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(Tecnologias da Informação e Comunicação)

Quilombo ligado a internet








Construir ou reconstruir a história comum dos Territórios quilombolas significa muito mais do que a tentativa de transformar em texto escrito os relatos orais desta comunidade; mais do que a tentativa de compreensão de uma memória coletiva construída ao longo dos anos; e muito além da busca por dados que dêem sentido aos interesses desta pesquisa. Escrever ou reescrever a história comum de um povo, seja ele negro, branco, indígena, imigrante, vai além do desejo de se fazer história através de palavras, interpretações, compreensões e indagações ; neste caso, (r e) escrever a história da comunidade do Rio Grande parece, portanto, se concretizar em um objetivo real: a garantia de um direito , e a consequente importância deste registro para o reconhecimento do grupo como remanescente de quilombos. Desta forma, visando superar um pouco o discurso da militância, julguei necessário retomar algumas discussões, agora c om um olhar “menos engajado”, mas não menos sensível socialmente. Partindo desse pressuposto, a pesquisa buscava perceber como os mor adores acionavam elementos que os identificassem como remanescentes de quilombo. De início tive receio das consequências desse enfoque, com medo de cair no que Haesbaert (2011) chama de “autenticidade do grupo” ou “verdade da identidade”, atentando para o fato de que alguns grupos (e aqueles a gentes que falam em seus nomes) invocam noções essencialistas em suas lutas por reconhecimento, sem considerar as leituras múltiplas da identidade.





No início da pesquisa, ainda desconhecendo muitas leituras sobre o tema, eu tinha dificuldades em entender como os moradores daquele lugar desconheciam a existência da categoria quilombola. Para alguns deles, nos primeiros meses de pesquisa, os quilombolas, ou carambolas éramos nós, os pesquisadores, que chegamos até lá com toda essa história de direito quilombola. Ao longo dos anos, seus moradores foram resinificando o processo de identificação com esta categoria.


identificado nos territórios quilombolas como sendo um lugar ocupa do “por pretos”. Possui mais de setenta famílias que se reproduzem através do trabalho agrícola, d a pesca e da criação d e animais de pequeno porte, mantendo manifestações culturais e saberes locais: festas de santos, forró de caixa, tambor de crioula, dentre outras manifestações. Essas famílias ocupam esse território secularmente, segundo a memória dos m ais velhos. Diversos são os costumes e formas de vida dos moradores, porém algo lhes é específico e fundamental: a posse

comum da terra.








é banhado por alguns rios, praias que enchem na época da chuva e secam no período de estiagem. os territórios tem como base de sustento a roça (com o plantio de milho, arroz, mandioca e legumes), a criação de animais, como galinha, porco, pato e gado (algumas famílias, em menor número, criam gado para corte e venda da carne e cavalo para locomoção), e extração de côco babaçu . Todas as atividades são voltadas para o sustento do grupo, quando não é estabelecida a venda ou troca entre moradores d e povoados vizinhos. A pesca, em algumas épocas do ano, também é um a prática exercida para o sustento dos moradores. Não existem fossas sépticas dentro das casas, sendo os banheiros localizados na parte externa. Algumas fossas são coletivas, dependendo da proximidade das moradias. A água é coletada em poço, existindo poucas residências com água encanada. A coleta de lixo não existe pelo serviço público, quando o lixo não é jogado em algum terreno,é uma prática exercida para o sustento dos moradores.









Não há energia alguns quilombos elétrica em todas as residências. O posto de saúde que atende o povoado é o da sede do município As casas são feitas, em sua maioria, de barro e cobertas com a palha de buri ou Li Curi rancho de buri e Li Curi, cuja edificação é coletiva. O dono d a casa oferece como pagamento pelo trabalho na construção, almoço e bebida para todos os envolvidos. Existe um campo de futebol e um galpão de alvenaria (o barracão), construído para realização de festas A escola dos territórios quilombolas é um anexo de uma escola municipal do município estar fechadas. Atendendo alunos do ensino fundamental (de 1ª à 4ª série), a referida escola tem três compartimentos e dois professores. Os jovens deslocam-se diariamente à sede do município de ônibus escolar empresa terceirizada quando a escola do território quilombola funcionava os alunos ficava percorrendo, a pé, cinco quilômetros para estudar em o ensino fundamental maior e o ensino médio


Cada família da comunidade possui, em média, de cinco a oito pessoas por casa. A maioria da população é do sexo masculino. As mulheres participam ativamente das atividades econômicas da casa. O trabalho nas lavouras é determinado segundo regras próprias que determinam tanto o local a ser roçado, quanto o tipo de cultura. Na maioria das casas verifica-se a presença de quintais nutritivos (pomares caseiros , hortas e pequenos plantios de mandioca, milho e feijão).


