Camouflage garbage é uma fotografia feita no bairro onde vivi durante a minha estadia na Suécia.


Ao nível da apresentação formal, procurei uma tensão entre a reduzida escala da fotografia e a grande escala da sua moldura (com extenso passe-partout). Será a fotografia pequena demais para a moldura? Será a moldura grande demais para a fotografia? E se nesse desencontro de dimensões se potenciar algo?


Certa é a convocação da moldura para o interior do trabalho artístico, assim como a necessidade do espectador de, na impossibilidade de uma total apreensão à distância, se aproximar fisicamente para poder entrar na imagem. Imagem essa que, partindo do real, se transforma e ganha novos sentidos metafóricos pelo olhar do artista - expressos via título.


Os caixotes do lixo enquadrados nesta fotografia, encontram-se por trás da vegetação e apesar da sua industrial produção e artificial materialidade, apresenta cores da Natureza. Podemos identificar aqui um certo processo de mimetização, camuflagem. Busca-se uma indistinção entre o meio (o jardim) e o objecto que contém escondido dentro de si os resíduos humanos (o lixo).


Esta imagem pretende ser metáfora para a humana necessidade de criar imagéticas de simulacro e de dissimulação daquilo que, sendo resultado da sua acção, lhe é desagradável. No lixo, como na guerra, é preciso camuflagem.