REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
VILAÇA, Márcio Luiz Corrêa. Pesquisa e ensino: considerações e reflexões. Revista e-scrita, Nilópolis, v.1, n.2, p.59-74, 2010. Disponível em: <http://www.uniabeu.edu.br/publica/index.php/RE/article/view/26>. Acesso em: 01 mar. 2018.
Márcio Luiz Corrêa Vilaça é Doutor em Estudos Linguísticos pela UFF, Mestre em Linguística Aplicada pela UFRJ, Bacharel e Licenciado em Letras (Português-Inglês) pela UFRJ. Atualmente é Professor Adjunto do Programa de Pós-Graduação em Humanidades, Culturas e Artes da UNIGRANRIO, atuando também como membro de Conselho de Iniciação Científica, membro de Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) e de Conselho Editorial de periódicos acadêmicos. O autor publicou vários artigos e livros, principalmente sobre o ensino de língua inglesa.
Inicialmente, Vilaça questiona a ideia errônea sobre o termo pesquisa. Não se trata de uma simples “cópia e colagem” de textos, nem sequer de um resumo ou fichamento de uma obra. De fato, o autor recorre à definição mais apropriada, de Appolinário (2004): pesquisa é a procura por respostas para problemas, uma investigação sistemática, pela busca e reorganização de informações. Vilaça observa que em Letras os dados de uma pesquisa nem sempre podem ser expressos matematicamente, como Appolinário sugere. Pensando, por exemplo, em Sociolinguística, percebemos que os resultados da coleta de dados sofrem influência de inúmeros fatores, como por exemplo, as variáveis independentes (Para conhecer sociolingüística, 2015). No caso da Linguística Textual, podem ocorrer diferentes interpretações de um mesmo conjunto de textos (corpus). Enfim, há dados que dificilmente poderão ser mensurados.
Para explicar sobre o que é pesquisa, Vilaça faz referência a outros autores: Gil (1999) traz o conceito de “processo formal e sistemático de desenvolvimento do método científico”, numa relação ciência e pesquisa. Por sua vez, Michel (2005) diz que pesquisa é a descoberta da realidade. Rudio (2009) completa essa ideia dizendo que a compreensão da realidade é tudo o que proporciona a desconstrução de meras idealizações. Quanto à qualificação da pesquisa, Rudio classifica como científica aquela que é feita de modo sistematizado, com método próprio e técnicas específicas que levem à constatação empírica.
Mais adiante, Vilaça explica sobre a distinção entre pesquisa teórica e pesquisa aplicada: a primeira visa reflexões e novos conhecimentos em torno de um tema a ser explorado, que em Letras seria o estudo de conceitos, biografias e visões de ensino-aprendizagem. A segunda se desenvolve pelos estudos mais complexos de investigação por meio de recursos variados. Estruturalmente, é baseada em fundamentação teórica, metodologia de pesquisa e análise de dados.
Além do que foi apresentado no texto, podemos falar de tipos de procedimentos: a pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental, a pesquisa de campo e a pesquisa histórica. Também é possível pensar em classificação da pesquisa por nível de profundidade de estudo: a pesquisa exploratória, que é uma forma de se familiarizar com o objeto analisado; a pesquisa descritiva, que apenas observa e registra os aspectos que envolvem os fenômenos; e a pesquisa explicativa, que aponta e descreve as motivações para os fenômenos (Gil, 2002).
Segundo Vilaça, os objetivos da pesquisa são regidos por vários fatores como, por exemplo, a busca de entendimento sobre hipóteses e variáveis. A motivação, segundo os autores que ele cita, está em torno da “solução e compreensão de problemas”. No entanto, ele reforça que a palavra problema deve ser interpretada por “sistematização de procedimentos de estudo e investigação”.
Pode-se concluir que a pesquisa traz como possibilidade a construção de um conhecimento novo, tendo contribuído para novas descobertas em diversas áreas como, por exemplo, a Educação. O desejo incessante de se buscar respostas para tudo é, pois, uma característica inata ao ser humano. Quanto à sensação de que não há mais nada a ser explorado, eis que me lembro de uma frase do livro O Mundo de Sofia, de Jostein Gaarder: “Mas uma vez satisfeitas todas essas necessidades, será que ainda resta alguma coisa de que todo mundo precise? Os filósofos acham que sim.” (p.24)
É possível perceber que a composição do artigo se constitui pelo método indutivo. As conclusões do autor são extraídas a partir de materiais bibliográficos e, consequentemente, de sua própria experiência profissional. Como referencial teórico, o autor traz os conceitos de Appolinário (2004), Gil (1999), Michel (2005), entre outros especialistas em Metodologia Científica e estudos relacionados ao curso de Letras. Vilaça desenvolve o artigo com bastante perspicácia, genialidade e criticidade, trazendo reflexões importantes sobre pesquisa e ensino. Por isso, contribui na área da Educação, principalmente para orientar professores e estudantes ingressados em cursos de Graduação.
OUTRAS REFERÊNCIAS
COELHO, Izete Lehmkuhl; SOUZA, Christiane Maria N. de; GÖRSKI, Edair Maria; MAY, Guilherme Henrique. Para conhecer sociolinguística. São Paulo: Contexto, 2015. (Coleção para conhecer linguística)
GAARDER, Jostein. O Mundo de Sofia: romance da história da filosofia. Tradução de João Azenha Jr. São Paulo: Companhia de Letras, 1995.