DO OUTRO LADO DO VIDRO
(
OS PÁSSAROS)


2009

(vídeo | mini-dv transferido para ficheiro digital, cor, s/ som, 12 min 51 s)

(caixa de luz | alumínio lacado, lâmpadas, imagem de recibo verde digitalizado e ampliado em vinil sobre tela de panaflex | 53 cm x 70 cm x 10 cm)

Do outro lado do vidro (os pássaros) é um trabalho que consiste num vídeo com esse mesmo nome e numa caixa de luz que contextualiza o vídeo.


A caixa de luz apresenta uma ampliação de recibo verde relativo a um trabalho que fiz para a Cinemateca Portuguesa. No contexto de uma situação do campo da utilidade e necessidade, criei um trabalho artístico em local e horário laboral como assalariado. Desta forma, procurei mais uma vez conquistar um espaço de liberdade, numa espécie de intromissão reflectora e reflexiva do plano pragmático.


O vídeo altera imagens (quase documentais do trabalho de um projeccionista na cabine de projecção) com textos em prosa (divididos de forma pouco convencional e apresentados num formato visual semelhante ao da poesia, o que automaticamente os transforma mesmo em poesia, ou seja, apenas pelo simulacro da sua forma atinge-se o modelo de referência).


Em termos de conteúdos, esses textos alteram entre breves descrições de cenas do filme
Os pássaros e várias pequenas e curiosas narrativas onde não se descortina o que é ficcionado e o que é autobiográfico. Apenas têm em comum o aparecimento em algum momento de algum pássaro associado a uma emoção, pensamento ou situação. Em cada texto que segue uma imagem há a constante referência aos termos técnicos da linguagem cinematográfica que, de alguma forma, dialogam com as narrativas ou com as imagens.


Ao longo do vídeo tudo se vai baralhando e deixa de ser claro o que é real e o que é ficção, o que é memória pessoal e o que é cena do filme
Os pássaros, o que é memória do projeccionista e o que é memória do autor do vídeo. Tudo isto num espaço de memória por excelência: uma cinemateca.



Caixa-de-luz
Projecção do vídeo e caixa-de-luz no CAPC