NORMATIVA
Grupo de Pesquisas
Grupo de Pesquisas
Quem somos
É longa a tradição na filosofia que toma a razão como desempenhando um papel de autoridade e defende que deveríamos obedecê-la. Contudo, não é nada óbvio como nós poderíamos explicar a natureza da autoridade que nos compele a obedecer a razão. Este projeto trata da natureza da racionalidade e da normatividade num cenário contemporâneo com inúmeras lógicas alternativas motivando a pesquisa interdisciplinar entre a filosofia da lógica, as ciências cognitivas e a filosofia política. Até que ponto podemos naturalizar a lógica para acomodar a ideia normativa de uma racionalidade revisável, histórica e estendida? Quadros de estrutura de poder e assimetrias de acesso a recursos podem impactar no reconhecimento de lógicas e racionalidades alternativas?
O projeto tem como objetivo investigar as relações entre a normatividade da lógica e a lógica da normatividade. Visamos, pois, naturalizar a lógica em uma investigação conectando práticas humanas e a normatividade na filosofia política, que recusa visões tradicionais da lógica baseadas no representacionalismo, individualismo, internalismo e intelectualismo ao se concentrar nas interações regradas, corporificadas e dinâmicas de agentes racionais com o meio ambiente. A interpretação original é a de que a obrigação racional deveria ser tomada como um tipo de obrigação normativa que nos une e, em particular, que a necessidade lógica deveria ser tomada como uma forma de coerção em formas de vida diversas, que não são imunes à própria dinâmica social de injustiças e de assimetrias de poder.
Assim, visamos justamente elucidar uma parte obscura e ainda inexplicada desta área de conhecimento.
Nossos objetivos
Avançar em questões contemporâneas sobre normatividade e racionalidade alternativas a partir da filosofia da lógica e da epistemologia social
Aplicar métodos da filosofia analítica a problemas próprios da tradição da filosofia política
Criação de uma rede de pesquisa com financiamento multilateral entre docentes e discentes das instituições envolvidas no projeto
Descrição Ampla
Atualmente, há uma grande pluralidade de sistemas lógicos que prescindem dos princípios básicos da lógica clássica e buscam modelos que capturem a natureza complexa, dinâmica e emaranhada das nossas relações com o mundo e de nossas práticas inferenciais diversas. Uma proposta tradicional na filosofia da lógica repousa na hipótese de que sistemas lógicos são melhores/mais eficientes quanto mais espelhem a lógica do mundo/natureza. Essa hipótese funciona apenas em um enquadramento realista do mundo, que negligencia a participação ativa de agentes cognitivos em sua composição e construção, e posiciona a lógica como uma capacidade cognitiva representacional.
Defendemos que o foco dos sistemas não-clássicos emergentes é o de expressar as relações inferenciais relevantes em diversos ambientes distintos, especialmente destacando a normatividade e o funcionamento de nossas práticas inferenciais. Assim, concepções que reconhecem a participação do agente na construção da realidade (pós-cognitivistas), bem como o caráter normativo e expressivo do vocabulário lógico, trabalham com a hipótese de que a lógica pode ser naturalizada. Uma naturalização da lógica em termos de práticas normativas, que reconhece o aspecto ativo das capacidades cognitivas, deve ser compatível com regimes causais dinâmicos, circulares, culturais e políticos que possam ser aplicados a diferentes concepções de agência, normatividade e racionalidade.
Nossa hipótese é a de que o que normalmente compreendemos como necessidades lógicas devem ser consideradas como coerções/condições normativas que nos unem, em formas de vida, que compartilham dimensões básicas de sentido e participam da construção da própria realidade. Essa hipótese se justifica pelo caráter ativo assumido por concepções pós-cognitivistas especialmente na dimensão corporal e social da cognição para a compreensão da emergência de lógicas não-clássicas e da necessidade da expansão do que a tradição entendeu como racionalidade. Além disso, uma análise atenta às condições sociais que tecem nossos quadros normativos mostra como nossos critérios de justificação racional não estão imunes a reproduzir injustiças também.
Broad description
(English version)
Currently, there is a great plurality of logical systems that dispense with the basic principles of classical logic and seek models that capture the complex, dynamic and tangled nature of our relationships with the world and our diverse inferential practices. A traditional proposal in the philosophy of logic rests on the hypothesis that logical systems are better/more efficient the more they mirror the logic of the world/nature. This hypothesis works only in a realistic framing of the world, which neglects the active participation of cognitive agents in its composition and construction, and positions logic as a representational cognitive capacity.
We argue that the focus of emerging non-classical systems is to express the relevant inferential relations in several different environments, especially highlighting the normativity and functioning of our inferential practices. Thus, conceptions that recognize the agent's participation in the construction of reality (post-cognitivists), as well as the normative and expressive character of the logical vocabulary, work with the hypothesis that logic can be naturalized. A naturalization of logic in terms of normative practices, which recognizes the active aspect of cognitive capacities, must be compatible with dynamic, circular, cultural, and political causal regimes that can be applied to different conceptions of agency, normativity, and rationality.
Our hypothesis is that what we normally understand as logical needs should be considered as constraints/normative conditions that unite us, in forms of life, that share basic dimensions of meaning and participate in the construction of reality itself. This hypothesis is justified by the active character assumed by post-cognitivist conceptions, especially in the corporal and social dimension of cognition, in order to understand the emergence of non-classical logics and the need to expand what tradition understood as rationality. Furthermore, a careful analysis of the social conditions that weave our normative frameworks shows how our rational justification criteria are not immune to reproducing injustices as well.
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Contato e localização
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Marcos Silva | marcossilvarj@gmail.com
Coordenador do grupo NormAtiva