/ [consultado em 12-01-2022].
Artigo: “Veja quais são as profissões na área de banco de dados” in FinanceOne [em linha], 18/10/2021, https://financeone.com.br/profissoes-na-area-de-banco-de-dados/ [consultado em 12-01-2022].
Artigo: “7 profissões valorizadas no mercado de tecnologia” in BHS [em linha], 2019, https://www.bhs.com.br/2019/04/01/profissoes-valorizadas-no-mercado-de-tecnologia/ [consultado em 12-01-2022].
Artigo: “Por que dados são considerados o novo petróleo” in Administradores.com [em linha], 2019, https://administradores.com.br/noticias/por-que-dados-sao-considerados-o-novo-petroleo, [consultado em 13-01-2022].