A salvaguarda do patrimônio imaterial no Brasil possui relação direta com a formação cultural do país e em uma parcela significativa de culturas tangíveis de povos tradicionais. Sua manutenção está amparada de maneira significativa na oralidade, diferente da obviedade da pedra e cal ou a preservação de acervos físicos. Por isso a perda de líderes como Tio Anacleto Urbano da Natividade, Caetana América Sowzer, Eduardo Daniel de Paula, Alapini Marcos Pimentel possui um valor inestimável, representa a perda de enciclopédias vivas. A preservação, portanto, passa pela capacidade de interpretar estas manifestações e permitir sua continuidade histórica.
Antes de tudo, é preciso remontar o percurso dos povos africanos e suas contribuições na construção da identidade brasileira. Dos fragmentos de um continente dilacerado pelas invasões, extermínios e tráficos, nasceram diásporas, tal qual a do Brasil, e inúmeras contribuições em áreas de tecnologia, cultura, religião, entre diversas outras. Apesar das sistemáticas tentativas de apagamento deste legado, os modos tradicionais de vida tentam se manter em espaços sagrados, como terreiros de candomblé e outros cultos religiosos de matriz africana.