No espaço de uma vitrina institucional do Goethe Institut (habitualmente ocupada com livros) esvaziou-se o seu interior e instalou-se um pequeno monitor com um vídeo (exibindo uma performance), que em diálogo com a localização contígua de uma biblioteca, reflecte sobre os sistemas de organização e hierarquização do conhecimento.

O vídeo consiste numa sequência ininterrupta, sem princípio nem fim (em loop) de um conjunto de 10 séries repetidas da performance. Cada série encontra-se separada por imagens das placas divisórias que identificam numericamente cada campo temático para arquivo dos livros na biblioteca (revelando-se igualmente um retrato da orientação ideológica da instituição). Em cada série desses capítulos, como performer deito-me e levanto-me 10 vezes entre as estantes de livros.

Trata-se de uma referência ao sistema decimal internacional de organização das bibliotecas, onde a opção pelos referidos movimentos de um corpo continuamente para cima e para baixo surge pela analogia com a ideia de ascensão e queda, com a qual relaciono a ambição e limites do sistema decimal bibliotecário e, em geral, os sistemas de produção, catalogação e memória de conhecimento. E da vida.