CIDADE E DEMOCRACIA - OBJETIVOS

Há um esforço mais evidente de pesquisadores da cidade quanto aos processos de mutação no interior da sociedade, sobretudo de sociedades instituídas por valores democráticos e republicanos. Nesse sentido, o Brasil vem passando pela indeterminação do que sejam esses valores à medida que o espaço comum e compartilhável parece desaparecer ao ponto que não somos capazes do diálogo com o Outro. Se esse espaço é destituído em uma democracia, o que resta é um tempo indeterminado colocando em risco o direito à vida, à liberdade e à igualdade. Por isso, o seminário propõe um espaço para os diálogos sobre o encantamento e o desencantamento com a cidade onde o espaço comum permite sermos uma democracia com valores republicanos. O oposto é o ato de se encantar e desencantar com a cidade e a vida pública, isto é, a perda do que é estável e estabilizador de nossas relações cotidianas entre o mundo público e privado. Desse modo, é representado o modo como registramos ilusões e desilusões com o Estado, a política, os governos e as instituições, mais ainda, com o sentido coletivo de estar com o Outro e os outros. Isso significa que a cidade permite pensarmos esses processos de mutação, isto é, o campo de indeterminações em que a violência vai agenciando práticas e ações diárias de convívio e convivência. Espera-se, nesse sentido, que os simpósios e conferências possam trazer reflexões para pensarmos essa teia de relações.

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CONTEXTO DO SEMINÁRIO

O Seminário Nacional: Urbanismo, Tempo e Espaço é um espaço para o diálogo acadêmico entre pesquisadores da cidade. A proposta do seminário surgiu nos laboratórios de pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (IAU/USP), com pós-graduandos entre 2015 e 2019. Em 2020, foi realizado o primeiro evento, e neste ano pretendemos dar continuidade devido à importância desse espaço para o diálogo acadêmico. E no tempo presente é uma forma de resistência.

SÍNTESE DO I SEMINÁRIO

O primeiro seminário teve como temática a cidade, a pandemia e o cotidiano. A partir dessa, procurou-se pensar “Pandemia, Cidade e Cotidiano” sem abordagens futurísticas, e sim da cidade exposta pelo isolamento, o negacionismo, o Estado e suas instituições. O evento foi marcado pelo diálogo com antropólogos que estudam a Amazônia, revelando o mundo conhecido, pois no centro sul do país assimilamos o campo de hipóteses e de notícias jornalísticas. No período em que o seminário ocorreu (outubro de 2021), o diálogo com os professores convidados permitiu conhecermos a destituição do homem e da natureza pelos processos extrativistas, corroendo as cidades, as comunidades, as aldeias, os saberes, o ‘habitat’, o ser e a natureza. A pandemia, naquele momento, ampliava iniquidades urbanas, sociais, econômicas, isto é, a dimensão coletiva da vida.

As demais conferências trouxeram uma reflexão atual sobre a pesquisa urbana e social a partir da relação Estado, sociedade e violência pela Profa. Vera Telles (USP); o “Tempo Presente” pelos conceitos da Profa. Ana Clara Torres Ribeiro, abordados pelo Prof. Márcio Cataia (Unicamp); e, por último, a relação indissociável entre “cidade e filosofia” pelo Prof. Jelson Oliveira (PUCPR).

Por fim, os grupos temáticos, coordenadores e os anais do evento podem ser acessados no link: https://rppc.emnuvens.com.br/urbanismo/issue/archive

Prof. Wesley da Silva Medeiros