Baseada em uma provocação gerada nas reuniões do NuSom, esta ação cartográfica busca questionar a ideia de que uma gravação única é capaz de representar um ponto no espaço.
Investiga-se as transformações sonoras na região da Av. Paulista em diferentes períodos do dia, em diferentes dias da semana e em diferentes eventos organizados na região, em um intenso período de mudanças políticas na cidade e com a sede de se descobrir como parte integrante desses espaços pela primeira vez.
Contrapondo a rigidez do mapa, a camada sonora do trabalho marca às transformações contínuas e contrastes abruptos, mostrando que esse espaço não pode ser caracterizado e identificado por um conjunto fixo de sons, nem se desprender de sua temporalidade fundamental.
Como um mesmo espaço geográfico pode assumir diversas formas, variando de acordo com quem o ocupa? Ao considerarmos as premissas espaciais do som, somos sempre questionados acerca da sua representatividade dentro de um contexto identitário e também da sua fixação no tempo como algo interpretativo ou definidor.
Pensando no território como algo audível, buscando refletir sobre a sua localização, esse trabalho abre uma série de 5 gravações cartográficas que visam refletir sobre a identidade, o tempo e as variações da audição a partir do terreno da descoberta, partindo de uma escolha poética de alguém que não se sente pertencente a esses espaços e tenta, intuitivamente, questionar a representação fixa de uma identidade sonora que não considera a contextualização da escuta de modo radical.
fotos: Thayná Bonacorsi.