GRUPO DE SAÚDE

Informações com embasamento científico

sobre a COVID-19 produzidas por

profissionais da área da saúde

Ser ou não ser vacinado? Eis a questão!

Uma série de PERGUNTAS e RESPOSTAS para ajudar quem estiver

com dúvidas sobre as vacinas candidatas contra o SARS-Cov-2.


Produção: Ane Nunes, Felipe de Lara Janz e Letícia Pascucci

Revisão e Edição: Ane Nunes | Última atualização: 18.Fev.2021

Crédito da Imagem: Twitter @_conway_

O que é uma vacina?

A vacina é um produto biológico preparado à partir de um agente infeccioso, como vírus ou bactérias, mas também há vacinas preparadas a partir de fungos e vermes. As vacinas são específicas para cada tipo de doença e paciente. A vacinação é uma das medidas mais importantes de prevenção contra doenças. É muito melhor e mais fácil prevenir uma doença do que tratá-la, e é isso que as vacinas fazem.

Como são feitas as vacinas?

As vacinas são substâncias feitas a partir de microorganismos mortos ou enfraquecidos (atenuados, como chamam os especialistas). Na produção de uma vacina pode se usar todo microrganismo atenuado ou uma parte dele. Isso depende de qual a forma é mais eficiente para estimular o sistema imune de quem será vacinado.

Só existem vacinas para doenças humanas?

Não. Existem vacinas tanto para doenças humanas quanto para doenças que afetam outros animais. Por isso é importante termos um controle das zoonoses. Zoonoses são doenças infecciosas capazes de serem transmitidas naturalmente entre outros animais e seres humanos. Além disso, a Ciência Veterinária é uma área das ciências muito importante tanto na pesquisa quanto no uso de vacinas.

O que faz uma vacina?

A principal função de uma vacina é estimular a defesa do organismo, o nosso sistema imune, a produzir os anticorpos que reconhecem o agente infeccioso. Assim as vacinas também ajudam no desenvolvimento do que chamamos de memória imunológica. É a memória imunológica que nos ajuda ter uma resposta rápida a cada nova vez em que entramos em contato com o mesmo agente.

Por que é perigoso ficar sem vacina?

Já que o papel da vacina é estimular o nosso sistema de defesa, quando não estamos vacinados dependemos unicamente da capacidade natural do nosso corpo de se proteger. Não existem vacinas pra todas as doenças, como a COVID-19 por exemplo. Em situações como essa, cada pessoa que entra em contato com o novo coronavírus reage de acordo com as suas condições de saúde. Por isso é importante atendermos às campanhas de vacinação quando elas existem. O papel da vacinação é promover a imunidade para uma doença específica numa determinada população, ou seja, é uma proteção coletiva.

Quem está pesquisando ou produzindo vacinas para o novo coronavírus?

As vacinas para coronavírus estão sendo desenvolvidas ao redor do mundo através do trabalho em equipe de cientistas, laboratórios farmacêuticos e instituições de ensino e pesquisa. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em setembro de 2020 existiam cerca de 179 vacinas experimentais sendo desenvolvidas no mundo e 34 delas já estão sendo testadas em humanos. As empresas que estão em fase III, a terceira fase dos testes em que são feitas as análises em populações humanas, são: (1) Janssen Pharmaceutical Inc., (2) Moderna em parceira com o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas nos Estados Unidos, (3) o consórcio entre a BioNTech, Shanghai Fosun Pharmaceutical e Pfizer nos Estados e Alemanha e a (4) Universidade de Oxford no laboratório da AstraZeneca no Reino Unido. Ao que tudo indica as próximas vacinas a entrarem na fase III serão (a) Sinovac, produzida pela Sinopharm no Instituto de Produtos Biológicos em Wuhan e Pequim em parceria com a CanSino Biological Inc. no Instituto de Biotecnologia de Pequim na China, e (b) a Sputinik V produzida pelo Instituto de Pesquisa Gamaleya na Rússia. No entanto, essas duas vacinas, ainda que em fase II de testes, já estão sendo aprovadas para uso emergencial em alguns países com considerável sucesso.

Quais vacinas para a COVID-19 teremos no Brasil?

