Dicas

Dica de filme: Green Book, O Guia

Com direção de Peter Farrelly, Green Book: O Guia apresenta uma história de desconstrução e confronto de preconceitos em torno de seus dois personagens principais. Dr. Don Shirley, interpretado por Mahershala Ali, é um músico renomado que, para iniciar uma turnê pelo sul dos Estados Unidos de aproximadamente dois meses, precisará de um motorista que o acompanhe em todos os momentos, e é nessa situação que a relação entre Dr. Shirley e Tony Lip se inicia.

Tony Vallelonga, interpretado por Viggo Mortensen, um segurança ítalo-americano, tem seus valores, crenças e características apresentados logo de início: homem branco, casado, dois filhos, forte e metido a valentão durante toda a sua vida. As suas primeiras cenas deixam claro o racismo que está enraizado nele – uma cena em específico mostra o personagem jogando na lixeira dois copos utilizados por dois encanadores negros em sua casa, sem aparente razão ou explicação lógica.

Todavia, a apresentação do Dr. Shirley é feita de forma mais cuidadosa ao longo do filme, com cautela e lentamente, no ritmo em que o personagem se deixa conhecer: um elegante pianista negro, alcoólatra, homossexual e profundamente solitário, que anima festas particulares ou semi-públicas de acadêmicos e ricos, incluindo os educadamente racistas do sul.

A relação entre ambos os personagens, que de longe aparenta haver dificuldade, é construída inicialmente sob o viés profissional, em uma relação de empregador e empregado, mas a personalidade e temperamento do Vallelonga não deixa que a situação permaneça assim por muito tempo. A aproximação entre os personagens de traços extremamente diferentes é feita de forma sutil e regada ao humor do Viggo Mortensen.

Ao telespectador, os diálogos apresentam incômodo racial de costume, sendo abordado ora pela comédia ora pelo drama contundente. A dupla desconstrói seus conceitos de formas diferentes, cada um sob sua vivência, um ajudando o outro. A perspectiva valiosa apresentada pelo longa-metragem evita ser apenas mais uma história de “homem negro e de sucesso” que é colocado em um altar para admiração, assim como evita também entrar na visão de “homem branco salvador”. A interpretação de Ali e Mortensen fortalecem o objetivo do filme de forma a dar valor e profundidade a ele, proporcionando uma sensação de reflexão aos espectadores a respeito da história das pessoas negras e do racismo velado presente ainda hoje em muitos atos corriqueiros.

Por: Iris Lima da Silva.


Dica de série: Brooklyn 99

Brooklyn Nine-Nine trata-se de uma série de comédia policial americana criada por Dan Goor e Michael Schur, estreada no ano de 2013 e possuindo uma excelente avaliação da crítica e do público em geral, com promessa para execução de uma 8ª temporada em 2021. A produção se passa na fictícia 99ª delegacia do Departamento de Polícia de Nova York, mais especificamente no bairro do Brooklyn, e conta a história de uma equipe detetives liderados pelo adorável sargento Terry Jeffords e pelo capitão recém chegado Raymond Holt.

A equipe é composta por uma diversidade de personalidades que combinam perfeitamente: Jake Peralta, é o protagonista destaque e possui uma enormidade de casos resolvidos, sendo bastante extrovertido, soando infantil na maioria das vezes; Amy Santiago, exala competência e concorre com o Jake pelo status de maior número de casos solucionados, sendo bem mais metódica e organizada do que o seu “rival”; Charles Boyle, é o mais atrapalhado da equipe e é o braço direito do Jake; Rosa Diaz, a detetive séria e agressiva; Hitchcock e Scully, a dupla da velha guarda, totalmente desconexos do trabalho, super preguiçosos e amantes da comida (qualquer que seja); e por fim, Gina Linetti, a secretária do capitão, com uma autoestima elevadíssima e utiliza sempre do seu humor sarcástico com os colegas da delegacia.

O que torna Brooklyn Nine-Nine especial não é somente o fato de conseguir proporcionar altas risadas ao espectador, mas também porque a série traz em seu roteiro inúmeras referências a outras produções da cultura pop, exalta a importância do trabalho em equipe e possui um importante papel social, tendo um elenco bastante representativo e de nenhum modo estereotipado, abordando uma diversidade de temas de forma instigante e agradável, como por exemplo, a orientação sexual, o racismo, a masculinidade tóxica, a rivalização feminina e entre outros.

Brooklyn Nine-Nine é com toda certeza uma série que você não irá se arrepender de assistir, contendo tudo que uma boa comédia tem que ter, desde um humor cômico a momentos emocionantes e reflexivos. E aí, tá esperando o que para maratonar esta série maravilhosa?

Por: Mateus Lima Barros.



Dica de livro: A Revolução dos Bichos

A Revolução dos Bichos é uma obra de romance satírico escrita por George Orwell, publicada no Reino Unido no ano de 1945. O livro narra uma história de corrupção e traição recorrendo a figuras de animais para retratar as fraquezas humanas e demolir o "paraíso comunista" proposto pela União Soviética na época de Stalin. A revolta dos animais da famosa Granja Solar contra os humanos é liderada pelos porcos Bola-de-Neve e Napoleão que, chegando ao poder, decidem por manter a subserviência e autoritarismo presentes.

A sátira feita pelo livro à extinta União Soviética obteve o 31º lugar na lista dos melhores romances do século XX organizada pela Modern Library List e, apesar do direcionamento claro ao regime comunista de Stalin, a obra pode ser interpretada também como uma crítica a todo sistema ditatorial vigente em diversos países.

Ao decorrer da obra, é possível encontrar características que estão presentes tanto no comportamento primário de alguns dos animais quanto nos humanos. O livro escancara as desigualdades sociais, retratadas em forma de fábula, e descreve a grotesca capacidade de corrupção por parte dos poderosos.

A Revolução dos Bichos é um livro que pode ser lido por e para crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos.

Por: Pedro Henrique Ribeiro da Cruz.