A preparação para o plantio começa no mês de dezembro com a escolha do local da roça e a limpeza do terreno. Essa “escolha” é feita pelos próprios moradores e os mesmos marcam a terra que irão plantar com estacas de madeira, para que t odos os outros saibam que ali será utilizado para o plantio. Essa mar cação é feita de forma pacífica e todos os moradores respeitam os limites daquele que escolheu seu pedaço d e terra. Nem sempre a roça é feita de forma individual (por uma família apenas), existem plantações coletivas onde mais de uma família se reúne para fazer a roça. A roça é feita no sistema de coivara


Nos primeiros meses do ano é feita a queima e nas primeiras chuvas inicia-se o plantio. Ao final de cada ano as famílias delimitam o “pedaço” da terra que vão plantar no ano seguinte. A medida mais usada é a braça, que equivale aproximadamente a vinte e cinco metros. O terreno é usado em média de cinco a vinte anos e reutilizado após o “descanso” da terra. Os moradores reconhecem quando a terra está boa para o plantio


pelo tamanho do m ato que cresce no terreno. O plantio se dá na seguinte ordem de cultivo: maxixe, milho, mandioca, arroz. A roça é feita de acordo com o calendário que consta no Quadro


Calendário das atividades da roça

Janeiro Limpeza e queima da terra

Março Início do plantio

Junho Início da colheita

Dezembro Terra Roça


é marcado pela religiosidade. A maioria dos talhadores rurais e marisqueiras e pescadores e marisqueiras participa das atividades da igreja católica, professando e praticando um catolicismo popular. A tradição religiosa da comunidade, segundo relatos dos mais antigos, existe há mais de cem anos, com a realização do Festejo

remanescente de quilombo, tem provocado processos internos de construção indenitária articulados a esse novo referencial. Nesse sentido, a investigação que desenvolvi no mestrado.


Ao refletirmos sobre a plurietnicidade do Estado brasileiro, podemos perceber que a Constituição Federal admite a sociedade brasileira dentro de sua pluralidade, mas os princípios que lhe fundamentam não fazem referência à pluralidade étnica, remetem a outros elementos, como dignidade humana, cidadania e pluralismo político


A ligação dos autodenominados quilombolas, ou seja, de famílias de camponeses, pescadores, artesãos, extrativistas, espalhados em territórios do interior, e até mesmo grupos e m áreas urbanas, de estados de todo o Brasil, passou a se realizar com essas instituições nacionais e supra nacionais por meio de toda uma rede de mediadores, constituída por antropólogos, advogados, parlamentares, integrantes do Ministério Público, pesquisadores, clérigos, jornalistas e outros profissionais, que passaram a apoiá-los em suas reivindicações e a realizar a mediação entre eles e a sociedade mais ampla. Suas reivindicações passara m a alcançar as instituições nacionais por meio de uma série de porta-vozes, agentes sociais por sua vez também organizados

em movimentos e associações, instituídos como os que passara m a deter a

fala autorizada nos assuntos relativos ao s quilombolas.



Saber quilombola ajuda a restaurar a Mata Atlântica


O nome da Territórios de Sementes uma pessoa que sempre quis o bem comum”, também do Quilombo. “Por isso, peço para os jovens: vamos preservar a floresta. Num momento como esse é que a gente vê como esse trabalho é importante.” “Esse trabalho vem dando certo, vem dando resultado para o pessoal que está coletando as sementes. É uma renda a mais para a comunidade” sementes coletadas no centro de uma roda, que aos poucos se transformou em uma grande mistura de sementes – ou muvuca – que será utilizada para o plantio de uma nova floresta. Aos poucos, o chão se transformou em uma explosão de cores

GUARDAR A SEMENTE QUE VAI SEMEAR A TERRA.”

