Steffen Dix [via ZOOM] A Magia da Modernidade 

No final do seu Tractatus logico-philosophicus, Ludwig Wittgenstein referiu-se a um tipo de questões inacessíveis à linguagem e à lógica científica: “Sentimos que mesmo quando todas as possíveis questões da ciência fossem resolvidas, os problemas da vida ficariam ainda por tocar.” Wittgenstein acabou a sua obra fundamental em 1918 (publicada, pela primeira vez, em 1921), e esta frase é a expressão máxima de um assunto a que muitos artistas e escritores do modernismo (inclusive o surrealismo) deram expressão: a desconfiança em relação ao materialismo desencantado de uma modernidade racionalizada. Em consequência, o irracional e o inconsciente passaram a ocupar cada vez mais um lugar central no interesse artístico. E tanto a magia como o ocultismo eram vistos como formas de chegar ao fundo do que está por detrás do nosso mundo racional. Nesta palestra, gostaria de examinar o papel da magia e do ocultismo nas obras de Fernando Pessoa e de Giorgio de Chirico e perguntar onde se situam as fronteiras entre orientação religiosa e criatividade artística.


Steffen Dix. Frequentou a Universidade de Tübingen, a Universidade Católica Portuguesa e a Freie Universität Berlin. Obteve o grau de Doutor na Faculdade de Estudos Culturais da Universidade de Tübingen. De 2005 até 2013, foi investigador de pós-doutoramento no Instituto de Ciências Sociais em Lisboa. Desde 2013, é investigador no Centro de Estudos de Comunicação e Cultura da Universidade Católica Portuguesa. De 2015 até 2019, foi professor auxiliar convidado na Faculdade de Teologia da Universidade Católica em Lisboa. Desde 2019, é coordenador do Grupo de Investigação “Religião, Globalização e Dinâmicas Locais” no Centro de Estudos Globais da Universidade Aberta (UAb), em Lisboa. Atualmente, é professor auxiliar e coordenador da licenciatura Estudos Europeus na UAb. Publicou e editou vários trabalhos sobre o Modernismo Europeu, Fernando Pessoa e a Secularização.