LER  &  PENSAR

Newton da Costa (1929-),  ex-orientador de JYB, Sujeitos Leitores

"Eu diria aos jovens que o mais importante é pensar originalmente. Sempre pensem por conta própria. Isso não significa que devam desconsiderar os livros e as autoridades das diversas áreas. Todavia, é importante que cada um seja o protagonista da sua história. Em uma passagem de David Copperfield, romance de Charles Dickens, o protagonista pergunta-se: serei eu o herói da minha vida? Atualmente, o brasileiro não tem sido o herói da própria vida. Antes, tem sido um náufrago, que é levado de um lado a outro por conta das circunstâncias. Se quiser ser realmente um país de primeiro mundo, o Brasil precisa oferecer às novas gerações uma educação que estimule esse pensamento original."

"Quando lemos, outra pessoa  pensa por nós: apenas repetimos seu processo mental, do mesmo modo que um estudante, ao aprender a escrever, refaz com a pena os traços que seu professor fizera a lápis. Quando lemos, somos dispensados em grande parte do trabalho de pensar. É por isso que sentimos um alívio ao passarmos da ocupação com nossos próprios pensamentos para a leitura. No entanto, a nossa cabeça é, durante a leitura, apenas uma arena de pensamentos alheios. Quando eles se retiram, o que resta? Em consequência disso, quem lê muito e quase o dia todo, mas nos intervalos passa o tempo sem pensar nada, perde gradativamente a capacidade de pensar por si mesmo. Mas é este o caso de muitos eruditos: leram até ficarem burros."


Alice : “Poderia me dizer, por favor, que caminho devo tomar ?”

“Isso depende bastante de onde você quer chegar”, disse o Gato.

“O lugar não importa muito…”, disse Alice.

“Então não importa o caminho que você vai tomar”, disse o Gato.

“Nesta direção”, disse o Gato, girando a pata direita, “mora um Chapeleiro. E nesta direção”, apontando com a pata esquerda, “mora uma Lebre de Março. Visite quem você quiser, ambos são loucos.”

“Mas eu não ando com loucos”, observou Alice.

“Oh, você não tem como evitar”, disse o Gato, “somos todos loucos por aqui. Eu sou louco. Você é louca.”

“Como é que sabe que eu sou louca?”, disse Alice.“

“Você deve ser”, disse o Gato, “senão não teria vindo pra cá.”