Antigamente a odontologia era uma profissão permitida apenas para homens. Porém, no século 19 o cenário da odontologia começou a mudar graças à coragem de mulheres como Emeline Roberts Jones e Lucy Hobbs Taylor. Emeline Jones foi a primeira mulher em 1859 a se aventurar na área da prática odontológica, já Lucy Taylor em 1866, foi a primeira mulher no mundo a se graduar em odontologia. Após a bravura dessas mulheres, outras seguiram seus passos, por exemplo, Henriette Hirshfeld que em 1869, foi a primeira dentista alemã. Na época, Henriete teve que graduar-se em outro país (EUA) pois a Alemanha ainda não tinha escolas de odontologia. Outro exemplo, é a Dra. Mary Stillwell-Kuedsel que fundou a Women’s Dental Association em 1892.
Pioneiras no estudo da odontologia, elas quebraram barreiras tradicionais e definiram normas e padrões para outras gerações na odontologia. Ao longo do tempo, o interesse feminino aumentou em virtude do caráter liberal da profissão e por permitir jornada de trabalho flexível.
No Brasil, as informações quanto à primeira dentista são controversas. Três mulheres são citadas por ocupar essa posição. Uma delas é Antônia d 'Ávila, que se diplomou em 1878 na Universidade da Pensilvânia nos Estados Unidos. Outra referência, é a baiana Leonor Henriqueta Álvares dos Santos que também foi diplomada em “Arte Dentária" em 1878, na Faculdade de Medicina da Bahia. Essas informações contradizem o pioneirismo da paulista Isabella Von Sydow que graduou-se em Odontologia em 1899, na faculdade do Rio de Janeiro. Divergências à parte, a verdade é que protagonizar o início de algo até então desconhecido, vem acompanhado de desafios, injustiças, e até mesmo represálias. Portanto, nada mais justo que o esforço, o sofrimento e as conquistas dessas protagonistas sejam respeitados, admirados e convertidos em um legado. Portanto, esse é um dos objetivo do segundo encontro do Mulheres na Odontologia.
Atualmente o cenário acadêmico mundial mudou. Enquanto no século 19 as mulheres representavam apenas 1% das estudantes, hoje as mulheres representam a maioria nas faculdades de odontologia ao redor do mundo. O número de mulheres líderes no mundo acadêmico da odontologia também vêm crescendo, porém ainda está longe da proporção ideal. Um estudo brasileiro(1), avaliou os dados de congressos e eventos de odontologia no Brasil, e mostrou que apesar desses congressos terem uma maioria de participantes mulheres (73%), a maioria das palestras era realizada por homens ficando as mulheres com uma participação ínfima, de 19.7%.(1)
O Evento Mulheres na Odontologia caracteriza-se pelas palestras ministradas apenas por mulheres, incentivando assim a participação feminina neste segmento. Portanto, o outro objetivo deste encontro é continuar a proposta de encorajar a diversidade e à equidade na odontologia iniciada em 2021(2, 3).
Thereza-Bussolaro, C
Fontes:
1. Martorell LB, Silva ALM, Leles CR, Silva BSdF, Santos CVMd, Finkler M. Gender differences among dentistry conference speakers in Brazil. Saúde debate. 2021;45(spe1):73-82.
2. Thereza-Bussolaro C. Edição Inaugural. Craniofacial Research Connection Journal. 2021;1(1):1-2.
3. Barbosa G. WOMEN IN DENTISTRY_First Meeting. Craniofacial Research Connection Journal. 2021;1(1):2-5.
http://cfo.org.br/website/dia-internacional-da-mulher/
https://www.fdiworlddental.org/pioneering-women-dentistry-pave-way-excellence-profession
https://www.sanarsaude.com/portal/carreiras/artigos-noticias/colunista-odontologia-elas-na-cirurgia-bucomaxilofacial
https://www.youtube.com/watch?v=8BdipV4Pxa8
https://www.politize.com.br/equidade/blogpost/direitos-das-mulheres-no-brasil/
https://www3.weforum.org/docs/WEF_GGGR_2020.pdf
https://sorridents.com.br/business/mulheres-na-odontologia/
https://fmb.ufba.br/filebrowser/download/206
https://www.pressreader.com/brazil/correio-da-bahia/20151106/281762743134430