Sou professora municipal e compartilho o resumo de uma das práticas desenvolvidas na turma do 1.º ano, da Escola Municipal de Ensino Fundamental Lívia Menna Barreto, no Município de Santa Maria - RS.
Diante da atual conjuntura, com a normatização do ensino remoto de emergência, minha preocupação inicial foi saber se conseguiríamos desenvolver metodologias ativas como fazíamos na escola? A resposta é SIM, desde que as famílias sejam parceiras da escola e participem ativamente do processo de alfabetização.
Após uma sondagem (prática indispensável para identificar em que nível da lecto-escrita a criança se encontra, e que foi realizada por chamada de vídeo pelo WhattsApp), procurei descobrir um interesse comum, especificamente, por personagens do "mundo do faz de conta". Os Vingadores ( personagens da Marvel) assumiram o topo da lista. Diante dos dados obtidos busquei contemplar as competências e habilidades descritas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e planejei atividades para os diferentes níveis de lecto-escrita dos alunos. Para tanto, criei um contexto lúdico e criativo para motivá-los. A participação das famílias foi imediata, desde que souberam o que eu planejava. Foram meus parceiros, me surpreenderam, me encantaram com o cenário lúdico que ajudaram a construir. Desde as entregas das cartas (que foram deixadas por eles na caixa do correio) até o momento das filmagens e da contribuição para a criação dos personagens para seus filhos, eles foram incansáveis! Para cada personagem propus (inventei) uma atribuição para cuidar da família e da casa do coronavírus. As etiquetas com os personagens foram fixadas pela casa. Está sendo uma experiência riquíssima! Criei quizzes, trabalhamos com um meio de comunicação que nunca haviam recebido, vivenciamos a importância da escrita na vida cotidiana (protocolos de leitura, construção do sistema de escrita alfabético), exploramos a criatividade, a compreensão dos numerais, o movimento, exercitamos a imitação e o faz de conta ressignificando objetos e os cômodos da casa, exploramos as tecnologias e os recursos digitais.
E o projeto continua... pois temos muito mais para desenvolver com esse tema. Eu acredito na alfabetização como um processo lúdico e criativo e, nada melhor, do que fazer uso dos personagens que fazem parte da vivência cotidiana das crianças para motivá-los.