Como apresentado ao longo deste trabalho, o saneamento básico é um direito fundamental de todo cidadão, mas que infelizmente não é acessível a todos. Segundo os dados mais atualizados disponibilizados pelo IBGE (2019) aproximadamente 31,7% dos lares brasileiros ainda não contam com uma rede geral de esgoto ou fossa séptica ligada à rede.
O fato de ainda existirem lares sem acesso a este direito fundamental apresenta um risco à saúde humana, animal e ambiental, além de ampliar as desigualdades sociais, já que as localizações que não foram providas com o saneamento são reconhecidamente mais carentes e segundo a Organização Mundial da Saúde “O saneamento e a qualidade da água são fundamentais para o desenvolvimento e o bem-estar humano. Fornecer acesso a água potável é um dos instrumentos mais eficazes para promover a saúde e reduzir a pobreza.” (OMS, 2017), desta forma para enfrentar os problemas socioeconômicos, também é preciso pensar na qualidade de vida das pessoas e na proteção ambiental.
Desta forma para obter uma análise ampla a respeito das consequências da falta de saneamento é preciso utilizar o conceito de saúde única, onde se assume que qualquer problema que afete o nicho humano, animal ou ambiental acarretará em consequências para os demais. Em relação ao ambiente e a fauna, quando o esgoto e o lixo doméstico não são devidamente coletados e tratados podem favorecer a contaminação de afluentes e a proliferação de animais causadores de doenças como “doenças diarreicas, infecções intestinais por helmintos, esquistossomose e tracoma” (OMS, 2017) e outros animais como ratos e baratas.
Desta forma fica claro que os impactos da poluição na fauna e na flora logo afetam os seres humanos por meio de zoonoses e sem água potável não é possível garantir a segurança dos alimentos preparados e lavados com a mesma, segundo Ribeiro, Lima, Cappi, Ayach (p. 53, 2012) “quando analisaram 120 amostras de água subterrâneas em Feira de Santana (BA) e encontraram coliformes totais em 90,8% das amostras e coliformes fecais em 65,8%.” estas bactérias patológicas tornam a água imprópria para consumo, e como já citado, um dos possíveis problemas ocasionados pela falta de tratamento do esgoto e pelo despejo irregular de lixo por falta de coleta é a contaminação de afluentes e como demonstrado na citação mesmo as águas subterrâneas podem estar contaminadas de forma, que uma fonte de água de uma comunidade que não possui o fornecimento de água tratada pode disseminar doenças.
Além da saúde, estes poluentes tem impacto direto na economia local, já que locais menos desenvolvidos, sem os recursos básicos e vitais para vida como o saneamento não é propício para o crescimento do comércio, e em famílias onde foram registrados óbitos por doenças relacionadas a falta de um sistema de esgoto, água tratada e limpeza de vias urbanas pode ter sua condição econômica e psicológica afetada aumentando as desigualdades e perpetuando um ciclo de pobreza e comorbidades, demonstrando assim os impactos da falta de saneamento para a população afetada