A princípio duas vacinas serão disponibilizadas no Brasil: (1) a CoronaVac, que está sendo produzida em parceria firmada entre o Instituto Butantan em São Paulo e a empresa chinesa Sinovac, e (2) a AZD1222 que será produzida pela parcerias entre a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Rio de Janeiro e o consórcio da Universidade de Oxford e o laboratório farmacêutico Astra-Zeneca. Outras parcerias poderão ser firmadas ao longo do tempo.

Em quanto tempo devem começar as campanhas de vacinação?

Muitos testes, pesquisas e ensaios devem ser feitos até que tenha uma vacina eficiente para uma determinada doença que possam ser aplicada numa população. Em dezembro de 2020, algumas vacinas candidatas contra a COVID-19 receberam autorização para uso emergencial em alguns países. Estudos abrangentes sobre várias vacinas candidatas têm relatado resultados preliminares encorajadores. No entanto, não existem vacinas contra a doença com aprovação regulatória em nível mundial para uso geral na população. Por estas razões, ;e muito difícil determinar o inícios das campanhas de vacinação em massa no Brasil.

Em quais lugares devemos ir para tomar vacina?

No Brasil, as vacinas que serão aprovadas para campanhas de vacinação contra o novo coronavírus devem estar disponíveis nas unidade básicas de saúde do SUS. Serviços privados de vacinação também poderão ter vacinas, mas essa discussão ainda está em aberto. É bem provável que com o passar do tempo tenhamos diferentes opções de vacinas aprovadas pela ANVISA, o órgão responsável pelo controle da segurança sanitária no Brasil.

Quem terá prioridade nas campanhas de vacinação, quando esse momento chegar?

Devido ao grande volume de pessoas a ser atendias e as limitações na distribuição das vacinas aprovadas, cada país está adotando uma estratégia específica para suas campanhas vacinais. Mas, de um modo geral, em todos lugares os profissionais que atuam no atendimento direto de pacientes com sinais e sintomas de COVID-19 estão sendo ou serão os primeiros a receberem as doses de vacina. Depois desses os diferentes pacientes em grupos de riscos, com destaque aos idosos. No Brasil, atenção especial também deverá ser dada às populações indígenas, quilombolas e outros povos isolados e/ou originários que apresentem grande risco de contágio.

Há outros tratamentos possíveis que também podem ajudar nosso sistema de defesa?

Ainda não há tratamento comprovado que cure o paciente com a COVID-19. Mas existem ferramentas de apoio para tratar a COVID-19. Uma delas é o tratamento com plasma convalescente. Esse tipo de tratamento já existe para outras doenças onde a defesa do organismo também está comprometida, como ocorre na COVID-19. O plasma é parte líquida do sangue e nele estão contidos os anticorpos produzidos pelo nosso sistema de defesa. Assim, pacientes que já estejam recuperados para a COVID-19 carregam em seu plasma os anticorpos que os defenderão em caso de uma nova infecção. Esse plasma, rico em anticorpos específicos para o novo coronavírus, pode ser extraído através de um processo chamado aférese. O plasma convalescente pode ser usado para ajudar a fortalecer o sistema de defesa de outros pacientes que ainda estejam enfrentando a COVID-19, ajudando a diminuir os sintomas e quantidade de vírus que ainda circula no paciente, a chamada carga viral. Na prática, é um procedimento parecido com uma doação de sangue que está disponível nos hemocentros do Brasil e é coberto pelo SUS. Além disso, a doação de plasma envolve uma das característica humanas mais lindas, a solidariedade.

Como tomar cuidado com tratamentos ou terapias não convencionais?

Antes de iniciar qualquer tratamento é importante procurar um profissional de saúde para se informar sobre os estudos científicos que sustentam aquele tratamento. Os tratamentos baseados em evidências científicas são testados das mais diversas formas e sob critérios rigorosos. Contudo, existem formas alternativas de tratar determinadas doenças, porém nem todas são aprovadas por especialistas da saúde de forma unanime. Se considerarmos que saúde não é simplesmente o oposto de doença e sim o conjunto de todas as coisas que produzem bem-estar, algumas terapias não-convencionais podem mesmo ajudar a criar as condições que favoreçam a recuperação de algumas doenças. No entanto, a chamada medicina alternativa deve ser usada como uma ferramenta completar, respeitando as escolhas do paciente, assim como sua cultura e crenças. Para COVID-19 não há nenhum tratamento definitivo disponível, seja ele convencional ou não.

