CONTATO
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Coletivo de Entidades Negras - CEN
Rua das Laranjeiras, 25, Pelourinho
40.026-230, Salvador/BA - Brasil
Fone: +55 71 3266-3448
E-mail do CEN: cenbrasil.comunicacao@gmail.com
E-mail do projeto: salvadguarda.terreiros@gmail.com
O projeto ‘Itoju – Salvaguarda de Terreiros’ é uma realização do Coletivo de Entidades Negras (CEN), instituição que constitui-se desde 2003 em defesa da garantia de direitos para o povo negro, por meio do chamamento público do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC). Financiado por meio dos recursos da Lei Aldir Blanc, a iniciativa de preservação do patrimônio imaterial do candomblé registrado pelo IPAC conta com a parceria dos terreiros de candomblé Ilê Axé Capivari - Terreiro da Cajá, Ilê Babá Agboulá, Ilê Babá Olukotun - Terreiro do Tuntun e Ilê Axé Lajuomim.
Itoju significa cuidar, proteger, guardar, em tradução livre do yorubá. O projeto ‘Itoju – Salvaguarda de Terreiros’ tem como finalidade justamente o fortalecimento da política pública de patrimônio imaterial gestada pelo Estado da Bahia através do estímulo de práticas de salvaguarda compartilhada desses patrimônios advindos de comunidades tradicionais de terreiros. Isso significa fortalecer memórias, reconhecimento e preservação do patrimônio histórico e cultural imaterial do candomblé e das instituições religiosas de matriz africana.
Para isso, são metas do projeto 1) a capacitação e formação de atores sociais e religiosos destas comunidades para o planejamento, gestão e administração do patrimônio imaterial registrado, com o objetivo de promover sua manutenção e 2) a produção de planos de salvaguarda dos patrimônios reconhecidos como bens imateriais, associada à criação de espaços de participação social para a articulação de soluções para a preservação das tradições salvaguardadas.
Deste rico processo de integração das comunidades para a elaboração de planos para o futuro dos patrimônios, surgirão um livro e um mini-documentário, que terão a tarefa de difundir conceitos, práticas, sínteses, memórias e diversos outros elementos que serão abordados e ou serão originados pelo projeto.
Pensar na salvaguarda de terreiros é um exercício que o estado brasileiro ainda caminha por lentos passos. As políticas públicas de preservação e salvaguarda dos patrimônios de terreiros de candomblé ainda se constituem em um pauta que precisa ser elaborada e debatida entre os diferentes agentes sociais que a produzem, ampliando tal debate para o conjunto da sociedade sempre.
Finca-se nesta necessidade a relevância da participação do Coletivo de Entidades Negras (CEN) enquanto gestor deste projeto. Lutar em defesa do povo negro está a história de quase duas décadas desta instituição do movimento social negro brasileiro, que na sua atuação considera as lutas ancestrais e os instrumentos de resistência – a exemplo dos quilombos, da capoeira, do candomblé e de tantas outras – como elementos centrais para garantir vivas e pulsante as tradições, trajetórias, ancestralidades e demais elementos que nos fazem, no século XXI, nos manter de pé para dizer que vidas negras importam.
Os passos do CEN vêm de longe. Ao longo da nossa trajetória, fizemos muito e, assim como nossos ancestrais, mantivemos acesa a chama da liberdade em um país que estruturou-se sobre o racismo e sistematicamente nos nega direitos.
Fizemos caminhadas pela vida e liberdade religiosa, criamos e mantemos viva a Alvoradas dos Ojás, lutamos pela implementação da Frente Parlamentar em Defesa das Religiões de Matrizes Africanas no Congresso Nacional do Brasil, denunciamos o genocídio vivido pela população negra e por religiões afro-brasileiros nos fóruns da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Organização dos Estados Americanos (OEA), ocupamos a UFBA exigindo a implementação do sistema de cotas na universidade, promovemos cursinhos pré-vestibulares comunitários para jovens negros em situação vulnerável, executamos projetos de fortalecimento do empreendedorismo negro, promovemos nacionalmente e internacionalmente debates sobre a política de drogas do Brasil, fizemos livros, documentários, mobilizações e ações de comunicação diversas em defesa do povo de santo...
Sempre incansavelmente, lutamos todos os dias. Em 17 anos, a lista de feitos é grande. Contribuímos fortemente para manter a pauta por reparação e políticas de ações afirmativas, além de trabalhar para garantir direitos e segurança alimentar para povos e comunidades tradicionais de matrizes africanas. O CEN construiu uma trajetória e um legado que nos trouxeram até aqui, fazendo pulsar um projeto como o ‘Itoju – Salvaguarda dos Terreiros’ e as dimensões de cuidado, proteção, preservação e salvaguarda que o orientam.
Salvaguardar é manter vivo um modo de fazer. É adotar medidas para proteger, garantir e assegurar uma tradição que, nesse caso, representa um importante elemento da cultura negra deste país, desse estado, de uma comunidade, de um território. Sabemos a importância do fazer coletivo, do significado de ‘Ubuntu’ e por isso te convidamos a se unir a nós nessa jornada e juntos fazermos história, pois ao contar as nossas narrativas edificaremos uma nova nação.