APRESENTAÇÃO
O acervo do Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami [AHMJSA] diferencia-se de outros arquivos históricos por ser integrado por três Unidades mantenedoras de documentações distintas, mas que refletem igualmente as narrativas históricas, marcas e vestígios do passado daqueles que as produziram ou acumularam.
Por ter a constituição do seu acervo iniciada ainda em 1975, quando das comemorações do Centenário da Imigração Italiana, a grande maioria dos documentos custodiados versa sobre o estabelecimento dos imigrantes italianos na região da Serra Gaúcha, que colonizaram e ocuparam o território, originalmente de matriz indígena. Seu valor e amplitude o colocam como uma importante referência em preservação e acesso de documentos relativos à imigração italiana no sul do Brasil, registros marcados por um passado que, muitas vezes, constrói imagens de si mesmo e endossa a cena pública de grandes feitos, grandes homens e um grande grupo, muito bem delimitado.
Ao longo dos anos, também foram incorporados ao acervo diferentes documentações, como aquelas referentes à história social do trabalho, das mulheres e dos movimentos sociais, além da produção de entrevistas e publicações que contam sobre a vida de sujeitos e a constituição de comunidades periféricas da cidade, bem como do Movimento Negro e Carnaval caxienses. Apesar da crescente diversidade de grupos e culturas, as memórias das experiências dos indígenas Kaingang, que habitavam a região antes de sua colonização, e dos imigrantes poloneses, portugueses, espanhóis, entre outros, bem como dos africanos escravizados, são ainda uma grande lacuna quando consideramos o conjunto de seu patrimônio documental.
A exposição "Raça, arquivos e resistência" foi organizada como atividade complementar da roda de conversa “Letramento racial: o que a linguagem tem a ver com o racismo?”, inserida na programação do Arquivo Histórico Municipal para a 9ª Semana Nacional de Arquivos [SNA] e desenvolvida em parceria com o Núcleo Qualificar a Educação para as Relações Étnico-Raciais da Secretaria Municipal da Educação [QuERER/SMED] e o Conselho Municipal da Comunidade Negra de Caxias do Sul [COMUNE]. Ela objetiva mostrar quais os olhares e narrativas foram capturados durante a execução do projeto "Redescobrindo acervos", iniciado em 2023 e que possibilitou à equipe de servidores começar um processo de revisitação dos arquivos preservados, aplicar práticas arquivísticas que evidenciem a pluralidade dos sujeitos históricos e [re]conhecer como estes participam da construção da cidade de Caxias do Sul.
Criado em 05 de agosto de 1976 pelo Decreto Municipal nº 4047, o Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami tem por objetivo o trabalho de descrição, guarda e preservação de documentação criada em âmbitos público e privado, de interesse da história local e regional. Ele é constituído por três Unidades: a Unidade Arquivo Público, que preserva a documentação histórica produzida pela administração municipal, a Unidade Arquivos Privados, responsável pela manutenção de documentos de origem privada, basicamente provenientes de doações de instituições ou famílias, e a Unidade Banco de Memória Oral, responsável pelo desenvolvimento de entrevistas que registram e preservam a memória das pessoas que testemunharam a história da região.
Tem como sede um prédio do início do século XX, tombado nas esferas estadual e municipal, e nesse ambiente promove a guarda de um acervo com vasta diversidade de tipologias e suportes, possibilitando, assim, a leitura e análise da história sob os mais diferentes aspectos. Além disso, trabalha no desenvolvimento de pesquisas e publicações com o intuito de divulgar o conteúdo de seu acervo e contribuir para o conhecimento da história do Município. Realizar ações educativas voltadas, principalmente, a estudantes em visitas técnicas e temáticas também faz parte do leque de ações criadas para aproximar a instituição arquivística da sociedade.
O trabalho desenvolvido pelo Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami ao longo de 49 anos contribuiu significativamente para que se tornasse referência nacional e internacional, no que diz respeito à preservação e ao acesso às fontes de pesquisa, principalmente aos temas relacionados à imigração e ao povoamento da Região Nordeste do Rio Grande do Sul.
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