Vacina não é remédio, é prevenção. O que isso significa?

A vacina tem como função prevenir doenças por meio da estimulação do sistema imunológico para determinada doença que esteja sendo vacinada. Já o remédio é usado para o tratamento de doença. Isso significa que a vacina serve para prevenir e o remédio serve para tratar.

Se as vacinas são tão boas, por que tem gente que ainda não confia nelas?

Algumas pessoas não confiam nas vacinas por diferentes razões. Falta de informação, crenças, valores religiosos ou outras variantes do comportamento podem explicar a desconfiança ou medo em relação às vacinas. O comportamento humano pode ser definido como o conjunto de reações complexas às interações e mudanças apresentadas pelo meio onde está envolvido. A desconfiança e o medo são reações de alerta muito importantes para a sobrevivência dos seres humanos, mas, em alguns casos, podem tornar-se paralisantes. Em situações como essa que é importante termos informações baseadas em evidências científicas para combater notícias falsas, as chamadas 'fake news'. Essas 'fake news' só atrapalham nas campanhas de vacinação, reduzindo assim a cobertura vacinal da população. Por isso precisamos tanto buscar informações corretas para o nosso próprio conhecimento e para passarmos adiante.

As vacinas fazem mal?

As vacinas aprovadas para campanhas de vacinação passam por vários testes e não causam problemas de saúde. No entanto, como as vacinas justamente estimulam o nosso sistema de defesa a produzir anticorpos específicos para aquele agente infeccioso, em algumas pessoas é possível que algum desconforto seja sentido, dependendo da sensibilidade de cada pessoa. Se vacina é injetável algumas pessoas que temem agulhas se sentem o incômodo, ou ainda para as vacinas aplicadas via oral, as gotinhas, podem ter sabor desagradável para alguns. Em situações não muito comuns algumas pessoas podem ter febre ou mal-estar. Mas todos esses sinais e sintomas passageiros não comprometem em nada a saúde de quem recebe a vacina.

A OMS validou o uso emergencial para alguma vacina contra COVID-19?

A Organização Mundial da Saúde (OMS) listou no dia 31 de dezembro de 2020 a vacina de mRNA contra a COVID-19 Comirnaty para uso emergencial, tornando esse imunizante da Pfizer/BioNTech o primeiro a receber a validação de emergência da OMS desde o início do surto. A revisão concluiu que a vacina atendeu aos critérios obrigatórios de segurança e eficácia estabelecidos pela OMS e que os benefícios do uso da vacina contra a COVID-19 compensam os potenciais riscos.

Quais vacinas a ANVISA está analisando para uso emergencial no Brasil?

Em 07 de janeiro de 2021 o governo de São Paulo solicitou à ANVISA a aprovação do uso emergencial da CoronaVac no Brasil. O imunizante é desenvolvido pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan. Nos testes feitos pelo Butantan a CoronaVac produzida no Brasil atingiu eficácia geral de 50,38%, em relação aos casos leves atingiu 78% de eficácia e garantiu a proteção total contra mortes, ou seja, 100% de eficácia nos casos graves que dependeriam de internações nos voluntários vacinados que foram contaminados. Isso significa que, entre os infectados, nenhum morreu, desenvolveu formas graves da COVID-19 ou foi internado.

Quais as eficácias apresentadas pelos laboratórios fabricantes das principais vacinas candidatas contra a COVID-19?

A taxa de eficácia representa a proporção de redução de casos entre o grupo vacinado comparado com o grupo não vacinado. CoronaVac do Butantan/Sinovac: 50,38% na média geral, 78% contra casos leves e 100% contra casos graves | mRNA-1273 da Moderna USA: 94.3% | Comirnaty (BNT162b2) da Pfizer/ BioNTech: 95% | AZD1222 da Oxford/ Astra-Zeneca: 70.4% média entre 62% e 90% (estudo em andamento) | Sputnik V do Centro Gamaleya/ Governo da Russia: 94.1% (dados pendentes de confirmação).