PERNAMBUCO: UM ESTADO MUSICAL

Elthon Taurino- Movimento MATA Goiana

Elthon Taurino

A musicalidade faz parte da identidade de Pernambuco, que por sua efervescência cultural, sempre chamou atenção pelos ritmos folclóricos: maracatu, frevo, ciranda, caboclinho, mamulengo, entre outros.


Em cada local, encontramos a sonoridade das manifestações populares, como o cavalo marinho, o caboclinho e o tradicional movimento armorial. Ainda temos o forró, a música mais alternativa com o manguebeat ou a mistura de ritmos que vem formando uma nova cena musical.


Um fato temos que concordar: Pernambuco é um estado musical. Seja no ritmo da sanfona, viola, trompete ou alfaia, a musicalidade vem de berço e expressa a força dos pernambucanos. Sem esquecer, que essa mistura de ritmos agrada todos os estilos.

Em todas as regiões os ritmos são multiculturais e criam um dinâmico canal de diálogo, permitindo a democratização do acesso, inclusão, descentralização e difusão da música. A Mata Norte, por exemplo, é muito rica no quesito música. Isso fica evidente na multiculturalidade de suas manifestações populares como o Carnaval, São João e festas com as apresentações da ciranda, mamulengo, violeiros, sambadas, bumba meu boi, bandas fanfarras, grupos de coco, blocos líricos, entre outros folguedos.


João Paulo Rosa

Essa pluralidade também é marcada pelos músicos, instrumentistas, brincantes, produtores e todos os demais agentes culturais envolvidos na formação da cena musical. Nesse contexto, encontramos o Movimento MATA Goiana. Um empreendimento voltado para resgatar, divulgar e difundir a cena musical do município de Goiana, na Mata Norte de PE. A idealização do coletivo é do músico amador e publicitário Elthon Taurino. “Sou um amante da música autoral feita pelos artistas que pertencem a minha cidade, desde Accioly Neto (um dos maiores compositores do forró) até Lucas Torres (vencedor do melhor disco pop de Pernambuco em 2019). E como publicitário, vejo que a cena musical goianense deveria ter mais visibilidade e valorização no cenário estadual e nacional por mérito, pois tem grandes valores pertencentes a vários estilos musicais”, pontua Elthon.


Na visão dele, o cenário musical de Goiana é muito diverso. “Temos ritmos musicais e artistas de todos os tipos musicais, seja no maracatu, coco, caboclinho ou forró estilizado, funk, brega, em fim, ou na cultura alternativa. É muito diversa a quantidade de pessoas aqui”, ressalta. Amante da música autoral e produtor de muitos eventos neste segmento, na sua cidade, Elthon Taurino destaca um fator importante sobre as dificuldades que o músico enfrenta para garantir o espaço. “Você participando da cena alternativa tem que criar os eventos para tocar. Porque não existe uma diversidade de eventos para tocar. Geralmente você quem produz os eventos na sua própria cidade. Ao mesmo tempo você acaba sendo produtor cultural e músico”. O que, para ele, torna-se importante pelas experiências que são adquiridas”.


A cidade de Nazaré da Mata também se destaca quando o quesito é música. Berço da centenária Sociedade Musical 5 de Novembro, conhecida como Banda Revoltosa, e da Sociedade Euterpina Euterpina Juvenil Nazarena - Capa Bode, o local é o celeiro de grandes músicos.


João Paulo Rosa é um desses nomes que têm representado o município em importantes espaços. Percussionista popular autodidata, compositor, batuqueiro de maracatu rural, coco e ciranda. Além da experiência com vários grupos populares de pagode, baile e axé. Em 2001, fundou a Banda Ticuqueiros, realizando inúmeras apresentações e o lançamento de 2 CDs. O terceiro está em fase de produção e com composições dele.


O músico conhece bem a cena musical da região. Inclusive, toca com Walfrido Santiago (Goiana) e Banda Tercina (Tracunhaém), por exemplo; e produz, ainda, festas culturais.


Atualmente, está montando um trabalho solo chamado “João Paulo Rosa e O Eito”.

Na visão do músico, ainda falta o interesse do poder público para investir nos artistas. Para esse ano, a expectativa é que haja uma forma segura de ter o Carnaval 2021, e contemplar os trabalhadores da cultura, como a realização dos shows através das lives. “Existe essa luta em todo o canto. Se você investe dinheiro no maracatu, é a periferia toda com dinheiro para comprar carne, feijão, lantejoula. E o Carnaval saí bonito”, pontua.


Essa conversa segue no 3º episódio do Podcast Nossa história, Nossa memória. Destaque para os convidados que são personagens ligados à cena musical e que têm contribuído nos últimos anos para valorizar, preservar e incentivar os fazedores de cultura nessa área.


Em pauta, a resistência em conquistar os espaços, as dificuldades em encontrar apoio e os espaços restritos para essa área.


Acompanhe essa roda de diálogo nas nossas redes sociais. Conheça o trabalho dos convidados através dos links:

Movimento Mata Goiana https://matagoiana.com.br/

Grupo Os Ticuqueiros: https://www.facebook.com/groups/266074793504259/user/100003176485420