Nós da Ororubá Filmes pertencemos à Poyá Limolaygo, Coletivo de Juventude Xukuru do Ororubá, cujo nome vem da Língua Materna ramificada do Macro-Gê, Poyá: Pé; Limolaygo: Terra; numa tradução livre, significa "Pé no Chão". Partimos do princípio de "utilizar o que tem de moderno para fortalecer o que tem de ancestral".
A imagem é linguagem expressada pela vivência e pela memória, por meio das câmeras e do áudio expressamos o sentimento de pertença identitária e a atuação Xukuru do Ororubá frente aos seus processos de Luta, conquista e manutenção dos Direitos Constitucionais.
O Povo Xukuru do Ororubá, localizado em Pesqueira, Agreste pernambucano, habita a Serra do Ororubá (no Planalto da Borborema e/ou Chapada Pernambucana) numa extensão territorial de 27.555 ha demarcada.
Tendo sido colonizado em meados do século XVII pela Coroa Portuguesa e catequisado pelos Padres Oratorianos de São Filipe Néri (Congregação do Oratório), no contexto da invasão do Brasil, o Povo Xukuru do Ororubá passara sofrera perseguição e dizimação, lavando a Mãe Terra com seu sangue originário. Por volta de 1626, quando João Bernardo Vieira de Mello recebera em concessão da coroa a Sesmaria (sexta parte de terra), fomos empurrados às forças ao Aldeamento, deixando a mais perfeita paz das Matas Sagradas, para sermos explorados, escravizados, violentados, estuprados, mortos e obrigados a deixar nossos Costumes, Crenças, Tradições e a Língua Materna. Impulsionados pela Força do Encantamento, a Natureza Sagrada, num tronco de Cabraíba, nos dera Mãe Tamain, mãe do povo (FRAZÃO, 2021) e não de uma única família, sendo nossa protetora, o rosto feminino da Ancestralidade.
O Aldeamento de Ararobá (Arara= papagaio, Obá= serra; "Serra dos Papagaios"), depois Monte Alegre pelos Oratorianos, "Mui Nobre e Real Vila de Cimbres" pelo Marquês de Pombal (Decreto Pombalino) sendo elevada à categoria de cidade, Comarca do Agreste e Sertão, fora cenário de guerra entre os Originários e os "não indígenas". Num salto histórico, já em 1985, aguerridos como sempre fomos, e lutando pela reconquista do Território Sagrado, o Pajé Zequinha (Pedro Rodrigues Bispo) instruído pelo Encantamento, elege Xikão Xukuru (Francisco de Assis Araújo -- 1950-1998) como Cacique, e tendo participado da Assembleia Constituinte (Constituição da República Federativa do Brasil, 1988) e sob a Força do Ritual Sagrado no Terreiro da Pedra do Rei Ororubá (Aldeia Pedra D'água, o Coração da Aldeia") junto às lideranças indígenas, iniciou-se o processo de Retomada do Território (1990). Tendo sido assassinado em 1998, Xikão Xukuru, nosso Mandaru, nos encorajou do Reino Encantado do Ororubá para que tivéssemos o Território Livre e Demarcado, e que hoje continuemos a sua Gestão por meio das Instâncias de Organização Sociopolítica (Conselho de Lideranças, ACIX - Associação da Comunidade Indígena Xukuru, COPIXO - Conselho de Professores Indígenas Xukuru do Ororubá, Equipe Jupago Kreká, CISXO - Conselho de Saúde Indígena Xukuru do Ororubá, Poyá Limolaygo, Coletivo de Mulheres Xukuru do Ororubá) à luz do Projeto de Vida nosso.
Nós somos uma Encantação de História vivida cotidianamente, num elo do ontem-hoje-amanhã, em Ancestralidade.