REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
GADOTTI, Moacir. Por que ser professor?. Boniteza de um sonho: ensinar-e-aprender com sentido. Novo Hamburgo: Feevale, 2003. p.09-18
Moacir Gadotti nasceu em Santa Catarina, em 01 de outubro de 1941. É Doutor em Ciências da Educação na Universidade de Genebra (Suíça, 1977) e Livre Docência na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP, 1986). Fez Mestrado em Filosofia da Educação na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP, 1973) e possui Licenciatura em Pedagogia (1967) e em Filosofia (1971). Foi professor de História e Filosofia da Educação em cursos de graduação e pós-graduação. Foi também Professor Titular na Universidade de São Paulo e atualmente está aposentado, mas continua dando aula e orientação na pós-graduação. Ele possui várias publicações: Educação e poder (1988), Paulo Freire: Uma bibliografia (1996), Pedagogia da Terra (2000) e Educar para um Outro Mundo Possível (2007).
O autor introduz o texto com duas palavras-chave, sensibilidade e consciência, associando-as ao conceito de beleza. Ele nos induz a pensar sobre como conduzir o magistério à sua realização plena. Afinal, “aprender e ensinar com sentido” é ter um projeto ou utopia para nortear o caminho. Nesse caso, a Pedagogia serve de guia para tais projeções. Seguindo o mesmo raciocínio, o autor cita as contribuições de Paulo Freire: a ideia de “pedagogia da autonomia frente à pedagogia neoliberal”.
Gadotti aponta algumas questões envolvendo o magistério. Dentre eles, a quantidade de alunos que ingressam nos cursos de Licenciatura por outro motivo que não seja o de lecionar. Talvez por segunda graduação, apenas para aumentar títulos. É lamentável, pois gera um desfalque de profissionais para atender as escolas. Mas ainda falando sobre desvalorização do magistério, o autor expõe também a frustração quanto ao anseio por melhorias nas condições de trabalho, que tem sido “conjunturais e não estruturais”. Ou seja, são insuficientes em longo prazo.
Induzindo à reflexão da pergunta “Por que ser professor?”, Gadotti cita o relato de um sobrevivente do Nazismo: “ajudem seus alunos a tornarem-se humanos”. De fato, a luta pela melhoria da profissão sem a devida conscientização da sociedade sobre a importância da educação, realmente, não fará nenhum sentido.
A impaciência, o ceticismo e a frustração paradoxalmente estão ao lado da esperança que ainda alimenta os docentes. Gadotti propõe que a solução para essa crise existencial está na construção de um novo sentido para a profissão. Ao observar o cenário contemporâneo que norteia a educação, o autor chama atenção para as novas tecnologias que hoje fazem parte da sociedade do conhecimento. Consequentemente, a busca por novas formas de aprendizagem exige do professor uma formação continuada, que se adapte à nova realidade, deixando de ser um simples “lecionador” para ser um organizador do conhecimento. Daí o risco de extinção de um determinado tipo de professor. Logo, há dois tipos de profissionais: o professor “monocultural”, tradicional e de mente fechada, e o professor “intermulticultural”, que é flexível e adaptado a novos métodos de ensino.
Ao recorrer à fala de Sócrates sobre “falsos pregadores da palavra”, Gadotti critica a postura de alguns professores. Para ele, é importante que o professor associe “consciência” a uma visão emancipadora; “sensibilidade” ao pensamento humanista para a formação plena de seus alunos.
A ideia central do texto é refletir sobre o ofício do professor, suas expectativas, suas preocupações e suas dificuldades. O autor aponta caminhos para solucionar o impasse entre sonho e realidade que dificulta as realizações dos docentes. Além de mostrar um sentido maior para o magistério, nos incita à busca de novas abordagens pedagógicas a serem aplicadas em sala de aula. Enfim, é necessário não perder a consciência e sensibilidade, desempenhando sempre um papel humanístico na formação dos cidadãos.
Em sua obra, Gadotti apresenta conclusões a partir de conhecimentos teóricos e de suas próprias experiências na Educação. Ele utiliza como referencial teórico a obra Pedagogia da Autonomia, de Paulo Freire, que defende o ensino mais dinâmico, flexível, social e emancipador. Ou seja, a favor de um ensino humanizador e heterogêneo, acreditando que é através de novos sonhos e desejos que se darão novos sentidos à profissão. Gadotti desenvolve o texto com perspicácia, genialidade e criticidade sem deixar de propor soluções práticas. Assim, essa obra contribui na área da Educação, principalmente para capacitação e motivação de professores e estudantes ingressados em cursos de Licenciatura.