NO DIA EM QUE UM HOMEM MORREU


2006

(vídeo | mini-dv transferido para ficheiro digital, cor, som, 7 min 50 s)

No dia em que um homem morreu é um vídeo que toma o colectivo para chegar ao indivíduo, reflectindo sobre a existência ou ausência do seu lugar nesse colectivo.


O título remete à partida para uma expectativa de narrativa pessoal que é recusada em cada plano e nunca chega a ser dada. Ao ponto de o próprio espectador se poder esquecer desse “homem” ao longo dos longos planos.


São imagens quotidianas de um espaço urbano e periférico mostrando vias rodoviárias congestionadas por um tráfego contínuo, blocos habitacionais impessoais, frias varandas fechadas, jardins suburbanos de natureza controlada e inúmeros candeeiros públicos uniformizados. De tal forma que, nessas imagens, as pessoas estão sempre ausentes ou subjugadas a uma escala menor no plano geral do conjunto urbanístico.


O som, durante todo o vídeo, encontra-se padronizado num constante ruído resultante do tráfego automóvel.


A partir de uma linguagem contemplativa, reflecte-se sobre a anulação do individual pelo colectivo, da excepção pelo sistema, do emotivo pelo racional, do primitivo pelo civilizacional, do efémero pelo contínuo.


No dia em que um homem morreu nada mudou, tudo permaneceu absolutamente inalterável.