S/ TÍTULO (POLÍCIAS)


2005

(vídeo | mini-dv transferido para ficheiro digital, cor, som, 4 min 22 s)

O vídeo parte de um desafio para uma exposição lançado pelo Instituto Franco-Português à escola de artes visuais Maumaus (quando eu era aluno), no âmbito das comemorações dos 30 anos do livro Vigiar e punir de Michel Foucault.


O autor tornou-se uma referência incontornável no meu pensamento político, sobretudo pela sua análise das relações de poder em contextos sociais. A partir dessas reflexões, surgiu uma necessidade de resposta aos condicionalismos da sociedade e, em particular, aos condicionalismos dos agentes e instituições de autoridade pública que têm como fim disciplinar e controlar. Com vista a conquistar um espaço de liberdade, em reacção a esse controlo, pretendi usar neste trabalho o poder que uma câmara num mundo fascinado pela imagem pode dar.


De início, foram feitas várias entrevistas a polícias civis (PSP) e militares (GNR), homens e mulheres, com diferentes idades e postos na hierarquia institucional. Posteriormente, na edição, apenas foram seleccionados os planos prévios a essas entrevistas, com movimentos de polícias seguindo as indicações dadas. Deste modo, vários agentes da autoridade movimentam-se frente à câmara, numa espécie de coreografia dirigida pela voz do artista. Com humor, subverte-se o sentido quotidiano do poder, invertendo-o.


Simultaneamente, capturam-se retratos das particularidades individuais de cada um desses agentes de autoridade e revelam-se fragilidades que lhes devolvem uma maior humanidade por trás do institucional uniforme.


Este vídeo foi seleccionado para Jovens Criadores ’06 (uma seleção nacional e anual de jovens artistas em Portugal), na secção de videoarte.



Nota: no excerto do vídeo online foram tapadas as caras dos agentes policiais.