O que é?
Entenda um pouco sobre a Esquizofrenia
Introdução: A esquizofrenia é um transtorno predominantemente do pensamento, da consciência do eu e do juízo crítico, que compromete as condutas, comportamentos e o afeto dos pacientes. Não está diretamente relacionada à inteligência, porém problemas cognitivos podem se desenvolver com a evolução da doença.
Epidemiologia: A esquizofrenia acomete entre 0,3 a 1% da população dependendo dos critérios utilizados para a avaliação, ocorrendo em todos os países do mundo com valores de prevalência comparáveis (APA, 1994; MARI & LEITÃO, 2000; MESSIAS et al., 2007; BRUNTON et al., 2011; WEINBERGER & HARRISON, 2011; NICE, 2014).
Manifestações Clínicas: Os principais sintomas incluem ilusões, alucinações, delírios, desordens do pensamento como inserção, retirada ou difusão, desordens do afeto, sintomas negativos como avolição, anedonia e apatia, depressão e sintomas posturais (APA, 1994; WEINBERGER & HARRISON, 2011; WHO, 1997).
Diagnóstico: O diagnóstico é realizado clinicamente com base em critérios estabelecidos por protocolos internacionais definidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), através da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID) (WHO, 1997) ou pela American Psychiatric Association (APA), através do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM) (APA, 1994; APA 2013).
Consequências: A esquizofrenia é responsável por um sofrimento mental crônico e debilitante com um impacto econômico significativo para a sociedade. Os portadores do transtorno têm dificuldade em manter relações interpessoais e vínculos trabalhistas, bem como atingir metas educacionais e ocupacionais. A doença possui alto custo social relacionado a custos indiretos e intangíveis e, para o sistema de saúde, relacionado, principalmente, aos custos de internação (ROSENHECK et al., 2003; ROSENHECK et al., 2006; MCEVOY, 2007; WEINBERGER & HARRISON, 2011; ANH, 2015). Porém, os custos intangíveis per se já justificariam o investimento na melhoria do tratamento da doença (KNAPP et al., 2004).
Tratamento: O tratamento farmacológico não é universalmente efetivo, sendo principalmente utilizado para controle dos sintomas positivos da doença, não apresentando efetividade satisfatória em relação a sintomas negativos, cognitivos e depressivos. Apesar disso, é a principal medida de combate aos sintomas da esquizofrenia, já que o tratamento não farmacológico, que inclui medidas psicossociais, apresenta efetividade modesta. (CPA, 2005; BRASIL, 2013; NICE, 2014)
Referências:
AMERICAN Psychiatric Association (APA). Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders fourth edition (DSM-IV). Washington: American Psychiatric Association, 4 ed., 1994.
AMERICAN Psychiatric Association (APA). Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders fifth edition (DSM-5). Washington: American Psychiatric Association, 5 ed., 2013.
ANH, Nguyen; LINH, Bui Ngoc; HA, Nguyen Thu et al. Schizophrenia interventions in Vietnam: Primary results from a cost-effectiveness study. Global Public Health, 2015.
BRASIL, Ministério da Saúde. Portaria nº. 364, de 9 de abril de 2013. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas – Brasil: Diário Oficial da União, 2013.
BRUNTON, Laurence; CHABNER, Bruce; KNOLLMANN, Björn. Goodman & Gilman´s The Pharmacological Basis of Therapeutics. The McGraw-Hill Companies, 12 ed., 2011.
CANADIAN Psychiatric Association (CPA). Clinical Practice Guidelines: Treatment of Schizophrenia. The Canadian Journal of Psychiatry, v. 50, n. 13, suppl. 1, 2005.
KNAPP, Martin; MANGALORE, Roshni; SIMON, Judith. The Global Costs of Schizophrenia. Schizophrenia Bulletin, v. 30, n. 2, 2004.
MARI, Jair; LEITAO, Raquel. A epidemiologia da esquizofrenia. Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 22, s. 1, p. 15-17, 2000.
MCEVOY, Joseph. The Costs of Schizophrenia. Journal of Clinical Psychiatry, v. 68, supl. 14, p. 4-7, 2007.
MESSIAS, Erick; CHEN, Chen; EATON, William. Epidemiology of Schizophrenia: Review of Findings and Myths. Psychiatric Clinics of North America, v. 30, n. 3, p. 323–338, 2007.
NATIONAL Institute for Health and Care Excellence (NICE). Psychosis and schizophrenia in adults: treatment and management. 2014. Disponível em: guidance.nice.org.uk/cg178. Acesso em: 16/01/2014.
ROSENHECK, Robert; LESLIE, Douglas; SINDELAR, Jody et al. Cost-Effectiveness of Second-Generation Antipsychotics and Perphenazine in a Randomized Trial of Treatment for Chronic Schizophrenia. American Journal of Psychiatry, v. 163, n. 12, 2006.
ROSENHECK, Robert; PERLICK, Deborah; BINGHAN, Stephen et al. Effectiveness and Cost of Olanzapine and Haloperidol in the Treatment of Schizophrenia: A Randomized Controlled Trial. Journal of the American Medical Association, v. 290, n. 20, 2003.
WEINBERGER, Daniel; HARRISON, Paul. Schizophrenia. Chichester: Wiley-Blackwell, 3 ed., 2011.
WORLD Health Organization (WHO). Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10). São Paulo: Universidade de São Paulo, 10 ed., 1997.