Projetos de Pesquisa
A realização de argumentos e as classes verbais do português brasileiro
Descrição: O presente projeto de pesquisa insere-se no âmbito da interface entre as áreas de semântica lexical e sintaxe, e consiste no estudo e catalogação das possíveis realizações sintáticas dos argumentos dos verbos do português brasileiro. A etapa inicial desse projeto, que se encontra em andamento, consiste na investigação das propriedades gramaticais do conjunto de verbos denominados por Ribeiro (2014) como ?verbos dinâmicos monoargumentais?. Essa classe verbal mais ampla é formada por verbos que denotam eventos simples envolvendo apenas um participante, e abrange subclasses conhecidas na literatura, como os verbos de modo de movimento (p. ex., correr, andar, rolar, girar), os verbos de processos corporais (p. ex., dormir, espirrar, tossir) e os verbos de emissão (p. ex., apitar, brilhar, chiar, soar). A investigação dos verbos dinâmicos monoargumentais servirá de base para uma discussão mais ampla que pretendemos realizar sobre o quão fina deve ser a definição das classes verbais, bem como estabelecerá o modelo para o estudo de outras classes verbais do português brasileiro, em etapas seguintes do projeto.
Graduadores: aspectos semânticos e históricos
Descrição: O projeto busca descrever aspectos gramaticais de um conjunto de expressões graduadoras formado por locuções encabeçadas pelas preposições para (pra cacete etc.), a (à beça etc.) e outras locuções de comportamento similar. Especificamente, no plano sincrônico, queremos determinar seu papel composicional e seu significado. No plano diacrônico, buscamos dados que nos mostrem qual o processo de gramaticalização que permite que sintagmas preposicionados mudem seu significado denotativo e passem a expressar intensidade ou quantidade.
Sujeitos pronominais nulos e plenos em português brasileiro
Descrição: Desde, pelo menos, a década de 1990 (em especial a partir dos trabalhos pioneiros de Duarte, 1993, 1995 e Cyrino, 1994/1997), dois fenômenos característicos da gramática do PB vêm sendo investigados de maneira sistemática: a omissão e a expressão de sujeitos e objetos diretos pronominais, em especial envolvendo a 3ª pessoa. Alguns poucos estudos, no entanto, tratam desses fenômenos de maneira unificada (o pioneiro entre eles sendo, provavelmente, Tarallo, 1983) e tentam mostrar os princípios gramaticais que estariam por trás de ambos os fenômenos, em uma abordagem unificada. Esse será justamente o objetivo central do projeto: esboçar uma explicação unificada para o fenômeno de omissão e expressão do pronome de 3ª pessoa na função de sujeito e de objeto direto em PB. De maneira mais pormenorizada, perseguiremos quatro objetivos centrais, dois de cunho empírico e um de natureza teórica. São eles:
(i) investigaremos se as ocorrências de sujeito pronominal expresso diminuíram ou aumentaram no intervalo de mais ou menos 20 anos no PB falado em Porto Alegre (RS), através da análise de corpora orais;
(ii) investigaremos se as ocorrências de objeto nulo diminuíram ou aumentaram no intervalo de mais ou menos 20 anos no PB falado em Porto Alegre, através da análise de corpora orais;
(iii) investigaremos quais traços semânticos do referente podem estar atuando como gatilho para a manifestação do pronome ou de categoria vazia nas ocorrências de sujeito e de objeto direto de 3ª pessoa.
(iv) Investigaremos fatores formais e funcionais que favorecem o sujeito nulo em PB.
Qual, afinal, é a pressuposição das clivadas?
Descrição: O comportamento pragmático das clivadas coloca um paradoxo: (a) de um lado, quando observamos o uso de clivadas como respostas a perguntas WH, verificamos que há forte evidência de que, neste contexto, são respostas felizes quando o contexto da pergunta apresenta uma pressuposição de unicidade (ou noção similar); (b) por outro lado, há evidência abundante, também, de que em vários outros contextos discursivos, o efeito de focalizar o constituinte clivado requer, para seu sucesso contextual, no máximo uma pressuposição de existência ? esse é, em particular, o caso em que a clivada é utilizada para se fazer uma asserção de exclusão (caso em que é compatível com "somente"); mas também é o caso de outros efeitos de focalização que não envolvem necessariamente exclusão de alternativas. O objetivo do presente projeto é o de buscar uma solução para este paradoxo: buscar um modo de determinar qual a propriedade pressuposicional básica das clivadas ? é uma pressuposição de unicidade, como defendido por Wedgwood 2009, Menuzzi 2012, Büring & Kri? 2013, entre outros? ou é uma pressuposição existencial, como defendido por Horn 1981 e Pollard & Yasavul (a aparecer).