“A relação entre homem e natureza vai se potencializando com a coleta de sementes e dando visibilidade para as comunidades” “É importante porque dá visibilidade, amplia a renda e fortalece ainda mais a nossa identidade.”









serviços e a comunicação com outras comunidades Quilombolas


Acesso e Permanência da População Negra no Ensino Superior







O acesso complicado dificulta a chegada de serviços e a comunicação com outras comunidades quilombolas e Terreiros de Candomblé e indígenas .

A questão da terra tem sido o principal obstáculo à implementação de políticas públicas destinadas às comunidades remanescentes de quilombos e motivo de perpetuação dos históricos conflitos pela posse e uso da terra.

educação observa se que um grande número de comunidades não possui escolas quilombola, ou seja, escola situada no território quilombola O que leva crianças, jovens e adultos quilombolas serem transportados para fora de suas comunidades de origem. Observa se que as unidades educacionais estão longe das residências, o acesso é difícil, os meios de transporte são insuficientes e inadequados, e o currículo das escolas localizadas fora da comunidade muitas vezes está longe da realidade histórica e cultural destes alunos e alunas

quilombos possuem dimensões educacionais, sociais, políticas e culturais significativas, com particularidades no contexto geográfico e histórico brasileiro, tanto no que diz respeito à localização, quanto à origem

Quilombola na Educação Básica defini que a Educação Escolar Quilombola, requer pedagogia própria, respeito à especificidade étnico- racial e cultural de cada comunidade, formação específica de seu quadro docente, materiais didáticos e paradidáticos específicos, devem observar os princípios constitucionais, a base nacional comum e os princípios que orientam a Educação Básica Brasileira, e deve ser oferecida nas escolas quilombolas e naquelas escolas que recebem alunos quilombolas fora de suas comunidades de origem.

observar que os quilombolas, compreendidos também como povos ou comunidades tradicionais, exigem que as políticas públicas a eles destinadas considerem a sua inter-relação com as dimensões históricas, políticas, econômicas, sociais, culturais e educacionais que acompanham a constituição dos quilombos no Brasil. Consequentemente, a Educação Escolar Quilombola não pode ser pensada somente levando-se em conta os aspectos normativos, burocráticos e institucionais que acompanham a configuração das políticas educacionais. A sua implementação deverá ser sempre acompanhada de consulta prévia e informada a realização pelo poder público junto às comunidades quilombolas e suas organizações.




Adoção do ensino remoto

Como as desigualdades sociais e de acesso às tecnologias digitais entre os estudantes de escolas públicas são sentidas nesse contexto de pandemia?

estudantes e suas famílias têm sido divulgadas em reportagens com alguma frequência nesse período de pandemia. Com variações de índices, incluindo se em locais urbanos ou rurais, se estudante da escola pública ou de família de baixa renda, são significativos os números percentuais de estudantes no país (nenhum abaixo de 30%) que não têm acesso à internet,

se têm, a internet é acessada pelo celular apenas ou, se acessada, através de planos pré-pagos. Números que denotam uma desigualdade no acesso a aulas remotas. Deveria ser uma preocupação nossa que estudantes tivessem acesso às redes e a dispositivos tecnológicos independentemente da pandemia se defendemos uma educação igualitária. E a impossibilidade de aulas presenciais, decorrente do isolamento social, tem nos trazido luz a essa questão.

A escola é também um espaço de socialização, desenvolvimento e vivência, e não apenas de transmissão ou “entrega” de conteúdos. Como esse componente socializador é prejudicado no contexto da pandemia?

implementação da EAD como modelo para o Ensino Básico




O Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial é celebrado anualmente no dia em que a polícia em Sharpeville, África do Sul, abriu fogo e matou 69 pessoas em uma manifestação pacífica contra o apartheid "aprovando leis" em 1960.


Em 1979, a Assembleia Geral adotou um programa de atividades a serem realizadas durante a segunda metade da Década de Ação de Combate ao Racismo e à Discriminação Racial.


Nessa ocasião, a Assembleia Geral decidiu que uma semana de solidariedade com os povos que lutam contra o racismo e a discriminação racial, começando em 21 de março, seria organizada anualmente em todos os Estados.