Sobre A. F. Regnell

Andrews Fredrik Regnell

Quando chegamos à cidade de Caldas e olhamos para a serra da Pedra Branca, começamos a imaginar como a natureza foi pródiga, ao nos proporcionar uma paisagem de tamanha beleza e grandiosidade. Difícil será a qualquer um, ignorar a sua presença, e muito menos a atenção que ela presta.

Embora não faça parte da intrusão alcalina que originou o Planalto de Poços de Caldas, observou tudo o que aconteceu há uns 400 milhões de anos atrás, e influenciou-se pelas raízes ali criadas absorvendo os seus elementos naturais.

Por isso, os mais sensíveis ou curiosos, quando arriscam uma subida pelas suas encostas, encontram plantas, animais, insetos e outras criações da natureza, nas mais belas formas, em harmonia com a geologia colossal que os envolve.

Sempre assim deve ter sido e sempre assim o será. As descrições mais antigas remontam ao século XVIII, mas as mais científicas são do século XIX. Nesse século se estudaram as rochas, as plantas e as águas, e nesses estudos, a participação mais importante foi a de um médico e botânico sueco, que viveu 43 anos em Caldas. Estudou, catalogou e deu a conhecer as plantas da região, cujos exemplares que coletava enviava para o estrangeiro, levando para todo o mundo um pouco da nossa terra, na sua expressão máxima que são os frutos por ela gerados. O Dr. André, como era popularmente conhecido, recebeu o nome de Anders Fredrik Regnell, ao nascer no dia 7 de junho de 1807, na cidade de Estocolmo, distrito de Ostermalm, na Suécia. Não veio com o intuito de estudar as nossas riquezas naturais, nem tão pouco em missão oficial de alguma Academia de Ciências, chegou aqui, a pedido de um conterrâneo seu, que também se tinha apaixonado pela região.

No ano de 1826, o Cônsul da Suécia e Noruega, amigo de Dom Pedro I, Lourenço Westin, comprou à família Franco uma fazenda, no atual município de Poço Fundo, onde passou os últimos anos da sua vida. A esposa do Cônsul estava doente, e precisava de assistência médica permanente, o que era impossível em Caldas. Então decidiu contratar um médico sueco, e o Dr. André, que na altura procurava um local de clima ameno, tinha uma doença grave nos pulmões, aceitou a incumbência e viajou para o Brasil.

Médico cirurgião competente e botânico atento, o Dr. André logo foi aceite pela sociedade local, e deslumbrado pela beleza da terra, iniciou o estudo da botânica regional.

Classificou mais de 2.000 espécimes, e organizou um dos maiores estudos botânicos do Brasil. O Memorial Regnell, que a Fundação Jardim Botânico de Poços de Caldas está a organizar, pretende resgatar a vida e a obra do Dr. Anders Fredrik Regnell, com enfoque nas suas coleções históricas.

Com uma regularidade semanal, iremos publicando no nosso site, matérias referentes ao Memorial, divulgando aspectos interessantes, para a história do Sul de Minas e do Brasil.

Começamos pela terra que recebeu o Dr. André, com as suas gentes e os seus costumes.