Museu da Uva e do Vinho

O Museu da Uva e do Vinho

O Museu da Uva e do Vinho Primo Slomp, carinhosamente chamado de MUV pelos mediadores e moradores do bairro Forqueta, foi inaugurado em 2002. O espaço museológico foi idealizado por Loraine Slomp Giron e Felipe Slomp Giron, filha e neto de Primo Slomp, em parceria com a Prefeitura de Caxias do Sul e a Vitivinícola Forqueta. O Museu funciona em espaço interno da Cooperativa Vitivinícola Forqueta, junto com o varejo da Cooperativa, na mesma área de um dos seus pavilhões.

Visita Virtual ao Museu

Visita virtual ao Museu da Uva e do Vinho.


Foto geral do acervo. Fotógrafo: Guilherme Sorgetz

O bairro

O nome do bairro Forqueta possui algumas interpretações. No dialeto Vêneto 'Forchetta' significa garfo.

"Aí você pergunta: - mas porquê alguém daria o nome de garfo a um lugar?"

Bem, uma das memórias que circulam pela comunidade é a que remete a história de uma moça que havia perdido sua 'Forchetta' (acessório para cabelo) após ter passado pelas estradas onde hoje se encontra o bairro Forqueta.

Outra, conta que um homem teria se enforcado na região.

Mas, a alternativa mais viável para o nome da localidade é a que a relaciona com a existência de uma casa comercial no entroncamento da localidade com uma caminho que ligaria Forqueta ao centro da cidade de Caxias do Sul, outro levaria até a cidade de Bento Gonçalves e o outro que seguia para a comunidade de Santos Anjos.

Esse entroncamento possuía o formato de um garfo e, assim, os próprios moradores começaram a se referir a localização da casa de comércio como a da “Forqueta”.

A cooperativa

No dia 11 de agosto de 1929 ocorreu a fundação da Cooperativa Vitivinicola Forqueta, sendo idealizada por Arthur Perottoni e Joaquim Slomp. Juntos com Quinto Slomp (pai de Joaquim), Pedro Tamanini, José Lain, Jacob e Miguel Rizzi, José Slomp Filho, Atílio Massignani, Augusto e Arlindo Pozzer, Ricardo Zucolotto e Ernesto Silvestre se reuniram no porão da casa comercial de Joaquim, com o objetivo de criar a Cooperativa Vitivinicola Forqueta. Na reunião também estavam presentes autoridade como o inspetor agrícola federal Dr. Luís Gomes de Freitas e o professor de enologia e viticultura, Dr. Celeste Gobatto. Com a ata assinada e a cooperativa recém-fundada, ela funcionou no porão da casa comercial de Joaquim Slomp nos seus primeiros tempos.

Em 1932, a cooperativa já havia ampliado sua instalações para dois pavilhões e contaria com um laboratório de enologia, uma tanoaria e uma marcenaria.

Foto geral do acervo. Fotógrafo: Guilherme Sorgetz
Ferrovia. Fotógrafo: Guilherme Sorgetz

A Ferrovia

Um fator importante para o crescimento da cooperativa foi sua proximidade com a linha férrea. Por ela, o transporte dos vinhos para os grandes centros do país e portos foi agilizado e fez com que eles chegassem rápido à Europa.

Atualmente, apenas o laboratório ainda funciona. Os espaços da tanoaria, com seus fornos, são utilizados durante a realização da Festa do Vinho Novo e a marcenaria está desativada.

O prédio

No ano de 2019, a Cooperativa comemorou 90 anos de história e ainda mantém suas atividades.

Atualmente, ela ainda cede espaço para o Ponto de Cultura Costurando Sonhos e ao Museu da Uva e do Vinho Primo Slomp.

Prédio. Fotógrafo: Guilherme Sorgetz
Ferramentas utilizadas na agricultura. Fotógrafo: Guilherme Sorgetz

Ferramentas

A expografia do MUV está organizada em etapas.

A primeira conta com peças da agricultura, como foices, machados cangas, arados e maquinas de sulfatar.

Essa pequena peça é uma chave filips feita de madeira pelos imigrantes. Ela era utilizada na manutenção em geral. Ela é o exemplo de como os primeiros imigrantes resolveram o problema de falta de ferramentas para o seu dia a dia ou pelo fato das ferramentas de metal serem muito caras na época.

Tanoaria

Seguindo, temos a parte da tanoaria, técnica manual para a confecção de pipas e barris. Aqui temos esses barris pequenos chamados corrotes. Eles eram utilizados para acondicionar bebida alcoólica, às vezes, eram utilizados como garrafas de água ou para guarda de outras bebidas pelos imigrantes;

Ferramentas dos portugueses tanoeiros. Fotógrafo: Guilherme Sorgetz
Demais ferramentas dos tanoeiros portugueses. Fotógrafo: Guilherme Sorgetz

A produção do vinho

A produção do vinho no Rio Grande do Sul iniciou de forma rústica, muitas vezes utilizando a tração animal e a força humana, tanto na colheita quanto em sua fabricação.

As peças expostas nos mostram como era a fabricação do vinho. No início a uva era esmagada com os pés. Somente mais tarde,o uso de máquinas manuais tornou o trabalho mais leve e mais rápido.

Destilação

Aqui encontramos peças históricas voltadas a enologia. Os equipamentos expostos eram utilizados para a destilação e o controle de qualidade dos vinhos dentro das vinícolas.

Foto geral do acervo. Fotógrafo: Guilherme Sorgetz
O alambique. Fotógrafo: Guilherme Sorgetz

O Alambique

O alambique. Vocês sabiam que a graspa é feita nesta máquina? A graspa é aquele liquido transparente, com teor alcoólico e aroma de uva. Para a produção da graspa é necessário utilizar o bagaço da uva já fermentado. Uma parte parte de bagaço e outra de água é colocado dentro do alambique para ferver. Como o álcool e a água possuem pontos de ebulição diferentes, o primeiro vapor a sair é o da graspa, pois seu ponto de fervura é em aproximadamente 78 graus. O vapor passará por uma serpentina resfriada por água e que o transformará em líquido novamente. Na saída do alambique é feito o controle de graduação alcoólica e de temperatura para saber quando a destilação da graspa terminou.

Bombas de Pistão

Para acelerar o demorado processo de maturação do vinho, foram desenvolvidas estas maquinas, chamadas bombas de pistão, que servem para movimentar o vinho ou trocá-lo de uma pipa para outra, acelerando o processo de produção.

Bomba de pistão. Fotógrafo: Guilherme Sorgetz
Vedação das garrafas. Fotógrafo: Guilherme Sorgetz

A vedação das garrafas

A parte mais importante é a vedação das garrafas. Esse processo se desenvolveu gradualmente, iniciando de modo manual até termos as grandes máquinas modernas que temos hoje.

As rolhas são feitas de cortiça, um material natural extraído da casca do sobreiro ou do carvalho. Até então, elas eram fervidas e postas manualmente com a ajuda de um martelo.

E claro que não podemos esquecer que os vinhos já foram fechados com cera de abelha. Essa era a máquina usada para esse processo. Os vinhos fechados com cera deixaram de ser fabricados, por dois motivos: o primeiro, porque era muito complicado abrir a garrafa, pois a cera grudava demasiadamente e, muitas vezes, era necessário quebrar a garrafa; e o segundo motivo, era que a cera podia escorrer devido a variações de temperatura ambiente, escorrendo para dentro da garrafa e entrando em contato com o vinho, inviabilizando o seu consumo.

Transporte

Nesse local vamos falar sobre como o vinho era embalado para chegar nos seus destinos. A produção de vinhos gaúcha era vendida nacionalmente e internacionalmente. As garrafas eram acondicionadas dentro de caixas enroladas em papeis ou palha. As caixas seguiam de trem até seu destino final.

Em exposição temos vinhos de diversas vinícolas, algumas que fecharam com o passar do tempo, outras que mudaram de nome e ainda ainda outras que continuam na ativa, como essa cooperativa.

O vinho mais antigo que temos conosco, é este da safra de 1937. A sua frente , temos uma garrafa de champanhe, o único exemplar do acervo.

Ferramentas utilizadas no transporte do vinho. Fotógrafo: Guilherme Sorgetz
Foto geral do acervo. Fotógrafo: Guilherme Sorgetz

Validade do vinho

É bom lembrar que os vinhos expostos nesse museu são muito antigos e são inviáveis para o consumo. O motivo? Cada vinho possui um tempo de validade, que depende de vários fatores, como tipo de uva usada, método de fermentação, entre outros. Mas, um dos fatores importante é o processo de guarda desses vinhos. Eles precisam ser mantidos em locais de temperatura e luminosidade controlados e devem permanecer deitado e sem movimentos.

Vinagre

Falando em vinagre, você sabia que com o vinho é possível fazer vinagre? O processo de produção utiliza o vinho e um agente microbiano que ajuda na aceleração de sua oxidação. Depois de oxidado, o vinho se torna improprio para o consumo como bebida alcoólica, sendo muito utilizado como um tempero na cozinha. Essa oxidação pode acontecer naturalmente também, mas leva mais tempo e ocorre apenas em vinhos abertos e não consumidos.

Foto geral do acervo. Fotografo: Guilherme Sorgetz
Foto geral do acervo. Fotografo: Guilherme Sorgetz

Memória da cooperativa

Junto a essa memória de quem idealizou a cooperativa, temos também alguns objetos que fizeram parte da vida dos colonos, como essa geladeira que funcionava com blocos de gelo para manter as bebidas geladas.

A cristaleira, muito comum nas casas e bares, usada para armazenar copos, pratos, talheres, e louças em geral.

o Busto

A Peça mais recente do museu é o busto de Primo Slomp, que dá nome ao museu. O busto é uma homenagem de Dilva Conte, irmã mais nova de Primo Slomp, ao irmão. Ele foi inaugurado em agosto de 2018.

Busto Primo Slomp. Fotógrafo: Guilherme Sorgetz
Foto geral do acervo. Fotógrafo: Guilherme Sorgetz

Cultivo das parreiras

Mas porque o museu e a cooperativa se localizam no bairro de Forqueta? O motivo é que Forqueta se destaca pelo cultivo dos parreirais e pela produção do vinho colonial, técnica trazida pelos imigrantes italianos do norte da Itália.

Contato com alemães

Mas nem tudo foi tão fácil, em suas primeiras tentativas com o plantio da uva não obtiveram sucesso.

A partir do contato com os imigrantes alemães conseguiram adquirir mudas da uva isabel, uma variedade americana, que se adaptou muito bem ao clima e relevo da região. Após, foram aperfeiçoando suas técnicas e introduzindo outras variedades.

Foto geral do acervo. Fotografo: Guilherme Sorgetz
Foto geral do acervo com foco na tanoaria. Fotografo: Guilherme Sorgetz

Plantio e cuidado das parreiras

Uma curiosidade sobre o plantio e cuidado das parreiras: os imigrantes plantavam junto as parreiras várias mudas de rosas. Ela era utilizada como um medidor da saúde, pois quando as rosas murchavam ou morriam, eles sabiam que algo estava acontecendo com a terra ou havia o aparecimento de alguma praga e que a próxima a ser atacada seriam as parreiras.

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